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05.Desejo Lupino

William Carter. 

Deslizo meu uísque favorito sob a bancada enquanto observo a mulher se vestir após uma longa noite. Eu já estava satisfeito, então queria que ela sumisse da minha vista o mais rápido possível.

A maioria dos lobos gostava de fazer sexo em sua forma humana. E eu compartilho do mesmo pensamento, apesar de me sentir superior a essa raça. 

— Se o senhor desejar, posso ficar mais, meu alfa. — ela toca em meu ombro. 

Olho para a loba com desprezo. 

Em meus trinta e quatro anos de vida, não encontrei a minha companheira, e nem faço a mínima questão de encontrar. Elas são como um brinquedo para mim, as uso e quando já fizeram o que eu queria, mando embora.

— Não. Você não quer que eu repita, eu odeio repetir as frases. — falei e ela saiu do quarto rapidamente com o resto de suas roupas na mão.

Dei o último gole no meu uísque e segui para o escritório, quando Lucca, meu Beta, entrou no mesmo.

— Senhor, há um problema na sede principal da construtora — ele disse. 

— Que problema? — arqueei as sobrancelhas.

— Vândalos tentaram invadir, adolescentes. 

— Humanos idiotas! — rosnei batendo o copo contra a mesa — Sempre se metendo onde não devem. 

— O que posso fazer sobre isso, meu senhor? — Lucca se senta na poltrona. 

— Nada Lucca. Obrigado. Eu mesmo resolverei pessoalmente. Vamos até a delegacia agora! Essa raça estúpida só entende as coisas assim. 

Esses assuntos me deixavam extremamente estressados. Mas eu precisava de um negócio de fachada para esconder quem eu sou. O Alpha. 

Era CEO de uma construtora, a maior da cidade e de todos os arredores. Todos me respeitavam, e aí de quem não o fizesse.  Eu não costumava ter piedade de ninguém. 

— Desculpe-me a pergunta Alpha, mas o que irá fazer na delegacia? — Lucca pergunta me seguindo. 

— Irei denunciar esses estúpidos. E pedir que a polícia dê uma boa coça nele. É para isso que pago aqueles policiais inúteis. 

Ele assentiu e entramos no veículo. Eu estava extremamente estressada.  Poderia matá-los, poupando assim meu precioso tempo, mas não estava a fim de levantar suspeitas de uma carnificina na região.

Assim que chegamos em frente a delegacia, estacionamos o carro. Eu bufei, irritado com este problema, e sai em direção a entrada. 

Meu beta me seguia com passos cautelosos. Aqui na cidade, a maioria dos habitantes era lobos, outros humanos que não faziam ideia que existimos, e era melhor que continuasse assim. 

A minha alcateia ficava em uma reserva que era minha propriedade também. Segura, e longe da civilização. Eu tinha a maior fonte de produção da cidade de Portland, grande parte da fortuna foi gerada pela minha família, meu pai era um Alpha respeitado aqui e em outras matilhas. É claro, sem que nossos sócios humanos descubram este pequeno detalhe. 

Adentrei a delegacia e fui direto para a sala do xerife, exigindo uma posição.

— Senhor, o xerife está ocupado agora. Mas vou anunciar que está aqui. — ele baixou a cabeça em submissão, todos deveriam estar submissos ao Alfa.

— Não precisa me anunciar, eu vou entrar. 

Abri a porta e o xerife estava ocupado assistindo a um filme adulto. 

Mas que merda. 

Por isso que esses vândalos invadem as coisas dos outros, enquanto o xerife fica assistindo essa estupidez. 

Eu queria correr daqui após isso que vi. 

Pigarreei. 

— Senhor… senhor Carter, eu não esperava sua visita. — ele gaguejou desligando imediatamente o computador do escritório. 

— Percebi. — dei um sorriso irônico. — Vou ser direto ao ponto, aqueles moleques vandalizaram a porra da sede da minha construtora, de novo. — respirei fundo. 

— Eu, já tomei providências contra eles. São uns idiotas. Farei algo de novo, não se preocupe.

O xerife Jonathan era mais um humano comprado, assim como todos desse lugar. Eu o pagava muito bem pelo silêncio, e proteção aos meus. E ele sabia que minha ordem era o que valia aqui. 

— Não. — disse firme. — Sem segundas chances, quero que os prendam, e deem um castigo, e digam que se eles mexerem com mais alguma coisa que pertence a mim, eles irão acordar sem cabeça. 

Ele engoliu o seco, aparentemente assustado, e me encarou. 

— Pode deixar senhor. 

De repente, ouvi um burburinho, uma gritaria ensurdecedora para os meus ouvidos, e sai para conferir. 

Não se tem mais silêncio nem na porra da delegacia. 

Dei de cara com ela…

A garota desastrada que derrubou vinho tinto em minha camisa naquela festa. 

Como poderia esquecer.

Era ela, meu olfato a reconheceria em qualquer lugar do mundo.

 Havia algo diferente no cheiro dessa garota, seria ela uma humana? Uma lupina? Eu não sabia distinguir sem provas suficientes, mas algo nela me deixava confuso.

Acuada no canto da parede de cabeça baixa. Ela estava sendo acusada de alguma coisa, observei ao redor, e lá estavam os Turner, eles eram velhos conhecidos da matilha, lobos que também tinham poder aquisitivo na região, eu não os suportava muito. Eu sentia uma soberba neles, e ninguém pode ser melhor que eu.

Eles abaixaram a cabeça imediatamente sem olhar em direção aos meus olhos, e assentiram. 

O único motivo pelo qual ordenei que soltassem elas, era para irritar os, Turner, e porque o cheiro dessa maldita garota me intrigava.

Eu não tenho nada a ver com ela e com a vida deles, não me importo com os seres alheios. 

Ela era da família deles? Eram tantas perguntas que eu me fazia. 

Sai de lá antes que ela pudesse me agradecer, ela era insignificante, e fui direto para a alcateia. 

Ela ficava em uma das reservas que estava em meu nome. Sendo assim, discreta e segura para meu povo. 

A essa hora da noite o cheiro da floresta estava mais intenso. Respirei deixando o ar fresco entrar pelas minhas narinas, era reconfortante e me deixava relaxado estar aqui. 

Isso era o meu refúgio, eu comprei parte da cidade, e ninguém pode entrar aqui sem autorização, e se tentar, provavelmente morrerá.

Ao pisar lá, todos imediatamente abaixaram a cabeça, eles não ousavam olhar diretamente no olho de seu alfa. 

— Senhor, é um prazer a sua visita — o gama se curvou perante a mim. 

— Levante. — Falei o observando. — Não irei me demorar, apenas vim me certificar que estava tudo certo por aqui. 

— Está, sim, senhor”, ele confirmou com a cabeça. — Cuido para os lobos agirem corretamente.

Assenti e caminhei mais um pouco. Olhei para esse lugar, que meu pai construiu com tanta dedicação e me lembrei de mim, correndo pelas florestas, me divertindo entre os rios. 

Eu costumava ser alguém normal, até meus pais morrerem. E eu tenho certeza que isso foi armação de alguém. 

Desde então, me tornei frio, irredutível. Não tinha tempo para perder. 

— Meu Alpha”. Lia curvou-se perante a mim.

Olho para ela, tentando não me concentrar na sua bunda. Única coisa de atrativo nela, para lhe ser sincero.

"O que foi?" Pergunto. 

“Eu não sabia que o senhor viria", ela mexeu em seus cabelos ruivos". Eu teria me preparado mais. "

"E quem disse que eu lhe devo satisfação?" lancei um olhar indiferente para ela".

Lia achava que seria a minha companheira. Ela é filha de um membro da alcateia, que por acaso é o gama responsável pela proteção, porém eu a ignoro. Não quero me casar. Pelo menos não com ela.

Ela saiu de minha frente desolada. 

Um dos anciãos me chamou para a tenda a fim de conversar. O encarei de cima a baixo e o segui. 

A única coisa boa nisso tudo, era a maravilhosa vida dos lobos.

— Meu alfa, é bom te ter aqui. — ele disse. —  Com todo respeito, acho que preciso conversar com você.

— O que quer dizer? — arqueei a sobrancelha.

Ele encontra meu olhar com uma teimosia expressiva em seu rosto. 

"Está na hora de encontrar uma companheira. As pessoas comentam, precisamos de uma Luna na matilha. O senhor sabe, que lhe respeito, assim como um dia respeitei seu pai, mas é um conselho para o bem". 

Cerro os punhos. De novo ele vem com esse assunto…

Ele era um dos melhores amigos do meu pai, e me viu crescer. Eu apesar de tudo o respeitava, e esse era o único motivo para eu não partir a cabeça dele ao meio.

— Nunca encontrei minha companheira predestinada, Fenrir.—  falei com um semblante sério. 

— Não precisa ser uma companheira, somente uma mulher que o senhor julgue capaz de ser a Luna.

— Estou farto desse assunto. Ele me cansa — dou um suspiro.

— As pessoas da matilha começam a falar senhor. A maioria das matilhas exige que seu Alfa tenha uma Luna, e podem se rebelar contra você, precisa de um herdeiro.

— Não há nenhuma mulher para mim, ancião. Aprecio a solidão, porém sozinho nunca estou.

— A Deusa da Lua sempre tem alguém em mente para cada um dos seus, William, você verá isso, o amor pode ser bom até para o rei alfa, essas lobas com quem o senhor fica não são qualificadas para tal cargo.

Lancei um olhar desdenhoso para ele e rosnei. Eu não preciso de uma rainha, não preciso de uma esposa me infernizando. Somente se eu puder a controlar. O amor não existe.

— Que se foda o amor, Fenrir — sai da tenda. —

Sai de lá correndo e voltei para casa, ao me sentar na cadeira do escritório, passei as mãos no cabelo e revisei alguns papéis da construtora, já estava com sono e irritado pela conversa com Fenrir aquela altura do tempo.

Revirando os papéis na mesa, acabei me deparando com o convite para um jantar.

Era o convite do jantar dos Turner que ignorei, todo ano eles faziam uma reunião com os membros maiores da alcateia. E eu, sempre odiei participar dessas reuniões estúpidas organizadas por eles. 

Mas quem sabe eu teria um motivo para comparecer.

Será que ela estaria lá?

Anne Turner… gostaria de saber que possível parentesco ela teria com eles. 

Eu nunca vi essa garota antes e ela despertou em mim algo que eu não tinha verdadeiramente a muito tempo…

Desejo.

Talvez eu tivesse planos para ela.

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