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CAPÍTULO 03

Calábria – Região italiana

LORENZO

Os soldados ficaram todos em puro êxtase assim que pisamos em território inimigo.

— Ele é meu! — orientei meus soldados.

O barulho de tiros ressoava por todos os cantos. Além dos homens que vieram comigo de Nápoles, outra equipe veio de Nova York. Cercamos todos os cantos em volta da região. Enquanto Dante liderava a maior parte dos homens que foram pela região sul, avancei com alguns homens rumo ao galpão. O som era ensurdecedor e à medida que o ricochetear das balas aumentavam, meu corpo inteiro vibrava ansiando para o momento de fazer com o infeliz a mesma coisa que fazemos ao matar os porcos.

Enquanto a batalha estava sendo travada, com a minha arma em punho em uma das mãos e minha adaga na outra, segui em direção à entrada principal. Minha mandíbula se contraiu, meu coração começou a bater descontroladamente assim que entrei no recinto. Uma verdadeira chuva acontecia naquele lugar, no entanto, em vez de água eram de balas. Sangue fresco começou a mudar todo o cenário, fazendo a cor do chão ganhar outro tom.

A cada infeliz que surgia à minha frente recebia em troca uma bala no meio do peito, quando meu olhar se voltou para a imagem adiante, o som de mais um disparo entoou no espaço e um latejar percorreu a minha carne, e com ele um grito estrangulado de ódio saiu rasgando a minha garganta.

— Aaaaaaaah — grunhi.

Se antes eu sabia que as trevas habitavam dentro de mim, ao senti um tremor muito maior que tudo que havia sentido, causar um desconforto terrível. Eu tive a confirmação que vários demônios tinham acabado de assumir o controle do meu corpo e da minha mente. Quando um esboço de um sorriso surgiu na face do miserável, ele levou o dedo em direção ao gatilho, um movimento que não precisou de muito esforço lancei minha adaga em direção a sua mão. Em uma fração de segundos ele baixou a guarda, e foi nesse exato momento que as minhas pernas se moveram, e feito um tigre em busca da sua presa, avancei em sua direção.

Tiros eram trocados a nossa volta, mas era como se ali só nós dois estivéssemos ali. Joguei minha arma, pois não iria precisar dela para acabar com aquele maldito. Uma sequência de golpes foram dados e cada vez que meu punho atingia o seu rosto só me incitava a continuar. O adversário não era um qualquer, já que foi o responsável pela morte de Enrico, aquele que invadiu territórios e enviou centenas de almas ao inferno, como ao paraíso se é que isso existe.

Perdi a noção do tempo e cada vez que ele revidava um soco meu e eu sentia o contato do seu punho contra o meu corpo, ao invés de dor aquilo me deixavam com uma vontade incontrolável de arrancar cada osso de suas costelas com as minhas próprias mãos. Deixei a brincadeira de lado e apertei minha mão, concentrando no meu punho toda força que existia dentro de mim e antes que ele fizesse qualquer movimento o último golpe foi dado, fazendo-o ir ao chão.

Horas depois...

O lugar à minha frente está impregnado pelo odor de sangue. Os gritos dos covardes que ainda respiravam tem o cheiro de morte. Levantei a cabeça e contemplei a imagem adiante, todos os desgraçados tiveram suas cabeças penduradas, para que qualquer um que ousar desafiar a famiglia saiba o destino que terá.

Movi meu corpo no sentido contrário ao escutar os gritos do maldito que estava tendo os membros superiores perfurados.

— Pela glória e pela honra da famiglia. Eu Lorenzo Santoro te enviarei para as profundezas da escuridão, porém, ao contrário do que fez ao meu pai, farei com que os últimos momentos da sua vida sejam inesquecíveis.

Levei a faca que estava sendo tomada pelo fogo ao encontro da sua pele e cravei em sua carne. Quanto mais ele gritava mais deslizava e aprofundava o objeto cortante em seu corpo. Minutos se passaram e quando cheguei na extremidade, soltei o objeto e com as duas mãos fixadas em cada lado que foi aberto das suas costas, fui puxando até que consegui ver todos os seus órgãos internos. Um líquido amarelado começou a cair no chão indicando que o covarde estava se mijando, mas eu só estava começando.

O sangue apossou-se de minhas mãos quando comecei a puxar cada osso da sua coluna vertebral, os gritos dele logo chegaram ao fim, quando ainda estava puxando a segunda costela. E quando enfim terminei, senti que finalmente algo dentro de mim, havia se acalmado..

Dias depois...

Nápoles, Itália

— Não! Não! Nãoooo...

Acordo com o corpo pesado, como se tivesse sido atropelado por um caminhão. Novamente os mortos insistem em querer me manter junto a eles. Por mais que o tempo tenha passado não consigo esquecer o dia que foi responsável por qualquer sentimento bom que havia em mim, ter chegado ao fim. O dia em que a luz se apagou e somente as trevas vêm prevalecendo.

Sabia desde criança que como primogênito do grande Enrico Santoro, teria que algum dia assumir todas as minhas obrigações perante a nossa organização. Fui tratado por todos como o único príncipe da máfia, aquele que no futuro traria muito mais que riqueza e sim ainda mais poder, nos tornando soberanos em todos os territórios. Mas como disse o homem que tratou de me transformar em algo muito pior que ele, ninguém é confiável e não foi só através das palavras ou do gesto daquele que tinha como amigo que aprendi isso.

O ódio, a inveja estavam visíveis em seus olhos e mesmo depois de todas as lições uma pequena luz acabou por invadir as trevas, quando Antony começou a se destacar entre os demais soldados. Contudo, nele eu tive a confirmação que Enrico estava certo e todos não passam de cobras traiçoeiras esperando o momento certo para destilar o seu veneno.

Assim como Giovani, aquele maldito traidor teve o mesmo fim, mas Enrico sempre gostou de controlar tudo ao seu redor e devido à sua interferência eu não dei a mulher que estava carregando o filho do verme no ventre o mesmo destino. Ele planejou tudo e aproveitou a minha viagem ao Brasil, e foi pessoalmente atrás da vadia e assim que retornei soube que ele havia deixado viva aquela que carregava em suas veias o sangue dos traidores.

Possuído pelo ódio, assim que soube iria terminar com o serviço e enviar aquela coisa para junto dos pais. No entanto, jurei acima de tudo lealdade ao meu soberano, fidelidade aos interesses da famiglia e sempre respeitar a sua ordem. Deixo as lembranças no passado e ao levantar meus olhos, eles foram ao encontro do maldito curativo em meu corpo. Peguei meu celular e ao deslizar o dedo na tela, ele atendeu.

— Chefe!

— Tem uma nova mercadoria. Quero que façam uma visita daqui a três dias aos Matini.

— Assim será feito.

— Preparem tudo que estarei indo para Nova York. Chegou a hora daquela maldita começa a pagar por todo prejuízo, dados pelos pais.

"Bônus 01"

Três anos atrás...

Manhattan – Distrito de New York.

LORENZO

Estou indo em direção ao bordel. Entediado de um dia cheio de problemas e somente duas coisas são capazes de me acalmar: ter uma boa foda e a outra é enviar algumas almas ao inferno.

Só de imaginar ver alguém sucumbindo na minha frente faz todos os meus demônios vibrarem. Enrico, acabou por me enviar para Nova York, já que os malditos incompetentes não foram capazes de resolver algumas questões com os execráveis devedores.

Uma das coisas que não suporto e não admito são os infelizes que tentam passar a perna em nossa organização, achando que vivemos de caridade, no entanto, para mim só existe uma única lei. Uma dívida sempre deve ser paga nem que seja derramando sangue. Assim como uma traição é algo que nunca deve ser perdoado, para um Santoro não existe lugar para uma segunda chance e o preço de uma traição é a morte.

Meus pensamentos foram interrompidos no momento em que o carro parou e por instinto uma de minhas mãos como se tivesse vida própria foi ao encontro da minha pistola. Logo em seguida o som da minha voz repercutiu dentro do ambiente.

— O que está acontecendo? — questiono já irritado.

— Os seguranças acabaram de informar que ocorreu um acidente com uma caminhonete. Por esse motivo o fluxo de veículos está bastante intenso — respondeu Luigi, meu motorista, mas minha vontade era mandar ele passar por cima de todos. Deixo os devaneios de lado quando novamente ouço o som da sua voz.

— A única alternativa será pegar o desvio que passar em frente à praça.

— Então faça ou serei obrigado a fazer uma verdadeira chacina nesse lugar.

Assim que o som das minhas últimas palavras, retumbou no espaço o veículo começou a se mover. Fechei os meus olhos e vários pensamentos se passaram em minha mente. De repente, senti um desconforto terrível, inquieto abri os meus olhos e o carro novamente estava parado devido a uma grande multidão que estava passando pela faixa de pedestres. Em questão de segundos voltei meu olhar através do vidro do automóvel e avistei a perfeição à minha frente.

Uma bela bambina, magricela por volta de quinze anos e mesmo com a cabeça abaixada dava para notar que a sua beleza era estonteante a ponto de deixar qualquer um embevecido, num estado de quase torpor. A menina se encontra com dois potes de doces em suas mãos e no instante que o veículo começou a se mover uma onda escaldante tomou conta do meu corpo, assim que ela levantou a cabeça e pude avistar aqueles olhos brilhantes como nunca tinha visto em toda a minha vida.

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