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O acordo

Nádia

Eu sorri para ele e dei de ombros. Entretanto, as palavras do sheik ficaram ecoando em minha cabeça: Ele iria se casar, pronto a se prender em um casamento sem amor. A moça deveria ser rica, alguma princesa árabe. O casamento estava firmado em algum negócio vantajoso.

— Vossa majestade, eu preciso ir. —Olhei meu relógio de pulso “Nove horas." — Meus pais ficarão preocupados caso eu passe das dez.

—Avise seus pais que você dormirá no emprego e se precisar viajar comigo, terá que estar disponível.

Eu fiquei em luta novamente.

— Minhas palavras não serão o suficiente. Eu não sei se eles acreditarão. Eles podem pensar que estou de armação.

Ele sorriu friamente para mim.

— Não seja por isso. Traga-os para jantar, amanhã aqui. No mesmo horário. Eu falo com eles.

Mal continha minha felicidade. O sorriso de satisfação brilhava em meus olhos, com certeza; e eu não conseguia deixar de sorrir para ele muito grata.

Eu vi ele se levantar, e me levantei em seguida.

— Está certo. — Disse séria e perturbada pela forte atração que ele despertava em mim.

Mansur

Vi a satisfação dela, seu sorriso era lindo, e ela novamente atraiu meu olhar.

Não consegui deixar de passear meus olhos por aquelas curvas. Sim, ela era estonteante. Seu corpo bem definido aderido ao vestido fez meu coração bater agitado no peito. Me senti meio atordoado por isso.

Estava acostumado a estar no meio de mulheres bonitas. Mas Nádia tinha algo que eu não sabia explicar o quê; só sabia que meu corpo pulsava em resposta ao que via.

De certa forma me senti mexido por ela me excitar dessa maneira. Eu nunca admiti misturar a vida profissional com a pessoal. O sexo, desejo, luxúria... nada disso poderia acontecer no local de trabalho. Eu tinha planos para ela...

Dentro do meu íntimo se agitava uma pergunta: O que me levou a convidá-la trabalhar?

Dó da moça? Uma coisa eu sabia, ela me instigou a vontade de conhecê-la melhor...

—Preciso ir. —Ela me lembrou.

—Claro. —Sorri.

Nádia

Mansur chamou um guarda real em árabe que ficava ao lado da porta de entrada:

— Jafé. Chame Muhafa.

Logo o funcionário apareceu.

—Leve a senhorita à sua casa. — Ele voltou então seus olhos para mim. —Essa alegria que vejo em seu sorriso é por trabalhar mesmo? Ou vê no emprego uma forma de adiar esse casamento?

Gostava de jogar limpo, por isso falei com sinceridade.

— Vejo o emprego como uma salvação de uma vida infeliz, casada com um homem que não amo. E claro! Pelo emprego também. E tenho certeza que meus pais não conseguirão negar-lhe o desejo de que eu seja sua assistente.

Ele que me estudava, abriu o sorriso.

—Gosto disso. Sua sinceridade! Espero que saiba desempenhar sua função com objetividade e eficiência.

—Nunca cursei uma universidade. Fiz vários cursos, mas aprendo rápido.

Mansur

Meus olhos correram de novo aquela morena à minha frente. Ela deveria ser virgem, e isso me agradava e muito.

Afastei os pensamentos e me concentrei na despedida.

—As-salāmu 'alaykum.

—Wa'alaykum as-salām.

Nádia

Coloquei o meu casaco, aliviada. Não por sentir frio, mas para me proteger dos olhos quentes do Sheik sobre mim. Ele conseguia me deixar nervosa. Sem olhá-lo, dei-lhe as costas e segui o funcionário até uma Mercedes branca que me aguardava na entrada do palácio.

Cheguei a minha casa, nove e quarenta. Meu pai sorriu ao me ver entrar no hall no horário. Eu sorri para ele em resposta.

—E então? —Ele então me perguntou, ansioso.

Suspirei.

— Preciso ir ao banheiro papai. Já conversamos. — Disse isso, morrendo de vontade de tirar o vestido.

Entrei no quarto e tirei o casaco. Minha mãe nessa hora entrou sem aviso. Só vi seus olhos correrem meu corpo. Ela ficou branca como um papel.

Tadinha. Ela que tinha escolhido o vestido. Era natural que se sentisse mal.

Corri até ela e a fiz sentar-se em minha cama.

—Allah! Allah! Allah! —Ela falava com as mãos no rosto.

—Mamãe, por favor não fique assim.

Com os olhos vermelhos e as lágrimas escorrendo me olhou pesarosa.

Mas mesmo abalada ela se irritou, e disse gritando:

— Como não ficar assim?

Eu disse nervosa.

— Fala baixo! Você quer que papai descubra?

— Então mesmo com esse vestido, você agradou Fadir?

Eu suspirei.

— Não, eu agradei o Sheik.

Ela arregalou os olhos. E se irritou, ficou em pé.

— Pareeeeeeeeeeeeeee já!

—Verdade mamãe. Vocês irão ao palácio amanhã.

— Não acredito!

— Pois acredite!

Ela ficou emocionada e me abraçou.

—Filha! Allah! Nem sei o que dizer.

—Não diga nada. Vou tirar o vestido antes que papai me veja e depois conto tudo a vocês na sala.

Vou te esperar lá então. Vi mamãe sorrir sonhadora.

Santa ingenuidade! Também, minha mãe vivia em função de meu pai, e sua vida era ditada em tudo. Coitada! E agora?

Não ia pensar nisso agora! Coloquei um vestido de algodão. Fiz questão de colocar um branco, demonstrando castidade.

Mamãe estava pensando que o Sheik tinha se interessado por mim de outra maneira. Eu iria deixar que eles pensassem. Quando eles fossem ao palácio, não negariam ao Sheik a minha oportunidade de trabalhar quando ele conversasse com eles. Se eu contasse para eles agora, iriam dramatizar as coisas.

Allah! Eu os conhecia, como a palma de minha mão.

Calcei meus chinelos e fui até a sala com o rosto sereno. Meu pai logo que me viu, sorriu e disse em árabe.

— Minha princesinha! Esse Sheik é esperto, lógico que iria reparar nos predicados da minha Nádia.

Eu sorri, mas triste em ocultar a verdade.

— Ele me amou.

— Claro que ia amar! E Fadir? Como foi isso?

— Ele não ia contrariar o Sheik. Ele aceitou, numa boa.

— O Sheik dever ter sido muito direto.

— Sim. E amanhã todos nós iremos jantar com o Sheik.

Meu pai emocionado, beijou minha cabeça.

— Estou orgulhoso de você! —Eu sorri em resposta para eles. — Nos conta mais!

—Papai, amanhã o senhor e a mamãe conversarão com ele.

Meu pai tirou da carteira o cartão de crédito e deu para a minha mãe.

— Amanhã quero vocês duas vestidas como princesas!

Allah! Com as palavras dele, me senti a perfeita gata borralheira e que sua varinha mágica era aquele cartão de crédito me transformando em uma linda Cinderela.

No dia seguinte, eu não estava calma. Estava uma pilha de nervos. Derrubei café na roupa. Tropecei no tapete e quase fiquei com um galho enorme na testa. No almoço não consegui comer quase nada. Agora à tarde estava andando no meu quarto como um leão enjaulado preocupada com o jantar, e esperando minha mãe se trocar, para irmos ao shopping.

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