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Capítulo 4

Teria sido mais fácil acreditar que ela era filha de Jennifer Lopez. Ou que Bob Esponja existiu.

Mas não é como se Derek tivesse voltado.

Espere, espere, vamos voltar ao início: Bem, Derek é meu ex. Na verdade não, bem, digamos que foi um cara com quem namorei. O Primeiro e o ultimo. Ele foi o primeiro em tudo e eu realmente quero dizer TUDO. Depois de anos de relacionamento, ele saiu. Você dirá: Bem, isso deve ter lhe causado uma grande surpresa. Uma serenata ou um poema, ou enfim um cartaz publicitário, certo?

Enganado. A grande surpresa que ele me deixou foi uma mensagem no WhatsApp, que dizia: - Estou indo embora, ele fez bem em avisar. - que fofo hein

Além disso, alguns dias depois descobri que me traíram, não com uma, nem com duas, mas com três meninas da escola.

Agora entendo por que ele foi embora, ou melhor, fugiu.

A questão é que, para Emily, neste momento, o nome Renna me serviria melhor.

Eu faço sapatos de unicórnio. Eu tenho três chifres. Como cenouras.

Nata e Aaron olham para mim esperando que eu diga alguma coisa. A verdade é que estou pensando em que recipiente colocar meu ex. Molhado ou orgânico? Não há um recipiente de lixo?

- Já estou com a bazuca pronta. Você diz olá e eu vou embora. - Aaron disse ironicamente, o que não era tão irônico por causa do seu olhar.

- Sabes que? Achei que você ficaria mais bravo com ele, mas a verdade é que ele está a um passo de ser indiferente comigo – fui sincero quando disse essas palavras.

Eu estava com raiva, sim, mas com raiva porque eles me trataram daquela maneira.

Não porque me arrependi ou perdi.

Ele já havia seguido em frente. Ele merecia muito, muito mais.

- Eu sempre disse que tinha um hamster na cabeça. - Natália reiterou.

Olhei para ela sorrindo e senti meu estômago roncar.

Levantei-me rapidamente e indo em direção à geladeira, gritei: - Desculpe, está na hora das coisas importantes. -

Tirei tudo: salgado e doce. Chocolate e salsichas. Cenouras (sim, gosto) e geléia.

Eu tenho que me alimentar, hein.

Enquanto isso, Nata e Aaron estavam atrás de mim e, como sempre, olhavam para mim balançando a cabeça.

"Já sinto muito pelo banheiro", Aaron começou do nada.

- Sim, eu preparo os sprays de ambiente. - concordou Nata, sem se dignar a encarar meu olhar ofendido.

Eles me chamaram de fedorento. Cheiro a rosas, só isso.

- Perfumado – continuou Aaron

- É o suficiente. Eu também estou lá e sou muito sensível. - Fiz beicinho e cruzei os braços, enquanto Nata voltava com o spray.

Foi Aaron quem interrompeu nossa risada.

Nós olhamos para ele interrogativamente.

- Bem, eu não te contei que vamos nos encontrar com Lexi, Riky e Ander. - ele disse sorrindo perturbadoramente.

Nata começou a pular, gritar e correr pela sala como uma garotinha feliz.

Pelo contrário, eu estava congelado. Literalmente, isto é, a barra de chocolate permaneceu parada no caminho da minha boca.

Olhei para ele com a boca aberta, como se ele tivesse me machucado. Não que eu tenha feito isso, mas é demais. Uma tarde inteira com pessoas que nem conheço bem e ainda por cima ver a Nata flertando com o Riky. Não sei por que, mas não posso aceitar essa sua revelação. Provavelmente porque amo a Nata e alguém assim não é para ela. Não quero que ela seja usada ou enganada.

- Exatamente, você não disse isso. - Eu repito

- Não, obrigado. Eu não sinto como se. - Coloquei um sorriso no rosto e torci para que não insistissem.

Nata parou, olhando para mim e usando meu ponto ideal.

E agora?

- Por favor por favor por favor. Venha, venha, venha, venha, venha... - ele continuou e eu sabia que ele não iria parar até que obtivesse um sim como resposta. Teimoso, demais.

- Vou pensar. - Eu respondi a ele, mas foi um não. Eu realmente não estava com vontade.

Nata parou, olhou para mim e sorriu feliz novamente.

- Ok, vejo você em:. Em frente à pista de skate. Venha ou eu te levarei à força. - acrescentou Aaron e, mais tarde, fugiram.

Eles me ferraram, bem.

Uma hora depois, era hora de deixar meu mundo de cama e comida. E levante-se.

Eu ficaria feliz em ficar de pijama e sair assim.

Mas eu conheço a Nata, ela ficava brava e ficava dias sem falar comigo. A razão? Bom, ela quer que eu me cuide melhor, ou seja, que saia vestida na moda. Mas não é para mim. Adoro moletons, agasalhos folgados, calças enormes e coques bagunçados na cabeça. Ah, falando em moletons.

O que usei foi: um enorme moletom azul escuro, legging preta e tênis.

Fiz rabo de cavalo e não usei maquiagem.

Mesmo tendo feito pouco ou nada, consegui chegar atrasado.

Eu tinha que estar lá às : e saí de casa às :. Ops.

Repito: tarde e fomos amigos a vida toda.

Quando cheguei ao acampamento, olhei em volta.

E só percebi onde eles estavam quando começaram a gritar meu nome para chamar minha atenção.

Eles fizeram isso.

- Talvez eu estivesse errado. Eu disse em: não em:. - Natália reiterou. Previsível.

- Passou um animal, sabe? - Inventei a primeira desculpa que me veio à cabeça. Não tenho muita experiência nesta área. Eu não sei mentir de jeito nenhum.

- Sim, claro - respondeu ela, abrindo espaço para que eu sentasse ao lado dela.

"Oi, Emily", disseram Ander e Lexi. Sorri de volta e ouvi o andamento da conversa.

Riky deu um passo para o lado. Ainda no mesmo banco, mas quase no limite. Ele tinha um cigarro na boca, preso entre o polegar e o indicador. Seu olhar perdido no nada e a outra mão no bolso.

Eu queria saber por que isso era assim. Sempre distante e entediado com o mundo. Como se tudo o que aconteceu não importasse nem um pouco para ele.

- Joy, o que você acha? - Ander me trouxe de volta à realidade.

O que eles estavam falando? Pinguins?

- Hum, concordo totalmente. -

Eles olharam para mim com a testa franzida, como se eu tivesse dito algo completamente estúpido. Já é muito se eu conseguir formular uma frase significativa.

- Então você concorda que o capitão do time de basquete trocou a namorada pela Tracy? - disse

- Que? NÃO. - Agora entendo a aparência deles.

O capitão do time de basquete, Michael, é o cara mais idiota e arrogante que conheço.

Todos deram um suspiro de alívio.

Percebi que Riky estava olhando para mim também.

Fiquei surpreso com a maneira como ele olhou para mim, parecia... Interessado.

Eu segurei seu olhar.

Olhos cor de cinza, com tons azuis claros.

De repente, ele quebrou o contato visual.

- Emily e eu vamos beber alguma coisa. - disse ele ao pequeno grupo, dirigindo-se ao quiosque.

Eu também me levantei e o segui, recebendo em resposta um olhar questionador de Nata e respondi com um encolher de ombros.

Eu também não tinha ideia.

Eu o segui, mas ele não foi na direção do quiosque, mas virou à esquerda em direção a uma área isolada.

Ele se sentou no banco e começou a olhar para mim novamente.

Finalmente ele sorriu, como se estivesse se divertindo.

- Você gostou? - Disse-lhe

- Ah, você não sabe quanto - Ele sorriu, depois lambeu os lábios.

- É diferente... -

Olhei para ele tentando entender o que ele queria dizer.

- Por que você me trouxe aqui? - perguntei a ele, curioso com sua resposta.

Sentei-me no banco, cruzando as pernas.

- Você estava entediado e eu também. - Ele começou a tirar outro cigarro e a olhar para mim novamente.

-Mh-

Havia uma vergonha óbvia no ar, ou pelo menos da minha parte.

Ele parecia perfeitamente calmo. Indiferente, como sempre.

- Que? - perguntado.

Eu olhei para cima - Bem, você estava se isolando. -

Ele começou a rir, como se tivesse acabado de contar uma piada.

- Esclarecedor. - ele respondeu, ainda com um sorriso arrogante no rosto.

Olhei para ele novamente. Eu nunca tinha visto olhos como os dele, não pelo formato ou pela cor, mas pelo que transmitiam. Solidão, frieza, indiferença, diversão.

Ele era específico em sua maneira de fazer as coisas.

Ele havia mostrado que não era nada parecido com os outros, embora a princípio pudesse parecer assim.

Ele não se gabava de quantas mulheres dormia ou agia com calma nos corredores, cercando-se de idiotas.

Ele estava sozinho ou com Lexi e Ander.

Ela o amava. E me perguntei como seria ser importante para alguém como ele.

Mas mesmo assim não pude ignorar a sensação de não poder confiar nele, de que aquele bom menino não contribuiu em nada.

- É teu noivo? - Ele perguntou do nada sem parar para me olhar.

- Garoto quem? -

- Esse Derek. Ouvi dizer que você estava namorando. -

Ele entendeu imediatamente. Nada mais está acontecendo nos corredores no momento. Esse idiota era conhecido.

- Ele foi. Ainda me pergunto como pude passar tanto tempo com alguém assim. - Eu respondi.

Um lampejo de interesse brilhou em seus olhos, ele largou o cigarro e se concentrou completamente em mim. - Traição? - ele adivinhou e estava certo.

- Traição e fuga. - eu adicionei e

Ele riu, balançando a cabeça.

- Ah, você escolheu com suas bolas. - ele exclamou.

Eu não pude deixar de concordar com ele.

Olhei para ele com um sorriso no rosto.

- Ei, o quiosque fica do outro lado. - Atrás de nós estava Nata. Eu me virei, sentindo-me envergonhado. Riky, ao contrário de mim, permaneceu neutro.

- Humm sim. Me doem as pernas. - Eu inventei a primeira desculpa, e já falei que sou péssimo nesse ramo, né?

- Tudo está claro. - Nata sussurrou desconfiada. Só espero que ele não tenha feito filmes mentais. Não tenho nada a ver com ele.

- De qualquer forma, vamos. Você esteve desaparecido por um quarto de hora. Todo mundo está perguntando sobre você. - Levantei-me para segui-la, Riky não. Ele ficou lá. E antes de virar à esquerda parei para olhar para ele uma última vez.

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