Capítulo 5
Príncipe Aaron caminho até uma loja de lenços. Um mais lindo que o outro. Acompanhei ele ficando ao seu lado, Aaron toca em um. Azul-claro com algumas flores decorando. As flores me lembram muito as do jardim do castelo.
- Foi inspirado no jardim da casa real. – A vendedora explica.
Aproximo mais olhando esse lenço e outros.
- Vou levar. – Aaron dá algumas moedas à vendedora.
Ela sorri e começa a embalar seu pedido.
- Encontrou o que precisava comprar? – Ele pergunta sorrindo.
Cínico. Olho para outros lenços.
- Você sabe que não vou comprar nada.
Ouvi sua risada. Andamos mais um pouco.
- Elena!
Olho para trás vendo Clarisse. Ela vem correndo até mim.
- Você não vai caçar hoje? Sabe que não consigo pegar os maiores.
- Clarisse, hoje não vai dar.
- Ela não quer caçar por causa de mim. – Príncipe Aaron sorri vendo a Clarisse arregalando os olhos ao olhar para ele.
Clarisse ainda não tinha percebido sua presença.
- Oh, príncipe Aaron. – Clarissa faz uma reverência. – É uma honra conhecê-lo.
- Digo o mesmo, Clarisse.
Clarisse olhou para mim toda sorridente. Revirei os olhos, ela já está rendida a ele. Não basta meu irmão? Às vezes eu penso que Clarisse sairia melhor na realeza do que eu. Ela me olha confusa.
- Você com um príncipe? Ai, meu Deus! Não me diga que…
- Clarisse, eu tenho certeza que você tem algo melhor para fazer. – interrompi ela.
Não queria ter que tocar nesse assunto sobre o casamento novamente. Ainda fico com raiva só de pensar.
- Eu até teria, mas você não quer caçar. – Ela me olhou suplicante. – Vai ter gente lá em casa hoje, Elena.
- Então vá até à cozinha real…
- Não. – Ela diz e fica emburrada. – Meu pai me proibiu de pegar comida lá.
Todas as caças que eu fazia dava para a família da Clarisse e eles davam para quem mais precisasse. Era a minha forma de contribuir para o reino. Mesmo que meu pai tenha suas formas de fazer isso.
- Eu não me importo de ir caçar com vocês. – Aaron se ofereceu. – Assim teremos caça em triplo.
- Hum, duplo. – Clarisse corrigiu ele e sorriu envergonhada. – As minhas caças mal dão para uma pessoa só comer.
Clarisse é péssima para caça, mas para fazer é maravilhoso. Clarisse é uma ótima cozinheira. Ninguém dizia o contrário.
- Mas um motivo para eu ir então. – Aaron diz para mim.
Ele não entende que não quero ele perto de mim. Aaron deveria estar em qualquer canto desse reino desde que estivesse bem longe de mim. Caçar com a Clarisse é algo íntimo para mim e ouve um tempo que nem deixava ela ir comigo. Clarisse é muito barulhenta.
- Elena, por favor. – Clarisse juntou a mão em frente ao corpo.
- Ok.
Dou-me por vencida. Clarisse não nos deixou trocar de roupas. Então só deu tempo de pegar as armas e os cavalos. Assim como eu, Aaron carregava seu arco e flechas. Cavalgamos até um ponto da floresta. Amarramos nossos cavalos em uma árvore e seguimos a pé.
- Então Príncipe Aaron, o que você faz com a minha melhor amiga pela cidade?
Eu caminhava à frente deles.
- Pode me chamar apenas de Aaron.
- Se eu fosse você não daria tanta intimidade a ela. – Aviso. – Ela pode abusar.
Clarisse é muita tagarela e agitada. Uma conversa com ela poderia durar horas e horas.
- Elena, não fale assim de mim! Eu sou sua amiga há dez anos.
Aaron riu da forma como Clarisse falou.
- Como se conheceram?
- Deixa que eu conto! – Clarisse grita.
Barulhenta demais! Revirei os olhos. Como se eu fosse contar a ele sobre isso ou qualquer coisa.
- Em umas das tentativas de Elena para fugir do castelo, eu esbarrei com ela em um dos corredores. Nesse dia minha mãe estava trabalhando no castelo e me levou para ajudar. – Clarisse contava sorrindo. – Os guardas estavam atrás dela e eu fiquei em dúvida se dedurava ela ou a ajudava. Não queria me meter em encrenca. Elena me disse que se eu ajudasse ela, ela me daria um veado grandão para mim comer.
- Você aceitou? – Aaron perguntou rindo dessa história.
- É claro! A gente foi para a floresta e caçamos, caçamos e voltamos sendo arrastadas pelos guardas. – Os dois riram. – Depois desse dia nos tornamos grandes amigas.
Eu sorri, mas não os deixo ver. Clarisse é minha melhor amiga e é um dos motivos para que eu não vá embora. Não posso deixá-la. Clarisse foi uma grande amiga nesses anos. Sua amizade me ajudou muito. Ela não imagina como me ajudou. Mesmo que tenha passado cinco anos aqui em Bermaty, eu não conseguia fazer amizade com outras crianças além dos meus irmãos.
Clarisse com esse jeito dela me ajudou a se soltar mais. Quando prometi o veado para ela, eu imaginei que depois desse dia a gente não se veria mais. Clarisse foi no dia seguinte me procurar para a gente brincar.
- Imagino que saiba muito sobre ela.
- Sim! Muito. – Ela diz orgulhosa de si mesma.
- Talvez eu devesse sair pela cidade com você para poder conhecer mais sua amiga.
- Ela não é fácil. – Clarisse balança a cabeça. – Mas ela…
Paro de andar e olho para ela.
- Chega! Nem mais um ‘A’ sobre mim. – Aperto os olhos em sua direção.
- Mas eu gostei dele…
- Então case você com ele!
Clarisse fica emburrada.
- Eu não posso. Preciso ter certeza se seu irmão não tem sentimentos por mim. Ou o Benjamim... – Clarisse para e pensa um pouco. Depois olha para o Aaron. – Desculpe Aaron, mas você se encaixa no quinto lugar. E não é pela beleza não, porque Márcio nem é tão bonito assim. É por chegada mesmo.
Rindo, Aaron faz uma pequena reverência a ela.
- É uma pena.
Clarisse sorri.
- Ela é cabeça dura, mas não desisti. – Ela cochichou.
Eu ouvi! Aaron assentiu. Eu suspirei irritada e voltei à caminhada. Fomos diminuindo os passos quando encontramos nossa presa. Aaron se abaixou do meu lado.
- Está muito distante. Quer que eu…
- Eu consigo. – Peguei a flecha e coloquei no arco.
Respiro fundo. Ignoro os dois do meu lado e foco no animal. Na floresta. Escuto o som das árvores, dos pássaros. Sinto o movimento do vento e cálculo mentalmente a distância. Concentro-me no animal sem deixar de pensar em tudo ao meu redor. Ao sentir o vento ao meu redor eu solto a flecha.
Não foi difícil. Eu já atirei nessa distância antes.
Clarisse solta um gritinho e sai correndo até o animal.
- Quem te ensinou a usar arco e flecha? – Aaron parecia surpreso.
- Eu aprendi sozinha.
Ele segurou no meu braço, paramos de andar.
- Sério?
Franzi a testa.
- Sim. Porquê? – Olhei para ele confusa.
- Você tem uma mira ótima. Até mesmo um arqueiro de elite na sua idade teria dificuldade.
- Então ele não treinou o bastante. – Volto a andar.
Aaron sorriu e me seguiu.
- Você não vai ceder, não é?
- Você disse que veio preparado para meu jeito. – Lembrei ele. – Já está desistindo?
Seu sorriso aumentou.
- Não, mas se continuar difícil assim terei que pegar mais pesado também. – Ele inclina a cabeça para o lado dando o aviso.
Eu ri. Foi uma risada de deboche.
- Ah, é? E o que você vai fazer…
Não terminei de falar. Aaron colocou o pé na minha frente me pegando de surpresa. Antes que eu caísse, Aaron segurava na minha cintura com apenas uma mão, me trazendo de volta, juntando seu corpo no meu. Não foi nenhum esforço para ele. Respiro com dificuldades. Ele está muito perto.
Seus olhos me prende. Aaron não diz nada nos segundos seguintes. Ele me olha com intensidade passando seus olhos pelo meu rosto como se quisesse gravar cada detalhe. Eu me pego fazendo o mesmo. Seus olhos na cor castanho escuro são hipnotizantes. Lembra a cor do meu cabelo. Sua boca é carnuda e muito convidativa. Os traços em seu rosto são bem marcados o deixando mais másculo.
Seus braços são fortes. Sinto segurança com seu braço em volta da minha cintura. É firme e traz a certeza que não deixaria eu cair enquanto estiver nos seus braços. Estou com uma mão em seu braço e a outra no seu peitoral. Eu sinto o quanto é firme.
- Também posso jogar. – Ele sussurra. – E não vai ser nada de mais... Já que logo estaremos casados.
- Você... Você... – Minha voz falha.
Não consigo formar uma frase. O que está acontecendo comigo? Eu deveria dar uma resposta afiada a ele, mas não consigo. O que penso e desejo nesse momento é outra coisa. Com a outra mão ele faz um carinho em meu rosto. É bom sentir seu toque. Aaron olha para minha boca.
- Gente fazem isso depois! – Clarisse nos chama. – Preciso de ajuda aqui.
Me afasto do Aaron às pressas e vou até Clarisse. Se não fosse por ela ali… Obrigada, Clarisse! Continuamos a caçar e Aaron pegou a última caçar. Clarisse não parava de falar, ela realmente gostou do Aaron. Ela sempre foi bem extrovertida, mas se controla com aqueles da realeza que não gosta de conversar. Nem mesmo com meu irmão ela conversava tanto.