Capítulo 8
Autor pov
Marco saiu de seu quarto, vestido com seu terno de grife habitual, pronto para o dia. Ele caminhou silenciosamente pelo corredor, seus pés eram leves no chão, habilmente treinados para se mover sem fazer barulho.
O som do toque de seu telefone ecoou ao seu redor. Ele gemeu quando viu quem estava ligando para ele.
— Essa mulher simplesmente não me deixa em paz. — Ele murmurou para si mesmo antes de receber a ligação.
— Bom dia, mamãe. — Ele a cumprimentou suavemente. Marco pode ser poderoso e destemido para o mundo, mas ele é muito gentil quando se trata das mulheres de sua família. Especialmente sua mãe, Ava Alfonso.
Ele poderia mover a terra se ela mandasse.
— Ouvi dizer que você trouxe alguém para sua casa. — Ela não se incomodou com as formalidades, indo direto ao ponto. Marco olhou para Lucas, que havia aparecido ao seu lado.
Lucas era o homem de confiança de seu pai, até se casar com Kara Alfonso, tia de Marco, e se tornou seu tio. Seu pai, Vincenzo, ordenou que Lucas fosse o guia de Marco e o ajudasse a administrar o império.
Mas, pessoalmente, Marco acha que Lucas foi colocado para trabalhar com ele para que sua mãe obtivesse informações sobre sua vida pessoal.
— Mãe, foi por isso que você me ligou tão cedo pela manhã? — Ele perguntou de volta, tentando evitar a pergunta da mãe.
— Sim? Talvez se você não perdesse tanto tempo e voltasse com ela mais cedo, eu não o estaria incomodando. — Marco gemeu ao ouvir as palavras de sua mãe. Essa era a conversa deles ultimamente.
Em algum momento, sua mãe parou de falar com ele por causa desse mesmo problema. Esse foi o momento mais horrível de sua vida.
— É tudo um processo, mãe, prometo que a levarei até você em breve. — Marco prometeu, sabendo que isso aliviaria sua mãe por enquanto.
— Ok, querido, e volte logo para casa. Senti falta do meu filho, não te vejo há duas semanas, cara. — Sua mãe choramingou ao telefone. Ele ouviu o pai grunhir ao fundo imediatamente, sabendo que a mãe devia estar fazendo beicinho e usando o olhar de cachorrinho.
Essas coisas sempre deixavam seu pai nervoso.
— Mãe, estou a trinta minutos daqui. — Ele se sentou à mesa de jantar, a empregada já havia preparado a comida.
— Mas você nos proíbe de visitar e se recusa a nos visitar também. — Sua mãe reclamou.
Ele foi proibido de visitá-los porque eles transformariam sua casa pacífica em um parque barulhento.
— Mãe, tenho que ir, falo com você mais tarde. — Ele desligou sem esperar pela resposta dela, pois não queria que o pai o interrompesse e o mandasse fazer o que a mãe mandava.
É muito difícil lidar com essa dupla.
Ele largou o telefone e começou a tomar o café da manhã.
— O chefe do departamento de RH ligou. — Lucas falou, sentando-se ao lado de Marco e tomando seu café da manhã.
— Para quê? — Marco respondeu.
— Alguém enviou uma carta de demissão. — Lucas suspirou.
— Diga a eles que aprovem. — Marco instruiu, sem pestanejar. Lucas o encarou antes de balançar a cabeça, sabendo que Marco ficaria furioso quando soubesse quem havia enviado aquela carta.
— Talvez você queira saber quem é essa pessoa. Lucas respondeu com um ar presunçoso, e Marco acenou com a cabeça para que ele continuasse.
— É a Zoey. — Lucas respondeu, voltando à sua comida. Houve silêncio por um momento até que o som de sua cadeira rangendo no chão ecoou nas paredes da cozinha.
Ele saiu da cozinha, e Lucas sorriu enquanto se levantava e o seguia.
Zoey pov
Decidi dormir até mais tarde hoje, já que agora estou desempregado. Embora não estivesse dormindo, fiquei deitado em minha cama. Não me lembro da última vez em que experimentei esse luxo, ficar em casa sem fazer nada.
Não precisei acordar cedo, tomei meu tempo para acordar, tomar banho e até comer. Comi até meu estômago gritar para que eu parasse de comer. É por isso que eu estava deitado morto em minha cama.
Mamãe saiu para trabalhar há alguns minutos, deixando-me na casa vazia.
Eu estava prestes a cair nas mãos confortáveis e felizes do sono quando a campainha da minha porta tocou.
— Meu Deus, deixe-me dormir um pouco. — Voltei a dormir, decidindo ignorar a campainha da porta. Talvez eu tenha ouvido errado.
Respirei aliviado quando o conforto da minha cama me envolveu com as mãos abertas. Não tive tempo de aproveitar o calor antes que a campainha da porta tocasse novamente. Dessa vez, eu me encolhi.
— Que diabos! — Praguejei. Tirei o edredom e saí da cama. A campainha tocou novamente. Assobiei irritado. Essa pessoa é mesmo impaciente.
Calcei meus chinelos rosa e fui até a porta da frente. Abri a porta com força, com a intenção de dizer à pessoa o que pensava, mas minhas palavras morreram em minha boca diante da pessoa que estava diante de mim.
Marco, em toda a sua glória sombria, estava furioso. Sua expressão facial neste momento é suficiente para fazer alguém correr. Ainda bem que eu não entretenho pessoas irritadas. Fiz um movimento para fechar a porta, mas ele a abriu, assustando-me.
Eu o encarei sem palavras enquanto ele seguia confiante para a sala de estar. Fui atrás dele, impedindo-o imediatamente de prosseguir.
— O que está fazendo aqui? — Eu o encarei. Se ao menos a aparência pudesse matar, pensei comigo mesmo. — Isto aqui parece um escritório? — Sei que meu tom não é acolhedor, mas ei! O cara também não é bem-vindo.
Ele não respondeu imediatamente, demorou a me encarar. Seu olhar era extremamente desconfortável. Eu me senti pequena e vulnerável sob seu olhar.
Não sei se fui tolo ao enfrentar alguém como Marco, porque no momento em que ele deu um passo à frente, eu, com medo, dei dois para trás.
Ele deu mais um passo e eu repeti minha ação. Percebi que ele estava ficando mais irritado a cada passo. Continuamos a perseguição até que minhas costas atingiram a parede próxima à porta da cozinha.
Marco aproveitou a chance e me pressionou contra a parede. Eu podia sentir sua frente dura contra a minha. Meu coração mudou de ritmo, ficou mais rápido e acelerado do que o normal.
Minha garganta ficou subitamente seca, tão seca quanto um deserto. Senti o calor viajar da região sul para todo o meu corpo. Lambi os lábios, tentando me conter. Mas era difícil, é muito difícil não sentir nada quando ele está tão perto de mim.
Não entro em contato físico com nenhum homem desde Marco, e ter o corpo de um homem sobre mim desperta a parte sexual morta em mim. Juro que meu âmago se arrepia com o mero contato.
Ele inclinou a cabeça até o meu nível. Eu poderia jurar que vi emoções transparecerem em seus olhos. Emoções que eu sempre via no passado quando olhava para seus olhos.
Eles se foram tão rapidamente quanto vieram, deixando-me maravilhado.
— Qual é o significado dessa maldita façanha que você acabou de fazer? — Ele falou. Fechei os olhos, inalando seu perfume que estava em mim, sua voz ainda me fazia querer ouvi-lo falar o dia todo, infelizmente.
Abri os olhos com um estalo quando suas palavras foram registradas em meu cérebro. Que façanha?
— Do que está falando? Eu não fiz nenhuma brincadeira, pode ir embora se não tiver nada de significativo para dizer. — retruquei, lutando para me afastar dele, mas ele parecia apenas me pressionar mais.
— Não se faça de boba comigo, Zoey, que porra você apresentou ao departamento de RH? — Ele rosnou na minha cara.
— Uma carta de demissão — respondi, fazendo-o parecer um idiota.
Ele bateu com a mão na parede. Eu pulei de susto. Meu Deus! Respirei fundo.
— Não fale comigo nesse tom, porra. — Ele gritou.
— Que tom? Eu enviei a carta de demissão, portanto, não sou mais seu funcionário. — Eu lhe respondi com um grunhido.
— Eu não permiti, então você ainda trabalha para mim e eu ainda sou seu chefe. — Quanto mais ele falava, mais seu rosto se aproximava do meu. — Agora vá lá dentro e se vista, estamos atrasados para o trabalho. — Marco respirou, nossas respirações estavam ofegantes devido à proximidade.
Acho que não consigo pensar direito com ele tão perto de mim. Sobre o que estávamos discutindo.
Ah, sim! Trabalho.
— Não vou, não me importa se você permite ou não a minha demissão. Eu me demito. — Não posso voltar para lá e continuar sem fazer nada, apenas sentado como se fosse um móvel que acrescentasse à decoração do escritório.
Estremeço com meus próprios pensamentos.
Marco me puxou para cima. Por instinto, minhas pernas envolveram sua cintura sólida. Como estou usando apenas meu pijama.
O movimento me deixou atordoado por um momento. Tentei me debater para descer, mas só consegui me contorcer um pouco. Seu aperto era forte, limitando minha chance de movimento.
— Deixe-me descer. — Fiz uma exigência, mas ela caiu em ouvidos surdos quando ele começou a caminhar na direção do meu quarto. Seus músculos se flexionam contra mim à medida que ele se move, e o calor se espalha do meu núcleo para as minhas bochechas.
— Eu disse para me deixar descer. — Insisti para que ele chutasse a porta do meu quarto e entrei. Ele me deixou de pé e fechou a porta com um chute.
— Vá e se vista. — Ele instruiu. Olhei para ele como se de repente tivesse nascido um chifre.
— Acabei de dizer que não vou, e tenho certeza de que deixei claro que não quero mais trabalhar com você. — Eu zombei com descrença. Por que ele está sendo persistente?
Ele seguiu em frente com sua vida. Por que ele não pode me dar o luxo de seguir em frente também? Pensando bem, não deveríamos estar tendo essa conversa, já que seguimos em frente com nossas vidas.
Por que ele está fazendo isso?
— Sim, você disse. Mas estou lhe dizendo que, se você não se vestir, vou levá-la de pijama para a empresa. — Ele ameaçou, mas não o faria, né?
— Você não se atreveria. — Decidi desafiá-lo, estúpida, certo?
— Bem, então me experimente. — Ele desafiou de volta, com um sorriso sinistro nos lábios. Ele faria isso. De repente, percebi o quanto esse cara é sem-vergonha agora.
Olhei para ele mais uma vez antes de me dirigir ao meu armário. Escolhi um vestido simples verde-mar que ficava acima dos joelhos e saltos pretos de 15 cm. Prendi meu cabelo em um coque e coloquei brincos para complementar meu visual.
Fui até a minha cômoda, que por acaso estava ao lado de Marco, ignorei sua presença e passei batom rosa claro. Durante todo o tempo, pude sentir seu olhar fixo em mim. Peguei uma bolsa preta e coloquei nela todas as minhas necessidades diárias.
— Estou pronto. — Eu o encarei. Fiquei surpreso quando o vi parado ali, atordoado. Como se tivesse visto algo que o deixou atordoado, eu apenas o encarei.
— Vamos lá. — Ele rapidamente se recompôs, saindo de seu torpor. Abriu a porta e fez um gesto para que eu saísse. Revirei os olhos, mas segui as instruções.
Sua estrutura alta se elevava sobre mim enquanto nos dirigíamos ao seu carro, e essa cena se repetia em minha cabeça. Foi ontem mesmo que aconteceu toda a perseguição e, no entanto, aqui estou eu novamente na mesma situação. Só espero que não haja perseguição hoje.
Entramos no carro e o motorista arrancou em alta velocidade.
