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⋘ CAPÍTULO TRÊS⋙ Acho que ele é um bom homem.

Valery Garcia.

10:35 ― Hospital. ― Bogotá. ― Colômbia.

Sentia uma grande dor na cabeça bastante forte, eu tentava abri os olhos só que eu não consegui de jeito nenhum. Eu conseguia ouvir o que as pessoas ao meu redor falavam, mas de modo algum eu conseguia abri os meus olhos, era como se um peso enorme os tivessem sobre eles, isso me deixou bastante assustada.

Escutei a porta sendo aberta e escutei passos dentro desse quarto.

― O que aconteceu com você, garota? ― Escutei a voz de um homem.

Como assim o que aconteceu comigo? Quem é você?

Escutei seus passos se aproximando de mim.

― Seu rosto está bem melhor do que antes.

Antes? Ele me conhece? Porque sua voz me deixa tão calma? Ele é um conhecido meu?

Me esforcei para abri os olhos mais uma vez e finalmente eu consegui abri-los, rapidamente os fechei por causa da luz que me cegou por alguns instantes, voltei abri os meus olhos e medo se instala dentro de mim.

Onde eu estou? Quem eu sou? Meu Deus, eu não sei quem eu sou.

Olhei para frente e vejo um homem de terno preto, ele está de pernas cruzadas e mexendo em algo que eu desconheço. ― Prendi a minha respiração quando ele olhou para mim.

Quem é esse homem?

― Q-Q-Quem é você? ― Perguntei bastante assustada.

Ele ficou calado por alguns minutos e reparei que o mesmo está me olhando de um jeito estranho, logo ele balançou a cabeça em negação.

Negação de que?

― Se acalme, está tudo bem. ― Ele falou e veio até mim e esse ato me fez encolher, não sei porque ― Eu não vou machucá-la, senhorita. Só quero ajudar.

Eu não entendo o porque de essas palavras me deixarem um pouco mais calma.

― E-E-Eu.... ― Tentei falar alguma coisa, mais nada saiu da minha garganta ao perceber que de fato eu não lembro de nada. ― E-Eu não sei quem eu sou... O que está acontecendo comigo? Você sabe quem eu sou? ― Questionei desesperada.

O mesmo se aproximou de mim.

― Infelizmente ainda não, eu a encontrei no meio da estrada toda desorientada e a trouxe para o hospital. Você sofreu uma pancada muito forte na cabeça e isso resultou na perda de memórias.

Isso me deixou tão surpresa que acabei chorando de desespero.

Quem sou eu? O que eu vou fazer agora? Será que tenho família? Alguém? Meu Deus, o que vai ser de mim agora?

― Ei. ― O mesmo se agachou perto da cama em que eu estou. ― Tudo vai ficar bem, eu irei protegê-la e tentar descobrir tudo sobre você.

Porque ele está preocupado comigo? Nós eramos alguma coisa?

― P-Porque está me ajudando, moço? ― Perguntei ainda assustada.

― Bom, eu também me pergunto isso.

Respondeu e depois suspirou.

― Que tal fazermos um acordo? ― Isso me fez olha-lo de modo bastante confuso.

― A-Acordo?

― Sim. Eu vou protegê-la e tentar descobrir tudo sobre você. Em troca, você se torna minha. Eu não vou fazer nada com você, só quero que fique comigo.

― Porque?

Eu realmente quero entender o porque dele está preocupado com alguém que ele não conhece, ou conhece?

― Porque sim, você vai morar comigo e vai ter tudo o que quiser. Qualquer informação que eu tiver sobre você, irei avisar.

Talvez essa seja uma boa opção, ele vai me ajudar a saber mais sobre mim.

Acenei com a cabeça nervosa.

― Irei chamar o médico para examiná-la, eu já volto.

Isso me desesperou e segurei a sua mão, não quero ficar sozinha aqui.

― V-Você vai ficar comigo? ― Ele me encarou.

― Sempre, nunca vou deixá-la sozinha, então não se preocupe.

Fiquei aliviada ao escutar isso.

Soltei a sua mão e o mesmo saiu do quarto me deixando sozinha, observo melhor o lugar e suspirei cansada.

― O que vai acontecer comigo? Quem é esse homem e o porque dele está me ajudando?

Observei o meu corpo melhor e vi ataduras em meu braço e levei a minha mão até a minha cabeça sentindo mais uma atadura. Minha respiração começou a ficar bastante ofegante, olhei para o lado e vi fogo.

― Não!!! ― Gritei assustada e passo a mão na cabeça. ― Não!!!

A porta foi aberta brutalmente e virei o meu rosto o vendo com a expressão preocupada.

― O que aconteceu? Você está bem? ― Ele se aproximou rapidamente de mim.

Sem pensar eu o abraço chorando em seu ombro, ele ficou um pouco tenso mas depois relaxou um pouco.

― Está tudo bem, você está segura. ― Eu o aperto com força.

― F-F-Fogo. ― Sussurrei em seu ouvido.

Ele passou a mão em meus cabelos.

― Você está segura comigo.

Eu acredito nele, não sei o porque, mas acredito, ele me dá a sensação de segurança.

― A mente dela está confusa, acho que a mesma teve uma alucinação, senhor.

Escutei a voz de outro homem e olhei vendo um homem com jaleco branco.

― Bom dia, senhorita. Meu nome é Dylan, eu sou o seu médico responsável.

Eu ainda não soltei ele.

― Eu solte um pouquinho para que eu passa me sentar ao seu lado.

Bastante receosa, faço o que ele mandou e o mesmo se sentou ao meu lado, segurei o seu braço com força.

― Calma, está tudo bem, ninguém aqui vai machuca-la, não é mesmo doutor? ― Ele perguntou ao médico que acenou várias vezes. ― Viu, não tem o que se preocupar.

― C-Certo. ― Afrouxei um pouco o meu aperto em seu braço.

― Eu gostaria de fazer alguns exames na senhorita, tudo bem? ― Olhei para o moço ao meu lado.

― Ele só vai ver se você tem algum problema.

― V-Você pode ir comigo? ― Ele olhou para o médico.

― Sim, ele pode ir com a senhorita.

Eles me chamam assim, então significa que eles também não sabem quem eu sou.

― Vá preparar as coisas para fazer os exames. ― Ele falou em um tom de ordem.

― Certo. ― O médico saiu da sala rapidamente.

Ele se virou para mim.

― Pergunte.

Olhei para ele confusa, o mesmo deu um pequeno sorriso de lado, achei lindo.

― Você tem cara que quer me pegar algumas coisas, então, pergunte.

― Q-Quem você?

― Meu nome é Santiago Romero.

― Eu... Quantos anos tem?

― Quarenta anos.

― Nem parece. ― Ele sorriu. ― Você fica lindo sorrindo.

Isso fez ele desfazer o sorriso.

Eu falei algo de errado?

― E-Eu falei algo de errado? ― Ele soltou um suspiro. ― Me desculpa.

― Não, você não falou nada de errado, é só que.... Nada, esquece. Tem mais alguma pergunta?

Ele parecia tão.... Não sei dizer, parecia um homem inseguro.

― O que vai acontecer comigo agora? ― Perguntei curiosa.

― Você vai morar comigo, até eu descobri o que aconteceu com você.

Mordi os lábios nervosa.

― E... E quando lembrar? O que vai acontecer? ― Ele não falou nada por alguns minutos.

― Bom, nós iremos descobri nesse dia quando você lembrar.

Soltei um suspiro.

― O que médico falou sobre a minha condição, por favor, seja sincero comigo.

Ele se levantou e ficou de costas para mim e depois se virou.

― Ele avisou que você pode esquecer as suas novas memórias, quando lembrar as suas antigas.

Arregalei os olhos com isso.

― Q-Quer dizer que eu vou esquecer você? Assim que eu lembrar do meu passado? ― Ele acenou.

Eu.. Eu não quero esquecer.

― Vai ficar tudo bem, se você não lembrar de mim, eu vou deixar você ir embora ― O encarei surpresa com isso.

― Você vai me deixar ir?

― Eu não vou prender alguém que não lembra de mim, você é minha, mesmo que lembre de algo, você é minha. Mas, não irei a força-la a viver comigo.

― Porque? Porque você diz que eu sou sua se nem me conhece? ― Ele passou a língua nos lábios.

― Eu não sei, para ser sincero eu realmente não sei. Quando eu tiver essa resposta, você vai ser a primeira a saber.

Acenei com a cabeça.

― Se o exame não mostrar nada, eu vou poder ir embora?

― Sim, eu vou ligar para uma loja minha que eu tenho e pedi que alguém venha aqui tirar as suas medidas, vou mandar fazerem roupas para você. O que você prefere usar?

― Eu não sei, não lembro. ― Ele deu um sorriso de lado.

― Sim, eu sei disso, mi bien.(meu bem)

― Então? ― Perguntei confusa.

― Essa vai ser a sua nova vida, um novo começo, o que você gostaria de usar?

Mordi os lábios.

― O que você prefere? ― Ele me olhou surpreso por eu perguntar para ele.

― Bom, acho que você ficaria ainda mais linda de vestidos. ― Ele por um momento fechou a cara e negou a cabeça. ― É. Vestidos.

― Então, pode ser vestidos. ― Concordei com ele o fazendo acenar com a cabeça.

A porta foi aberta pelo o médico de antes.

― A sala de exames está pronta. ― O Santiago acenou com a cabeça e me encarou.

― Pronta? ― Perguntou se aproximando de mim, para poder me ajudar.

― Sim, quero sair daqui. ― Falei enquanto me apoio nele para descer da cama.

― É assim que se fala.

Sorri de leve com isso.

Acho que ele é um bom homem.

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