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· · • • • Cena II ◗●◖ Ágape • • • · ·

— Ouviu sobre o caso na casa dos Lestrad — uma voz pode ser ouvida ao fundo.

— E quem não ouviu? — outro veio logo em seguida de forma mais sussurrada — os boatos estão correndo soltos, todos estão dizendo que é uma confirmação para a maldição ser verídica.

— Maldição? — Airell logo falou olhando em direção ao rosto de sua irmã — eu chamo de bom senso! Eu teria matado todas aquelas coisas bem antes! — seu rosto se mostrava ultrajado — se eu tivesse que olhar para o rosto feio e azedo daquela mulher todos os dias então... não me daria um mês!

— Eu não te daria uma semana — Ágape disse aos risos — a primeira olhada errada e alguém teria uma lança bem no meio da garganta.

— Uma lança? Eles teriam sorte se eu não os matasse com as minhas próprias mãos! — seu tom aumentava gradualmente, provavelmente por conta da irritação que estava subindo tanto até seu rosto que estava o fazendo virar carmim — bando de cara azeda de quem não...

— Airell… mais baixo — um tom sério saiu por aqueles lábios delicados e rosados — ainda temos que manter uma fachada, lembra?

— Urgh... — grunhiu junto a um revirar de olhos — mas você vai me dizer que é mentira?

— Nunca disse que era, irmãozinho... — o tom da ruiva se tornou mais baixo, ameno — mas temos que manter nossas vozes baixas ao falar de coisas assim.

— Blá, blá, blá... — fez um gesto com a mão que se assemelhava a uma boca se abrindo e fechando — devem ter vários pensando a mesma coisa, eles só não têm coragem de saírem de trás da própria máscara de falso moralismo que criaram.

— Talvez faça parte — a que possuía olhos de jade disse de forma despreocupada ao dar de ombros — mas… o que você acha? Acha que realmente foi um ataque de loucura? Apenas um assassinato planejado?

— Chuto mais no primeiro, ironicamente — o ruivo levou a própria mão até o queixo, com isso se mostrando pensativo — mas sinceramente? Me parece ter sido bom para ele... já viu a carinha de bichinho abandonado?

— Carinha de bichinho abandonado? — confusão preenchia o rosto da garota.

— É, aquele rostinho caído, olhar mais opaco que talheres mal polidos — ele tentou explicar de forma breve — enfim, carinha de bichinho abandonado.

Ágape ainda não sabia como, mas ela sempre conseguia entender as explicações estranhas de seu irmão. Mas ela realmente não podia negar, ele sempre tinha aquele olhar, o olhar de alguém que queria paz de alguma forma.

"Ele tem o olhar de um soldado..." não evitou de comparar dentro de sua cabeça, era igual o olhar de um soldado que voltava exausto de uma guerra longa, uma que havia espaço deixado cheio de cicatrizes.

Uma beleza fria e dolorosa, como a das rosas que eram colocadas em túmulos.

— Olha! Falando no rosto de bichinho abandonado — os pés do de olhos de esmeralda apenas começaram a se mover — quer ir falar com ele? — parecia ter perguntado por uma questão simples de educação, já que quando a ruiva se deu conta...seu irmão já estava lá, já estava conversando com o atual arquiduque.

— Nem para me esperar...! — a de olhos de jade fuzilou Airell com o olhar ao falar aquilo de forma baixa.

— Ah, certo... — o ruivo pareceu apenas ignorar — essa é a minha irmã, Ágape Lisianto.

— Prazer... — os olhos claros da garota se fixaram no moreno a sua frente enquanto uma reverência era feita — é uma honra conhecê-lo, Cale Lestrad.

— Idem — falou de forma direta, sucinta — mas... me digam, ao que devo essa conversa?

— Deve ao fato de der uma figura interessante, caro Lestrad — um sorriso de canto foi pintado no rosto do ruivo — temos praticamente a mesma idade, creio que poderíamos fazer amizade.

— Oh?... — Um arquear fraco e claramente social surgiu no rosto do de olhos âmbares — se for assim, acredito que tenha roubado o tempo de ambos...eu não crio laços — melancólico, não teria outra definição para aquele leve feixe de brilho em seus olhos.

Melancólico, tão melancólico quanto a lua tentando alcançar o mar durante a noite ao ver o próprio reflexo, ao ter um vislumbre do quão perto poderia estar.

— Então...se me dão licença — suas costas foram indo até a direção oposta, assim ficando cada vez mais distantes — nós vemos em algum momento dessa vida.

Choque.

Surpresa.

Confusão.

A expressão dos gêmeos tinha todas essas coisas misturadas.

— Alguém já nos colocou de lado assim? — os olhos de esmeralda pareciam perplexos — ele só nós...dispensou?

— Acho que sim? — tinha um leve turbilhão na mente da ruiva naquele momento, tinha por ela não ter entendido o que havia acabado de acontecer.

— Mas ele vai gostar da gente, não tem como alguém não gostar! — Airell parecia ter feito disso sua missão de vida — ele que se prepare!

"Pobre alma" foi tudo o que Ágape conseguiu pensar do moreno que ia ficando cada vez mais al longe.

Contudo, a surpresa da ruiva parecia se dever mais a outra coisa, parecia se dever mais ao fato dela não entender Cale de jeito nenhum, de nunca conseguir o entender. Tudo o que ela tinha dele eram poucas olhadas que dava em eventos, poucas coisas que havia escutado sobre ele.

Seu coração apertou.

E não sabia de o porquê estar apertando, não sabia porque tinha uma dor angustiante em seu peito.

Não fazia sentido.

Nada naquela situação parecia fazer sentido em sua cabeça.

Sem sentido, sim, coisas completamente sem sentido.

Volta, Ágape!

— Olhe ele andando normalmente... tão frio — uma voz cheia de escárnio pode ser escutada — ele não tem ver-...

Um olhar frio, um olhar frio e penetrante como uma arma de jade foi em direção a pessoa que falava.

Parou.

— Uau...eu não via uma olhada tão feia dessas desde que eu quebrei seu arco... — Ficou fitando o rosto de sua irmã de forma perplexa — o que houve? Não é a primeira vez que escuta falarem dele.

— Me deixou de mau-humor, só isso — a ruiva suspirou, suspirou por nem ela entender a raiva repentina que sentiu — vamos, tivemos um motivo para sair de casa, agora vamos atrás do mesmo, vamos?

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