Biblioteca
Português
Capítulos
Configurações

CAPÍTULO 03

Após ouvi-la chamar a flor como minha mamma chamava, voo na sua direção e agarro seus ombros.

Não sei como, nem em que momento aconteceu, mas ela saltou para trás, girou o corpo no chão e usou suas lindas pernas para passar uma rasteira nos meus pés. Eu, como um idiota, caio deitado no chão, e ela se senta em cima do lugar onde quero senti-la, levando sua boca para perto da minha. Acabo me amaldiçoando por querer seus beijos. A garota se move para se aproximar mais do meu rosto e eu percebo que a luxúria se acende em seu olhar quando ela sente meu volume instantâneo. Luto para não segurar em seu quadril e a conduzir com os movimentos que desejo. Ao sentir seu cheiro, algo dentro de mim explode, mas quando a ouço, quero matá-la e, ao mesmo tempo, meter meu pau duro bem fundo na sua boceta. Até posso sentir sua umidade, já que está de saia.

— Nunca mais toque em mim sem o meu consentimento! — ordenou, deixando-me com vontade de rir. Apesar disso, mantenho minha pose de durão. — Nunca mais ouse erguer um dedo para me machucar! Guarde suas palavras venenosas para ferir apenas a si mesmo! Quer uma dura realidade?

— Não sou eu quem está sentindo a dura realidade. — zombei, referindo-me ao meu pau.

Ela faz cara de desdém.

— Sou virgem. Só um homem teve a mim na luxúria, e esse foi você, capo. Eu diria que está caidinho por mim, ou não teria feito papel de bobo. Mais uma coisa: peça perdão ao seu pai! Faça algo digno de verdade! — exigiu.

Depois de tudo esclarecido, Layla se coloca de pé e eu vejo por baixo de sua saia. Ela, percebendo isso, afasta-se acanhada. A maldita está usando uma calcinha transparente e está toda depiladinha. Feito um babaca, continuo onde estou.

— Outra coisa, capo: nunca mais conte do nosso momento passageiro de intimidade a ninguém! Minha família não sabe e ninguém da sua sabia. — pediu com preocupação. — Se minha avó souber, vai tentar me casar com o primeiro da lista. E essa lista é bem longa e apavorante. Além disso, se meu tio ou meu pai descobrirem, vão tentar me obrigar a casar com você. Eu sou bastante jovem, linda e tenho muitos planos, e virar esposa de um homem abusivo não é um deles. Também, não se preocupe! Se senti algo pelo senhor, já passou neste instante. Outra coisa: vejo o patriarca como vejo o meu nonno, ou seja, com muito respeito. Acredite ou não, sou uma mulher honrada.

— Dançando em um pole dance? — perguntei, irritado com tudo.

— Eu estava aprendendo e preciso voltar àquela boate xexelenta para aprender melhor. Ayla disse que no ferro que se começa a aprender é no mesmo que deve permanecer até se sentir preparada para ir a outros. — Cala-se, acanhada pela forma como colocou as palavras.

— Matarei a Ayla. — falei em voz alta.

Meu pai ri.

Só Layla não percebe o quanto estou de quatro por ela. Suspira e vai saindo.

— Vê se não suja mais o tapete! — ordenei.

— Desculpe, mandão! — Sai, deixando um rastro com a terra da sua flor.

Observo-a indo e resmungando algo com a planta, como se estivesse conversando com ela. Só então reparo que, além de descalça, a garota está com os pés sujos.

— Vai continuar aí, deitado? — meu pai questionou, rindo da minha situação.

— Não acredito que fui levado ao chão. — falei indignado.

— E por uma menina. — completou, achando graça.

— Está fazendo o que aí? — Eric entrou perguntando.

— Não é da sua conta. — respondi irritado.

— Aposto que está tentando ver melhor a minha bunda. — rebateu zombeteiro.

— Vá à merda! — Coloco-me de pé.

— Aposto que ele conheceu Layla. — Ele acende um charuto e eu o pego das suas mãos.

— Mantenha seu pau bem longe dela! — ordenei com fervor.

— Está apaixonado. Já vi isso antes. — Boceja.

— Não venha com essa! — respondi rápido.

— Não gaste seu tempo negando! Eu falava o mesmo sobre a Kalita. — Fred entrou na casa, intrometendo-se na conversa.

— Confesso que estou de quatro por ela. — Lembro-me da merda que fiz na noite passada. — Ela é meu imã. Não sei o que tem nela que me faz perder a razão. — Trago o charuto em minha boca. — Nunca imaginei que iria chupar uma mulher e a desejar como desejo aquela abusada.

— Chu...? — Eric não completa a frase, abismado.

— Cale a boca! — Fred mandou às pressas.

— Filho, não saia por aí contando o que fizeram! Isso não é digno de um homem. Um homem honrado não conta o que faz com uma mulher.

— Eu sei, papà. Só falei isso porque preciso que alguém me ajude a entender algo. Nos meus 34 anos, nunca fiquei tão louco por uma mulher. Desde que a vi, ela se tornou minha criptonita. Fico fraco e, ao mesmo tempo, mais forte perto dela.

— Quando conheci sua mãe foi igual. Foi amor à primeira vista. Se sente isso, meu filho, conquiste-a! Isso não será difícil, porque Layla deixou claro agora a pouco em suas santas falas que sente algo por você.

Eric e Fred se entreolham e depois olham para mim.

— Nós tivemos um reencontro nada fácil.

Volto a pensar na besteira que fiz. Encaro os capos e meu pai, pensando em como será a reação deles quando souberem. Agora, que Layla está perto, não sei mais o que fazer.

— Está escondendo o quê? — Fred, como o bom negociador que é, logo notou que há algo errado.

— Amanhã, em uma reunião na sede com todos os senhores juntos, contarei.

— Quer dizer que fez merda? — Eric questionou.

— Como eu disse, irei esclarecer tudo amanhã, em uma reunião. — reafirmei, engolindo minha própria agonia.

Saio do cômodo, deixando todos para trás, e vou até a varanda da minha suíte, onde busco refúgio. Tento colocar na cabeça que sou um homem adulto e que Layla é apenas uma menina, uma jovem que, na certa, tem planos... Planos de pessoas da sua idade, não um de conhecer melhor um capo. Além disso, não posso me deixar levar pelo desejo que ela desperta em mim. Agora, mais do que nunca, meu futuro é incerto.

Se os patriarcas exigirem amanhã que eu me case, irei odiar isso, mas se eu puder escolher uma noiva, ela será uma opção... Uma boa opção. Com ela, seria fácil de aceitar essa vida, já com outra seria um inferno. Um inferno maior ainda será quando os demônios Pasini souberem a desgraça que fiz. Não sei onde estava com a cabeça.

Eu sei que Luca conseguiu escapar, só que minha situação é bem pior.

Tomo um longo banho e me enrolo em uma toalha felpuda de cor preta, como é a maioria das coisas que uso, a fim de não mostrar meu cacete para nenhum dos meus seguranças. Nossas casas são rodeadas por homens, pois não podemos correr riscos, tendo as senhoras e inocentes por perto.

Neste momento, tudo o que quero é voltar para a varanda e fumar. E aqui estou, tranquilo, tragando e inalando a fumaça forte e doce do charuto cubano que tanto gosto, quando avisto a tormenta da minha vida. Ela ainda está descalça e com as mesmas roupas. A criatura desce de uma árvore como se estivesse descendo de um brinquedo. Reparo que ela está segurando uma pá de mão, a mesma que minha mãe usava para trabalhar no jardim, e rodeando a casa. E eu, feito o imbecil que sou, vou para a outra varanda a fim de ver onde ela vai.

Trago com ira o charuto. Qual é o problema das mulheres?

A tempestade em forma de mulher, em vez de procurar pelo portão interno, sobe no muro e, depois, pula de lá como se pulasse um degrau. Vejo-a mostrar aos seguranças o mesmo olhar contrariado de Kalita, fitando-os fixamente. Praticamente, todos viraram os rostos quando ela escalou o muro e pulou. Para os poucos que continuam lhe olhando por curiosidade ou a cobiçando, ela imita com os dedos uma arma, mira e gesticula como se estivesse atirando. Sorrio ao ver medo no olhar deles, no entanto travo o maxilar ao perceber que eu estava admirando a garota que mal conheço.

Fora o capo Belial, que se casou com uma herdeira da máfia, nenhum Pasini nunca se casou com mafiosas.

Layla não é só doce, como também linda, sexy e gentil. Pelo que percebi, com um bom coração ou não, tem o olhar puro e ainda é inocente para a arte do prazer. Sua voz é meiga e mansa. Também, ela é uma menina nascida, treinada e criada para os feitos da máfia, com a porcaria do acréscimo de que as mulheres da Beijo da Morte trabalham com um estilo parecido com os das nossas joias. Ou seja, elas seduzem e matam. Não ouvi falar em nenhum homem que tenha sido seduzido por ela, mais sei que Ayla matou homens nus esperando por ela na cama. E se Layla trabalha com um estilo parecido...

Retorno à minha suíte, atordoado, lembrando-me da noite em que ela gemeu... Da noite em que bebi do seu chafariz. Ela não parecia já ter visto um pau antes. Sei lá! Não consigo explicar. Com essa menina, as coisas são diferentes. Layla é uma caixinha de mistérios.

Baixe o aplicativo agora para receber a recompensa
Digitalize o código QR para baixar o aplicativo Hinovel.