Biblioteca
Português
Capítulos
Configurações

Quem é sua mãe?

13 anos depois

Um lobo jovem corria pela floresta, suas patas batiam com força contra a terra molhada. Os gritos de seus perseguidores ecoando através das árvores. Os jovens humanos criaram um sistema eficiente que os permitia saltar pelas árvores e compensar a agilidade superior dos lobisomens, mas um deles se destacava. O mais jovem do grupo humano, pequeno e magro, cobria sua cabeça e rostos do vento cortante que soprava naquele inverno.

― Ele vai escapar! ― gritou um dos humanos quando o pequeno lobo saltou de uma grande pedra, atravessando um rio e aterrizando do outro lado. ― Merda! ― ele disse quando todo o grupo se reuniu e viu o lobisomem se afastando.

― Melhor deixarmos esse para lá. ― Ramon, um dos mais velhos do grupo, disse desanimado. ― Tenho certeza de que vamos encontrar outros vagando pela floresta. ―

― Aquele maldito nos viu perto do acampamento, não podemos deixar que ele vá contar aos outros da sua espécie. ― Marion, o filho de um dos líderes do grupo, se adiantou e olhou ao redor.

A fuga daquele lobo era devido à desatenção de Marion, que deveria ter ficado de guarda, mas abandonou seu posto para se encontrar com a namorada. Com medo de que a culpa recaísse sobre todos, os jovens se reunirão escondidos e partiram para a caçada.

Com atentos olhos azuis, o menor do grupo observou com atenção ao redor e percebeu uma árvore caída não muito longe. Indo até ela, correu ganhando impulso suficiente para saltar e atingir o chão do outro lado com força. Seus companheiros gritavam e vibravam, mas toda a animação acabou quando eles ouviram as patrulhas se aproximando do local em que se encontravam.

― Que droga! ― Ramon disse passando as mãos pelos cabelos vermelhos e olhando com desespero ao redor. ― Precisamos sair daqui, agora! ― a ordem foi clara e todos começaram a se mover.

O jovem lobisomem que estava sendo perseguido encontrou um grupo de busca, que andava pela floresta a procura de humanos que viviam escondidos. Aqueles jovens humanos sabiam que não poderiam retornar para seu grupo, ou estariam condenando a todos. A única opção que eles tinham era se separar, tentar confundir seus inimigos e salvar ao menos um deles, para avisar ao acampamento.

Todos correram, se espalhando. O menor do grupo, que estava do outro lado do rio, tentou retornar ao acampamento, mas Ryker o interceptou, saltando e caindo diante de seus olhos.

― Ei coisinha, onde pensa que vai? ― Ryker perguntou mostrando suas presas, mas não obteve a reação de costume, pois aquela pequena criatura humana correu em sua direção e deslizou por entre as pernas dele. ― Mas que merda!

Correndo com todas as suas forças, tentado escapar saltando pelas árvores e desviando de eventuais ataques, o pequeno humano não tinha nenhuma esperança de sair livre daquela perseguição. De repente, seu rosto foi imprensado contra o chão da floresta.

― Já chega dessa brincadeira. ― Ryker riu ao se aproximar do rosto de seu prisioneiro.

O grande beta estava irritado por ser enganado por um filhote de humano tão pequeno. Todos os que a patrulha conseguiu capturar foram amarrados juntos pelas mãos e cinturas e levados até um caminhão na orla da floresta. Nora estava impaciente, esperando e desejando terminar logo com aquele trabalho irritante e voltar para o lado de Kaiser. Ao ver Ryker saindo da floresta, ela sorriu satisfeita com o sucesso da missão.

Os jovens humanos estavam muito calmos, o que deixou os lobisomens em alerta durante a curta viagem. Nora notou aquela figura pequena em meio aos demais, com os olhos azuis fixos a sua frente. Um arrepio percorreu o corpo da loba quando aquele olhar frio se virou em sua direção. Imediatamente Nora se levantou e foi sentar próximo a Ryker, que não entendeu a mudança de lugar, mas não achou ruim.

A máscara atrapalhava a respiração e o olfato daquela figura misteriosa, mas seus olhos continuavam a trabalhar, se lançando na direção de cada lobo próximo. Um toque suave nas costas de sua mão alertou que o companheiro ao seu lado chamava sua atenção.

― Tente não fazer besteira. Não estou a fim de morrer ainda. ― Marion disse e voltou a olhar para frente, assim como os demais.

Todos foram levados para o centro do governo e enfileirados diante da grande escadaria de pedra branca. Kaiser observou de sua janela aqueles jovens humanos, nenhum deles demonstrava estar assustado, o que impressionou o Alpha. Ele vinha notando que, com o passar dos anos, os humanos vinham se organizando e treinando seus jovens para a batalha.

Um dos prisioneiros chamou a atenção de Kaiser. ― Levem todos para o salão. ― ele ordenou para um lobo que estava em sua sala, que saiu de imediato para cumprir as ordens de seu líder.

― Ei, Ryker! ― o lobo chamou topo da escadaria. ― Kaiser mandou levá-los para o salão.

― O que Kaiser vai fazer com esses merdinhas? ― Nora perguntou irritada, as mãos na cintura fina enquanto Ryker e os outros lobisomens arrastavam os prisioneiros. Ryker desejava apenas acabar com aquilo e ter seu descanso.

O pequeno grupo de jovens parecia conformado com seu destino, mas um deles não. Uma raiva crescente dentro de seu coração lutava para sair, mas sua mãe havia lhe ensinado que deveria sempre estar um paço a frente e esconder seu rosto quando lobisomens estivessem por perto. Enquanto caminhavam, aqueles brilhantes olhos azuis vasculhando por saídas, quantidade de lobos em cada corredor e se havia algo que poderia usar como arma, caso fosse necessário.

De pé, bem no centro do salão, o alpha com suas mãos nos bolsos, observava os humanos se aproximando. Dentre ele, uma figura pequena e magra se destacava dos demais. Kaiser se aproximou, olhando um por um com atenção.

Todos baixavam os olhos com a aproximação do grande lobisomem, mas aquele menor de todos o encarava sem nenhum medo. Seus olhos azuis atraíram Kaiser, que caminhou até e parou diante daquele prisoneiro.

― Tire o capuz e a máscara. ― Kaiser ordenou, mas não obteve resposta. O alpha se inclinou e segurou aquele filhote de humano pela gola, erguendo a pequena figura do chão com facilidade. ― Eu mandei tirar o capuz e a máscara, filhote estúpido.

Ao olhar mais de perto, o cheiro único e característico penetrou e dominou seus sentidos. Com um forte puxão, arrancando a máscara, o Alpha ficou perplexo com o que viu.

― Quem é você? ― Kaiser perguntou a jovem diante dele, com longos cabelos dourados e profundos olhos azuis ferozes.

Baixe o aplicativo agora para receber a recompensa
Digitalize o código QR para baixar o aplicativo Hinovel.