Capítulo 4
Ouço batidas em minha porta.
– Entre. – Falei deixando meu livro de lado.
Minha mãe apareceu, ela fecha a porta e se aproxima da minha cama.
– Como você está?
– Estou muito bem. – Sorri para ela.
Ela me olha com mais atenção, erguendo uma sobrancelha.
– Você sabe que eu não gosto quando mente para mim.
Eu desfaço o sorriso e fiquei emburrada. Furiosa é como eu estou. Não estou preparada para um casamento e saber disso de uma hora para outra é aterrorizante. Bermaty é meu lar, é onde me sinto segura. Não posso ir embora daqui.
– Não quero me casar.
– Não foi uma decisão fácil, querida. – Ela senta do meu lado e me abraça. – Também não estou pronta para ter minhas menininhas longe de mim.
– Mãe tem que ter outro jeito. – Olhei para ela com esperança. – Por favor, me diz que tem.
Ela abre a boca algumas vezes, mas nada sai. Por fim ela faz um gesto de cabeça negando. Abracei ela me ajeitando ao seu corpo igual quando eu era criança e ficava com medo. Eu estou com medo agora e infelizmente as coisas não se resolveriam.
– Quer um pedaço de bolo…
– Não, mãe. – Resmunguei. – Não sou mais criança.
Meus pais tinham esse costume quando éramos crianças. Quando estamos com raiva, tristes ou com medo de alguma coisa. Eles vinham com um pedaço de bolo e faziam a gente ver o lado bom da situação. É uma pena que agora não resolveria, o único lado bom que vejo é esse casamento sendo desmarcado. Eu não quero casar com ninguém. Sem Aaron, sem Conner e sem essa bendita fila que Aaron diz ter.
– Infelizmente você e seus irmãos não são. – Ela me aperta com mais força. – Vocês eram bem mais fáceis de lidar quando criança.
Eu ri.
– É claro. Você comprava a gente facilmente com comida.
– Tempos bons esses. – Ela riu também. – Agora vamos jantar. – Ela levanta e me puxa junto. – Aposto que uma boa comida vai fazer seu sorriso voltar.
Quem me dera!
No café da manhã do dia seguinte vi os príncipes novamente sentados na mesa conosco. Eu pensei que tivessem ido embora, eles não apareceram no jantar de ontem a noite e minha irmã não comentou nada. Que seja! Aqui estão eles. Dessa vez a conversa ficou mais entre minha mãe e os príncipes. Ela queria saber mais sobre seus costumes e perguntar sobre pessoas que eles tinham em comum.
Minha mãe é amiga de uma das mães dos príncipes. Não sei qual. Eu não prestei atenção na conversa e nem fiz questão. Quando a hora do café acaba eu me apresso para sair dali, assim como eu fiz ontem na hora do almoço.
- Minha Elena. – Meu pai chama minha atenção. Respiro fundo e me viro para ele. – Mostre um pouco do nosso lá para príncipe Aaron. Tenho certeza que você será uma boa companhia.
Uma ordem silenciosa para que eu me comportasse. Faço um gesto concordando e uma pequena reverência a meu pai. Ele não gosta que seus filhos façam isso. Eu também não gosto da ideia de me casar. Como não posso ir contra ele, farei algumas coisinhas de que não gosta para afastar meu descontentamento. Aaron veio até mim. Ele estendeu o braço para mim e não recusei.
Quando as portas se fecharam atrás de nós eu me afastei.
- Você conhece o castelo. – Olho para ele. – Faça o que quer e me encontre daqui a duas horas no jardim…
- Você não é boa em cumprir horários.
Faço uma careta.
- Eu sempre cumpro... – Aaron ergue a sobrancelha. – Ok. Talvez nem sempre.
- Você vai caçar?
Fico em silêncio. Só falta ele começar a ditar suas regras agora. Começar a me impedir de fazer as coisas que gosto. Eu preciso conversar com meu pai, ele precisa me ouvir…
- Posso ir com você?
Arregalo os olhos, olhando surpresa para ele. Aaron sorriu.
- É esse o seu medo? Que eu a proíbe de caçar. – Ainda fico sem responder. Estou surpresa demais. – Por que eu faria tal coisa? Não vejo problema nisso.
Minha respiração falha. Clarisse me forçou a sair com alguns homens na vila, mas todos sabiam do meu amor por caça, cavalgar e às vezes treinar com os soldados. Esse último é bem raro. Os homens me acharam moleca de mais para eles. Alguns não ligam para que eu seja a filha do rei até porque sou adotada e não tenho sangue real.
- Está tentando fazer eu gostar de você e depois do casamento tudo mudar?
É esse o plano dele? Estou séria e vou direto ao ponto. Está apenas se fazendo de bom moço? Talvez queria que eu aceite esse casamento logo esse casamente e para de importunar. Então acredita que se fazer de bom moço vai ajudá-lo. Aaron que antes sorria também ficou sério quando viu que não estou brincando.
- Princesa Elena, não tem porque eu fingir ser uma pessoa que não sou. – Aaron franziu a testa. – Se não acredita em mim. Pergunte ao seu irmão, ele me conhece muito bem.
A menção do meu irmão fez eu desviar o olhar. Estou triste com ele. Ainda não tínhamos conversado e não faço questão disso. Ele será o rei e só agiu como tal. Mesmo que me machuque tenho que aceitar que as coisas não são mais como antes.
- Vocês não estão bem? – Aaron quis saber. – Não sei o que aconteceu, mas talvez devesse conversar com ele sobre mim. Treinamos juntos no acampamento dos Crey.
A Família Crey tem os melhores soldados. Aquela família nasceu para lutar na guerra. Todos os membros daquela família são professores, até mesmo as mulheres. Os treinamentos são rigorosos e muitos desistem por não aguentar os ensinos. Os soldados formados lá são mandados para os reinos e assim fazer nossas proteções. Havia muitas escolas assim, mas da família Crey é mais comentada.
Então Aaron assim com Erick não eram apenas príncipes prontos para receber a coroa e governar seus reinos. Ambos são guerreiros também. Soldados treinados e formados pelo, o ancião da família Crey. Fiquei um bom tempo sem ver Erick quando ele foi para esse acampamento.
- Se nos conhecemos melhor. Talvez as coisas fiquem mais fáceis, fica mais fácil aceitar o casamento. – Aaron continuou. – Mas conversar com ele…
- Não. Vamos passear pela vila. – Me recomponho. – Tenho coisas para comprar.
Eu não precisava comprar nada. Caso eu quisesse algo em urgência, os empregados trariam para mim. Essa última parte raramente uso, prefiro eu mesma ir comprar minhas coisas. Antes de sairmos do castelo forcei príncipe Aaron a colocar roupas mais simples, eu não queria chamar atenção enquanto andamos pela Vila.
As pessoas nos reconheceram, mas não ficaram andando atrás de nós como costumam fazer. Aaron dava sorrisos contidos e aceno de cabeça para o povo. Eu não gosto quando o povo fica em cima, eu fico sufocada. Traumas ainda não superados. E as pessoas do reino do meu pai respeitam isso ou na maioria das vezes. Sempre tinha uns que queriam chamar atenção e escolhiam a mim para poder ter algum contato com o rei. Pensam que se for legal comigo, eu vou correr para casa e falar bem deles para meu pai.
Tolos.