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CAPÍTULO 2

Manhattan – Distrito de New York

Tempos atuais...

MIA

Estava em um sono profundo, mas algo insistia em me tirar do estado letárgico que me encontrava.

— Mia! Acordaaa!

Diante daquelas palavras, os meus olhos se abriram, mas o arrependimento veio logo depois. Uma forte claridade incomodou a minha retina e antes que eu cogitasse em fechar os meus olhos novamente, a voz da minha mãe ecoou a minha volta.

— Levanta agora! Sua preguiçosa.

Levantei em um pulo. As feições da minha mãe era algo espantoso. Não conseguia entender o motivo pelo qual os meus pais me tratavam dessa forma.

Desde que me entendo por gente que eles me tratam como se fosse um nada. Conforme eu fui crescendo os insultos ficavam piores, no entanto, jamais levantaram as mãos para me bater. Contudo, seria muito melhor do que as palavras e as humilhações.

Deixo as lamentações de lado e vou correndo para o banheiro. Minutos depois já estou arrumada, deixo o meu quarto e sigo até à sala onde os dois já estavam me esperando.

— Vamos! — disse o meu pai.

— Cadê as caixas? — questiono.

— Toda a mercadoria já está dentro do carro — minha mãe esclarece.

Passos largos foram dados em direção à porta e instantes depois já dentro do veículo, ele foi colocado em movimento. Desde pequena sempre vou com eles até o centro da cidade vender os potes de doces, enquanto os meus pais ficam dentro do veículo à medida que o telefone deles tocam, me entregam a mercadoria e levo ao destinatário. Ainda lembro-me da primeira vez que fui entregar a caixa e um homem enorme me deu muito dinheiro, mesmo sendo tão pequena eu disse para ele que era muito, afinal um simples pote de doce não poderia ser tão caro.

Quando entreguei o dinheiro ao meu pai e disse que o homem tinha pago muito mais, eles me explicaram que a mercadoria vinha de outro país por isso o valor era aquele. Até hoje não consigo entender o porquê que todos os clientes são homens e jamais permitiram que eu provasse os doces, já que segundo eles a mercadoria é somente para os clientes.

De tanto que eu ficava perguntando e cada vez mais confusa por receber tanto dinheiro. Numa certa amanhã de domingo quando acordei e fui até à cozinha e encontrei um pote em cima da mesa e minha mãe logo surgiu no meu campo de visão, ela disse que eu poderia comer e confesso que era muito delicioso e talvez por esse motivo sempre eram as mesmas pessoas que compravam.

Afasto os devaneios de lado assim que chegamos ao nosso destino, respiro fundo, pois hoje não é mais um dia diferente dos que tenho sobrevivido. Uma rotina árdua faça chuva ou um sol escaldante.

Nápoles Itália

LORENZO

Os ruídos que ressoavam a minha volta, causados pelo choro de mamma. Fizeram uma onda escaldante apossar-se de todo o meu corpo. A sensação que eu tinha era como se tivesse fogo líquido correndo em cada veia do meu corpo, fazendo meu coração bater em um ritmo alucinante. Assim que o som da minha voz preencheu todo o ambiente todos voltaram a sua atenção em minha direção.

— Silenzio! — vocifero.

Meu olhar que até então estava fixo no corpo do homem dentro do caixão foi direcionado a ela.

— Ele jamais iria querer que uma só lágrima fosse derramada. Enrico Santoro a essa hora está almoçando com o demônio. E logo eu darei a ele a chance de ter à sua frente cada um dos malditos que foram responsáveis pela sua morte.

Minhas mãos se fecharam em punho e voltei novamente a minha atenção para dentro do caixão. Ao contrário da minha mãe e do meu irmão, eu não conseguia sentir nada ao saber que o homem que me deu a vida, aquele que sempre foi temido e responsável por me infligir tanta dor, estava ali dentro daquele objeto sem vida.

Assim como ele preferiu anos atrás. Destruiu tudo o que havia de bom dentro de mim, no entanto, ninguém derrama o sangue de um Santoro e permanece vivo. Minhas mãos se abriram e as movi em direção a tampa, dei uma última olhada para o rosto do meu pai e em seguida fechei o caixão.

— Vamos acabar logo com isso — sentenciei.

No momento seguinte, o corpo do temido e sanguinário chefe da Cosa Nostra foi colocado dentro do mausoléu da família, se juntando aos seus pais.

Dois dias depois...

Gritos e mais gritos era tudo que se ouvia. Minutos se passaram e Dante ainda não havia conseguido extrair nenhuma informação daquele infeliz. Encerrei a ligação que tinha recebido e em passos precisos andei em direção ao barulho.

Se sua lealdade é maior que o amor pela sua própria vida, veremos como vai reagir ao encontrar o próprio demônio à sua frente. No instante que passei pela porta a voz do meu chefe de segurança se fez presente.

— O desgraçado não quer falar — bradou meu segurança.

Puxei minha adaga e diminui a distância que nos separava.

— Vamos ver se você não irá dizer nada — provoquei.

Os olhos amendoados que ganharam um tom escuro ficaram arregalados assim que levei o objeto cortante em direção ao seu rosto. A cada centímetro que minha adaga era cravada em sua carne, o ritmo da minha respiração acelerava assim como os demônios que habitam em mim. Demônios esses que começaram a ficar agitados fazendo ondas de choques me envolverem quando jatos potentes de sangue começaram a jorrar por todos os lados.

Deslizei o objeto fazendo uma curva movendo a adaga da direção de sua boca até chegar próximo a sua orelha. O desgraçado que até então estava gritando em meio a dor começou a pedir clemência assim que mudei de posição e iria fazer o mesmo trajeto do lado direito do seu rosto.

— Pieda... eles... est... na Calábri.. — balbuciou.

Antes que ele terminasse de proferir suas últimas palavras, afundei ainda mais o objeto em sua pele. Quando puxei minha adaga, intensifiquei o contato da minha mão em volta do cabo dela e uma sequência de golpes foi desferido contra o seu rosto desfigurado.

A cada golpe as palavras do velho, Enrico, surgiam em minha cabeça como se fosse um mantra, o que me deixou com uma fúria incontrolável.

"Ninguém é confiável e seu coração assim como o meu, ficará tão frio como uma barra de gelo".

Quando diminui o ritmo dos meus movimentos, a cabeça do homem estava estraçalhada. Com um giro nos calcanhares caminhei em direção à porta e antes de deixar o cômodo, o som da minha voz preencheu os quatro cantos do ambiente.

— Coloquem fogo no corpo desse miserável e preparem tudo que iremos para a Calábria. Todos aqueles ratos precisam ser exterminados — ordenei sombriamente.

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