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Capítulo 4

Capítulo 4

Um mês depois...

Jéssyca tinha uma entrevista de emprego marcada para o primeiro horário do dia seguinte. Ela se preparou cuidadosamente, escolhendo a melhor roupa que tinha em seu guarda-roupa. Ela estava determinada a recomeçar sua vida e, para isso, precisava encontrar um novo emprego.

Na manhã da entrevista, Jéssyca acordou cedo e saiu de casa com as esperanças renovadas. Ela pegou o ônibus, pensando na oportunidade que poderia surgir. No entanto, enquanto estava a caminho da entrevista, algo inesperado aconteceu.

Enquanto estava sentada no ônibus lotado, sentiu um calor intenso e sufocante invadir seu corpo. Tudo começou a girar ao seu redor, e antes que pudesse reagir, ela desmaiou.

Quando finalmente recobrou a consciência, estava deitada em uma cama de hospital. Ela piscou os olhos, tentando entender o que havia acontecido. Uma enfermeira gentil estava ao seu lado, verificando seus sinais vitais. Ao perceber que ela havia acordado, perguntou se estava bem.

Jéssyca levou a mão à testa, ainda se sentindo fraca e confusa.

— O que aconteceu? Por que estou no hospital?

A enfermeira explicou que Jéssyca havia desmaiado no ônibus devido a uma vertigem. Preocupado com sua saúde, o motorista parou no hospital mais próximo, onde fizeram exames para determinar a causa da vertigem. Estavam aguardando os resultados até o momento que ela acordou.

A notícia de que perdera a entrevista de emprego a deixou desapontada, mas sua saúde era a prioridade naquele momento. Enquanto aguardava os resultados dos exames, Jéssyca se permitiu descansar, coisa que não fazia há muito tempo, devido ao seu tempo escasso.

***

Ruan não estava acostumado a ser alvo de paquera, mas agora, ao ir à cidade com mais frequência, percebia olhares mais insistentes das mulheres. Talvez elas já fizessem isso e ele nunca tivesse percebido.

Parando em uma loja agrícola, analisou alguns produtos. Precisava de um adubo mais potente e natural. Notou uma mulher atraente observando-o de certa distância; ela tinha cabelos escuros, olhos brilhantes e seu sorriso era como um convite silencioso.

Ruan manteve seu foco na mercadoria à sua frente, mas não pôde evitar sentir a presença dela se aproximando. Quando ele virou novamente o rosto, ela estava bem ao seu lado.

— Olá, você parece um homem que sabe o que quer. — Ela disse com um tom sugestivo e um sorriso sedutor.

Ruan ergueu uma sobrancelha, surpreso pela abordagem direta da bela mulher.

— Posso ajudar você com algo? — Ele perguntou, tentando manter sua postura tranquila.

Ela sorriu de forma sedutora.

— Talvez eu possa ajudar você. Me chamo Mônica, sou atendente, e tenho uma ótima sugestão de adubo para suas terras. — Ela disse, se aproximando um pouco mais, fazendo com que Ruan sentisse seu perfume suave e envolvente.

Ele decidiu ouvi-la, demonstrando todo o seu interesse.

— Estou ouvindo.

Ela então começou a falar sobre um novo tipo de adubo natural, feito numa fazenda local, e que, segundo ela, poderia aumentar consideravelmente a produtividade de suas plantações. Ele ficou muito interessado no assunto, mas não podia evitar notar como ela usava cada palavra e gesto para seduzi-lo.

— Qual fazenda nessa pequena cidade que produz esse tipo de adubo?

— Fazenda Lírio do Vale, dos Durant.

— Ah, sim, sei quem são, é do outro lado da cidade.

Enquanto ela continuava a falar, Ruan pensou na noite com Jéssyca e como aquela experiência inesperada havia aberto uma nova porta em sua vida. Sinceramente, ele não estava interessado em mais ninguém.

— Muito obrigado, Mônica. Eu vou levar seis sacos para testar em uma pequena área — disse de forma distante, deixando claro para a vendedora que não estava aberto a nenhum tipo de envolvimento.

No caixa, efetuou o pagamento e ficou aliviado por deixar a agropecuária e escapar das investidas indesejadas da vendedora.

***

Jéssyca esperou ansiosamente pelo resultado do exame de sangue. Quando finalmente o médico apareceu, começou a mexer os dedos nervosamente, preocupada com o que teria causado seu desmaio. O médico abriu o envelope com o resultado do exame enquanto a cumprimentava e começou a ler.

O médico, então, olhou para ela com um sorriso caloroso e disse:

— Parabéns, Jéssyca. O exame de sangue mostra claramente que você está grávida.

Uma onda de emoção e incerteza tomou conta dela. Ela não sabia como reagir nesse momento.

O médico continuou explicando os próximos passos e os cuidados que ela deveria seguir durante a gravidez. Jéssyca ouviu atentamente, tentando absorver todas as informações, pois estava tão nervosa com esse resultado inesperado que parecia que tudo ao seu redor havia parado, exceto ela e o médico.

Ao sair do hospital, com o resultado do exame de gravidez nas mãos, sentiu as lágrimas queimando seus olhos. Era difícil cuidar de si mesma, e agora, com um bebê a caminho, teria que tomar outros rumos em sua vida para criar o filho.

No seu último dia na padaria, Jéssyca estava mais triste do que nunca. Sem emprego, sem perspectivas de continuar na cidade e grávida, estava prestes a se dar por vencida e voltar a morar com seu tio, quando ouviu alguém chamando pelo seu nome.

Ao levantar os olhos, surpreendeu-se ao ver um rosto familiar e sorriu pela primeira vez desde que perdeu seu emprego.

— Ei! Linda, por que você está tão triste? — Nikolas disse com um sorriso gentil.

— Olá, Nikolas.

Ele pediu um bolinho de carne e café com leite, e Jéssyca prontamente o serviu.

— Conte-me, o que está acontecendo? — Nikolas perguntou, enquanto saboreava o bolinho.

Jéssyca suspirou triste, mas preferiu abrir-se com ele e começou a compartilhar tudo o que aconteceu desde o dia em que Júnior a assediou.

Nikolas ficou pasmo com a história dela e imediatamente pensou em uma solução para ajudá-la.

— Que situação chata. Tenho uma proposta para você, espero que goste.

— Sério? Qual é a proposta? — Jéssyca disse, seus olhos se iluminando finalmente, sentindo esperança.

— Você pode cuidar do meu filho e ainda morar conosco. Pode levar suas coisas amanhã mesmo. Estou precisando com urgência de uma babá, e não encontrei ninguém que me inspirasse confiança. Como conheço você há bastante tempo, não vejo pessoa melhor para cuidar do meu maior tesouro.

Jéssyca ficou sem palavras por um momento, tentando processar a generosa oferta de Nikolas.

— Eu amo crianças. Aceito sim, com muita gratidão. O fato de estar grávida não te preocupa?

Nikolas sorriu e balançou a cabeça de forma negativa, satisfeito por ter encontrado alguém em quem confiasse para cuidar de seu filho.

— Obrigada, Nikolas!

— Eu que agradeço, linda. Amanhã faremos a mudança.

Com um sorriso nos lábios e esperança no coração, Jéssyca sentiu que talvez as coisas estivessem finalmente começando a dar certo em sua vida.

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