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Capítulo 2 - Alemão

Ser o chefe da Rocinha com apenas vinte e cinco anos é um grande desafio. Esse desafio é um legado deixado pelo meu pai, o famoso e temido Samurai. Ele me introduziu nesse mundo quando eu tinha apenas dezesseis anos de idade e com dezessete anos ele me obrigou a matar uma família. Eu nunca vou esquecer, essas cenas são os principais motivos dos meus pesadelos de todas as noite. Eu sempre revivo tudo o que aconteceu no meu sonho e toda vez paro na mesma parte: nos olhos verdes da menina indefesa.

Samurai: Você tem que apertar o gatilho. Essa família tem que morrer, Alemão.

Alemão: Pai, eu não consigo apertar o gatilho, eu não consigo fazer isso.

Samurai: Larga de ser covarde e aperta logo essa porra.

Muralha: Esse moleque não está preparado não, Samurai.

Samurai: Não diz isso do meu filho. Vai Alemão, é só matar eles — Ele diz e nesse momento eu olho na direção da porta e vejo uma menina de olhos verdes e cabelo loiro. Ela me olhava com lágrimas nos olhos e isso me impedia de fazer a vontade do meu pai.

Eu sempre me desperto assim, nessa parte. Esse olhar não sai da minha cabeça e não sei o que fazer, mas eu preciso me libertar dessa prisão que meu cérebro criou, penso no topo da minha favela. Eu estava arrumado para ir ao baile e esses pensamentos não saiam da minha cabeça. Para espantar meus demônios, eu fumei um Beck e logo depois saio pilotando minha moto em direção ao baile.

Assim que chego eu percebo que a Soso já estava aqui me esperando e então ela senta no meu colo.

Soso: Oi, gostosão. Você hoje é meu?

Alemão: Você não está merecendo muito, mas hoje eu vou ficar contigo – Digo e ela se levanta e começa a dançar, a safada gosta de toda atenção masculina para ela. Eu faço sinal para um dos meus vapores e eles logo entendem que quero bebida.

Fico observando as mulheres do meu morro se exibindo e dançando para mim e em questões de segundos percebo uma moça andando em minha direção. Eu analiso as suas pernas grossas e sua cintura fina, seus cabelos compridos e o rosto angelical, mas quando os meus olhos cruzam os dela eu paro no local.

Ela se aproxima e iniciamos um diálogo, eu questiono sobre ela, pois eu estou muito curioso. A Soso tenta atrapalhar e eu mando ela sair dali, não vou negar além da curiosidade que tive, eu também senti tesão e vontade de comer ela, ainda mais quando ela me disse ser inocente, porém a menina desapareceu e me deixou ali na mão.

Eu não consigo mais me concentrar em nada, os olhos dessa moça são muito parecidos com os da menina de sete anos atrás. Eu preciso saber mais sobre ela – Penso me levantando e vou até ao bar e já pergunto para o Leleco.

Alemão: Cadê a moça de olhos verdes e cabelo loiro que está trabalhando com você?

Leleco: Não tem nenhuma moça de olhos verdes e cabelo loiro trabalhando comigo não, senhor.

Alemão: Eu estou ficando louco, não é possível — Digo em voz alta e saio dali. Já vou subindo em minha moto e vou direto para boca, onde eu comecei a cheirar cocaína sem parar, peguei um copo de uísque e sentei na minha poltrona e o sorriso dela não saia da minha mente.

Eu tinha certeza apenas de uma coisa, que eu estava ficando muito doido e que isso iria me matar, eu ainda não consegui enterrar esse passado. Penso e continuo usando até que pego no sono ali mesmo e como sempre volto para o mesmo lugar, o sonho maldito. O olhar da menina, a morte daquelas pessoas e a tortura que sofri nas mãos do meu pai e do Muralha.

Desperto assustado como sempre, os meus demônios me assustam e me perseguem todos os dias – Penso preparando o Beck e em seguida me sento fumando para ficar relaxado. Olho para o relógio e ele aponta para as sete da manhã, vou até o banheiro, lavo o rosto e logo me sento na minha cadeira. Eu só quero que isso pare de acontecer. Penso e em seguida pego no sono novamente, não sei por quanto tempo, mas só desperto com o Caveira que diz:

Caveira: Chefe, na moral, já tá na hora de acordar. Tem uma moça aí querendo falar com você.

Alemão: Não estou afim de receber ninguém hoje.

Alice: Nem para mim? — Escuto aquela mesma voz de ontem e só quando ela entra e eu a vejo parada na minha frente é que a ficha cai, e eu percebo que não estou louco. Ela é real.

Alemão: Branquinha, você é real?

Alice: Sim, eu sou real e preciso da sua ajuda.

Caveira: Já vi que estou sobrando aqui —Ele diz saindo da minha sala e eu me aproximo dela que diz:

Alice: Nossa! Você está péssimo.

Alemão: A culpa é sua – Digo sério e ela engole em seco.

Alice: Bom, vamos ao ponto. Eu preciso de uma casa.

Alemão: E eu com isso?

Alice: Você é o patrão e eu quero morar aqui na Rocinha.

Alemão: Você morar aqui será um grande tormento para mim.

Alice: Eu não tenho para onde ir.

Alemão: O que posso fazer por você?

Alice: Não tenho para onde ir e nem como me sustentar — Ela chora me dando um gatilho que me leva ao passado, na mesma cena onde a menina chora – Me ajuda, eu estou sem rumo.

Alemão: Eu tenho uma proposta para você.

Alice: Qual proposta?

Alemão: Faça parte da casa das primas e eu te banco.

Alice: O que é isso? Tem haver com prostituição?

Alemão: Você será só minha e em troca eu te banco.

Alice: Só sua? — Ela diz e o seu jeito doce de pronunciar as palavras me faz ficar louco de desejo por ela.

Alemão: Sim, só minha! — Digo me aproximando e toco seu rosto enquanto ela me olha com seus olhos verdes cheio de mistério. Eu seguro seu pescoço cheio de possessão.

Alice: Vai devagar, está me machucando.

Alemão: Eu quero você!

Alice: Deixa eu pensar na proposta antes.

Alemão: Não tem pensar, eu quero a resposta agora.

Alice: Sim, eu aceito – Ela diz e eu dou risada, olho o seu corpo de cima abaixo e vejo que ela não é careta como as meninas, mas seu corpinho sexy e seu rosto de boneca me deixa louco. Penso analisando ela.

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