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Capítulo 7

—É por isso que não posso me envolver com você. - Ele diz com pesar. — Você sente prazer em machucar as pessoas, você é vazio de sentimentos, cristão. — Ele me deixa sozinha na cozinha me sentindo o maior canalha, mas no fundo ele tem razão, estou vazia de sentimentos.

Angelina

Ele é incapaz de demonstrar a menor gentileza possível, é o homem mais arrogante, rude e frio que já conheci. O Titanic não atingiu um iceberg, atingiu o coração congelado do meu chefe. Ele é uma pessoa desagradável, é impossível conviver com aquele homem. Eu odeio isso!

Como você ousa dizer que me beijou só por causa da bebida? O que você pensa que eu sou?

Qual é esse prazer mórbido que você parece sentir ao machucar as pessoas dessa maneira? Me sinto humilhado, envergonhado.

Eu esperava mais dele quando demonstrei hesitação durante o nosso beijo. Não posso perder esse emprego por dormir com o chefe, principalmente depois da forma como ele me tratou depois que eu disse não, claro que se eu dormisse com ele no dia seguinte seria demitida.

Saio do prédio onde ele mora e vejo que acabei de perder o ônibus. Maldita seja! Agora terei que caminhar até o metrô e demorarei ainda mais para chegar em casa.

—Que dia incrível! — Falo sozinho segurando meu casaco, esta noite está muito frio. — Ele estava sendo gentil com aquele idiota, esquentando o jantar dele e acabou perdendo o ônibus e de brinde ouviu que você só é beijável se o garoto estiver sob efeito de álcool.

—Não foi isso que eu disse! — Grito de medo e olho na direção de onde veio a voz e me deparo com Christian dirigindo lentamente em seu carro. — Me desculpe, não queria te assustar. Entre no carro, está muito frio.

— Prefiro me tornar Olaf do que entrar naquele carro com você. — Volto a andar, ignorando sua presença indesejável.

- Quem é? — Sua voz parece irritada e nem me preocupo em olhar em sua direção.

— O boneco de neve do filme Frozen, mas isso não vem ao caso! —Ainda aperto os braços em volta do corpo na tentativa de me aquecer.

—Angelina , você vai passar mal entrando nesse maldito carro agora! — Ele ruge, para o carro e eu continuo andando. —Não me faça abraçar você! — Ele grita comigo, posso ouvir seus passos logo atrás dos meus.

—Como se você pudesse me segurar, devo ter quase o seu peso! — Sinto meu braço sendo puxado e me viro para olhar para um cristão muito irritado. -Você pode me deixar sozinho? — Solto meu braço com um puxão. Se ele está aqui, quem está com Clarissa? —Onde está Clarisa? Você a deixou sozinha no apartamento, seu grande idiota? — Bati no peito dele e ele me olha assustado.

—Ele está no carro, calma mulher! —Ele me pega pelos braços e me olha nos olhos. —Você pode entrar no carro, por favor? Deixe-me levá-lo para casa. —Seu tom de voz é carinhoso e me emociona.

—Eu já disse não, me recuso a ficar mais tempo com você do que o necessário! —Minha irritação atingiu níveis inimagináveis. — Prefiro escalar o Everest pelado do que passar um tempo no carro com você.

—Que bela vista, senhora nua! —Seu sorriso canalha me deixa ainda mais irritado. —Eu tentei educadamente, mas você é muito teimoso, então...

—Que maneira educada? Você não sabe o que é educação! — Sinto meu corpo suspenso, Christian me levanta como uma noiva. — Me coloque no chão agora mesmo, você vai me deixar cair.

— Mais fé em mim, Angelina, tenho braços fortes! —Ele diz brincando, e só me coloca no chão quando chegamos no carro dele e ele abre a porta para mim. — Fique bem e entre no carro, sem gritar que Clarissa está dormindo. - Ele diz fechando a porta e rodeia o carro assumindo seu lugar de motorista.

Descanso a cabeça no assento de couro macio e fecho os olhos. Não entendo como alguém pode ser assim, Christian me confunde, num momento ele é rude e no outro é um cavalheiro. Qual dos dois é real?

— Você está tão quieto, é tão ruim você estar no carro comigo? — Sua voz me chama a atenção depois de longos minutos de silêncio.

—Cada vez que abro a boca nós dois brigamos! — Olho na direção dele e ele está com os olhos fixos na estrada. —É mais do que claro que somos incompatíveis.

Sinto que estou no livro A Bela e a Fera. Estou preso na casa do Christian porque preciso salvar a vida do meu filho e assim como a Bela, me conectei com os moradores daquela casa que no caso são a Clarissa e o Christian e agora não me vejo longe dela e do pai. . E Christian é a fera, mas não sei se existe um príncipe dentro dele.

— Desculpe se te ofendi em algum momento! —Ele diz sinceramente, olhando rapidamente em minha direção.

—Me desculpe por interferir na sua vida, sou apenas seu funcionário! — Espero sentir seu olhar queimar minha pele.

— Não sei lidar muito bem com todas as verdades que você joga na minha cara e a forma como lido com elas é machucando todos ao meu redor! —Ele confessa com tristeza.

— Você se machuca antes de se machucar, é uma forma de se proteger. — Olho para a rua e vejo que estamos nos aproximando do meu bairro.

—E como você se protege? —Ele me questiona enquanto estaciona em frente à minha casa e eu olho para ele como se perguntasse como ele sabia meu endereço. —Estava na sua planilha, se é isso que você quer saber.

— Não me protejo, sempre me entrego completamente a todos os meus sentimentos, não sei viver de outra forma. — Abro a porta do carro dele e antes que eu consiga sair ele agarra minha mão.

—Mas o que acontece quando seu coração se parte no processo? — Ele me olha nos olhos e eu sorrio.

— Colo os pedaços, um por um, até ficar pronto novamente. Em algum momento, alguém aparecerá disposto a aceitar meu coração remendado e esse alguém nunca o quebrará. — Soltei sua mão, saindo do carro. — Entenda, se isso te machuca, não é amor. Obrigado pela carona. — Olho para Clarissa que ainda está dormindo. — Que você tenha grandes sonhos, anjinho. —sussurro e fecho a porta do carro, indo embora.

Antes de entrar em casa olho para trás e o carro ainda está estacionado no mesmo lugar e sei que Christian ainda está olhando para mim.

Fecho a porta atrás de mim e caio no sofá. Talvez seja tarde demais e eu já esteja envolvido. Agora tudo que tenho que fazer é juntar as peças quando ele partir meu coração.

Angelina

— Mamãe, mamãe, a bebê Clarissa vem hoje? — Acordo com Harry pulando na cama e mantenho os olhos fechados. — Linda mãe, acorde! — Pego meu bebê nos braços, faço cócegas nele e ele se contorce e ri.

—O que meu filho está fazendo acordado tão cedo? — Deitei-o em meus braços, retirando os pelos que insistem em entrar em seus olhos. — Precisamos cortar esse cabelo.

— Quero ter cabelo grande, posso? - Ele diz cheio de amanhã e eu sorrio. —Assim como Thor!

não era fã do Homem-Aranha?

—Homem -Aranha é para meninos e eu já sou homem! — Ele se levanta estufando o peito e eu apenas seguro o riso. —Agora eu gosto do Thor.

—Tudo bem , homenzinho, o que você está fazendo acordado tão cedo? —Harry levanta uma sobrancelha para mim e aponta para o relógio. —Mas que grande merda! — Levanto correndo quando vejo que já passa das nove da manhã. Meu chefe vai me matar! Vou ao banheiro e tomo um banho rápido.

— Mamãe, você falou um palavrão, tem que colocar dinheiro no cofrinho! —Meu filho me avisa, me fazendo rir.

Temos um acordo de que toda vez que alguém disser um palavrão ou for rude, terá que colocar uma moeda em um cofrinho rosa que dei ao Harry.

—Tire uma moeda da minha bolsa e coloque no cofrinho! — Estou falando de secar e escovar os dentes ao mesmo tempo.

Me arrumo rápido como um raio e quando volto para o quarto Harry está sentado na minha cama colocando um monte de moedas em seu cofrinho.

- O que isso significa? Eu não disse para pegar apenas uma moeda? — Coloco as mãos na cintura e ele me olha com aquele sorriso travesso.

—Eu nunca vou encher o cofrinho assim, você não está mais em casa, mãe, como vou saber do que você está falando? —Ele diz com toda sua inocência e sinto meu coração apertar. - Eu preciso de você.

— Meu amor... — Sento na cama, levo ele no colo e olho seus olhos castanhos iguais aos meus. —Mamãe tem que ficar mais um pouco nesse novo emprego e depois passaremos muitos, muitos dias juntos. Você pode perdoar a mãe por ficar longe por tanto tempo?

—Vamos passar muitos dias juntos e brincar de todo tipo de coisa? - Ele diz animado e eu aceno positivamente. - Então eu espero.

— Você é o melhor filho do mundo, Harry. Talvez você hoje não entenda, mas mamãe faz tudo por você, para que você tenha uma vida melhor. — Sorrio, tentando conter as lágrimas para não assustá-lo.

- Eu te amo muito, mamãe! — Ele me abraça forte e eu aperto seu corpinho pedindo a Deus que todo meu esforço valerá a pena e poderei pagar a cirurgia dele.

- Te amo mais! — Digo sorrindo, enchendo seu lindo rosto de beijos. —Mamãe precisa ir, mas na minha próxima folga vamos nos sair muito bem, pense em alguma coisa, ok? — Levanto-me e deixo-o no chão.

—Ok , já tenho várias ideias! - Ele diz animado e eu me despeço dele e da Nona e saio de casa.

Fico assustado quando vejo o motorista do Sr. Christian parado na minha porta. Você veio trazer minha demissão?

— Bom dia, aconteceu alguma coisa, Eddie? — pergunto, sentindo minhas mãos suando frio.

— Não senhorita, o Sr. Christian me pediu para levá-la ao trabalho. - Ela diz sorrindo, abrindo a porta para mim e eu entro completamente maravilhada. —Você quer ir a algum lugar primeiro?

— Não. Já estou muito atrasado, me desculpe por fazer você esperar tanto. — Sorrio, envergonhada pelo meu atraso. — Quando você chegar é só bater na porta e me esperar dentro de casa, minha avó adoraria te oferecer um café.

Olho pela janela do carro pensando na péssima mãe que estou sendo, não tinha nada disso em mente, não queria que meu filho se sentisse abandonado por mim. Mas o que eu posso fazer? Não há outra forma de lhe dar uma vida sem limitações, sem medo de perdê-lo a cada momento.

Os exames dele são cada vez mais preocupantes, o médico já me disse que ele precisa fazer uma cirurgia o mais rápido possível. E não vejo outra solução se não continuar trabalhando, mesmo que isso me afaste do meu filho.

—Está tudo bem, senhorita? —Eddie me pergunta preocupado e eu apenas aceno, enxugando as lágrimas. - Eles estavam aqui!

- Obrigado! — Digo saindo do carro e entrando no prédio onde Christian mora, me preparando para a reprimenda, já passa das dez da manhã e eu deveria estar aqui desde as cinco.

—Você finalmente apareceu, pensei que você tivesse decidido tirar o dia de folga! — A voz irritada do meu chefe ressoa em meus ouvidos assim que entro pela porta da frente. —Você tem ideia de que horas são? Que perdi muitos compromissos por causa da sua incompetência? —Ele grita comigo e eu fecho os olhos respirando profundamente.

— Desculpe, perdi meu tempo. — Olho nos olhos dele e ele me olha com toda a sua arrogância. —Vou ficar até tarde, desconta do meu salário! — Passo a mão no rosto, cansada de carregar o peso de todos nas costas.

—Não posso confiar minha filha a alguém que quer chegar no trabalho na hora certa! —Suas palavras são como aço. —Eu só estava sendo gentil o suficiente para fazer você pensar que tinha alguma vantagem sobre meus outros funcionários.

—É a primeira vez que me atraso, mas é claro que basta um erro para você me humilhar assim! — Sinto como se algo em mim se quebrasse e meus olhos se enchessem de lágrimas. —Até porque todas as vezes que você dormiu aqui, porque estava bêbado demais para cuidar da sua filha, não conte, todo o amor que dou à Clarissa não é suficiente para você confiar em mim. — Enxugo as lágrimas, com raiva de mim mesma por ter chorado na frente dele.

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