Separação Violeta
Morgan estava em cima de Carlos para um casamento com sua filha Dayse, pensando que teria que lidar com Violeta sozinho, decidiu enviá-la para um convento, teria uma educação fina e respeitosa, mas lidar com a rebeldia dela até chegar o dia de sua partida era difícil.
— Eu já disse que não vou a lugar nenhum! Se Dayse se casar com o inglês eu me viro aqui sozinha! Não sou um bebê. — Violeta novamente discutia com o pai.
— Filha, vai fazer o que eu mandar, tem apenas 12 anos, você não manda na sua vida.
Nesse momento o telefone de Morgan tocou. Ele atendeu.
— Fala!
— Morgan, aqui é Ronald, tenho notícias sobre Carlos.
— Diga logo, não estou com paciência.
— Descobri o que me pediu, a moça com quem ele estava envolvido esses anos mora no Brasil, é filha de um traidor americano, o pai foi morto e ela enviada para uma casa de prostituição que tem lá a mando do tio, mas não é só isso, ela morreu, ele foi visitá-la e descobriu sua morte, parece que foi um acidente a caminho de casa.
— É tudo que preciso saber...
Morgan desligou, e saiu da sala deixou Violeta sozinha, ela gritava e chorava alto, até que cansou e foi subir na árvore nos fundos da propriedade, ali sentou e chorou... Do escritório era possível ver a menina na árvore chorando, ali estava Dayse de olho na irmã.
— Pai, o que foi dessa vez?
— O convento, ela não quer ir, mas sem você não posso deixá-la aqui, se eu tiver que resolver algo ela ficará desprotegida... Mas eu queria falar com você sobre outra coisa.
— Ok, diga.
— Lembra do Carlos?
— O inglês de anos atrás? Sim, o que tem?
— A moça com quem estava envolvido, o motivo pelo qual recusava o casamento, ela morreu.
— Pai, eu não pedi que...
— Calma Dayse. — Interrompeu Morgan. — Ela sofreu um acidente, era uma bastarda que morava no Brasil, agora Carlos não tem mais motivos para ele se negar a casar. E já lhe aviso ou é com ele ou nada feito.... Vou ligar no convento, quero preparar tudo para a partida de sua irmã.
Faltava um mês para a partida de Violeta, e Morgan não desistia da ideia.
Mesmo com as brigas o dia chegou, Violeta ficaria em um convento até os 18 anos.
— Vamos! Suas coisas estão no carro, você não tem escolha.
— Alguma vez eu tive? — Violeta tinha o rosto inchado de tanto chorar. Ela foi quase arrastada para o carro.
Chegaram no convento e Violeta achou o lugar frio, queria voltar imediatamente para casa.
— Pai, eu me comporto, nunca mais levanto a voz para o senhor ou para Dayse, mas por favor não me deixe aqui.
— Violeta eu estou lhe protegendo, você é imprudente, se perderia no mundo lá fora.
Morgan saiu e Violeta ficou ali no saguão com as malas, uma das freiras foi até ela.
— Vamos menina, vou te mostrar seu quarto, pegue as malas.
Violeta era uma aluna indisciplinada, respondia as freiras, não realizava as tarefas e ainda cortou o cabelo no segundo mês. Vivia fugindo para andar pela cidade, a essa altura Morgan não tinha certeza se era melhor ela ficar no convento ou em casa, e seu acordo com Carlos estava demorando, ele se esquivava do questionamento, sempre tinha um motivo diferente para não ver Dayse ou para não fechar de fato o acordo.
Morgan ligou para Ronald, apesar de próximo a Carlos, Ronald era fiel a ele, obedecia cegamente as suas ordens.
— Ronald!
— Senhor Morgan a que devo o contato?
— Carlos! O quero casado, de preferência com minha filha, ou isso, ou não teremos mais um acordo.
— Irei vê-lo hoje, acertar algumas coisas. Te ligo depois com uma resposta.
— Pai, ligaram do convento. — Morgan desligou o celular e se voltou para a filha.
— O que ela fez dessa vez?
— Cortou o cabelo! O deixou ainda mais curto que da outra vez. Disseram que ainda tentaram arrumar de um forma curta e feminina, mas foi impossível, ela está parecendo um menino.
— Caramba Dayse, o que faço com sua irmã?
— Assim que me casar arrume um acordo pra ela, para que saia do convento para uma família. Ache um bom rapaz, assim ela só sairá de lá na semana que for casar.
— Nem pensar, Carlos é um homem decente, por isso o quero como seu marido, os outros não tem o mesmo caráter e não temos muitos jovens na organização, não vou entregar minha flor a um homem da minha idade que bate em mulheres, prefiro lidar com a rebeldia dela a vida toda.
— Foi só uma ideia... Mas concordo com o senhor, em todo caso temos o primo Ian, pelo que sei meu tio não fez acordos em nome dele.
— Mas é primo, terei que pensar muito sobre isso, e mesmo sendo meu irmão, seu tio não é exemplo de caráter, temo que o filho seja como ele.
— Pai, isso é simples, sempre disse que como última opção ele seria seu sucessor, traga-o pra cá, crie você ele, passe os valores que deseja para que ele seja um genro a altura de Violeta.
A ideia não pareceu ru.im, criaria o sobrinho para ser um homem decente e faria o treinamento dele. Morgan conversou com o irmão, o mesmo nunca foi muito paternal, não se opôs ao filho morar na casa de Morgan e fazer seu treinamento com ele.
Passaram algumas semanas, e Ronald entrou em contato com Morgan.
— Ronald, tem minha resposta?
— Morgan, eu não sei o que Carlos arranjou, mas as coisas mudaram de figura.
— Como assim? Te pedi um sim ou não para o casamento com a minha filha.
— Então a resposta será não. Fui vê-lo e ele está casado com uma brasileira e tem dois filhos.
— Mas que porra é essa Ronald! Não se faz um casamento e filho do nada.
— Carlos escondeu coisas de nós, pois o menino tem 11 anos, é inegável que é filho dele, na aparência e na atitude, mas a menina...
— Menina? ele tem uma filha também?
— Sim, ela é um bebê, mas parece mais com o soldado Argos do que com o pai ou a mãe, acho que Carlos foi traído e nem sabe. Voltarei lá com Bryan, ele tem um olho bom pra essas coisas, vou ver o que descubro.
— Disse que o menino tem 11? — Morgan pensou que era a oportunidade que queria para Violeta, ela estava agora com 13 anos, teria um acordo de casamento apropriado e a posição de Carlos na organização era boa o suficiente pra isso. — Ok, descubra tudo sobre a moça e as crianças, quero um relato detalhado.
— Tio, está tudo bem? — Perguntou Ian.
— Problemas meu sobrinho, problemas. Quando assumir verá que passará seu tempo limpando a merda que os outros fazem.
Morgan gostava da companhia de Ian, o menino de 14 anos era ruivo e bonito, não tinha sardas no rosto, mas o cabelo era inegavelmente ruivo natural, Ian era obediente e observador, ele preferia ouvir do que falar. O treinamento dele ia bem, quando Violeta vinha visitá-los, Ian lhe fazia companhia, podia se ouvir ela rindo das coisas que ele falava, e corriam pelo jardim. A ideia de casá-los no futuro não era ruim, mas ainda pensava que o filho de Carlos podia ser um partido melhor.
Depois que sua existência foi revelada ouvia-se rumores de um menino muito inteligente na família Hiss, que o garoto se formaria antes na escola devido ao seu alto nível e ainda era bonito. Alguns sócios com filhas em idade próxima a dele já cogitavam uma visita ao pai acompanhado de suas filhas, já que o menino era inteligente, seria mais fácil fazer surgir o interesse nele, assim o acordo seria feito a pedido do próprio garoto.
Morgan gostou da ideia, talvez fizesse o mesmo.