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Capítulo 8

O veículo chega e, uma vez lá em cima, olho pela janela. Talvez seja paranóia, mas eventualmente, perto de uma loja com uma lâmpada externa que pisca intermitentemente, acho que vejo uma figura encapuzada me encarando.

A luz enfraquece e desaparece, e esse sentimento dentro de mim só piora.

Fico tenso durante todo o trajeto de volta e, quando chego ao centro, quase caio do ônibus.

Em ritmo acelerado tento chegar em casa, mas quando chego ao beco do prédio, eles agarram meu braço.

-Olá daniela. -

- Não... -

— O Sr. Harleen quer ver você. -

Grito, mas a mão de Pit, o maior capanga, fecha minha boca.

Tento me bater, me contorcendo, mas de repente algo me atinge e a estrada fica preta. Meus joelhos ficam fracos e me levantam, e antes de desmaiar, a única coisa em que consigo pensar é no sorriso da minha irmã.

—Lele...— _

Ouvi vozes, mas minhas pálpebras queriam permanecer fechadas. Eu tinha memórias confusas. Eu estava voltando para casa, consegui escapar do trabalho primeiro e depois... eles me sequestraram. Senhor Harleen.

“Você não deveria tê-la trazido aqui. Espero visitas importantes, se algo der errado pode ter certeza que voltará para casa com um pedaço de si perdido. -

— Mas senhor, você nos disse para pegá-lo. -

— Você poderia tê-la levado ao porto. -

—Havia policiais patrulhando, eram caras novas, não queríamos arriscar. -

Então por que me levar... eu me forço a me recuperar.

—Ei, ele está acordando. -

Abro e fecho os olhos várias vezes, para focar onde estou. Acho que é nos fundos de um lugar, tem prateleiras com bebidas e comida. Só agora noto que minhas mãos estão amarradas com uma corda atrás da cadeira, mas consigo movê-las e minhas pernas estão livres. Eles não temem minhas reações.

— Bem acordada minha querida Daniela, peço desculpas pelos métodos brutais dos meus colegas de trabalho. -

- O que ele quer? Paguei esse mês também, respeito cada maldito pagamento. -

—E isso é notável para uma garota da sua idade. -

O homem de cabelos grisalhos, vestido com um terno elegante que se adapta perfeitamente ao físico esbelto de uma pessoa na casa dos sessenta anos, caminha em minha direção. Ele se abaixa até ficar na minha altura, mostrando-me um sorriso amarelado pelos cigarros e olhos frios da cor do alcatrão.

— Mas com os juros acumulados, o que você me dá não chega, eu sempre perco e odeio perder, principalmente dinheiro. -

— E-Eu tenho outras economias, posso dá-las para você guardar. Vou encontrar outro emprego e... —

— Ssh... não se preocupe pequena. Eu encontrei uma solução melhor. -

Ele estala os dedos e Bull lhe entrega uma folha de papel.

Um contrato.

— Sem perder tempo, assine aqui. -

- Coisas? -

— Ah, nada, apenas um contrato em que você concorda em vender seu corpo para meus clientes. Você estará protegido, terá uma pequena porcentagem e eu receberei meu dinheiro de volta. Seremos todos felizes e que olhar é esse? -

Não sei como estou olhando para ele, certamente evito sorrir condescendentemente para ele.

- Eu vou pagar. À minha maneira. -

Ele ri, fingindo enxugar as lágrimas.

—Você acha que tem outra opção, querido? -

Ele acaricia minha bochecha, agarrando meu queixo para aproximar meu rosto do dele.

—Seja uma boa menina e usarei métodos cavalheirescos com você. -

Ele passa o polegar sobre meu lábio e, em fúria cega, mordo seu dedo, recebendo um tapa no rosto que faz minha cabeça virar para o outro lado.

"Agradeça por não ter tempo a perder agora, mas me dê uma hora e então mudarei de ideia." Pit, fique de olho nela, não faça nada estúpido. O gelo está chegando a qualquer minuto e preciso colocar uma peça tão importante online. Você vai gostar muito do nosso negócio. -

Ele sai, me deixando com o bruto.

Devo evitar o pânico. Respiração lenta e regular. Não há relâmpagos ou trovões lá fora, ainda posso ser eu mesmo.

Minha bochecha dói, mas é suportável.

Merda.

Amaldiçoo várias vezes e observo a sala mais de perto. Só há uma porta de entrada e embora ela não esteja amarrada à cadeira, com as mãos atrás das costas seria difícil abri-la e evitar que o idiota a agarrasse.

Ok, acalme-se, ele precisa de mim vivo.

Quando ela morre eles não ganham nada e Eleonor é apenas uma criança, mas se eu acho que eles poderiam levá-la embora... a ansiedade e o medo são substituídos pela raiva.

— É melhor você assinar o boato. -

— Faça você mesmo se você se importa tanto. -

— Fodo quem eu quiser e dinheiro não me falta. -

— Espero que você os tenha mesmo quando te colocarem na prisão. -

- E quem? -

— Ou você sabe, o carma circula e é um maldito bastardo. Mais cedo ou mais tarde ele vai ter que me trocar por outra pessoa e vou aproveitar quando chamar vocês de bastardos. -

Ele agarra meu pescoço e me puxa em sua direção, dificultando minha respiração.

—Você acha que vou deixar uma putinha me insultar? -

Eu mantenho seu olhar. Ele afrouxa um pouco o aperto, deixando o oxigênio circular em meus pulmões, mas não se afasta.

Com a outra mão ele afasta alguns fios de cabelo do rosto dela. Acaricie meu perfil.

—Você não é nada mal, sabia? Eu poderia te ajudar. Peça ao Sr. Harleen para confiar você a mim. Você só precisa abrir as pernas com um homem e tenho certeza que ele poderá satisfazê-la mais do que o suficiente. -

Eu rio na cara dele. — Por acaso você se inspira em Casanova? -

—Quem diabos seria? -

— Perdoe-me, superestimo sua cultura. Obrigado pela oferta, você realmente é um homem para casar, tão magnânimo, mas você sabe... — abaixa um pouco a voz. - Eu prefiro morrer. -

Seu olhar está fixo no decote dos seios dela, visível através de alguns botões quebrados, e eu aproveito seu descuido. Dou uma cabeçada no nariz dele, piso em seu pé e chuto seu pau, dobrando-o em direção ao chão.

Corro e com um ombro consigo abrir a porta, felizmente não está trancada.

Entro na cozinha, mas ouço a voz de Pit atrás de mim. Ele se recuperou.

Movida pela adrenalina, consigo pegar uma frigideira em cima de uma bancada, apesar de estar com as mãos amarradas nas costas, e me viro e jogo-a nele.

— Volta aqui, vadia! -

Eu o ignoro e vejo a porta que dá para o quarto. Não sei quem está aí, mas talvez eles possam me ajudar.

Eu começo a gritar.

- Ajuda! Alguem me ajuda! -

Pena que o gorila nos meus calcanhares pare minha corrida. Ele agarra meu cabelo e eu grito mais, o que poderia colocá-lo em apuros, e ele habilmente bate minha cabeça contra a parede e me joga por cima do balcão, batendo em uma prateleira com algumas tigelas de alumínio.

Dói pra caralho.

Meus ouvidos estão zumbindo e minhas costas estão queimando.

Bem, estou em pânico novamente.

Não entendo mais nada, só ouço vozes.

Alguém abriu a porta. Vejo, apesar das sombras que tentam tomar conta do meu olhar, uma figura masculina.

Ele fala, mas não consigo ouvir sua voz.

As lágrimas me pressionam para sair, mas as mantenho ali, mesmo que minha visão fique embaçada.

—P-por favor me ajude—

Então, um tiro. Um corpo cai no chão e quero ficar com medo, mas minhas forças começam a falhar.

Só espero que ele tenha acertado aquele bastardo do Pit.

Sou terrível, mas pensar nele morto seria bom como última lembrança.

Entretanto...

— Sei que a sua mera presença refresca a alma, só posso afirmar esta lenda, Sr. Ice. -

— Deixe os elogios para depois. -

— Harleen Mike, sou um peixe nesse mar enorme de casos ilícitos. Você sabe, sua ligação me deu a oportunidade de sentir alguma admiração. Sua fama, sua família, é algo que está além da minha preocupação. Eu queria saber o que a fez querer me conhecer? -

— Eu odeio gente que faz perguntas, sabe? Eles falam demais. Ela está aqui para ouvir. -

Raiva, ele tenta esconder, sem muito sucesso.

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