Estranha atração
A proximidade de Kaiser fez Emília sentir calafrios por todo seu corpo, arrepiando seus pelos enquanto o Alpha e devorava com seus olhos. Kaiser ansiava em tomar a mulher humana, reivindicar cada centímetro de sua pele, mas sabia que não era daquela forma que funcionava para as mulheres humanas. Ele havia presenciado situações desagradáveis envolvendo lobisomens e humanas, por isso não desejava que fosse daquela forma com Emília. Eles permaneceram em silêncio por mais alguns momentos, então Kaiser decidiu se afastar um pouco, dar espaço para que sua presa se sentisse confortável perto dele, o que funcionou. Emília respirou profundamente, relaxando seus ombros tensos enquanto admirava a maneira que Kaiser se movia, predatório, sem nunca lhe dar as costas.
A curiosidade havia tomado o lugar da raiva e da frustração dentro de Emília. A jovem desejava saber mais sobre aquela criatura que lhe causava medo e, ao mesmo tempo, acendia sentimentos diferentes dentro dela. Emília se pegou comparando o lobisomem a sua frente com seu namorado, Lucas. Fisicamente eles eram como a água e o óleo, oposto que jamais poderia se mesclar. Aquela jovem e inocente menina buscava nos olhos negros de Kaiser uma explicação para tudo aquilo que estava sentindo, enquanto o lobo buscava naqueles profundos olhos azuis a permissão que ele tanto desejava para tocá-la.
Kaiser respirou fundo, chamando a atenção de Emília. ― Sabe o motivo de eu ter mandado que viesse para cá? ― ele perguntou e Emília riu ao lembrar o estado em que encontrou a casa ao chegar.
― Para arrumar toda a bagunça que você faz? ― o Alpha ficou surpreso com a ousadia daquela frágil criatura, fazendo com que Emília risse ainda mais de sua expressão.
A cada minuto a jovem se sentia mais confortável na presença daquele que foi o grande mentor de toda uma guerra contra a humanidade. Isso a deixava confusa, pois deveria sentir por Kaiser apenas rancor e desprezo. Outros lobisomens odiavam os humanos por várias razões, mas Kaiser sempre teve curiosidade sobre aquelas criaturas que, mesmo sendo tão fracas, haviam conseguido dominar o mundo por tantas eras.
Vende que Emília se sentia mais a vontade em sua presença, Kaiser voltou a se aproximar com cautela, até que ela o olhou com curiosidade e confusão, imaginando o que aquele grande homem realmente desejava dela. Com suavidade, o lobo pegou uma mecha dourada dos cabelos de Emília e levou até seu rosto, sorvendo o doce perfume que dela emanava. A mulher se sentiu constrangida com um ato tão íntimo como aquele, mas não se moveu, pois, ao mesmo tempo que Emília se sentia constrangida, ela também sentia um desejo crescente pulsar em seu centro.
― Na verdade, eu senti algo diferente em você, pequena humana. Algo novo. ― Emília arqueou a sobrancelha para Kaiser, que sorriu com sua expressão confusa. ― Seu cheiro, para ser bem mais preciso. Você está, no que conhecemos como cio.
― Você realmente não sabe lidar com mulheres. ― Emília disse tirando seus cabelos da mão de Kaiser e indo sentar na cama. ― Senta aqui, eu vou te ensinar como se faz.
Por mais que estivesse se sentindo nervosa e envergonhada por dentro, Emília se recusava a ser usada por aquele lobisomem. Ele até poderia ser o Alpha, mas ela não baixaria sua cabeça para ele e não cederia aos seus caprichos. Ela via em seus olhos que aquela figura belíssima a sua frente a desejava, estava mais do que evidente pelo volume em suas calças que Kaiser ansiava por ter aquela bela mulher sob seu corpo.
Assim que Kaiser sentou na cama, Emília o montou, abraçou seu pescoço e lentamente aproximou seu rosto do dele, colando seus lábios em um beijo lento. O Alpha, que jamais havia feito algo como aquilo, achou estranho, mas prazeroso. O sabor dos lábios e língua de Emília invadiram sua boca, o deixando louco por possuí-la.
Naquela noite, Kaiser e Emília fizeram algo que era considerado novo para ambos. Ao unirem seus corpos eles provaram se sabores e sensações únicas, gozando de um momento que se lembrariam pelo resto de seus dias. A pele macia e clara de Emília intrigava Kaiser, que arrastava seus longos dedos por aquele braços finos. Não havia marcas, ela era pura e limpa, enquanto Emília sentia o coração palpitando ao ver todas as cicatrizes no corpo do grande homem ao seu lado na cama. Com a ponta do dedo, a jovem traçava desenhos de mordidas e garras, assim como buracos feitos por armas de fogo por todo o peito e ombro de Kaiser.
― Devem ter doido. ― Emília disse sonolenta.
― Nem um pouco. ― Kaiser respondeu sorrindo de forma orgulhosa. ― E quanto a você? ― ele perguntou e Emília olhou confusa. ― Doeu?
Havia um ceto tom de orgulho nas palavras de Kaiser. A jovem parou por um momento e sentiu seu corpo dolorido em alguns lugares, mas não era uma dor desagradável, porém ela jamais iria admitir aquilo. O poderoso Alpha aguardava pelos elogios, mas tudo o que Emília fez foi se virar e puxar as cobertas. Kaiser ficou olhando para aquela situação.
― Estou cansada e sugiro que você também durma um pouco. ― com o corpo dolorido e leve, Emília adormeceu rapidamente, enquanto Kaiser ficou observando sua respiração ficando cada vez mais profunda e ritmada.
A resistência de Emília surpreendeu Kaiser, que não acreditou que uma humana suportaria passar a noite com ele, mesmo que tivesse se contido muito. Os cabelos da jovem estavam espalhados pelos travesseiros, como um rio dourado. Sua tranquilidade ao dormir do lado da criatura que tirou tudo dela impressionou o lobisomem. Emília já havia demonstrado ser diferente de todas, humanas e lobas, que já tinham cruzado o caminho do Alpha e aquilo estava começando a mexer com a cabeça dele.
Com a mão trêmula, o ômega bateu suavemente na porta do quarto. Em seu íntimo ele não desejava estar ali, muito menos para trazer notícias que sabia, irritarem e muito o seu rei. Kaiser se levantou da cama sem se importar em se cobrir, abriu a porta e rosnou ao ver o ômega ajoelhado diante dele.
― Eu imploro pelo seu perdão, meu senhor. ― disse o lobo com a voz trêmula. ― Mas recebemos notícias de que está acontecendo um ataque na cede do novo governo. ―
― Um ataque. ― Kaiser voltou para o quarto e vestiu suas roupas, tomando cuidado para não fazer nenhum barulho que pudesse despertar Emília. ― Quem seria tão idiota para nos atacar?
― Ao que parece, um grupo de humanos que conseguiu escapar criou algo que eles chamam de resistência. ― Kaiser riu, mas não havia nada de humor naquele som, apenas raiva e sede de sangue.
― Resistência. Vamos ver o quanto eles resistem. ― O ômega se moveu para o lado enquanto Kaiser passava e descia as escadas com calma.
Ele sabia que não seria uma transição tranquila, mas não acreditava que os humanos fossem tão tolos ao ponto de atacá-lo tão cedo, sem nem ao mesmo se prepararem de forma adequada e lhe garantir algum entretenimento na batalha.
― Chame Ryker, mande que prepare um ataque com dez dos melhores lobos da alcateia. ― Kaiser ordenou e o ômega partiu, mudando para da sua forma de homem para a de lobo.
O corpo de Kaiser assumiu a forma poderosa do Lycan negro, uma criatura tão intimidadora que ninguém jamais ousou desafiá-lo abertamente para uma batalha. No quarto, Emília se levantava, contende de que sua encenação tenha convencido Kaiser.
Com rapidez ela vestiu suas roupas, abriu a janela, olhando para todos os lados, então desceu com cuidado, se aproveitando da estrutura antiquada da casa. Ao tocar o chão, a jovem sentiu um frenesi tomando conta de seu corpo, a adrenalina de estar escapando e reconquistando sua liberdade a fez ter a energia necessária para correr até a floresta.
Ao olhar por cima do ombro pela última vez, Emília desejou que nunca mais encontrasse com o Rei Alpha, ou qualquer outro lobisomem durante sua vida. Assim, ela fugiu, se embrenhando cada vez mais fundo na floresta até que encontrou um pequeno grupo de humanos vivendo em um antigo acampamento de lobisomens.
Os papéis haviam se invertido, agora seriam os humanos a se esconderem em meio as árvores, fugindo como animais, sendo caçados por uma raça que se mostrou mais poderosa e inteligente. Agora aquela seria a vida de Emília.