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Amanda Lins narrando
Eu tento me soltar da cadeira, mas não conseguia, ele tinha deixado as fotos caídas no chão. Eu precisava tentar me soltar, mas era impossível, eu estava nua no chão gelado, mi - nha cabeça doía bastante, eu tento me debater para fazer barulho para alguém vir até aqui, tentava gritar, mas não saia som apenas resmungo com a mordaça na boca.
Eu acabo adormecendo e acordo com o sol na minha cara, a essas horas a reportagem já deveria ter ido ao ar, ainda mais que enviei para ele a noite, alguma coisa Zayan já tinha feito.
Eu não sabia nem o que pensar da noite anterior, mas não ia ir embora, eu iria expor a ameaça que esse filho da puta fez, ainda mais que agora o rosto dele estava exposto ou ia ser exposto em algumas horas, mas ele não ia calar a minha boca. Ele não ia mesmo. Ninguém ia diminuir a minha voz, ninguém ia me fazer ficar quieta, eu ia contar para todos o que eu passei aqui nessa noite, escancarar tudo que eu vivi, tudo que eu descobri e ia ser notícia no mundo e aí eu queria ver ele fazer alguma coisa comigo ou com quem ele ameaçou.
(...)
Fazia horas e ninguem tinha sentido a minha falta.
- Amanda? – sinto a voz de Mustafá no outro lado da porta – Amanda Lins você está ai?
Começo a gritar e bater a minha cadeira para que ele entre.
- Amanda? -ele pergunta de novo.
Começo a bater a minha cabeça contra o chão para fazer bartulho e ele entre pela porta.
- Meu Deus Amanda – ele fala fechando a porta e vindo até mim e ele tira a mordaça – o que aconteceu?
- Me desamarra agora, agora por favor – eu falo e o fato de eu estar nua não incomodou nem a mim e nem a ele.
- Quem fez isso com você? – ele pergunta.
- Omar Bazzi em forma de ameaça – eu falo.
- Aquele que você colocou na reportagem? – ele pergunta.
- Ela já saiu? – eu pergunto.
- Ainda não – ele fala me desamarrando e eu me sento no chão nua e ele agachado na minha frente. – Vem eu te ajudo a levantar – ele se levanta e coloca a sua mão para que eu pegue e me levante.
- Obrigada – eu falo parada na sua frente.
- Zayan está censurando a sua reportagem depois de outra ameaça sofrida hoje, tentamos te ligar, falar cm você e nada – ele fala – fiquei preocupado e vim ver se você estava bem o que poderia ter acontecido.
- Veio saber se eu ainda estava viva? – eu pergunto para ele.
- Eu sei que a gente não se dar bem no trabalho mas não quero teu mal, por isso quero impedir que você deixe que a notícia vá ao ar , se já te ameaçaram dessa forma, vindo até aqui, imagina o que eles podem fazer? – ele pergunta.
- Não venha com essa conversa agora – eu falo.
- Coloca uma roupa – ele fala – não dá para a gente conversar com você nua.
- O que foi eu mancho a sua masculinidade? – eu pergunto com as mãos na cintura e ele encara meu corpo.
- Precisamos ir até a revista – ele fala.
- Eu vou trocar de roupa – eu respondo.
Eu troco de roupa rapidamente e Mustafá me deixa na revista.
- Obrigada por ter ido atrás de mim, se não fosse você, estaria lá ainda – eu falo antes de sair do carro.
- Eu preciso ir ver meu filho no médico – ele fala – se cuida.
- Obrigada – eu falo.
- Pensa se vale a pena você publicar essa notícia e correr tanto perigo – ele fala.
Antes de entrar na revista eu recebo o aviso que uma nova reportagem tinha ido ao ar pela revista Ecos, abro o site e começo a ler cada palavra que eu escrevi e em menos de dez minutos já tinha milhões de visualização e comentários, mas é quando eu vejo o nome de quem tinha assinado a reportagem é que faz o meu mundo desabafar.
- Como o senhor Zayan colocou seu nome em algo que eu assinei? – eu falo entrando pela sua porta.
- Porque se você assinasse não iriam dar o mínimo valor que essa reportagem merece – ele fala – você é mulher Amanda.
- E aí você pega a minha reportagem e assina como se tivesse sido o senhor? – eu falo exaltada – isso é roubo, você roubou a minha reportagem.
- Não, você é minha funcionária e toda reportagem feita para a revista, é minha – ele fala – e outra, quem acreditaria que foi você que escreveu tudo isso? Que teve capacidade de fazer isso? Se você falar isso para alguém, vão rir de você.
- Isso que o senhor fez é roubo – eu falo nervosa – eu tenho capacidade para escrever, fui eu que escrevi essa reportagem.
- E quem irá acreditar em você? – ele diz rindo – você não passa de uma estrangeira com rosto e corpo bonito, você acha que algum homem aqui te leva a sério? – ele se aproxima – agora, se você me recompensar, amanhã eu emito uma nota te dando créditos pela reportagem.
- Recompensar o senhor? – eu pergunto sem acreditar na sua proposta.
- Não é isso que as brasileiras têm fama? – ele se aproxima e passa a mão pelo meu rosto – você é linda Amanda e se você quiser eu posso te dar uma vida de luxo – ele sorri – te dar o mundo. – Eu dou um tapa em seu rosto.
- Eu não sou nenhuma mulher da vida e jamais faria esse papelão – eu falo – o senhor me respeita porque estudei muito para chegar até aqui e não vou escutar baixaria de um homem nojento que nem você.
- Pede respeito sua vagabunda? – ele fala – e não se dar o respeito, está aqui trabalhando no meio dos homens, por quê? Para se sentir desejada, para ter olhares em cima de você todos os dias. Você sabe que deixa todos nós excitados e ainda por cima usa calça apertada marcando esse seu corpo perfeito para vir trabalhar. A gente só deu esse trabalho para você porque você é brasileira, mulher, bonita e muito atraente e não foi por sua capacidade, porque você não tem capacidade nenhuma.
- Cala sua boca – eu falo para ele.
- Vai querer me ofender? – ele fala – eu ligo para a polícia, invento várias coisas e até você conseguir se livrar da lei do nosso país, já terá vivido um inferno.
E quando ele iria responder com alguma ação, algo explode dentro da revista e começa a sair fumaça de dentro da sala de Mustafá.
- Está pegando fogo – escutamos os gritos e quando saímos para fora do escritório, encontramos os homens correndo e o fogo se alastrando.
Eu desço correndo as escadas e logo atrás de mim descia Zayan. Ele segura forte em meu braço.
- Sua vagabunda a culpa é sua – ele fala – você vai me pagar caro por tudo isso.
- A culpa não é minha – eu falo e largo o meu braço e saio para fora.
Tinha polícia, bombeiro e repórter de televisão para todo lado, eu olho para cima do prédio e o fogo já estava se alastrando ainda mais.
- Você não vai conseguir fugir de mim – Ele me empurra para um beco que tinha ali e me mostra uma faca – Você é só bonita Amanda Lins e nada mais, toda vez que você lembrar do seu trabalho, você lembra que só contratamos você por ser bonita e nada mais, por que você nunca esteve aos pés da nossa revista e não estará de nenhuma – eu empurro ele após dar um chute no meio das suas pernas e saio correndo.