Capítulo 3
Capítulo 3
No dia seguinte pela manhã, Jéssyca acorda sozinha em sua cama. A noite anterior foi intensa e repleta de paixão, mas agora ela se vê sozinha e perdida em seus próprios pensamentos.
Ela olha em volta, tentando lembrar dos momentos compartilhados com Ruan. O calor do corpo dele, os beijos apaixonados, a sensação de entrega completa. Tudo isso pareceu tão certo naquele momento, mas agora a realidade começa a pesar sobre ela.
Jéssyca se levanta da cama e se veste lentamente, deixando seu vestido preto brilhante de lado. A luz do dia invade sua janela, iluminando a bagunça que sua vida se tornou após acusar seus colegas de trabalho por abuso.
Enquanto se arruma, sua mente começa a se encher de preocupações. Ela mal conhece Ruan, e a noite anterior foi impulsiva e repleta de desejo, mas agora o que resta é uma sensação de vazio e incerteza.
Ela sai do quarto e vai até a cozinha onde faz dois ambientes, e se depara com a foto de seus pais sorridentes em cima da estante. As lágrimas começam a escorrer por seu rosto enquanto ela pensa em como sua vida mudou desde a morte de seus pais. A dor da perda ainda está fresca em seu coração, e agora ela se encontra envolvida em uma situação ainda mais complicada.
O barulho do seu celular tocando a faz pular. Ela atende, do outro lado, é Marta, sua colega da faculdade.
— Jéssyca, liguei para saber como foi sua noite com o bonitão.
Jéssyca hesitou por um momento, pensando em como explicar sua situação para ela.
— Ele me fez esquecer tudo por um tempo, mas agora estou confusa e não sei o que fazer.
Marta ficou em silêncio por um momento, e então sua voz soa preocupada do outro lado da linha.
— Quer conversar sobre isso?
— Sim, Marta, eu adoraria conversar. Preciso de conselhos, estou perdida sem saber o que fazer.
As duas passam a manhã conversando. Marta oferece apoio e orientação a Jéssyca, lembrando-a de que, apesar das incertezas, ela é forte e capaz de enfrentar os desafios que a vida lhe apresenta.
Enquanto isso, Ruan, depois de ter saído da casa de Jéssyca naquela manhã, fica com a mente turva e confusa. As lembranças da noite anterior o atormentam, e ele se pergunta se aquilo tudo foi uma oportunidade única ou um sonho delicioso, do qual não gostaria de ter acordado.
No mesmo dia, à tarde, Ruan retorna à sua fazenda, seu semblante está visivelmente perturbado e isso não passa despercebido por um funcionário.
Pedro, seu capataz de confiança, nota imediatamente que algo está incomodando Ruan. Com a expressão cabisbaixa e um semblante preocupado, ele se aproxima do patrão e pergunta com curiosidade óbvia:
— Ruan, está tudo bem? Notei que você está meio pensativo. Algo aconteceu?
Ruan olha para Pedro, seu rosto ainda carregando uma expressão pensativa. Ele suspira antes de responder, compartilhando com ele uma parte do que aconteceu.
— Pedro, ontem à noite, algo inesperado aconteceu. Conheci uma mulher, Jéssyca. Foi uma noite intensa, mas... Não sei o que pensar, eu tinha bebido muito, não tenho certeza se foi real ou um sonho.
Pedro arqueia uma sobrancelha, intrigado com a história do patrão.
— E o que você pretende fazer agora? Encontrá-la de novo? Se não foi real, ficará desapontado.
Ruan assente, está determinado a descobrir o que realmente aconteceu.
— Sim, preciso descobrir se foi real e encontrá-la de novo. Estou confuso, Pedro, muito confuso.
O capataz concorda compreensivo.
— Se precisar de alguma ajuda para encontrá-la, estarei aqui, patrão.
Ele agradece com um aceno de cabeça e caminha na direção do casarão. Não sabe quais atitudes tomar de imediato, mas tem certeza que chegará numa conclusão o mais rápido possível.
Ruan entra no casarão e vai direto para seu quarto, sentindo a necessidade de uma ducha para clarear sua mente. A água fria caiu sobre seu corpo, para aplacar a intensidade do desejo que volta a consumir seu corpo.
Ele não é o tipo de homem que sai com várias mulheres; geralmente, é tranquilo e ponderado em seus relacionamentos.
Enquanto a água corria pelo seu corpo, Ruan se questionava se Jéssyca era real ou se tudo não passava de uma criação de sua imaginação, confundida com o efeito do álcool. No entanto, as sensações e emoções que experimentou naquela noite eram reais demais para serem apenas uma doce ilusão.
Após sair do banho, Ruan vestiu-se e foi até a área gourmet da fazenda. O sol já havia se posto, e os funcionários estavam reunidos para o jantar. Cumprimentou a todos, serviu-se com uma porção mínima de comida, pois a fome era o último de seus sentimentos no momento, e escolheu um lugar afastado dos demais.
Queria espaço para continuar com seus próprios pensamentos.
— Patrão, está tudo bem? — perguntou Pedro, preocupado.
— Estou bem, obrigado.
— Caso precise, é só chamar.
Ruan deu um leve sorriso e acenou afirmativamente com a cabeça. Observou Pedro se afastar e, em seguida, voltou sua atenção para o prato diante de si.
Tentou comer um pouco, mas seus pensamentos ainda estavam voltados para Jéssyca. Era difícil para ele acreditar que uma única noite pudesse abalar suas estruturas daquela maneira.
Mesmo após um ano de término de seu último relacionamento, nenhuma outra mulher conseguiu despertar nele a intensidade de emoções que Jéssyca conseguiu em tão pouco tempo.
Era como se ela tivesse acendido uma chama dentro dele, uma chama que ele pensava estar apagada há muito tempo.
Após o jantar, se recolhe mais cedo. Normalmente, os funcionários da fazenda costumam se divertir antes de dormir, fazendo brincadeiras, cantando ou contando histórias ao redor da fogueira. No entanto, naquela noite, ele preferiu o silêncio do seu quarto.
Entrando no quarto, tira as roupas e deita em sua cama. Antes que ele possa pensar em qualquer outra coisa, seus olhos se fecham e cai em um sono profundo. A exaustão física e mental o leva rapidamente para o mundo dos sonhos, onde as imagens da noite anterior com Jéssyca começam a se misturar com seus pensamentos e desejos.