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Capítulo 2

Luizinho franze a testa, o homem está vestido como um policial.

— Soldado Demitri. — Demitri se apresenta.

— Me mostre seu distintivo. — Olha, ainda com a arma apontada para o homem que está calmo.

— O que faz aqui? — Luizinho pergunta ainda desconfiado.

— A delegada Karen está me esperando, sou novo na cidade, vim fazer parte do quadro de funcionários. — Fala Demitri.

— Ana, confirma na delegacia.

— Ok.

Demitri cruza os braços e encosta no carro aguardando.

— Sim, é verdade. Recebi a foto, é ele mesmo.

— Certo. — Luizinho abaixa a arma. — Está liberado, dirija mais devagar soldado.

Luizinho não gostou do jeito do soldado Demitri.

— Não gostei desse cara, me cheira a encrenca. — Fala Luiz ao vero carro se afastar.

— E eu gostei de tudo nele, RS.

Luizinho observa o carro seguindo com aquele pensamento fixo na cabeça.

Após três horas, voltam para a cidade e vão almoçar.

— E agora? Tudo nesse bufê é gostoso. — Fala Ana. Devo comer só salada?

— Claro que não, de tudo um pouco. Elimina açúcar, doces e refrigerante, mais nada.

— Tô gostando, mais um docinho ia bem né?!

— Ia, mais você disse ter um propósito.

— É verdade, vamos lá. Depois do trabalho vou ir à agropecuária. Preciso comprar ração para meus bichinhos.

— É lá onde o cabra safado trabalha.

— O cowboy bonitão?

— Ele mesmo.

Ana fica pensativa por uns instante, gostou dele. Pena ser tudo isso, gostou muito mais do que está admitindo para sí mesma.

Ana sai do serviço e pega sua moto em direção a agropecuária, assim que entra o vê, seu coração acelera muito forte.

"Ai minha nossa senhora, que é isso tudo?" — Ela pensa.

Enzo olha Ana curioso, porque ela o olha assim? Faz meses a última vez que uma mulher da cidade o comeu com os olhos como essa.

— Posso te ajudar? — Enzo pergunta.

Ana começa a gaguejar:

— Ahn é... olha, é, então... é-e...

Ele dá um sorriso gostoso com o nervosismo dela. Ana olha o sorriso dele e vê todos os dentes no lugar certinho, será que fez implante?

— Oi!

— Ãh, é desculpa. — Ela responde sem jeito.

— Do que precisa, linda.

O coração de Ana derrete igual à manteiga.

— Você me acha linda? — Ela pergunta se sentindo mole com o elogio.

— Clara que é, muito linda, RS.

— RS, obrigada.

— E então, do que precisa?

— Sim, claro, vim buscar ração de postura, milho, quirera e ração para gato castrado.

— Vem, linda. Vamos pegar.

Ela segue ele sonhadora, os músculos das costas e dos braços dele são imensos, Ana morde o lábio.

Mãos enormes, minha nossa senhora da bicicletinha, ele sente o olhar penetrante em suas costas, olha para trás sorrindo.

— Quantos quilos de cada vai querer?

— Dois, por favor.

— Certo

Enzo separa tudo com agilidade, recebe o valor indicado e ajuda ela a colocar no bagageiro da moto.

— Obrigada. — Diz olhando como boba para ele.

— De nada linda, volte sempre. Sempre será um prazer, revê-la.

— Nossa... é... ãh, obrigada.

Sorri novamente pelo jeitinho meigo dela.

— De nada, linda.

— Tchau.

— Tchau.

Ana vai sonhadora para casa, Enzo fica olhando Ana sair, muito interessado.

Demitri passa o dia trabalhando com o delegado.

— Demitri. — Arthur o chama.

— Senhor?

— Está dispensado por hoje.

— São apenas 18hs senhor e meu horário é até às 22hs.

— É seu primeiro dia. Tem uma pousada onde estou hospedado e você vem comigo. Ficará lá por enquanto.

— Claro, onde fica senhor?

— Divisa de Pedra Bela.

— Nossa, muito legal. Fiquei sabendo que tem um produtor de café na divisa da cidade de Toledo com Pedra Bela.

— Sim, é pertinho da Pousada.

— Vamos então!

— Pode deixar seu carro aí hoje, vamos na viatura. Amanhã te trago no seu horário e você volta no seu carro.

— Por mim, está ótimo.

Na viatura, Arthur puxa assunto:

— Em dois dias terá uma apresentação na praça com dançarinas do ventre.

 Humm, isso muito me interessa, kkk.

— Kkk... Você estará de folga.

— Melhor ainda, quem sabe arrumo uma namorada.

— RS...

— Me contento com uma dançarina do ventre.

— Kkk... Saberia acompanhar o gingado delas?

— Minha especialidade, sou muito bom dançarino. Minha irmã é dançarina do ventre, fiz par nas danças com ela direto. Nós sempre ganhávamos entre primeiro e segundo lugar.

— Olha, que música?

— Tem as especiais para a dança. Mais dançamos uma música de Tarkan chamada Simarik, fizemos muito sucesso. Do jeito que sou boca aberta vou pedir para tocarem ela...

— Você é descendente de árabe?

— Sim, meu falecido pai era árabe. Temos vários costumes que ele nos ensinou. Mais sinceramente o que é minha paixão é a dança.

— Muito legal e também tem que ter um excelente condicionamento físico.

— Sim, verdade.

— Chegamos.

Arthur estaciona e leva Demitri para o aposento dele.

— Descanse bem, meio-dia pode comer a comida da pousada.

— Não vai almoçar comigo?

— Não, vou ver um casal de amigos de manhã.

— Tá bom, boa noite!

— Boa noite!

Arthur está cansado, mais não exausto, se tivesse uma chácara teria animais para cuidar, grama para roçar e a casa para arrumar, estar sozinho e não ter o que fazer é ruim.

Hoje voltou mais cedo para piorar o seu lado, mais precisava acomodar o rapaz. Tira a roupa, seu corpo grita por um banho quente e relaxante.

Após se refrescar deita cedo, tinha se alimentado com um super lanche antes de sair da delegacia.

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