Biblioteca
Português
Capítulos
Configurações

Mudanças Danilo

O processo de adoção estava correndo rápido, o status de médico de Rafael passava credibilidade e o fato deles estarem dispostos a adotar os dois irmãos facilitava o processo.

Era um sábado de manhã quando Danilo foi acordado por Juliana.

— Menino, vamos! Levante-se e tome um banho, daqui a pouco terá visita.

Danilo abriu os olhos e sentou na cama. — Tia Ju, eles não vem ver a Meg?

— Também, mas a mulher deixou bem claro que quer passar um tempo com você primeiro.

— Qual é mesmo o nome dela?

— Ela se chama Marcela, o marido é Rafael.

— Gostei do nome dela... — Danilo sorriu, assim que Juliana saiu do quarto ele pulou da cama, tomou um banho e estava escolhendo uma roupa para receber Marcela, sempre ouvia dizer que os pais gostavam de meninos que fossem bons em esportes, coisa que ele não gostava, mas aprenderia qualquer um para agradar aquele casal.

Depois de vestir algo simples ele desceu, não teve tempo para o café, encontrou Marcela já passando pela porta.

— Olá Danilo, que bom te ver. — Disse Marcela com um sorriso.

— Olá senhora, vou buscar a Meg. — Danilo se virou para ir para o berçário, mas foi parado por Marcela.

— Ei Danilo! Eu vim ver você e é cedo a bebê deve estar dormindo ainda.

Danilo sentiu-se envergonhado, nunca ninguém tinha demonstrado interesse nele, pensava que qualquer um que ficasse com os dois seria por querer Megan e levá-lo apenas facilitaria o processo.

— Danilo, já tomou café?

— Não senhora, estava indo fazer isso.

— Se a doutora Juliana permitir eu mesma o levo ao refeitório e passo esse tempo com você.

Juliana estava parada na porta, apenas ouvindo a conversa, acenou com a cabeça que sim.

— Bom Danilo, terá que me levar, não conheço aqui.

— Porque a senhora repete meu nome em cada frase?

— Danilo!!! — Juliana disse alterando um pouco a voz, foi essa impertinência que afastou outros casais, achava que o interesse de Marcela era a chance dos irmãos terem uma família, teria que controlar a boca do menino para o casal não desistir.

— Desculpa... — Danilo abaixou a cabeça.

Marcela apenas riu da pergunta e Danilo pensou que aquele era o sorriso mais lindo que já tinha visto, ele era acostumado ao sorriso das crianças, até mesmo fazer a irmã sorrir, mas sua mãe biológica estava sempre infeliz, a vida dela era tão difícil que sorrisos espontâneos e sinceros era difícil.

— Não brigue com ele, é sincero e curioso, eu gosto disso. E respondendo sua pergunta eu gostei do seu nome, acho lindo por isso digo sempre que tenho a oportunidade. Entendeu Danilo?

Danilo sorriu, pegou na mão de Marcela e a guiou até o refeitório, a conversa foi leve, ela perguntou da mãe e se ele conhecia o pai, Danilo não mentiu, ele também perguntou sobre a família dela e porque Rafael não estava lá, a vida de médico era muito corrida.

— Danilo, posso ver a Megan antes de ir?

— Claro! Eu te levo lá.

Danilo pegou novamente na mão de Marcela, o contato físico dela não incomodava, a levou até o berçário, Megan ainda dormia. Marcela acariciou os cabelos da bebê e beijou sua bochecha.

— Agora vamos, não quero acorda-la. — Se despediram na porta com um abraço.

Juliana ainda ficava surpresa com o contato físico deles, Danilo as vezes recusava até mesmo que alguém apertasse sua mão.

As visitas foram excelentes, Danilo agora tinha permissão para sair com Marcela e o marido. Eles sempre chegavam cedo, gostavam de aproveitar o dia e fazer coisas diferentes. Quando chegaram Danilo já estava pronto. Ele desceu as escadas quase que correndo.

— Senhora Marcela! — Ele praticamente pulou no colo dela.

— Oi Danilo, eu estava ansiosa para vê-lo.

— Ganho um abraço também? — A voz era de Rafael. Ele foi em apenas uma das visitas no abrigo, Marcela normalmente estava sozinha. Rafael deu um passo para abraça-lo e ele deu um passo para trás.

Juliana abaixou a cabeça, pensava que o menino poderia colocar tudo a perder. Ela se abaixou próxima a Danilo e disse entre os dentes.

— Cumprimente ele! Não estrague tudo.

— Doutora, por favor não o obrigue... Eu e Danilo temos uma ligação, Rafael o viu pouco é normal ele evitar o contato.

Juliana sorriu e se despediu deles. Rafael foi buscar Megan, ela gostava de estar com ele, parecia ter uma ligação com Rafael, assim como ele tinha com Marcela. Entraram todos no carro.

— Senhor, posso perguntar onde vamos?

— Senhor? — Rafael riu da formalidade. — Primeiro, pode me chamar pelo nome ou de Rafa, todo mundo me chama assim, nós vamos a praia. É tranquilo lá... Sabe nadar?

— Não, nunca fui a praia.

— Então eu me comprometo a te ensinar.

Rafael olhou pelo retrovisor e notou o sorriso de Danilo, descobriu que não era difícil agradar o menino.

Passaram um dia agradável, a maior parte do tempo Danilo ficou na água com Rafael, almoçaram em um quiosque na beira da praia, Marcela trouxe a comida de Megan de casa, sabia do acontecido com o último casal, não queria ser descuidada e perder a menina por comer algo que não lhe caísse bem.

As crianças voltaram dormindo para o abrigo, Rafael pegou Danilo no colo e o levou para o dormitório, Marcela deixou Megan no berçário.

As visitas eram animadas e sempre voltavam cansados e felizes de tudo que fizeram no dia, depois de mais um passeio as crianças subiram para os dormitórios.

— Senhores podemos conversar um pouco? — Disse Juliana.

Eles foram até o escritório.

— As visitas correram bem, se quiserem na próxima vez que vierem aqui podem levá-los, os papéis estão prontos, depende agora de você.

Marcela chorou novamente. — Ele já sabe?

— Não, deixo isso para você cuidar, algumas crianças não se adaptam, não estranhe se ele quiser voltar.

Marcela e Rafael prepararam a casa para a chegada das crianças, Rafael convidou o irmão para estar com eles, eram bons amigos apesar de não concordar com a adoção.

— Se tivesse feito isso semana passada seria melhor, foi dia das mães. — Disse Guilherme.

— Marcelinha iria ficar em êxtase, mas tudo bem, logo ela chega com as crianças.

Marcela foi sozinha buscar as crianças, ficou de pegar as roupas depois, não queria pressionar Danilo.

— Onde vamos hoje?

— Hoje vamos para casa apenas, tenho uma surpresa pra vocês lá.

Chegaram e haviam ali várias pessoas, todas da família de Rafael.

Almoçaram em uma grande mesa, no final da tarde ficou apenas Guilherme e os da casa. Marcela notou Danilo falando com Rafael.

— Marcelinha, a menina é realmente adorável, minha sobrinha é linda. — Disse Guilherme com a menina no colo.

— Danilo também é ótimo, ele é muito inteligente.

— Marcelinha, não tinha como trazer apenas a menina? ele é um pouco velho para criar laços familiares, pode ser um problema para vocês no futuro.

— Eu não acredito que você tem coragem de vir a minha casa e dizer algo assim, falar mal da minha família, do meu filho.

Guilherme riu alto, chamou a atenção de Danilo e Rafael.

— Cunhadinha, você é tão ingênua assim? Ele não é e nunca vai ser seu filho, deveriam ficar apenas com a menina, ela vai aprender quem são os pais dela, ele é velho pra isso, só vai causar problemas.

Danilo ficou com raiva. Sentia que Marcela estava sendo atacada.

— Não fale assim com ela! Você não sabe o que está dizendo... — Danilo praticamente gritou.

— Além de tudo é mal educado. — Disse Guilherme.

Danilo pensou que não deveria ter se intrometido, que talvez agora Marcela aceitasse a sugestão de Guilherme e não ficasse com ele.

— Preciso ir ao mercado, Danilo vem comigo? — Marcela disse séria, queria apenas sair dali.

— Sim senhora.

Ela comprou leite, fraudas e outras coisas de bebê, isso deixou Danilo preocupado, ela estava se abastecendo para receber um bebê, mas e ele?

Danilo parou em frente uma caixa de chocolates, desejou ter pelo menos moedas para comprar uma.

— Danilo, você quer? — Perguntou Marcela apontando para a caixa.

Danilo balançou na cabeça que sim. Marcela prontamente colocou a caixa no carrinho.

Chegando em casa estava apenas Rafael, já era quase noite...

— Danilo, me desculpa por meu irmão, ele não devia ter falado assim com você. — Disse Rafael.

— Tenho um presente para você senhora Marcela. — Danilo entregou a caixa que pediu para ela mesma comprar. — O dia das mães já passou, naquele dia não pude te ver, eu não tive como pensar em algo espero que goste.

— Aí Danilo, vai me fazer chorar... Agora eu tenho uma pergunta pra você. Gostaria de pertencer a família Sales? Quer ficar comigo e com o Rafael?

— Sim, eu quero muito!

Danilo abraçou Marcela e abraçou Rafael também, ele encontrou pessoas boas que estavam dispostas a cuidar dele e da irmã, finalmente estava em casa.

— A doutora Juliana vai adorar saber! — Disse ele.

— Danilo, vocês não vão mais para o abrigo, sua casa é aqui, agora a surpresa é minha. — Disse Rafael.

Ele pegou na mão do menino e o levou até o último cômodo da casa, ali seria o quarto dele e da irmã. Estava todo decorado com listras azul escuro, rosa e branco.

Havia ali uma cama com um lençol azul e planetas, o menino adorava astronomia e também uma cama pequena com lençol rosa.

— Gostou da surpresa? — Perguntou Rafael.

— Eu amei, nunca tive um quarto assim e esse é lindo.

Baixe o aplicativo agora para receber a recompensa
Digitalize o código QR para baixar o aplicativo Hinovel.