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Capítulo 7

[Príncipe Felipe]

Ela aceitou, graças a Deus! Puxo uma longa respiração de alívio e sorrio em sua direção enquanto caminhamos com nossos braços entrelaçados de volta para o gabinete de meu pai.

-Está pronta para retornar para lá? Se for preciso nós esperamos por mais alguns minutos aqui fora até que esteja pronta para darmos a notícia a todos. -digo segurando suas mãos entre as minhas quando paramos em frente as portas pesadas que selarão nosso futuro daqui em diante.

-Não será necessário, tudo bem. Estou preparada para enfrentar qualquer desafio. A paz para nosso povo e nossa terra depende desta decisão. -Luz responde demonstrando uma confiança que não é de todo real, porém admiro sua força e coragem mediante tal desafio.

-Suas mãos estão tremendo. -comento com um esticar de lábios solidário e compreensivo. -Não há o que temer, eu lhe garanto. Tem a minha palavra. Estarei ao seu lado em todo o tempo, confie em mim. -eu afirmo levando seus dedos enluvados em direção a minha boca, onde deposito um beijo.

-Eu acredito, vossa alteza. -Luz responde com a voz vacilante, os grandes olhos verdes ligeiramente arregalados e as maçãs do rosto coradas diante do ato.

-Só Felipe, por favor. Já fizemos um acordo sobre isso, não se lembra?

Questiono com o tom de voz risonho ao que ela assente desviando o olhar para longe visivelmente envergonhada.

-Não tenha pudores comigo, Luz, e nem desvie o olhar a todo instante quando conversamos. Gosto de admirar essas duas belas esmeraldas quando estamos juntos. -digo ao encaixar uma mão em seu pequeno queixo e vira-lo em minha direção com delicadeza. -Eu já lhe disse como seus olhos se assemelham a duas esmeraldas, Luz? Tão verdes e tão preciosos...

-Não disse e creio que esse não seja o momento ideal para tecer tais comentários. -ela me corta completamente constrangida com o simples elogio e eu contenho a risada. -Você tem uma notícia mais importante para anunciar a sua família agora, certo?

Suas mãos desfazem o contato com as minhas durante a súbita mudança de assunto.

-Nós dois temos, estimada noiva. -eu rebato divertido enquanto coloco sua pequena palma em meu antebraço, deixando-a boquiaberta pronta para responder alguma coisa, entretanto sou mais rápido e empurro a porta fazendo com que ambos entremos no gabinete real, onde meus irmãos e meu pai nos aguardam com os semblantes distintos e curiosos.

-Gostaria de comunicar a todos os presentes nesta sala, que a senhorita Luz acaba de aceitar a minha proposta de casamento. Ela disse sim para meu pedido e sim para ajudar essa família em crise. -é a primeira coisa que digo quando abro a boca, e vejo que a informação parece trazer certo alívio a meu pai, quando o mesmo solta um discreto suspiro por entre os lábios e os ombros tensos relaxam sobre a poltrona.

-Mas é claro que ela aceitou. -Frederick comenta sarcasticamente e eu estreito os olhos em sua direção desaprovando sua atitude.

-Como disse? -Luz pergunta pergunta desentendida ao meu lado e eu me apresso logo em mudar o foco do assunto antes que a confusão se inicie.

-Não iremos receber os parabéns, querida família? -eu brinco e logo um furacão de fios loiros corre, e lançando-se sobre mim, aperta seus miúdos braços ao meu redor em um abraço apertado.

-Parabéns, irmão! Estou muito contente por vocês. Desejo de todo o meu coração que sejam extremamente felizes. -Francesca comemora eufórica enquanto eu a giro no ar ao retirar seus pés do chão.

-Parabéns também, querida irmã! Seja bem-vinda a essa família de loucos. -Francesca diz desvencilhando-se de mim e segue para o segundo abraço em minha agora noiva, que arregala os olhos verdes, provavelmente espantada com a impulsividade de minha irmãzinha caçula.

-A começar de você, não é mesmo Francesca? -comento ironicamente ao que ela revira os olhos, mas ri.

-Principalmente. -ela acrescenta ao se soltar de Luz e dar um passo para o lado.

-Senhorita Luz, quero expressar minhas mais sinceras palavras de gratidão pelo que está se dispondo a fazer no dia de hoje. -meu pai se aproxima e vejo quando Luz movimenta a garganta engolindo em seco nervosa com a proximidade do rei.

Aperto sua mão transmitindo-lhe segurança em um sinal silencioso, porém não digo nada para intervir. Esse é um momento que não diz respeito a mim, mas sim a Luz. Esse é o seu momento de introdução ao nosso meio social, a realeza... a nossa família, que muito em breve também será oficialmente sua.

-Não é necessário, meu rei. Eu é quem devo me sentir honrada por estar servindo ao Reino. -ela responde e meu pai lhe oferece um sorriso terno colocando uma mão sobre seu ombro.

-Não irei debater a relevância desse assunto com a senhorita, entretanto, ainda assim mantenho meus votos de gratidão. E saiba que você e sua família serão devidamente assegurados de todos os benefícios acordados neste contrato, mediante o sigilo que deverá ser mantido por todos.

-É claro, vossa majestade. -Luz acena positivamente com a cabeça sobre o tema que há momentos atrás havia sido abordado por mim. -Tem a minha palavra e total cooperação.

-Conto com isso. -ele responde oferecendo-lhe um aperto de mão ao que ela responde timidamente.

-Ora, ora... Felipe, meu querido irmão! Que grande notícia! -Frederick diz parando a nossa frente. -Meus parabéns ao mais novo casal.

Ele me puxa para um abraço após a felicitação estranha e repentinamente alegre de uma hora para outra, e desfere dois tapinhas fortes com a mão aberta em minhas costas.

-Agradeço, Frederick. -digo ao nos separarmos outra vez sem saber como reagir a suspeita mudança de atitude dele.

Será que Frederick finalmente tinha mudado de ideia e começado aceitar minha decisão?

-Parabéns a senhorita também. -ele se volta para Luz que lhe oferece a mão em cumprimento que meu irmão faz questão de ignorar.

-Quanta formalidade, Luz! Posso chamá-la de Luz, não posso? Já que de agora em diante faremos parte da mesma família, seremos como irmãos.

Frederick questiona com um sorriso grande demais no rosto, o que de longe é algo comum a sua personalidade séria. Ele sequer permite que a moça o responda emendando logo em seguida.

-E como pode ver, nessa família os irmãos se cumprimentam com abraços. Venha cá, minha mais nova irmãzinha.

Luz sequer tem tempo para processar o que está ocorrendo quando meu irmão praticamente esconde sua pequena figura delicada, em comparação aos grandes braços que ele possui e a sua altura avantajada, e o mesmo rodeia seus ombros estreitos em um abraço fora de contexto.

Torço os lábios em uma careta desgostosa quando noto ao prestar um pouco mais de atenção, o momento em que Frederick sussurra algo no ouvido de Luz de modo discreto para que ninguém mais perceba.

Mas eu percebo. Nitidamente.

Cerro as mãos em punho descontente e irritado ao flagrar o olhar estranho que os dois trocam, antes que ela recue um passo para trás tentando impor certa distância entre ambos.

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