O Começo V
Camila Coelho
Vejo ele voltando com algemas de couro na mão. Nesta altura já estou despida completamente.
Ele me olha sério, pega minhas duas mãos e as prende na algema de couro, puxando um gancho do teto e encaixando as algemas ali com o mosquetão.
Meu braços ficam estendidos para cima. Ele sai do meu campo de visão e volta com uma caixa de madeira com uns cinquenta centímetros de altura, ele põe ela no chão e me suspende em cima da caixa. Puxa a alavanca para cima de forma que meus braços fiquem bem esticados e meu corpo reto em cima da caixa…
-Você veio atrás da dor, Camila?
-Sim mestre…
-Você é viciado em dor?
Eu suspiro... Eu prometi responder todas perguntas que ele fizer, por mais que sejam difíceis. Eu não tenho outra escolha…
-Sim mestre…
-Porque?
Quando ele faz as perguntas, eu não o vejo, porque ele não está no meu campo de visão, e eu não sei o que ele está fazendo…
-Porque eu preciso dela para aliviar a minha mente…
-E o que tem em sua mente que a deixa tão desequilibrada que precisa da dor física para aplacar?
A não... Bernardo... Você não vai arrancar isso de mim tão facilmente…
-Um passado muito cheios de merda…
Ele aparece no meu capô de visão e me olha sério. Com uma vara na mão... Daquelas fininhas, que causam uma ardência única…
Ele chega mais perto de mim e chupa meus seios... O mordendo as vezes e enfia algo dentro de mim melado... Provavelmente é um vibrador daqueles pequenos, porque ele não faz nem cosquinhas quando é enfiado…
Ele se afasta novamente, sorri e me mostra um controle…
-Vamos começar a brincar? Esses serão meus instrumentos hoje Camila... Alguma objeção?
Ele me mostra a vara e o controle do vibrador.
-Não mestre…
Como ele sabe que eu não gosto de surpresas? Quer dizer, eu nunca disse a ele isso... Só disse que não gostava de escuro.
Como ele sabe que eu me sinto mais segura quando sei o que vai acontecer?
Ele liga o vibrador e eu começo a sentir ele vibrar dentro de mim num ritmo treinado... Vibra, para, vibra, para, vibra, para…
Ele me rodeia e me dá uma varada nas pernas. Sinto a ardência na hora e gemo. Ainda bem que eu não comi muito, apenas três colheradas, porque eu poderia passar mal. É um tipo de sessão que eu preciso…
Eu preciso de ardência para retornar o equilíbrio…
Eu preciso…
Sinto outra varada, dessa vez foi na barriga.
-Ohhh…
Ele aumenta o vibrador... Dessa vez ele está vibrando o tempo todo...
E eu começo a estremecer com um primeiro orgasmo se formando...
Ele dá uma varada na bunda, na hora que o orgasmo acontece, fazendo com que a sensação se prolongue por um tempo…
Ele me rodeia de novo... Começa a tocar no sistema de som uma música que amo "Do I wanna Know" do Arctic Monkeys. Com esta música ele começa a balançar a vara ao meu redor... Como se tivesse dançando com a música. Ele fecha os olhos e se concentra na música e nos movimentos. Eu nunca vi uma coisa tão linda na minha vida…
Ele demonstra que se diverte com o jogo, de repente ele abre os olhos, ri e me dá uma varada nas pernas... Aumenta o vibrador e eu começo a sentir a pressão no baixo ventre novamente.
Ele continua dançando com a cara como se tivesse só no mundo dele... E as vezes me acerta com ela. Depois que a música termina e recomeça novamente.
Ele chega perto de mim e toca uma das marcas debaixo dos meus seios... Minha pele está suada e meu corpo estremece com o seu toque. Sem eu esperar ele empurra a caixa de madeira com o pé e eu fico pendurada.
Ele me olha com a cabeça de lado e se aproxima de mim lentamente, me pegando pela bunda e me fazendo eu me encaixar em seu colo, com minhas pernas na cintura. Ali ele começa a chupar meus seios e a brincar com eles enquanto o vibrador continua seu trabalho dentro de mim…
-Está gostoso passarinho?
-Sim mestre…
-Vai ficar mais…
Ele continua a chupar meus seios com forças e eu sinto o orgasmo dominando todos meus sentidos de novo…
Como amo essa sensação…
Eu estou embriagada, de seus beijos, de seus chupões e mordidas…
Ele retira o vibrador de dentro de mim e diz:
-Não tire as pernas da minha cintura…
Ele se afasta um pouco, pega a camisinha de dentro do bolso da calça e desce o fecho da calça ao mesmo tempo. Sua calça desce pelos quadris e ele rasga a embalagem de camisinha com o dentre me olhando... Me arruma em seu colo para que consiga colocar a camisinha e posicionou seu pau na minha entrada.
Empurrando tudo de uma vez ...
Eu grito e ele rosna…
-Que delícia passarinho!
Ele segura minha nuca pegando um monte de cabelo junto e pressiona meu rosto para que eu olhe para ele.
Me beija com gosto enquanto ele faz um vai e vem lento, aumentando o ritmo lentamente.
Ele começa a aumentar o ritmo e eu sou só sensibilidade... Me entrego inteiramente a aquele momento, que com certeza é um dos mais especiais que já vivi...
Olho para ele e ele olha pra mim... De repente sua mão sai de minha nuca e vejo os meus braços caírem ao redor de seus ombros... Ele sai de onde estamos sem parar de me beijar e deita na cama…
Aí ele aumenta o ritmo de verdade e eu vejo estrelas, passarinhos, brilhos, fogos de artifícios, borboletas... Sinto meu corpo se entregar a um orgasmo longo e me entrego as sensações... Dessa vez ele vem comigo, como se tivéssemos na mesma sintonia, e como sempre fizéssemos isso…
Ele cai do meu lado com a respiração difícil e eu continuo jogada na cama de olhos fechados curtindo o que acabou de acontecer.
A música continua tocando.Toda vez que ouvi essa música agora me lembrarei dele… Nunca mais esquecerei esse Deus grego dançando com a vara de bambu, de olhos fechados se divertindo, com um sorriso no rosto. Foi definitivamente a visão do paraíso. A visão de alguém que nunca foi machucado, que nunca foi maltratado.
Abro meus olhos e me dou conta que estou deitada numa cama com ele...seus braços ainda continuam conectados ao meu corpo.
Eu suspiro e me levanto me sentando na cama.
-O que foi?
-Pode me soltar? Preciso ir no banheiro…
- Claro... Também preciso tirar a camisinha…
Eu olho para ele aturdida... A minha desculpa foi por água abaixo.
Ele tira minhas algemas e alisa meus pulsos, automaticamente tiro minhas mãos das mãos dele e me levanto.
Só que minhas pernas ainda estão molengas por causa do orgasmo e quase caio, se ele não me segura.
-Espera, eu te levo…
-Não precisa, mestre... Estou bem, posso ir sozinha…
Saio andando devagar.
-Ainda não acabou Camila.
Eu paro no meio do caminho... Merda! Sinto ele se aproximando por trás de mim…
-Só acaba quando eu quiser…
Ele me pega no colo e me leva até o banheiro. Me põe sentada na beira da banheira e começa a encher a mesma.
Tira a camisa pela cabeça e a calça ele já havia tirado quando fomos para a cama.
Ele manda eu entrar e obedeço. Ele põe sais na água e entra do outro lado, segurando meus pés…
-Posso começar as perguntas? -Ele me pergunta sério.
-Sim mestre!
Eu fiz um trato com ele... Em troca dessa paz que sinto neste momento... Vocês não poderiam entender... Ninguém entende se não sente o que sinto…
-Porque não quer aceitar um contrato comigo? Eu vou saber se mentir…
Eu suspiro... Não tenho outra opção…
-Porque se eu aceitar terei que te contar coisas que eu não quero contar a ninguém. Não quero me sentir vulnerável diante de um dominador novamente.
-O Dominique te fez sentir vulnerável?
Como ele sabe que eu era submissa do Dominique? Aí cai a ficha... Margô deve ter falado para ele…
-Sim... Ele brincou com traumas de infância... Coisas que ele sabia que não poderia ter feito comigo, que estavam estipuladas no contrato. Mesmo assim, ele brincou... E com isso…
-Despertou gatilhos…
-Sim... Tive que voltar a terapia novamente... E ainda estou muito vulnerável e sensível. Por isso preciso de um tempo.
-Você não gostar do aftercare tem a ver com isso?
-Não... Eu nunca gostei...
Ele faz uma massagem gostosa nos meus pés e eu começo a relaxar novamente…
-Por quê?
-Porque eu não acredito no carinho... Principalmente numa relação bdsm. É falso, você não acha?
Ele enruga a testa e diz:
-Não acho... Encare como uma recompensa, minhas submissas se entregaram a mim e é uma entrega total, nada como eu retribuir a entrega. Quem não gosta de um cafuné, uma massagem nem que seja no pé... E gostoso vai…
-É gostoso desde que seja verdadeiro. Duas pessoas que acabaram de se conhecer não tem como ser verdadeiro.
Eu puxo o meu pé, me encolhendo na banheira e ele levanta uma sobrancelha para mim…
-Ok! Mas se você for minha submissa vai precisar do aftercare. Até agora eu peguei leve com você... Sessões com submissas por contrato são muito mais intensas, mexem com o psicológico e o corpo.
Eu rio.
-Você não ouviu nada do que disse, né?
-Sobre o que ? -Ele puxa meu pé novamente, recomeçando a massagem.
-Eu não estou pronta para um contrato.
-Claro que está... Eu estou nesta vida a mais tempo que você... Sei que quando uma submissa é viciada em dor ela não consegue ficar muito tempo sem sessões. Você precisa delas ... Para reequilibrar sua mente. Infelizmente terapia não faz milagre, ela ajuda, mas não faz milagre…
Eu sei disso... Pra mim amor nenhuma novidade... O que me surpreende é ele saber disso…
-Você já teve alguma submissa viciada em dor?
Ele confirma com a cabeça.
-Sim...
-E o que aconteceu com ela?
-Deve está com outro dominador, provavelmente.
-Como sabia que na hora do jogo precisava me explicar o que ia fazer? Quer dizer, isso foi uma forma que eu aprendi a lidar com os traumas , e eu sei que não falei nada para você…
-É agora que te conto que mandei investigar a sua vida?
Eu dou um pulo na banheira, que vai água para todos os lados.
Quem é esse homem? E porque ele mandou investigar a minha vida? Tiro meu pé de suas mãos e ameaço me levantar…
-Senta Camila... Eu ainda não disse que acabou...
Continua…