Seis
— Eu disse talvez, e eu não quero. Não quero! – fez questão de dizer olhando pra boca dele maravilhosa e umedeceu seus lábios involuntariamente. O beijo dele ficou em sua boca, o gosto dos seus beijos e até o efeito do prazer que sentiu quando ele lhe tocou ainda estava na pele, mas ela não podia mais correr o risco de fazer tudo outra vez.
Não cairia nas garras de outro homem como tinha feito antes. Não faria isso. Peter ficou parado olhando pra ela, e aquilo não ficou bom. E não ficou mais quando ele se aproximou, agarrando sua cintura. Não tentou beijar sua boca, nem nada, apenas olhou nos olhos dela. E ele, tão bonito, charmoso, alto e forte. As mãos dela foram subindo devagar pelo corpo dele e parou nos braços subindo mais e parou nos ombros, nenhum dizia nada, apenas se olhavam.
— Porque não? – ele perguntou apertando a cintura dela com delicadeza — você também me deseja, posso sentir seu corpo todo tremer enquanto me toca, enquanto eu te toco. Será que a manhã não foi boa?
— Não é isso Peter – ela disse o nome dele e não se importou — eu não sou esse tipo de mulher. Acho que eu vou deixar um homem, meu chefe, que nem mesmo será por muito tempo, me tocar desse jeito, já fomos longe demais, e eu não vou fazer isso – ela falava com confiança. As lembranças da sua vida antiga passavam em sua mente.
Por mais que Peter fosse um homem maravilhoso, bonito e atraente, não se deixaria cair só para ter prazer. Sabia o que tinha acontecido quando se envolveu com aquele homem, caiu em sua lábia mesmo sabendo da sua vida. Pensou que fossem viver algo juntos, mas se deparou com uma armadilha, e tudo que restou foi um coração partido, e ela não faria de novo. Peter estava pra casar com uma mulher bonita, e ela não passaria de uma aventura barata e prazerosa para ele. Somente isso. Nada mais além.
— Porque fala isso se seu corpo diz outra coisa? Você me quer tanto, que suas unhas não param de arranhar minha pele – ele falou e ela se tocou que estava arranhando sua nuca — seu corpo tá arrepiado, e eu sei que tá excitada.
— Para! – Pediu fechando os olhos, as mãos dele estavam subindo.
— Me dê um motivo para parar?
— Você não é meu – o empurrou de vez — Nos conhecemos agora. Você é meu chefe, e está comprometido. Vamos ser sensatos, e você, trate de respeitar sua noiva, você é homem, e deve isso a mulher que você escolheu para ser sua. – respirou fundo, ofegante, ela não queria dizer aquilo, mas não tinha como não dizer, era a verdade e o certo a fazer.
Peter ficou olhando pra ela, e aquela afobação toda não era somente por ele ser quase casado ou algo do tipo, novamente, ele se aproximou pegando ela pelo colo, e ela não fez nada, só olhava pra ele, assustada com os olhos brilhando e podia sim ser de desejo. Ele era um gato. Ele mordeu seu lábio e levou Aline para o sofá, sentou com ela no seu colo e colou seu corpo no dela, tocando no rosto dela bem devagar.
— Tem mais alguma coisa? – perguntou, sendo sexy e provocante ao mesmo tempo, ela engoliu a seco. Como ela podia resistir a tudo aquilo? Não importa, ela tinha que fazer isso.
— Nada senhor, me deixe ir – falou, mas ele não a segurava quase, ela podia ir embora a qualquer momento.
— Não estou te prendendo, mas quero saber o que me impede de comer você – ela adorava que fossem selvagens, mas não precisava ser Peter, tinha tanto homem solteiro.
— Muita coisa, senhor Johnson – ela disse, mordendo o lábio no final da frase e se remexeu em cima dele e foi aí que sentiu o desejo dele. — Uau! – ela teve que soltar quando sentiu o pau do Johnson duro como pedra de baixo da sua boceta.
— Gostou? – ela ficou séria — Ainda to tentando me controlar – disse baixinho, se aproximando do pescoço dela — Se entregue, você não irá se arrepender.
— Não. – ela fechou os olhos, as mãos subindo pelo peito dele até chegar no primeiro botão da camisa branca, desabotoada ele e ouviu Peter rir fraco, sentiu a textura do peito dele e foi descendo pela barriga malhada ela estava ficando confusa, mais excitada — NÃO.
Ela pulou do colo dele e andou pela sala, Peter levantou também, estava quase conseguindo.
— Eu não posso fazer isso de novo.
— De novo? – Aline olhou para ele, havia lágrimas nos olhos dela. Ele ficou sério, e com medo — Aline, me desculpe, eu não queria...
— Não é você, não sou eu, é ele.
— Você tem namorado é isso? – ele se jogou no sofá de novo — Droga!
— Não – ele olhou pra ela — Não quero te encher com meus assuntos, me desculpe – ela virou as costas, tinha se mostrado fraca para um homem que mal conhecia, mas sentia uma forte atração, e aquela ereção. Não Aline. Não podia.
— Espera – ele segurou o braço dela antes dela terminar de pegar sua bolsa em cima da mesa — Se o que me impede de ter você é ele, eu quero saber por quê?
— Isso é assunto meu – disse fraco.
— Seu? E está deixando de se entregar uma noite por “ele”. Fala sério, quem é ele?
— Uma noite? Como qualquer outra vagabunda? Porque você não vai atrás de uma puta ter o que você quer?
— Porque a mulher que eu quero está na minha frente.
— Por uma noite? Que desejo mais sem graça, que desejo fodido é esse? – tentou ir, mas ele impediu.
— Quem é ele? – ela bufou e se soltou com raiva.
— Meu antigo chefe, um canalha, cretino, igual a você. Na verdade todos são iguais, e você quer me ter por quê? Pra depois me jogar fora e dizer que vai casar? Que nunca vai deixar sua mulherzinha? Poupe-me de mais sofrimento e de uma queixa na polícia. – gritou de uma vez saindo da sala quando o elevador chegou.
Peter ficou parado, perplexo, calado e suspirou quando o elevador fechou.
Ela tinha lágrimas nos olhos ao se lembrar desse dia, transaram em cima da mesa como já era de costume, ela costumava o chupar antes de começar a trabalhar, gostava quando ele a enchia de presentes e elogios, dizia era bonita, charmosa, e estava sempre arrumada ela o amava por inteiro. Mas não pode ficar muito tempo, o coração não aguentou tudo o que teve que passar. E ela não passaria por aquilo de novo, não de novo e do mesmo jeito. Não. Simplesmente não.
A porta do elevador abriu e ela saiu sem hesitar, andou até seu carro que tinha alugado e destravou o alarme, quando abriu a porta, viu o elevador chegar ao estacionamento de novo e Peter saiu dele, olhando em volta até avistar ela parada a ponto de entrar no carro. Aline podia fazer tudo depressa, mas ela não se mexeu, esperou ele vir até a sua frente e ergueu uma sobrancelha, esperando ele dizer o que queria.
— Não precisava ter saído daquele jeito – ele disse.
— E você não precisava ter vindo atrás de mim – disse, ele botou as mãos na cintura e olhou pra ela — Porque veio?
— Quero saber o que ele fez – ele disse sério, ela riu e entrou no carro, Peter deu a volta rapidamente e entrou no banco do carona, ela olhou pra ele com raiva — Eu quero saber.
— Por quê?
— Porque você chorou na minha frente, que caralho esse homem fez? E porque você dormiu com ele?
— Você não tem direito algum de exigir isso de mim – bradou com raiva e Peter fingiu não se incomodar — Você não vai desistir não é?
— Fala – ele pediu mais calma, ela olhou pra frente, não estava com forças para sair contando o que tinha acontecido no passado que tanto queria apagar da sua mente, mas Peter a olhava com ânimo, esperando mesmo que ela contasse. Talvez se contasse ele saberia que não podia se meter com ela e manteria distância, ela não queria nada, nada.
— Tá bem você ganhou – ela bateu no volante e deitou na cadeira olhando pra frente — Eu comecei a trabalhar na empresa dele depois que terminei meu primeiro estágio. Tudo parecia um sonho pra mim, estava feliz em finalmente conseguir um emprego no lugar prestigioso, luxuoso e com bons contatos. – Peter olhava pra ela, e ela para o teto do carro. — Conheci meu chefe no mesmo dia, bonito, elegante e todo trabalhado da sedução, e eu caí na sua lábia mais rápido do que aprendi e fazer meu trabalho – falou sentindo vergonha de si mesmo — No sexto dia em que cheguei naquela empresa, eu e ele trepamos em cima da mesa, eu adorava suas palavras e quando ele me tocava eu ia a loucura – Peter bufou virando o rosto — passou dois meses, todo dia a gente transava na sala dele, a qualquer momento que ele desejava. E só depois desses meses, eu conheci sua esposa, eu sabia que ele era casado e cai mesmo assim. Um ano se formou e eu continuava louca e caia de amores por ele, mas sabia que tudo aquilo não podia continuar se ele tivesse casado, uma vez, quase sua esposa nos pegou, e eu disse que não queria continuar.
— E ele? – Peter perguntou impaciente e entendia sua explosão lá em cima.
— E ele? – riu — Ele me encheu de promessas vazias, disse que amava, me amava acima de tudo e de todos, e que terminaria seu casamento, terminaria tudo. Continuei acreditando nas suas palavras e assim completamos três anos transando escondido e eu completamente apaixonada. Uma noite, ele me convidou para jantar fora, era a primeira vez que saímos em público como amantes – ela fungou — naquela noite ele me deu um anel lindo e disse que tudo acabaria entre ele e sua esposa. Transamos no carro e ele me deixou em casa. Na segunda de manhã, eu cheguei feliz, sabia que tudo tinha terminado, cheguei até mais cedo, para recebê-lo em sua sala, mas tudo desabou sobre minha cabeça quando o peguei com uma simples faxineira em cima da mesma mesa que fazíamos amor – ela chorou mais — Ela gritava e pedindo por mais como das outras vezes, “outras vezes” tudo ficou na minha mente, aí ela gritou dizendo que tinha adorado o anel e eu desabei ainda mais. Entrei na sala feito um furacão, ele me fuzilou e até brigou. Mandou a mulher embora e ainda teve coragem de dizer que ainda me amava.
— E a mulher desse filho da puta? – ela riu de novo.
— A mulher dele soube sobre mim no dia seguinte, me esperou na minha mesa e simplesmente me bateu na frente de todos os funcionários, dizendo que eu era amante do marido dela, e que me jogava para cima de qualquer um. Eu fui humilhada, e chamada de vadia ate pelo homem que eu me apaixonei, ele ria da minha cara enquanto sua esposa me humilhava na frente de todos. Eu nunca esqueci aquele sorriso debochado. – ela abriu a porta do carro e Peter fez o mesmo. Ela parou passos à frente e abraçou seus braços — A coisa que ele mais amava em mim, era essa maldita tatuagem, pelo menos ele dizia que a amava. Eu fiz quando tinha dezesseis anos, bêbada, mas ficou linda.
— Aline.
— Meus sonhos de me tornar uma mulher independente e ser alguém na vida acabaram tudo por causa de um chefe e suas palavras bonitas, nem tão bonitas assim, mas acreditei em tudo que foi dito, nas horas que passávamos transando, nas palavras que ele dizia enquanto eu o chupava. Eu fui uma idiota, uma idiota e meia. E é por isso – ela virou pra ele — Que eu não cair na sua lábia, nas palavras bonitas, e nem na sua beleza, eu quero que você se foda.
— Espera, espera – ele a impediu de abrir a porta do carro — Acha que eu sou que nem ele?
— Você me quer por uma noite – ela respondeu rindo, sem graça — É meu chefe, vai se casar e quer o que? Que eu acredito? E depois da gente transar?
— Eu não estou dizendo que estou apaixonado e nem enganando você. Que porra. Eu disse que te desejava, e você me deseja, eu não quero algo profundo, e nem você. Podemos nos divertir, ou você não sabe o que é sexo sem compromisso.
— Acha que eu sou uma puta, senhor Johnson? – ela perguntou parando na frente dele — porque não procura outra mulher? Faça sua despedida de solteiro.
— Boa ideia – ele a puxou pela cintura, e ela não tentou sair — Entra no carro gata.
— Você não manda em mim aqui fora, você não é meu chefe.
— E é exatamente por isso, que você vai me olhar duas vezes, e vai somente ver um homem normal, e gostoso pra caralho. Vai se sentir mais atraída ainda e eu vou te convidar pra sair.
— Não sonha.
— Eu sou Peter Johnson, e você?
Ela ficou olhando pra ele, incrédula, até onde ele iria só pra ter ela?
— Aline, Aline Sobral – decidiu entrar na jogada.
— Será que eu tenho sorte de pagar uma bebida para uma mulher como você?
— Pode tentar – ela disse se afastando do aperto e entrou no carro, do lado do passageiro. Ele riu.
— E será que minha noite pode terminar só amanhã de manhã? – perguntou ainda da janela ela olhou pra ele por breves minutos e riu olhando pra frente.
— Tenta a sorte.