O Começo VI
Capítulo 6 - O começo VI
Camila Coelho
Eu voltei para o meu lugar e ameaço falar vermelho... Ele que pensa que eu vou ficar aqui ouvindo a ladainha dele... Vai para os quinto dos Infernos. Abro a boca …
E ele levanta o dedo.
-Não fale vermelho, porque se falar vai está perdendo uma das grandes oportunidades de ajuda que você pode ter em todos os tempos. Eu não quero o seu mal... Eu quero te ajudar! Mas pra isso precisa me ouvir…
Eu me encosto na banheira novamente e ele pega meu pé de novo, e continua a massagear…
- Minha família é muito importante, todos que se aproximam de mim são investigados. E você foi investigada porque eu quero te tornar minha submissa permanente.
-Porque não me perguntou?
-Porque não me contaria, e vamos combinar... É muito mais fácil conseguir as informações que quero por um investigador do que comprovar uma história que você tenha me contado.
-Deve ser triste viver assim…
Ele ri... não... Ele gargalha... Como se fosse engraçado o que acabei de falar.
Eu recolho meu pé de novo.
-Não é triste para quem está acostumado, passarinho. Eu sempre tive essa vida, não conheço outra diferente. -ele suspira capturando meu pé e voltando a massagem. -Eu sei o que aconteceu no passado e não quero que você fale sobre isso. Não precisa repetir histórias que eu já sei.
-Não sente nojo de mim?
-Porque sentiria?
Sinto um nó na minha garganta se formando... Eu não posso chorar... Não posso…
-Porque me prostituí aos dezesseis anos... Porque sou viciada em sexo violento e não consigo controlar isso... Porque…
Eu solto um soluço…
Ele me pega pela cintura e me aconchega em seus braços…
-Eu sinto orgulho! Por você ter sido forte e passado por tudo isso de cabeça erguida... E mesmo tendo sido difícil, ainda está aqui... Em pé... Lutando para viver... Conheço muitas pessoas que não aguentaram nem a metade que você aguentou e cometeram suicidio. Você é uma guerreira Camila ! E tem que se orgulhar por isso. Não sentir pena de si mesmo...
Ficamos em silêncio por um tempo e eu me esforço para não chorar.
Estou sentada em seu colo de lado com meu rosto colado ao seu peito.
- E o aftercare não é um carinho mentiroso... Se fosse tudo que aconteceu anteriormente também seria. É uma troca passarinho... Como você precisa da dor, precisa do carinho também...
-Eu nunca precisei...
Ele suspira.
-Ok! Já que não há mais segredos entre a gente. Seus motivos para me manter longe não existem mais. Eu já sei todo o seu passado... E não vou usar ele para te prejudicar... O que me diz?!?!
Me levanto do colo dele e volto para o lugar onde estava sentada.
-Eu tenho pesadelos, estou enfrentando um inferno para retornar o equilíbrio que tinha antes. Não estou preparada Bernardo.
Ele suspira e diz:
- Tá bom! Vou te dar 48 horas Camila .... 48 horas para aceitar o meu pedido. Eu quero ser seu dominador... Te ajudar a encontrar o equilíbrio que você precisa... Quero cuidar de você, mesmo recusando aftercare... Vou te dar meu contrato, quero que estude ele com carinho. Daqui a dois dias eu te procurarei e você me dará a resposta.
Eu concordo... Não custa nada dar uma olhada.
-Sim mestre!
-Quero que reflita bem... E pense bem o que vai fazer... Leia as cláusulas, leia o que você vai ganhar, o que quer mudar... É uma negociação. Se aceitar poderemos mudar o que quiser...Pese os prós e os contras. Se caso decidir a não aceitar a minha proposta, não terá volta... Eu não mudarei de idéia. Não poderemos mais nos encontrar…
-Você só aceita esse tipo de relação?
-Só... É o que quero e além de tudo é o mais seguro para mim... Você só tem uma chance Camila, eu não volto atrás nas minhas decisões.
Ele se levanta, e eu me levanto atrás ...Me passa uma toalha e eu me enxugo.
-Preciso ir embora…
Murmuro para ele. Já fiquei tempo demais de chamego com esse homem.
-Antes de ir preciso cuidar de suas marcas.
-Mestre não precisa, de verdade... Eu cuido quando chegar em casa.
-Camila, não terminei ainda…
Eu suspiro.
Eu realmente odeio esses cuidados. Me deixa dependente e eu não quero depender de ninguém. Quando fui dependente se aproveitaram da minha inocência e eu não quero isso.
Mas ele está sendo tão gentil... não gentil, adocicado, mas gentil na medida certa. Em nenhum momento senti pena vindo da parte dele, pelo contrário... Ele parecia orgulhoso mesmo... Como ele disse…
Ele termina de se enxugar e me pega pela mão me levando até uma poltrona perto de uma cômoda, ele se senta ali e tira uma pomada de uma das gavetas.
-Tire a toalha e se vire de costas.
Faço o que ele diz e ele começa a passar a pomada nas marcas da vareta.
Depois ele pede para eu virar de frente e faz o mesmo.
-Prontinho, passarinho... Agora você pode ir embora… Daniel vai te levar…
-Sim mestre! Comecei a me vestir e ele também... Ele voltou a cômoda e abriu outra gaveta pegando um envelope.
-Aqui é o contrato. Estude com carinho.
Depois que ponho minha blusa, pego o contrato nas mãos... É um envelope gordo. Pelo jeito vou ter que estudar mesmo…
Até que não seria má ideia ser sua submissa. Ele tem a medida ideal para mim. Eu nunca me senti tão bem nos braços de alguém quanto me sinto com ele e tem razão em dizer que eu preciso de um dominador. Minha sanidade depende disso.
E eu confio nele…
Gostei da reação dele quando conversou sobre meus traumas.
Ele não sentiu pena de mim. Ele até foi fofo! Se eu posso dizer isso de um dominador sado masoquista.
Eu não sei…
Eu estou tendo pesadelos sempre...
Não quero que ele descubra sobre esses pesadelos e Dom dizia que eu falava dormindo.
Não sei... Ele não deve saber de detalhes do que aconteceu comigo, porque esses detalhes só eu e aquele FDP sabemos.
Desfaço o coque que estava no meu cabelo e me sento para calçar as botas. Enquanto ele termina de vestir a roupa.
Depois que termino.
-Pronta…
-Sim mestre …
Ele me segura com carinho e me dá um beijo nos lábios.
Promete que vai pensar no que te disse, que vai ler com a cabeça lúcida e pesar os prós e os contras.
-Vou mestre! Obrigada pela sessão. Você não sabe o quanto ela significou para meu equilíbrio.
Ele ri.
-Pior que sei baby... Você não tem ideia do quanto eu sei... Vem , vou te levar até a porta…
Ele segura em minhas costas e me leva até a porta. Ele abre e fala.
-Daniel... -Ele vem do portão.
-Sim senhor!
-Leve ela em casa…-Ele confirma.
Ele segura meu queixo, me dá mais um beijo e me solta para que eu vá.
Mesmo eu ainda tendo dúvidas se devo aceitar este contrato, estou vendo que não conseguirei recusar... Ele não se interessa por relações sem contato…
E só em pensar em não ter mais suas mãos no meu corpo, eu morro um pouco por dentro.
Merda!