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Capítulo 2

Ela para de chorar, acho que por causa do cansaço e ouve minha voz. Toco seu cabelo fino e loiro como o meu. Tudo nela é parecido comigo, o cabelo dela é da mesma cor, os olhos dela são verdes como os meus, o formato do nariz e dos lábios, ela é uma cópia perfeita de mim.

—Você gosta da voz do papai, Clarissa? — Falo com carinho, beijando sua testa. — Eu atendo filha, o papai vai saber cuidar de você, ele só precisa de um pouco mais de paciência. Tudo bem? — Minhas palavras parecem ter o efeito oposto quando ele começa a chorar mais forte novamente. - Que grande merda! Você nem acredita em mim!

Saio do meu apartamento com Clarissa chorando a plenos pulmões e vou para o carro, quem sabe uma carona no carro acalme ela. Coloco-a no banco do carro e vou para o banco do motorista.

— Vamos para a companhia do papai? Não sei mais para onde levar você! — Converso com ela enquanto ela resmunga maliciosamente e saio dirigindo pelas ruas de Londres.

Já pensei diversas vezes em sair daqui e abrir a sede da minha empresa em outro lugar para fugir das lembranças vívidas de Brianna.

Brianna, mãe de Clarissa e mulher da minha vida, meu primeiro e único amor. Lembro-me do dia em que a conheci, foi amor à primeira vista. Ela tinha um sorriso doce e tímido. Mas ela logo se tornou amiga minha e de Logan. Seu cabelo era castanho muito claro e seus olhos eram da mesma cor. Durante anos tive uma paixão por ela, era seu amigo e confidente, mas ela ainda escolheu Logan. E porque eu a amava tanto, concordei em ser seu amante na esperança de que ela percebesse que não poderia ficar com Logan, apenas por gratidão.

Ela era ambiciosa, mas eu entendia seus motivos, ela teve uma vida muito difícil, era natural desejar coisas boas. Mas eu não percebi os caminhos que sua ambição a estava levando e permitindo que ela chegasse onde está.

Afasto os pensamentos que sempre tentam invadir minha mente, a culpa pela morte de Brianna sempre pesará sobre meus ombros, a culpa de minha filha ter crescido sem a mãe é minha. Eu poderia tê-la impedido e, em vez disso, ajudei-a a acabar com a vida de pessoas que não mereciam passar pelo que passaram.

Saio do carro com Clarissa roncando tranquilamente em meus braços e decido ir para o meu quarto trabalhar. Deveria ser por volta das sete da noite e o prédio das Empresas Martinezn deveria estar vazio, exceto pelos seguranças. Vou direto para o meu escritório e começo a trabalhar, parece a melhor solução no momento.

Minha empresa tem várias filiais, mas nosso centro é a tecnologia. Sou um excelente programador, embora não utilize muito esse talento. As funções de CEO ocupam todo o meu tempo.

Entro em meu escritório e assim que coloco Clarissa no sofá, ela começa a chorar a plenos pulmões de novo e eu quero chorar com ela.

- Não sei o que fazer! Já te dei leite, troquei sua fralda, mas nada adiantou! Me conta como posso te ajudar! — Ela falou comigo irritada e meu tom de voz pareceu assustá-la ainda mais, pois o choro virou grito e eu fiquei desesperado.

Puxo o cabelo sem saber o que fazer e pego o celular para ligar para tia Clarisse, só ela pode me ajudar. Para quem eu minto? Nunca serei um bom pai.

Quando começo a discar o número, uma batida suave na porta chama minha atenção. A porta se abre e uma mulher passa pela porta indo direto para minha filha e antes que eu possa dizer qualquer coisa ela levanta Clarissa nos braços e verifica sua fralda com maestria e lhe dá um lindo sorriso.

—Por que você está chorando tanto, princesinha? — Ele diz isso com doçura e como num passe de mágica minha filha para de chorar. —Que pulmões fortes você tem! Mas você não precisa usar toda a sua força em um único dia! — Ela diz cheia de carinho, segurando a menininha com um dos braços e com o outro fazendo uma espécie de massagem na barriga dela, o que parece acalmá-la.

Fico sem palavras no local. Ele quer ressaltar que existe um espectador para uma das cenas mais lindas que já vi na minha vida.

Olho mais de perto a mulher, ela tem estatura mediana e corpo curvilíneo, escondida em um macacão que identifico como sendo da equipe de limpeza. Seu cabelo é escuro e preso, seu rosto não tem sinal de maquiagem e ela parece um anjo, ela é tão linda.

A raiva cresce dentro de mim, tirando toda a magia do momento, de ver essa mulher segurando minha filha nos braços como se tivesse esse direito, como se fosse sua mãe.

—Quem você pensa que é para levar as filhas dos outros sem permissão? — Meu tom é áspero e ela me olha espantada.

- Sinto muito Sr. Ouvi a menina chorar e não consegui me conter. — Ele me olha nos olhos e fala em voz baixa. — Eu apreciaria se você pudesse falar mais baixo, para não acordá-la. Esse é o seu pai?

- Sou! — Olho nos olhos dela e ela me encara sem medo.

—Sua filha está com cólicas, uma massagem e umas toalhas quentes vão ajudar! — Olha a Clarissa que está dormindo tranquilamente.

— Eu sei cuidar da minha filha!

—Não é o que parece, afinal eu não sabia de algo tão banal! —Ela diz irritada, respirando profundamente.

Ele coloca minha filha deitada no sofá e pega as almofadas em volta dela, eu olho ao redor da sala como se procurasse algo e caminho até minha mesa, controlando o ar condicionado para regular a temperatura.

- O que você pensa que está fazendo? — Sou solenemente ignorado, enquanto ela sai do quarto por alguns minutos e volta com uma blusa de lã e a usa como cobertor para cobrir minha filha.

- Boa noite Princesa! —Ele diz carinhosamente, passando suavemente a mão pelos cabelos da minha filha e se virando para mim. — Mantenha-a aquecida e da próxima vez saia com a bolsa dela.

— Você sabe quem eu sou para falar assim comigo? — Sinto meu sangue ferver de tanta petulância. — Eu sou Christian O...

—E meu nome é Angelina! - Ele diz olhando nos meus olhos. — Eu sei que você é pai pela primeira vez e me desculpe se o ofendi ao ajudá-lo, mas se você não sabe cuidar de sua filha sozinho, procure uma babá. —Ela diz com raiva saindo do quarto.

Essa menina me deu uma excelente ideia, uma babá é o que eu preciso, quer dizer, a Clarissa precisa de uma.

—Angelina ! — Chamo o nome dela e ela se vira para mim. — Eu te pago dez vezes o que você ganha aqui para ser babá da minha filha.

Espero que você aceite e resolva todos os meus problemas.

Angelina

Nada como um dia de cada vez. Acho que assim que entro na empresa de Martinezn, hoje é um daqueles dias em que só quero me jogar no sofá com um balde de pipoca e passar a noite assistindo filmes. Mas nem sempre as coisas são como gostaríamos, hoje tive um dia muito corrido, trabalhei o dia todo no hotel, fazendo hora extra, e agora tenho meu trabalho noturno.

Entro pela porta dos fundos e cumprimento o segurança, estou trabalhando há uma semana e já fiz amizade com algumas pessoas. Sou uma pessoa muito expansiva, se encontrar abertura com alguém com certeza criarei um vínculo de amizade.

Fui responsável pela limpeza do chão da presidência, o espaço é extremamente amplo e eu mesmo faço toda a limpeza. Felizmente não há ninguém aqui nesse horário, então não tenho interrupções.

Assim que saio do elevador de serviço, algo inusitado me chama a atenção, um bebê chora a plenos pulmões e um som vem da sala do presidente.

—Quem traria um bebê para uma empresa a esta hora? —me pergunto, tentando fazer meu trabalho ignorando o choro.

Mas sou mãe assim que o choro vira grito, invado o quarto como uma louca.

Vou direto para o sofá, onde uma garotinha chora a plenos pulmões e, depois de uma rápida verificação em sua fralda, percebo que seu choro é por causa de cólicas.

Improviso o que posso para mantê-la aquecida e ignoro a voz irritada do homem que só mais tarde percebi que não parecia apreciar minha ajuda. Espesso!

Antes de dizer qualquer coisa boa ao Sr. Arrogância, saio do quarto dele.

—Angelina ! — Ele me chama com firmeza e eu me viro para ele. — Eu te pago dez vezes o que você ganha aqui para ser babá da minha filha.

Suas palavras me pegam de surpresa completa. Pisco algumas vezes como se estivesse processando suas palavras, dez vezes mais do que cheguei aqui? Seria muito dinheiro e resolveria todos os meus problemas.

- Porque? — Olho para ele confusa, algo me deixa com medo de suas palavras.

- Porque? Ofereço-lhe uma pequena fortuna e você questiona? —Ele parece confuso. — Minha filha precisa de uma babá e você parece entender as crianças.

Olho para seu rosto, finalmente prestando atenção em suas feições. Não importa o quão bonito ele seja, ele pode ser desconcertante. Seus olhos são verdes, contrastando perfeitamente com sua pele bronzeada e cabelos loiros. Ele tem uma barba que parece não ser cuidada há muito tempo e, embora pareça cansado, ainda é absurdamente bonito.

- Olhar? Você não deve contratar alguém só porque essa pessoa parece entender o assunto. Você precisa de referências, para saber se a pessoa tem experiência! — Digo irritado com sua inocência ou falta de noção. — Uma menina como a sua filha precisa de alguém que entenda as crianças.

—Você está me dizendo como devo contratar alguém? —Ele me olha como se eu fosse louca. —Você tem experiência com crianças, dona Angelina? Você não achou o salário atrativo?

—Só me chame de Angelina. O salário é muito atrativo e sim, tenho muita experiência com crianças! - Eu olho nos seus olhos. —Mas não posso aceitar um emprego só porque o salário é bom. Como funcionaria se eu aceitasse? — Cruzo os braços pensando no que me passa pela cabeça, para não dizer sim logo de cara.

—Como funciona um trabalho de babá? Você estará com minha filha horas por dia, sete dias por semana, será responsável por todas as necessidades dela! — Ele diz calmamente e eu olho para ele me perguntando se ouvi corretamente o que ele disse.

—Obrigado , mas eu recuso!

- Não! Porque não? —Ele parece ainda mais confuso com a minha resposta.

— Porque você não quer babá, você quer mãe! Na verdade, até as mães têm tempo para si, você quer uma escrava! E duvido que você encontre uma pessoa que aceite suas condições, Sr. Christian!

— Pago o dobro do que ofereci! — Você parece entender que se trata de dinheiro, e não se trata disso.

Tenho um filho pequeno, não posso deixá-lo tanto tempo com minha avó.

—Minha resposta ainda é não! Não se trata de dinheiro! — Olho para o rosto dele, que agora me parece muito zangado. — Vou te contar minhas condições, trabalho seis dias por semana e posso tirar folga aos domingos. Chego às cinco da manhã e saio depois de deixar sua filha dormindo, mostro o que você tem que fazer para cuidar dela à noite e durmo no trabalho quando necessário, e estou disponível se necessário.

— Acho que você não entendeu, eu pago, você não tem o direito de dar suas condições! —O tom dele é áspero, mas se você acha que isso me assusta, você está muito enganado.

—Quem precisa de uma babá é você, não eu . Acho que estou em posição de fazer exigências. — Digo irritado, só espero que ele aceite minha proposta, esse emprego é tudo que preciso. — Sr. Christian, não posso ficar fora a noite toda, tenho pessoas que precisam da minha presença.

Antes que ele possa responder, os gritos da menina ecoam pela sala e ele olha para ela sem saber o que fazer. Eu conheço o desespero no seu olhar, quando o Harry nasceu eu não sabia o que fazer e toda vez que ele chorava, eu chorava junto com ele, me sentindo a pior mãe do mundo.

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