6- rapunzel
Depois daquele casamento, as coisas no castelo mudaram, a convivência e modo do rei tratar sua criança estava frio, não existia mais carinho ou palavras de conforto. O quarto de música foi trancado, e a pequena obrigada a aprender a arte da batalha, tendo como incentivo e companhia duas crianças, Chan e Chen, dois irmãos gêmeos que foram convocados para guardar a princesa.
O reino nunca tinha se alinhado com demônios, mas a nova lei dada pelo rei fez com que tudo tomasse outro caminho. Os dois irmãos gêmeos descobriram há pouco tempo que tinham um dom. Enquanto Chan desenhava em seus pergaminhos, seu irmão manipulava com muita facilidade as lâminas, quaisquer que fossem.
— Vamos, levante mais sua espada! — Gritou o instrutor. Liam não tinha jeito algum, não era como tocar sua flauta, não sabia como começar, não havia notas para serem tocadas, apenas um longo e pesado pedaço de aço.
Todos os dias se baseavam em fracassos, e todas as noites uma solidão tocava seu peito fazendo surgir o espírito que a guardava. O dragão que frequentava seu corpo também se tornava inquieto enquanto compartilhava das mesmas memórias da criança, e em vez de fazer o que era de sua natureza, ele sentia necessidade de permanecer ali, naquele pequeno e prazeroso corpo. O dragão aguardava com prazer a chegada de sua outra metade e confortava com bastante calor o pequeno ser.
Aquele era um lugar bom de se viver, um coração puro para cuidar, e um templo limpo para adorar, a criança era fértil e útil, tinha o sangue de uma deusa, mas não era uma; também tinha o toque e a habilidade de uma moradora do reino das nuvens, mas nunca o conheceu.
Os anos foram se passando, e as coisas dentro do reino continuaram o mesmo, enquanto isso o povo lá fora que tinham a marca do reino se alimentavam do bom e do melhor, já aqueles que não queriam adorar o reino, eram caçados e enforcados no centro do reino. O reino de Li bo ganhava grandes aliados, e esses eram recompensados com comida, riquezas e paz, já os outros eram destruídos, mas antes tinham suas mulheres levadas e espalhadas pelas terras; eram feitas de servas, mulheres de muitos homens, e outras de esposas, coisa que raramente acontecia pela parte das jovens.
1
— Nossas comidas estão sendo roubadas por uma mulher! — Afirmou o líder dos soldados ajoelhado em frente a rainha.
— Uma mulher? — Interrogou se colocando de pé. — Como que uma guarda de oito homens não conseguem parar uma mulher?
— Ela era bonita! E sabia manusear muito bem uma espada.
Com calma a rainha caminhou em direção a fileira de soldados e parou sorridente em frente ao homem que havia dito tais palavras. — Ela era bonita? — Perguntou vendo o soldado acenar. Com delicadeza a rainha retirou a espada do cinturão do rapaz e a observou sentindo seu peso e reparando seu material, e sem cerimônia se virou passando a lâmina no pescoço do soldado, e só saiu da posição que estava quando o sangue rubro tingiu sua veste longa de seda rosa.
— Mais alguém? — O silêncio reina novamente e a rainha continua sua caminhada sentando- se novamente ao seu trono. — Não me importa quanto tempo levem e quantos de vocês morreram, eu quero essa garota e todos a sua volta aniquilados.
Naquele mesmo dia um grupo de soldados foram reunidos e mandados para a terra do sangue a procura da bela mulher.
Dias se passaram e grupos e mais grupos eram reunidos e mandados para o mesmo lugar, mas nunca retornavam, e os mantimentos do reino continuava a ser roubado.
— Ela virá atrás de você, e não importa quantos homens mande para aquelas terras, saiba que está fazendo o que aquela criança deseja.
— Isso é culpa sua! É tudo culpa sua! — Exclamou avançando para cima da mulher sobre suas costas.
— Lembre-se, eu a coloquei aqui, e eu posso tira-la. — Declarou após agarrá-la pelos cabelos. — Eu não tenho medo de cobras, mas eu sei do que cobras tem medo.
— Você me colocou nessa, disse que aquela garota estava morta.
— Você pediu riquezas fora de suas terras, e eu a entreguei isso… Já aquela criança eu não sei como ainda está viva. Pensando bem… — ela caminha até um jarro de cristal preenchido por água. — O espírito do dragão. Quando troquei o coração das duas crianças, o espírito foi quebrado, o lado bom habita em Liam já o corrompido está escondido dentro daquela criança, se alimenta de sua dor e se fortalece cada vez mais. Ela virá atrás de sua outra metade, e matará todos que se colocarem a sua frente.
— Ela também irá atrás da tia dela, e por sua culpa que ela está nessas terras. Se eu morrer, você vai junto comigo, então é melhor que me proteja. — Ameaçou dando as costas em direção a porta de enfeites floridos de ouro.
— Só a poderei proteger enquanto o espírito estiver incompleto.
Naquele mesmo dia Kumiko pediu a ajuda de Liam na parte mais alta do castelo, precisava pegar algo que havia de estar lá por algum motivo. Após subir degraus e mais degraus, a rainha abriu a grande e pesada porta de madeira e apontou para o objeto após encontrá-lo, se colocando à disposição Liam vai em direção ao mesmo, porém antes que seus finos e delicados dedos branquelos tocasse a caixa, ela se vê sendo trancada com o mesma.
— Não abra essa porta de maneira alguma. — Deu a ordem ao rapaz que fez a guarda do local. — Não posso correr o risco que se encontrem. — Sussurrou para si própria.