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Capítulo 8

[Luz]

Por Deus! Estava feito. A decisão havia sido tomada e eu tinha dito sim para a proposta que mudará tudo de agora em diante.

O que eu tinha feito? Penso em pânico ao me dar conta da grandiosidade e magnitude dos meus últimos atos.

Entretanto, por mais que meu coração esteja temeroso sobre as consequências que acarretarão em minha vida ao aceitar participar voluntariamente dessa incrível trama secreta, minha consciência se mantém em paz consigo mesma, pois eu jamais seria capaz de recusar ajuda a um pedido desesperado de socorro como esse.

Principalmente um pedido de socorro vindo da realeza, realeza esta que sempre foi tão digna e benevolente para com o povo.

Seria impossível e até mesmo egoísta de minha parte, ignorar a verdade e virar as costas quando me pediam uma pequena contribuição naquela história.

-Teremos apenas alguns dias para aprontar tudo até o final de semana, o qual ocorrerá o baile de anúncio oficial do noivado entre Felipe e Luz. -princesa Francesca diz quebrando o estado de torpor em que me encontro, forçando-me a voltar a atenção para ela.

-Mas tão rápido? -as palavras escapam da minha boca antes mesmo que eu possa controla-las, e eu ponho uma mão sobre os lábios um tanto encabulada.

-Sim, senhorita Luz. Tempo é uma coisa indispensável neste caso.

Rei Ferdinando é quem toma a frente e me responde com praticidade.

-O quão breve se resolver estas questões burocráticas e a senhorita estiver apta perante a sociedade para assumir matrimônio com meu filho Felipe, menor serão as chances desse segredo ser descoberto por alguém, permitindo assim que vocês dois se casem em tempo hábil.

Ele faz uma pausa estudando minhas reações antes de continuar.

-Além do mais, a... barriga de Francesca uma hora irá começar a dar indícios de uma gravidez, e por essa razão a senhorita já deve estar casada com Felipe, pois é neste período em que as duas se retirarão para uma das propriedades de nossa família, a mais distante que houver, onde permanecerão até o término da gestação, e somente então, ambas poderão retornar com a criança sendo considerada como fruto da união entre a senhorita e meu filho.

-Mas e a diferença no tempo da gestação? Acredito que as pessoas questionarão quanto a esse detalhe, vossa majestade. A criança nascerá antes do tempo previsto. -indago a questão óbvia que permeia minha mente.

-Quanto a isso, diremos que houve uma complicação durante a gravidez e que o parto teve de ser adiantado para não colocar em risco a vida da senhorita e da criança. Em todo caso, o bebê terá nascido prematuro. -ele pontua firme e eu assinto positivamente ao compreender a explicação que faz bastante sentido.

-Entendo. -respondo-o mesmo que não seja algo necessário nessa situação.

-Se tudo está de acordo e todas as explicações já foram feitas, está na hora de levá-la comigo, Luz, para escolhermos os aposentos no castelo em que a senhorita irá ficar instalada até o dia da cerimônia de casamento. É claro que após a realização da mesma, você posteriormente se mudará para os aposentos de meu irmão, mas até lá é necessário escolhermos um quarto para você enquanto ainda é uma mulher solteira.

Meus olhos quase saem de órbita e meu coração retumba escandalosamente dentro do peito ao escutar a frase da princesa.

Com tantos problemas na cabeça eu havia me esquecido complemente desse importante detalhe: o de que muito em breve terei que dividir o quarto com outro alguém, a cama com outro indivíduo... mas não será com uma pessoa qualquer, será com um homem... com Felipe, o segundo príncipe da nação, um homem alto, forte, imponente e muito poderoso.

Engulo em seco ao me dar conta dessa assustadora realidade. Eu preciso de um tempo sozinha na solidão que somente a normalidade do meu lar, e que a minha simples casinha pode me oferecer neste momento.

-Princesa Francesca, eu... -começo receosa, porém decidida e focada nas palavras que tenho a dizer.

-Me chame de Francesca ou Fran quando estivermos em privado, irmã. -ela pede segurando-me carinhosamente pelas mãos ao que eu esboço um sorriso nervoso e estranho em reposta.

-Tudo bem.

Meneio a cabeça e prossigo.

-Não quero atrasar nenhum dos seus planos para... para todas essas coisas. -digo gesticulando as mãos no ar sem saber ao certo que palavras usar para definir esse plano louco. -Mas, preciso voltar para minha casa hoje.

-Por que? Há algo ou alguém muito importante lhe esperando por lá, Luz? Tão importante que não possa esperar por apenas alguns dias?

Príncipe Frederick interrompe ao perguntar-me de modo afiado e finalmente começo a sentir a pressão de suas palavras sussurradas em meu ouvido há poucos minutos atrás, prevendo que o homem não facilitará em nada minha vida no castelo.

Afinal de contas, o que príncipe tem contra mim se nunca nos vimos antes do dia de hoje? Eu me pergunto a razão e o motivo dele não ter simpatizado comigo logo no princípio quando coloquei meus pés nesse lugar, sendo que estou aqui apenas para ajudar sua família e o reino. Qual é o problema desse homem, afinal?

-Acredito que esse assunto não seja da sua competência, Frederick. -príncipe Felipe é mais rápido do que eu ao responder o irmão, deixando-me profundamente agradecida por não ter que estabelecer um embate com o príncipe herdeiro bem em frente ao rei e a princesa.

-Mas... -ele protesta, porém é cortado pelo pai no mesmo segundo sem direito a uma réplica.

-Cale-se, Frederick. Já basta. -rei Ferdinando diz fechando o semblante de modo sério, ameaçador e eu estremeço. -A senhorita pode retornar a sua casa por hoje para fazer o que deseja e se despedir de sua família, mas deverá retornar ao castelo em no máximo um dia para preparar-se a tempo do baile de noivado. -ele se volta para mim com os olhos firmes e eu assinto.

-Claro, vossa majestade. -concordo torcendo os dedos das mãos com nervosismo, louca para ir embora desse gabinete que a cada minuto que passa se torna claustrofóbico.

-A senhorita está dispensada. Pode ir para casa, um guarda a acompanhará até a saída do... -ele mal termina a frase e eu logo apresso meus passos rumo a liberdade.

-Não é necessário. -abro a porta e praticamente pulo para fora, querendo o impor o máximo de distância possível entre eu e aquelas pessoas.

Eu preciso respirar, eu preciso...

-Luz, espere! -ouço a voz de Felipe chamando-me logo atrás, porém não paro para atende-lo.

Eu só quero ir embora daqui...

-Luz!

Ele consegue me deter quando suas mãos alcançam meu braço virando-me de frente para ele, fazendo com que meu peito colida com o seu devido o movimento abrupto.

-O que Frederick lhe disse, Luz? -seus olhos azuis varrem toda a extensão do meu rosto em busca de respostas. -O que meu irmão disse em seu ouvido instantes atrás que a fez recuar daquele modo? -Felipe insiste colocando-me em um beco sem saída.

O que eu deveria dizer? Deveria contar as palavras proferidas pelo príncipe herdeiro a seu irmão mais novo? E se isso for algum tipo de teste? E se for...

-Luz, diga-me a verdade por favor. -as mãos de Felipe se prendem aos meus ombros mantendo-me lugar. -Conte-me o que ele lhe disse! Eu estou te pedindo.

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