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3. Vai me pagar

Isabella Maziero

Isabella gelou quando Marcos Rossi sussurrou em seu ouvido. Ela sabia que era em vão tentar fugir; já estava presa naquela casa. Por que entrou no carro daquele homem?

"É muito dinheiro, eu não tenho esse valor," ela murmurou, a voz trêmula. Ele parou na frente dela, colocando uma mão de cada lado da poltrona onde ela estava sentada.

"Isso não me importa. Quero receber o que sua irmã me deve e você é a única que pode pagar, já que sua família não tem um tostão furado," ele disse, aproximando-se ainda mais. Seus lábios quase se tocaram, e Isabella, involuntariamente, abriu a boca e lambeu o lábio inferior. Os olhos de Marcos estavam fixos em cada movimento que ela fazia. O momento foi interrompido por uma batida na porta.

Marcos se levantou e foi até a mesa, ajustou o terno e sentou-se na cadeira preta de couro.

"Entre," disse ele, a voz firme. Uma mulher, aparentando ter uns trinta anos, com cabelos negros e olhos da mesma cor, com a pele morena, parecia ser latino-americana, entrou no cômodo e encarou Isabella.

"Senhor, tem um homem e uma mulher na sala. Querem falar com o senhor," ela anunciou, hesitante.

"Estou ocupado, diga que não vou atender..."

Mas antes que Marcos terminasse de falar, as pessoas entraram no escritório. Isabella congelou ao reconhecer sua "família". Lá estavam sua mãe e seu tio. Mamãe olhou para a moça que saiu rapidinho de lá.

"Sabia que iria encontrar essa ingrata aqui," o tio de Isabella rosnou, aproximando-se rapidamente. Ele deu um tapa forte no rosto dela. "Venha, você vai embora comigo," ele agarrou seu braço, tentando arrastá-la.

"Me solta, eu não vou com você, e não me bata, seu asqueroso," Isabella gritou, tentando se libertar.

"Filha, por favor. Venha conosco, precisamos de você. Ouça sua mãe ao menos uma vez na vida," a voz da mãe era suplicante, cheia de uma ternura que Isabella nunca havia conhecido. “Isabella, precisamos que você nos ajude," os olhos denunciavam o desespero.

"Eu não vou com ninguém,” Isabella não queria conviver com aquelas pessoas novamente. “Você sabia que Paola tinha dívidas, mamãe? Muito dinheiro, e esse homem está nos cobrando?"

"Dívidas? Que dívidas?" a mãe perguntou, confusa e assustada.

Isabella pegou o envelope, suas mãos tremendo. Ela mostrou cada promissória assinada por Paola. Os papéis, amontoados nas mãos da mãe, somavam uma quantia inimaginável.

"Isso é impossível," a mãe murmurou, os olhos arregalados em choque. “Minha Paola tinha uma vida de princesa. Minha filha nunca precisou do seu dinheiro, Marcos Rossi, pois ela tinha quem a sustentava.”

“Se ela tinha quem a sustentava ou não, eu não sei,” ele deu de ombros. “Eu sei que era a mim que ela recorria quando precisava de grana.”

“Isso não é possível,” mamãe ficou incrédula.

“A letra é de Paola, eu já olhei tudo. Esse é o preço que Paola nos deixou para pagar," Isabella respondeu, a voz quebrada pela dor e desespero. “E eu não tenho essa grana toda.”

Marcos observava a cena com um sorriso frio nos lábios, gostando do caos que ele havia provocado. Isabella sentia-se desamparada, uma marionete nas mãos de forças que não podia controlar. Ela olhou para sua mãe, buscando uma esperança que sabia que não encontraria.

"Como vamos sair dessa, filha?" a mãe perguntou, lágrimas escorrendo pelo rosto.

"Não sei, mãe. Paola, mesmo morta, nos meteu nessa confusão," Isabella declarou.

“Não olhem para mim, estou tão liso quanto vocês,” o tio de Isabella declarou.

“Você pode nos dar alguns dias para tentar conseguir esse dinheiro?” Isabella quase implorou.

“Não, sem tempo. A casa onde vocês moram pode valer uma boa grana.”

“A minha casa não! É uma herança de família, quando papai nos deixou…”

“Cale a boca, minha irmã,” o tio arrogante estava pensativo. Ele foi até a poltrona, sentou-se, ficou um tempo parado ali e olhou para Marcos. “Eu tenho uma ideia.”

“Ideia? A única ideia que desejo neste momento é que vocês paguem o que me devem.”

“Eu não lhe devo nada. Nunca pedi um centavo seu. Minha irmã, que Deus a tenha,” Isabella fez o sinal da cruz, “foi ela quem fez a dívida, eu vou embora desse lugar e não quero ver vocês nunca mais.”

“Espere aí, minha querida sobrinha. Você e sua mãe são herdeiras de Paola, já que aquela criança que ela teve não vingou. Vocês duas também herdam as dívidas, caso você não saiba.”

“Do que você está falando?” Isabella não acreditava que o tio estava falando isso logo agora, quando Paola acabou de ser enterrada. “Vocês são ridículos.”

“Marcos Rossi, eu ouvi dizer que você precisa de uma noiva. Se os boatos que rondam por aí são verdade.”

“Não lhe devo satisfação da minha vida…”

“Realmente, não nos deve. Mas você pode se beneficiar das dívidas de Paola com a nossa família.”

“Não, eu não vou…” Isabella começou a falar, mas foi cortada pelo tio.

“Você precisa de uma égua parideira e minha sobrinha está lhe devendo dinheiro. Ela não é tão bonita quanto Paola era, mas lhe dará bons filhos. O que acha de se casar com ela, já que precisa de alguém para ter seus herdeiros. Assim ela paga sua dívida com você e nós continuamos em nossa casa e com uma pequena pensão cedida gentilmente por você. O que acha?”

“Você está tentando me vender de novo?” Isabella estava furiosa com o tio.

“Estou tentando arrumar nossas vidas. Como você vai pagar esse homem, hein, sua morta de fome?” ele segurou o braço de Isabella. “Olhe para você, garota. Uma pobretona que não tem onde cair morta. Deveria me agradecer por tirar você da miséria em que vive.”

“Você se casaria com a minha filha e nos deixaria na casa? E perdoaria a dívida que Paola tinha com você? E se puder nos dar uma pensão, como meu irmão disse, Isabella seria uma ótima esposa."

“Mamãe? Você está querendo que eu me venda a esse homem?”

“Quero ter um teto para morar e comida na mesa para comer,” a mãe de Isabella se levantou. “O que você acha, Marcos Rossi? Podemos fechar esse acordo? Isabella será sua esposa e nossas dívidas com você estarão pagas?”

Marcos observou todos eles, colocou a mão no queixo e parecia a estátua do Pensador. Claro que ele estava pensando em que loucura era aquela que ele tinha se metido. Se soubesse, teria pedido a alguém para cobrar a dívida.

Ele realmente precisava de uma “égua parideira”, como o tio de Isabella havia dito. Não queria uma esposa, nem mesmo uma mulher. Somente alguém que pudesse aquecer sua cama quando lhe fosse preciso e que pudesse lhe dar um herdeiro.

“Eu aceito. Pra mim esse dinheiro não passa de uma ninharia e uma esposa não seria uma má ideia.”

“Só que eu não aceito, não vou me casar com você…” ele não deixou que Isabella terminasse.

“Ou se casa comigo, ou paga a dívida de sua irmã. Você é quem decide, Isabella."

"Eu não vou me casar com você, vou embora desse antro cheio de loucos, até a minha própria mãe está me vendendo, como uma égua parideira."

"Cale a boca. Você vai se casar com ele."" o tio levantou a mão novamente para bater em Isabella, o homem que tinha quase dois metros de altura era forte e agressivo. Porém, a mão de Marcos o impediu.

"Nunca mais levante a mão para a minha futura mulher," Marcos Rossi estava defendendo Isabella? "Ninguém bate em um Rossi, entendeu?"

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