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Capítulo 7 – Cansaço

O rei ao se afastar de Lydia, marcha irritado também para a saída da delegacia, sua mente está fervendo com os pensamentos bravos em direção a moça.

Como ela consegue ser tão falsa? Tão imprudente e interesseira? Cinco anos vivendo em meu palácio, eu lhe dando tudo do bom e do melhor e ela continua com esses joguinhos imaturos? Não me surpreenderia se ela tivesse feito todo esse show do assassinado só para me obrigar ajudá-la, chamando minha atenção dessa forma. Mulher ingrata e louca. Esses foram os pensamentos irritados do rei Ethan em torno de Lydia enquanto ele se afasta dela, entretanto, ao chegar na frente da delegacia Ethan é surpreendido por uma criança de cinco anos, a criança tromba nas pernas de Ethan e cai no chão assustado.

— Ei, você está bem? — Ethan pergunta preocupado e se agacha na frente do menino.

— Sim, desculpa. Não vi por onde eu corria, mamãe sempre fala que temos que olhar — o menino tem uma voz angelical e muito animada.

Quando menino se levanta e fica na altura dos olhos de Ethan, o rei fica um pouco surpreso ao perceber uma certa semelhança na criança, mas não consegue entender o que seria ou como.

Antes que houvesse qualquer tempo de processar melhor a informação sobre a aparência da criança, o pequeno menino saiu em disparada correndo de novo para longe do rei. Ethan se levanta e os seus pensamentos em torno de Lydia agora são mais afetuosos, ele quer saber quem fez aquilo, quem matou o ex-chefe dela.

Ethan pega o seu celular do bolso e continua a caminhar de forma rápida e decidida até o seu carro, nessa mesma agilidade ele vai ligando para o seu melhor amigo, Liam. Em menos de três toques da chamada, Liam já atende o telefone.

— Liam, boa noite — Ethan inicia as saudações rápido e muito sério. — Preciso que você faça algo por mim, é muito importante. Explico tudo quando eu chegar no palácio.

— Ok, senhor. Está tudo bem com você? — Liam pergunta com a voz um pouco rouca, o sono já estava em seu corpo quando o telefone tocou.

— Sim, estou, mas é algo urgente. Preciso que você investigue um assassinado — Ethan declara e entra em seu carro.

Ethan dirige determinado a chegar logo no palácio, ele quer resolver essa questão da Lydia o mais rápido possível. Por mais que o rei fique irritado com a moça e ache tudo um jogo de sensualidade para dormirem juntos, Ethan se vê compilado a ajudá-la, ele não consegue entender como isso é possível, mas quando está com Lydia, nos breves momentos em que os dois não parecem estarem em um jogo de provocações, o rei sente algo um pouco além do que a atração.

Durante o caminho de volta para casa, ele recorda do abraço que Lydia lhe deu, foi algo inusitado para ele, mas pareceu a coisa certa, sentir o coração da moça batendo por detrás daquelas finas roupas, fez o próprio coração do rei descompassar por segundo. Ter ela em seus braços foi uma sensação gostosa, mágica até.

Ao deixar o carro na garagem, Liam já estava no corredor esperando por Ethan. Os dois trocaram um aceno de cabeça e logo foram ao trabalho de encontrar o verdadeiro culpado daquele assassinado. Quando se é o rei, as coisas têm uma certa agilidade de serem feitas.

Após a saída brusca de Ethan e a descoberta final, Lydia tenta se recuperar antes de ir embora da delegacia. Mais uma vez Lydia se sentia o seu corpo e seu espírito sujo com toda as coisas que aconteceram nessa noite, ela queria poder ser uma outra pessoa, alguém sem cicatrizes dentro da sua alma, dentro do seu coração.

Ela dá passos arrastados até a frente da delegacia, sem saber que seus filhos estão esperando por ela. Quando a moça chega na recepção, seu filho Pat e sua filha Sadie são os únicos acordados ainda, os outros dois estão deitados no banco da delegacia ao lado da avó que chora desesperada.

— Mãe, mãe, mãe! — Sadie grita animada mesmo com o seu corpo cansado e com sono, a menina vem na direção de Lydia que se assustada um pouco com a surpresa deles ali.

Beatriz ao notar a agitação das crianças, se levanta aliviada ao ver sua filha solta. A senhora estava a horas desesperada pensando como poderia cuidar daquelas crianças sem a ajuda de Lydia e de seus pagamentos. Diferente das crianças que não conseguem ainda assimilar todo o infortuno na vida de Lydia, Beatriz percebe que sua filha está muito abalada, as roupas curtas deixam Beatriz desconfortável ao notar o verdadeiro serviço e sacrifício que Lydia faz pela família.

A jovem mãe pega a filha no colo, a pequena Sadie beija o rosto da mamãe com alegria, isso dá uma energia mágica para Lydia se sentir um pouco melhor ao sair daquele lugar. Pat vem de encontro a sua mãe e abraça a cintura dela com a maior força que o pobre coitado consegue mesmo estando muito cansado e com sono, igual a sua irmã.

— Meus anjinhos, vocês todos deveriam estar na cama — Lydia comenta com a voz maternal e beija o rostinho de Sadie, a outra mão livre faz um carinho nos cabelos do filho. — Vem, vamos para casa, mamãe vai colocar vocês para dormir.

Beatriz vem de encontro a sua filha e lhe dá um beijo na testa.

— Fiquei tão preocupada com você, minha filha — Beatriz confessa com pesar. — Eu simplesmente não sabia o que fazer. Eles me contaram tudo, como é que....

— Conversamos em casa, mamãe — Lydia interrompe e olha para os seus filhos — por favor.

— Claro minha filha, claro — Beatriz concorda com rapidez.

A avó acorda as outras duas crianças e todos eles vão para fora da delegacia, Beatriz tenta achar um taxis enquanto Lydia fica rodeada pelas crianças sonolentas. Todas elas se agrupam nas pernas e cintura da mãe, querendo o afago e aconchego que somente Lydia é capaz de dar.

Quando todos já estão dentro do taxi, as crianças logo pegam no sono e Lydia respira aliviada com o sossego dos seus filhos em seu colo. Seu corpo está exausto e ela mesma descansa durante a viagem para casa.

Chegando no seu lar, Lydia leva as crianças para os quartos e as preparam para dormir, com o horário da madrugada e o cansaço dos pequenos, não é difícil deixar eles todos aconchegados em suas camas.

Lydia quer simplesmente tomar um banho e dormir, porém, sabe que precisara conversar com a sua mãe sobre todo o ocorrido, ao voltar para o segundo andar, Beatriz já se encontra no fim da escada e antes que Lydia pudesse terminar de descer, a sua mãe a puxa para um abraço.

— Eu achei ia perdê-la, minha filha — Beatriz confessa ao ouvidos de Lydia. — Eu fiquei tão apavorada com tudo isso, me fez refletir e perceber o quão incrível e forte você é minha filha. Você tem provido por nós por todos esses anos. Eu tenho que pedir perdão a você, Lydia. Perdão por sempre querer que você encontre alguém rico que tire a gente dessa miséria, por sempre brigar contigo e reclamar. Prometo não fazer mais isso, minha filha.

Lydia fica em choque com a declaração da sua mãe, ela demora um minuto para processar tudo aquilo e quando o faz, um certo alívio percorre o corpo da moça. A jovem já não tinha mais forças para aguentar as críticas de sua mãe, era como se suas palavras maldosas fossem flechas venenosas. Mas agora, o pedido de desculpa e perdão, fossem a cura.

— Obrigada, mamãe — Lydia responde com ternura. — Eu lhe perdoo.

Beatriz sorri aliviada com a confissão e percebe que mesmo assim será necessário conversar sobre o que aconteceu. Lydia nota o olhar da mãe e ela acena concordando.

— Minha filha, como foi possível? A policial me informou que a faca era sua, como? Por que você andaria com uma faca, filha?

— Não, mamãe — Lydia nega cansada. — Ela foi roubada de mim no dia em que eu a comprei, não comentei nada antes porque não achei que isso aconteceria. Agora pensou que talvez tenha sido tudo planejado — Lydia mente.

A moça não quer admitir e contar a verdade para a sua mãe, que ela andar armada com a faca por sua proteção, após ter sido violentada, Lydia precisava se proteger, se sentir segura e a faca lhe proporcionava isso. Beatriz e Lydia nunca conversaram sobre o estupro, para Lydia isso era bom, não queria falar em voz alta sobre o pior dia da sua vida.

— As coisas vão ficar bem — Lydia declara esperançosa. — Não se preocupe mamãe.

Beatriz concorda com a cabeça, mas não tem tantas esperanças como a filha, mas ela não diz nada do contrário para chatear Lydia. As duas se despedem e Lydia finalmente vai para o seu quarto e se tranca no banheiro, de baixo do chuveiro ligado e quente, a pobre moça chora ainda mais com tudo o que lhe aconteceu. Agora flashs da noite em que foi estuprada se misturam com a do seu chefe estirado morto no chão.

Ela tenta retirar as imagens da sua cabeça, porém é difícil. Lydia se leva e tenta mais uma vez tirar qualquer vestígio de Ethan do seu corpo. O coração da moça está dolorido demais após descobrir a verdade, o momento do abraço ainda arrepia o corpo da moça e ao mesmo tempo lhe dá calafrios ao recordar que a primeira vez que os dois se tocaram foi com brutalidade. Como era possível que o mesmo toque tênue e caloroso que Lydia sentiu ao abraçar o rapaz, foi a cinco anos atrás um toque hostil e bruto que ela nunca poderia esquecer?

Logo que o dia amanhece, Liam vai até o setor do IML que fica perto da delegacia. Por ser melhor amigo do Rei e possuir alta patente no serviço do palácio, Liam consegue ter acesso a todo o caso do assassinato. O rapaz investiga o relatório feito pela polícia, ele percebe que possui alguns detalhes malfeitos e decide que ele mesmo vai fazer a autopsia novamente no cadáver.

Horas mais tarde, o Liam tem um resultado totalmente diferente do que a polícia havia colocado no relatório. O chefe de Lydia não havia sido morto pelas facadas dadas em suas costas, mas sim por um envenenamento.

O rapaz refaz mais uma vez o teste para ter certeza daquele resultado e mais uma vez, quando o teste volta o resultado é o mesmo. A causa foi envenenamento.

— Quem fez isso queria que fosse para parecer que foi pela faca, assim conseguiria incriminar a moça. Mas por que alguém faria isso? — Liam comenta pensativo consigo mesmo enquanto rele o relatório. — Na realidade, quem faria isso?

Liam pega todas as novas provas e vai em direção ao palácio, o rei iria ficar contentem ao descobrir a verdade dessa assassinato forjado. Será que era algo dos inimigos do rei? Liam pensava em todas as possibilidades enquanto voltava para o palácio.

Lydia passara o dia inteiro na cama, seu corpo não possuía energia para fazer muita coisa além de virar de um lado para o outro enquanto tentava dormir cada vez mais. Seus filhos ficaram ao seu lado tentando fazer a pobre moça sair da cama e brincar com eles, mas Lydia não conseguia.

— A mamãe está um pouquinho indisposta hoje, meus anjinhos — Lydia explicou com a voz murcha. — Mas sabe o que poderia ajudar muito a mamãe hoje?

— O que, mamãe, o que? — Dion pergunta curioso.

— Que vocês brincassem de caça ao tesoura lá no quintal — Lydia sugere com uma animação para atrair as crianças. — Vocês são os melhores caçadores que existem e se vocês procurarem o tesouro no quintal, a mamãe vai melhorar rapidinho.

— Você plomete, mamãe? — Allie pergunta acanhada.

— Mamãe promete, minha flor — Lydia assegura e dá um beijo no topo da cabeça da filha. — Agora vão lá, vão brincar crianças.

Um pouco relutantes, as crianças obedeceram. Um alívio veio e Lydia se afundou mais na cama e tentou voltar a dormir, mas seu subconsciente continuava a mostrar o rosto do seu chefe morto e a moça se sentiu muito amedrontada com o sono depois daquilo. Sua mãe trouxe o café da manhã na cama para Lydia.

— Talvez seja uma boa hora de procurar outro emprego, minha filha — Beatriz sugere.

— Mas aonde mamãe? — Lydia pergunta com desanimo. — Não existe nenhuma vaga que me dê os horários da noite que pague bem como esse. Não quero ter que deixar as crianças sem mim por muito tempo durante o dia.

— Eu sei querida, mas às vezes é preciso fazer alguns sacrifícios — sua mãe responde com a voz suave.

— Se alguma coisa aparecer, prometo ir. Mas não posso sair desse emprego, mamãe. Simplesmente não posso.

A noite chega e Lydia então sai da cama para ir trabalhar. Sabia que sua mãe possuía uma certa razão, mas a moça também estava certa, ela já havia procurado outros lugares e não existia nada melhor para ela do que o cassino.

Infelizmente para a moça, o cassino também não era mais o melhor lugar para ela trabalhar naquela noite. Após ela ter sido presa e liberada, as fofocas e rumores sobre ela ter sido acusada do assassinato do chefe já circulava pelos seus colegas e até mesmo alguns clientes.

Lydia está no vestiário, trocando de roupa quando uma de suas colegas faz um comentário:

— Aposto que ela o matou quando percebeu que o chefe não iria dar um tostão para ela — a funcionária diz com a voz alta, querendo que Lydia escutasse. — Além de puta, é uma assassina.

— O que foi que você disse? — Lydia se vira furiosa para a moça que está com um olhar de deboche e desdém.

— O que você ouviu querida, tá ficando surda? O sangue do nosso querido chefe entrou na sua orelha?

— Não, mas você deve estar com um parafuso a menos na cabeça, queridinha — Lydia rebate. — Já que diferente de mim, você não consegue prender atenção de nenhum macho rico, não é?

— Como é? — a moça diz indignada.

— Realmente tem um atraso mental, precisa que eu desenhe ou quer que eu corte a sua garganta fora igual eu fiz com ele? — Lydia ameaça brava e a moça recua. — Eu posso ser acusada de assassina, ladrona, puta, piranha ou vadia, mas sabe a diferença entre mim e você? É que mesmo com todos esses títulos, os homens ainda querem trepar comigo e com você somente as bebidas eles vão querer.

Lydia sai do vestiário se sentindo superior e mais confiante. Ao chegar ao seu posto de costume, um segurança surge ao lado dela.

— Senhorita, você foi convocada para o setor da gerência. O novo chefe quer conversar com você. Por favor me acompanhe.

A moça gela no lugar quando escuta aquilo. Será que eles vão me mandar embora? Por Deus, por favor, por favor, não me deixem me mandarem embora. Eu preciso desse emprego, eu preciso muito desse emprego! Lydia súplica consigo mesma, enquanto segue o segurança para o outro andar do cassino.

(っ◕‿◕)っ ♥ Comentem o que acharam do capítulo, isso me ajuda muito. ❤(ˆ‿ˆԅ)

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