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Capítulo 5 – Café de manhã

Fui despertada abruptamente de meus sonhos pelo som insistente de batidas na porta do meu quarto. Meus olhos se abriram, e por um instante, tudo ao meu redor parecia embaçado e confuso. Mas, à medida que minha mente despertava, percebi que algo estava errado. Meu corpo doía e me vi deitada no chão, sem qualquer conforto.

Levantei-me com pressa, tentando entender o motivo daquela interrupção inesperada. Meu coração batia com força, e uma sensação de urgência se apoderou de mim. Passei pela penteadeira e olhei para o espelho, vendo meu rosto pálido e meus cabelos desalinhados.

As batidas na porta continuavam, agora acompanhadas pela voz apreensiva de Lady Isobel do outro lado.

"Princesa Penélope, acorde. Senhorita, posso entrar? Temos que nos apresentar a corte em alguns minutos."

As palavras de Lady Isobel me atingiram como um raio. Eu estava tão cansada da viagem e tão imersa na loucura em que fui jogada, que acabei adormecendo de exaustão. Agora meu plano de fuga não teria como ser executado, pois um novo dia tinha começado.

Finalmente, abri a porta do quarto e dei de cara com Lady Isobel, que parecia visivelmente irritada. Ela segurava alguns acessórios em sua mão e percebi que eles não me pertenciam.

"O que é isso?" sussurrei, tentando manter minha voz firme.

"O príncipe Tyler, enviou durante a noite, uma joia a cada princesa escolhida para o café da manhã. As outras foram embora antes do raiar do sol," ela respondeu entusiasmada. "Que cara é essa? Parece que dormiu ao relento, milady." ela entrou no quarto espalhando sua alegria, que não aplacava o meu medo.

"Eu fui escolhida?" falei inconformada. Lady Isobel confirmou com a cabeça, radiante.

"Sente-se aqui que vou arrumá-la para que o impressione ainda mais." me sentei na banqueta em frente a penteadeira e a encarei. Ela parecia tão satisfeita que não imaginava o que ele tinha feito a mim na noite anterior.

Suas mãos hábeis passaram por meus cabelos, abaixando o volume que ele criara em atrito com o chão. Em segundos ela levou a revolução assustara em que ele se encontrava em uma trança embutida sem nenhum fio solto. Logo em seguida, suas mãos foram para meu rosto para resolver os estragos adquiridos pela noite mal dormida.

O pó de arroz afastava as manchas roxas abaixo dos meus olhos, me dando uma aparência ainda mais pálida.

"Um pouco de rugi nos lábios, e nas maçãs do rosto irá te trazer a cor saudável que buscamos." quis rir se sua frase. Eu só queria fugir daquele maldito lugar.

Assim que ela terminou, correu para o baú mais próximo e tirou de lá um vestido amarelo-creme, que parecia suave ao toque. Ele me daria um ar de inocência que eu não queria passar, mas não poderia questionar as escolhas dela.

"Vamos, querida, não temos tempo a perder." confirmei respirando fundo e me sentindo perdida em tudo que estava acontecendo em minha vida.

O decote do vestido era um tanto revelador, e deixava meus seios mais altos do que o normal. Não era a imagem que eu queria passar depois de ontem.

"Não acha demais?" olhei para baixo enquanto ela puxava com força os laços do corpete.

"Não, não acho. Você está aqui em uma missão. Quanto mais chamar a atenção do príncipe, melhor." Mal conseguia respirar e me virei devagar para que ela me olhasse por completo. "Perfeita." bufei irritada e ela pediu para que eu me sentasse.

"Vamos ver se consigo." falei contrariada e fui até a cama. Lady Isobel se ajoelhou a minha frente e colocou outro sapato como o anterior em meus pés, e quase chorei de desespero.

"Não pode ser outro?" ela me olhou com severidade.

"Princesa Penélope, o que está acontecendo com a senhorita? Sempre usou esses sapatos, por que agora está agindo desta forma?" mordi minha língua com força para não gritar tudo o que estava acontecendo comigo. A pobre mulher não tinha culpa da enrascada em que me meti ao ser parecida com a filha do rei.

"Só por hoje, desejo sapatilhas de pano ao invés de saltos. Por favor, Lady Isobel." a mulher me olhou com severidade, e assim que tirou meu sapato, viu uma pequena mancha de sangue manchar a meia branca.

"Pois bem." ela disse jogando os sapatos de lado e procurando uma sapatilha que apertasse o mínimo possível meus pés.

Fui criada para ser a cópia da princesa, mas se esqueceram que eu deveria ter aprendido a usar as roupas dela também. Meu traje era completamente preto e fechado. Meu rosto coberto e meus pés nunca viram nada além de sapatilhas confortáveis. Não era possível que da noite para o dia eu aprendesse a usar tudo isso sem qualquer problema envolvido.

Me levantei com dificuldades, tentando ignorar a dor dos machucados agora abertos após o sapato anterior. Olhei para o espelho e vi que nada parecia fora do lugar, exceto a tristeza estampada em meus olhos. Eu nunca conseguiria esconder aquilo.

Andei em silêncio ao lado de minha dama de companhia até chegar ao salão onde o café da manhã estava sendo servido. Ao anunciarem o meu nome, todos os homens se levantaram para me receber e entrei caminhando devagar, tentando evitar as caretas de dor.

O príncipe se encontrava sentado na ponta da mesa. Seus olhos percorreram meu corpo, mas se fixaram em meus olhos.

Cada parte de mim estava tensa com aquele novo encontro.

"Senhorita Penélope, é um prazer revê-la." fiz a reverência a ele e peguei meu prato me encaminhando até o aparador onde estavam os alimentos. Meus olhos se arregalaram ao ver a quantidade de coisas dispostas. Mais da metade eu nunca tinha comido e tinha medo de não gostar, então preferi me ater ao que eu conhecia.

Peguei algumas frutas e ovos Benedict, voltando para a mesa. Todos os olhares me acompanhavam e fiquei com medo de cometer alguma gafe.

"Sente-se melhor, senhorita?" A voz do príncipe retumbou no salão e parei meu garfo a caminho da boca.

"Sim, alteza. Depois de um sono revigorante, sinto-me perfeitamente renovada." meus olhos faiscaram em sua direção e um sorriso de lado apareceu em seus lábios.

"Fico feliz em saber, pois planejei um evento maravilhoso para as três princesas presentes." olhei para as meninas ao meu lado que davam gritinhos de felicidade, enquanto eu me sentia encurralada. " Assim que terminarmos, vou levá-las ao jardim." confirmei com a cabeça, feliz em saber que pelo menos seria um lugar aberto.

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