Capítulo 9 Matar Seus Pais Adotivos

Mas eles realmente passavam dos limites.

- Ele não está em casa, venha outra hora. - Mariana não queria perder tempo com ela, e já estava fechando a porta.

Estefânia já adivinhou que ela faria isso, então empurrou a porta entrando antes que ela conseguisse fechar.

- Estefânia, o que está fazendo? Saia daqui agora mesmo! - Mariana ficou furiosa.

- Mãe, quem é? - Iara desceu das escadas e deu de cara com Estefânia entrando, e ela ficou um pouco impaciente -, Estefânia, esta é minha casa, o que você veio fazer aqui?

Eram parentes de sangue, mas eles a odiavam.

Estefânia sentiu um azedo no nariz, porém se manteve calma por fora.

- Nada não, só vim pegar o dinheiro por ter salvado Aurélio.

- Quem salvou Aurélio é Iara, o que tem a ver contigo? - Mariana zombou.

Mesmo que a menina em sua frente também seja sua filha de sangue, Mariana ainda desprezava essa garota que veio de área rural.

Ela a considerava inútil e sem educação, não tinha conhecimentos devidos, por isso, não dava nem para olhar.

Se os outros souberem que Estefânia é sua filha e irmã gêmea de Iara, arruinaria a imagem perfeita que foi construída pública por elas.

Estefânia olhou torto para Mariana, e voltou-se para Iara, rindo.

- Não é estranho serem mãe e filha mesmo, são iguais na capacidade de mentir descaradamente, acho que suas caras devem ter a grossura de uma parede.

- Estefânia, cale a boca! - Iara repreendeu em voz baixa, e realmente não queria mais vê-la. Então se virou para sua mãe. - Mamãe, ela veio querendo apenas dinheiro. Dê dez mil a ela e mande-a logo embora.

- Iara tem razão - Mariana assentiu. - Vou subir para pegar.

- Já que a família Cabral não falta dinheiro, então me dê os vinte milhões que Aurélio me prometeu. Daqui para frente, não devemos mais nada mutuamente. - disse Estefânia, espantando-as de vez.

- Estefânia, não abuse da boa vontade dos outros - Iara a encarou seriamente. - Darei no máximo vinte mil.

- Daremos vinte mil, e você sairá imediatamente de Rio de Siena. Quanto à família Vargas, eles só reconhecem Iara como a única salvadora. Além disso, você tem provas de que foi você quem salvou Aurélio? - disse Mariana.

- Vocês acham que roubar o anel e deletar os registros de câmera já me farão ficar sem provas? Não se esqueçam, eu tenho meu registro de ter passado naquela rua no central de controle do aplicativo do Marmita Nizhny. - Estefânia balançou o celular na mão. - Mesmo que os registros não possam provar cento por cento que tenha sido eu quem o salvou, Iara nem tem registros de pedidos naquele dia, Aurélio não suspeitaria? Contudo, eu prefiro deixar Iara ficar com ele, é melhor do que eu me meter nessa e acabar não conseguindo dinheiro nenhum.

Na verdade, o pedido daquele dia não foi entregue, então não tinha como provar que ela passou naquela rua aquele dia.

E pelo mesmo motivo, ela não desmascarou Iara na frente de Aurélio.

Mesmo que os dados do Marmita Nizhny não sejam bastantes para provar nada, podia usar essas coisas para ameaçar essa família que temia de tudo por ter feito coisa errada.

- Você... - Iara não esperava que Estefânia ainda tivesse algo guardado, e ficou com medo de ela ir contar ao Aurélio. - Quanto você quer?

- Com cara de Sra. Mariana me colocar nesse mundo, só quero dois milhões.

- Dois milhões? Você está sonhando? - disse Mariana.

- Estefânia, você deve estar louca. - disse Iara.

Ela acabou de sair do interior e já vem pedindo uma quantia tão grande assim, não é possível que as duas aceitarem a condição de Estefânia.

Então Estefânia se fingiu levantar, sem querer perder tempo.

- Já que não aceitam, então vou procurar Sra. Paloma. Ela é a dona da família Vargas, creio que ela pode decidir isso.

Iara ainda não entendia o porquê de Paloma conhecer Estefânia, e ainda mimá-la.

Ela sentia que Estefânia era sua maior ameaça para ela.

- Espera - Iara a chamou. - Tenho umas coisas para negociar com meus pais, você espera aqui.

E então, Iara puxou a mãe pela mão, subindo para o andar de cima ao dizer:

- Mamãe, vamos ligar para o papai.

Estefânia realmente ficou esperando no andar de baixo.

Mas com medo de que a família Cabral estivesse bolando planos malignos contra ela, Estefânia subiu para o andar de cima.

Sotto Latritto era uma mansão antiga, então o isolamento acústico não era muito bom.

Estefânia podia ouvir a conversa delas ao lado da porta.

Ela ouviu por um tempo e não pareceu ter nada relacionado a fazer mal a ela ou aos seus pais adotivos.

Ela zombou de si mesma pela preocupação desnecessária e se preparou para descer.

Mas nessa hora, ouviu-se palavras como "acidente" e "pais adotivos".

Estefânia não ouviu com nitidez, então encostou o ouvido na porta e escutou com atenção...

- Estefânia é abusada de mais, e ainda tem a mesma cara como eu, deixa-la viva é uma ameaça constante. Além do mais, Sra. Paloma adora ela, tendo ela por perto, como vou conseguir me casar com Aurélio?

- Iara, mesmo que seja assim, já atropelamos os pais adotivos dela para força-la a doar a medula óssea pro seu irmão. Você ainda quer mexer na própria Estefânia?

- Mãe, pensa comigo. Enquanto Estefânia estiver viva, será sempre o obstáculo que me barra de entrar na família Vargas, a não ser que... Que você consiga deixa-la em estado vegetativo! - dizendo isso, Iara aumentou o tom de voz, parecendo desesperada.

Estefânia ouviu todas as palavras do lado de fora da porta, e sentiu um frio na coluna, mas o sangue fervia dentro de si.

Dois meses atrás, a família Cabral apareceu na sua frente dizendo que podia levá-la de volta à casa de Cabral, desde que ela concordasse em doar medula óssea para o irmãozinho anêmico.

Apenas foram procurar Estefânia porque Iara e seu irmãozinho eram de medulas ósseas incompatíveis.

Claro que Estefânia recusou.

E então aconteceu o acidente de carro um mês atrás com seus pais adotivos. No hospital, a família Cabral apareceu novamente, dizendo que podiam arcar com os tratamentos se ela concordasse com a doação da medula óssea.

Naquela hora, Estefânia chegou a suspeitar, sim, de ter alguma relação entre o acidente e o casal Cabral.

Mas depois, pensando de fato de serem seus pais biológicos, acreditou que não devem ser tão cruéis.

Porém...

Ela foi ingênua demais.

Estefânia tremia de raiva e segurou na maçaneta, querendo entrar e enfrentá-las.