Capítulo 5
Zoey pov
— Há um laptop com tudo, assista a um filme ou navegue na Internet. Tudo o que você quiser e precisar está lá. — Ele sibilou.
Meus olhos se arregalaram em choque e minha boca se abriu, até mesmo meu cérebro congelou por um segundo e achei difícil compreender o que saiu de seus deliciosos lábios.
Será que acabei de pensar em seus lábios? Meu Deus, foco na cabeça.
— O quê? — Gritei, sem querer. Ele não se encolheu nem reagiu à minha explosão inesperada.
— O que você quer dizer com assistir a um filme? Como posso ser pago para assistir a filmes? Quem, em seu perfeito estado de espírito, faria isso? — Balancei a cabeça.
— Eu vou, eu vou lhe pagar para dormir, comer, qualquer coisa. — Ele declarou.
Ele enlouqueceu, isso é um fato. Mas não estou aqui para lidar com suas palavras irrealistas e irracionais. Estou aqui para trabalhar e é isso que farei. Caso contrário, vou embora daqui.
— Escute, não sei o que você está fazendo, mas não vou ficar aqui sentado sem fazer nada. Se estou aqui, é porque estou trabalhando. Portanto, ou você me dá algo para fazer ou me deixa ir embora daqui. — Naquele momento, eu não estava mais sentado na confortável cadeira do escritório, minhas mãos batiam na mesa com força.
Eu estremeci um pouco, chocando-me.
Marco fez uma pausa, ele não reagiu à minha explosão imediatamente. Vi que ele inclinou a cabeça para o lado e fechou os olhos. Talvez eu o tenha irritado.
Mas quando ele voltou ao trabalho, estava calmo, como se minha explosão não tivesse acontecido. De qualquer forma, ele parecia irritado.
Em vez disso, eu é que estava ficando irritado, pois estava sendo mantido contra a minha vontade com uma desculpa boba de um assistente. Um assistente que não foi designado para nenhuma tarefa, que absurdo! Ele não podia ficar sentado calmamente como se não estivesse me mantendo em cativeiro.
Abri a boca para expressar minha opinião, mas ele se antecipou.
— Já estou farto de suas reclamações, ou você fica aí sentado e faz o que lhe mandam ou eu o obrigo. Não me tente. — Marco rosnou, sua voz estava mais profunda e mais ousada do que antes.
Quase pensei que ele fosse outra pessoa, pois suas ameaças provocavam ondas de gelo em minha espinha. Se eu dissesse que ele era diferente de quando era mais jovem, agora ele era completamente diferente, e ele soava tão mortal que eu queria me esconder dele.
Todo o seu comportamento neste momento é perigoso.
Por mais atônito que eu estivesse, não precisei ser informado duas vezes. E imediatamente caí de costas em meu assento. Desviei o olhar dele, morrendo de medo.
Como me esqueci de quem ele é? Deixei minhas emoções levarem a melhor sobre mim. Tive sorte de ainda estar vivo. Tenho certeza de que ninguém se atreve a falar com ele da maneira como acabei de fazer.
Ele gritou com o homem que lidera a maior gangue mafiosa do mundo, o mesmo homem ao qual os outros chefes da máfia se submetem. O mesmo homem que matou um juiz em um maldito tribunal e saiu impune.
Será que eu não estava apenas pedindo minha morte?
Houve silêncio entre nós, não ousei emitir nenhum som, nem tive coragem de olhar para ele.
— Olhe para mim. — Ele sibilou, e minha cabeça se levantou. Olhos fixos nele.
— Sinto muito por tê-la assustada, isso não acontecerá mais. — Fiquei surpreso com a suavidade e a delicadeza de seu tom.
Ele é bipolar? Pensei dentro de mim, com muito medo de dizer uma palavra.
Quando não respondi, ele suspirou e voltou ao seu trabalho, deixando-me chocada e envergonhada.
Ouvi uma batida na minha mesa, o que me fez acordar de repente. Fiquei desorganizado por um momento antes de me recompor. Devo ter adormecido de tédio.
Mesmo depois que Marco se desculpou comigo, eu ainda não conseguia fazer nada fora do lugar.
Olhei para cima para ver quem havia me acordado e vi que não era ninguém menos que Marco. Sentei-me direito e esfreguei o sono de meus olhos.
— Venha comigo, está na hora do almoço. — disse Marco. Meus olhos saíram de suas órbitas.
O quê? Já é meio-dia? Por quanto tempo fiquei dormindo? Verifiquei meu telefone para confirmar, e era de fato uma da tarde.
Marco fez um gesto para que eu o seguisse e eu o fiz. Fomos até uma porta do lado esquerdo de sua mesa. Uma porta que eu não havia notado antes porque uma estante estava diretamente ao lado dela, bloqueando a visão da porta.
Ele digitou a senha na fechadura e a porta fez um clique. Ele abriu a porta e entrou, comigo não muito atrás. Entramos em uma cobertura. Uma cobertura muito luxuosa.
O que mais me chamou a atenção foi a janela de vidro do chão ao teto que dava vista para a cidade. Fiquei tentado a ir até lá e ver a vista, mas resisti ao impulso.
Afastei meu olhar da janela e examinei toda a sala de estar com espanto. Tudo e qualquer coisa aqui grita luxo, até mesmo os móveis mais baixos.
Sei que a família dele era rica, mas me pergunto o quão ricos eles são agora. Não tenho ficado de olho nele - dei de ombros. Não refleti sobre nada enquanto corria atrás dele.
Meu olhar se voltou para a mesa repleta de meus lanches favoritos de lamber os dedos: Batatas fritas, rosquinhas com cobertura de chocolate, sanduíche, pizza e torta de maçã.
E isso são costelas de churrasco? Uau! Fazia muito tempo que eu não comia isso. Precisamente, desde que o Marco terminou comigo, porque era a mãe dele que fazia isso para nós.
Aquela mulher era uma alma bondosa, cuidava de mim como se eu fosse seu filho.
Inconscientemente, engoli o nó na garganta e lambi os lábios. Havia também meu suco de maçã e iogurte favoritos.
Na época do ensino médio, Marco nos levava para comer fora na hora do almoço. E as comidas na mesa são as que sempre comemos.
Eu me pergunto por que ele está trazendo coisas do nosso passado que eu estou tentando esquecer, ou sou eu que estou pensando também?
— Sente-se e coma. — disse Marco, tirando-me da minha trilha de pensamentos. Ele tirou o terno e arregaçou a manga do casaco branco de mangas compridas.
— Não estou com fome — respondi, mesmo quando estava a um minuto de pular na comida. Foi nesse momento que meu estômago decidiu me trair, roncando bem alto, como se estivesse prestes a chover.
Fiquei vermelho-carmesim, estava queimando nas chamas da mortificação.
— Tenho certeza de que você não é. — Ele comentou, com sarcasmo escorrendo de cada palavra. Eu ardia ainda mais.
Por que o estômago! Por que não pode esperar um pouco mais até que saiamos daqui e você tenha que lidar com seu problema sozinho?
— Não me faça repetir. — Ele se sentou, esperando que eu fizesse o mesmo, torci a boca para o lado e revirei os olhos. Mas, mesmo assim, eu obedeci.
A primeira coisa que provei na mesa foi iogurte. Fechei os olhos, saboreando o sabor daquela delícia celestial que derretia em minha língua. Peguei outra colher antes de passar para as rosquinhas. Gemi alto.
Este é o melhor que já provei até agora.
— Não faça isso de novo — Marco gemeu. Fiquei olhando para ele.
— Não fazer o quê? — murmurei, confusa. Eu estava apenas comendo ou ele estava falando da minha alimentação?
Coloquei a rosquinha de volta na mesa e limpei as manchas de chocolate dos meus dedos.
— Eu não disse para você parar de comer, só não geme desse jeito e...... — Ele rangeu os dentes um contra o outro e desviou o olhar.
— Não lamba seus lábios novamente. — Ele se levantou e foi até a janela, fechando as mãos.
Ele tem algum problema com o fato de eu gemer e lamber meus lábios? Esse cara é estranho.
Dei de ombros e continuei com minha comida. Ele poderia ir para o inferno se quisesse.
As costelas de churrasco estavam me chamando.
— Estou a uma porta de distância se precisar de alguma coisa. — Com isso, ele saiu, deixando-me sozinho para saborear meu almoço.
