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03 - Vanessa Díaz

Vanessa Díaz

— Vamos lá, Vanessa, crie coragem, está na hora de levantar e ir atrás de emprego. — Falo comigo mesmo, enquanto me espreguiço e tento criar forças para sair da cama.

Encontro a coragem e vou para o banho, perco uns bons minutos por lá, fico pensando na reviravolta que a minha vida deu, principalmente desde que precisei sair do Brasil praticamente fugida. Porque meu ex-ficante não aceitou muito bem o nosso término, acredito que até hoje ele deve me procurar.

As lágrimas começam a escorrer dos meus olhos me lembrando dos seus olhos e nas diversas promessas que ele fez, sei que pode ser loucura e meu irmão Juan diz que nunca deveria ter fugido, mas precisava nos proteger de qualquer mal que a organização que ele trabalha pudesse nos encontrar.

Mesmo que tenha se passado três anos e até hoje ainda me doa lembrar quando o deixei naquela cama e mesmo bêbado ele prometeu que me encontraria novamente e mesmo implorando que ele não o fizesse, na verdade, desejava que ele não me desse ouvido e me achasse novamente, queria que ele me achasse e entendesse os meus motivos.

Saio do box e começo sentir o calor texano, decidi vir me esconder aqui no Texas, porque meu lindo ex resolveu passar um período no Brasil e não podia facilitar e dar a chance que ele me achasse, sem contar que estava cansada de vê-lo saindo nas notícias com várias mulheres a cada noite uma diferente, enquanto eu ficava lambendo a minha dor de cotovelo.

Paro de me lembrar do passado e começo a me vestir, saio do meu quarto e passo pelas portas que continuam todas fechadas, como não planejo acordar ninguém tão cedo, porque não quero ouvir nada por enquanto, meu irmão tem ultimamente pegado bastante no meu pé para que pare de sofrer pelo Gusta. Juan acha que devo ir atrás dele, se não for devo arrumar alguém para sair.

Sacudo a cabeça negando as duas hipóteses e começo a preparar o café, tinha alguns pães na cesta e os esquento para serem meu café da manhã, antes de sair deixo um bilhete avisando que darei uma volta na cidade atrás de emprego.

Sou formada em direito, mas ainda não consegui tirar minha licença aqui no Texas e eles não aceitam a minha carteira da OAB, então não consigo empregos como advogada, e preciso me virar com os de secretária. Meu último emprego trabalhava para um velho magnata que acabou perdendo tudo no jogo alguns anos atrás, estava trabalhando com ele enquanto o novo dono não assumia.

Quando o novo dono apareceu, meu antigo chefe resolveu me demitir antes que o novo dono o fizesse, ele é um bom patrão, me demitiu com todos os meus direitos e sempre serei grata isso a ele.

Não passamos dificuldades graças os meus antigos chefes no Brasil que me deram minha rescisão como se não tivesse pedido para sair, sem contar que peguei algumas fichas do Gustavo que estavam na mesinha de cabeceira.

Me surpreendi quando fui até o guinche para trocá-las e descobri que o valor delas não era o que imaginava nelas, acabei roubando dele, quatrocentos mil dólares e eu achava que era no máximo cinco mil, guardei o valor e ele rende juros ótimos, é com esse valor que sobrevivemos.

Chego ao centro da cidade e compro um jornal, começo a procurar as ofertas que tem disponível hoje, encontro algumas vagas e uma em especial me chama atenção é de secretária do setor jurídico de uma empresa nova que é no mesmo prédio onde eu trabalhava, me animo, talvez consiga, acabei conhecendo vária pessoa devido ao meu antigo patrão.

Vejo que tem algumas outras oportunidades e as círculo para olhar depois, mas sinto que meu lugar será nessa empresa, se conseguir será graças aos meus antigos chefes Augusto e Eduardo, eles me ensinaram muito e sempre serei grata a eles, vou em direção ao antigo edifício onde trabalhava e me identifico na recepção.

— Voltou a trabalhar aqui Vanessa? — O segurança fala comigo assim que coloco o crachá de visitante para poder subir.

— Se Deus permitir, sim, preciso muito voltar a trabalhar. — Ele sorri para mim e me deseja sorte.

Subo para o andar que a recepcionista me informou e cruzo os dedos, saio do elevador com o pé direito por que nesse momento estou precisando de sorte.

O setor estava movimentado, todos andando de um lado para o outro nervosos, parece que o estavam fugindo de algum demônio, uma moça deixa uma caixa cair ao meu lado e me abaixo para ajudá-la a arrumar.

— Oi, estou aqui para a entrevista de secretária. — Digo para a moça assustada.

A vejo olhar para mim com alívio.

— Graças a Deus, alguém veio, ontem o rapaz do marketing cometeu um erro, indicou outro andar. — A ouço enquanto ela me conduz até a sala onde será a entrevista. — Como ninguém do andar sabia sobre a entrevista, dispensaram todas as candidatas.

— Já trabalhei aqui, por isso conheço o prédio, realmente notei que o andar estava errado. — Digo sorrindo para ela.

Caminhamos pelo meio de algumas cabines com suas divisórias altas, não consigo ver quem está andando por trás delas, mas percebo a movimentação do meu lado esquerdo, consigo avistar os cabelos de um homem passando e a moça me puxa para o entrar na cabine e me põe de costa, sinto um perfume maravilhoso, ela apenas põe seu dedo no lábio pedindo silêncio, quando já não consigo sentir aquele perfume maravilhoso ela sai do cubículo e olha para os lados, me puxa para fora e fico rindo porque até agora não entendi o que está acontecendo.

— Vem vou te apresentar ao senhor Maycon. — Ela me puxa para uma sala, que mais parecia que tinha sido visitada por um furacão de tanto papel que havia espalhado.

— Senhor, uma candidata apareceu. — Uma cabeça aparece no meio da pilha de documentos que tinha na sua mesa e me estico para o cumprimentar.

— Me chamo Vanessa Díaz, senhor. — Ele abaixa os óculos e me cumprimenta

— Me diga Vanessa qual a sua formação? — Dá para ver que ele implora que seja capacitada.

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