6
Amanda Lins narrando
Eu deixo meu carro em um estacionamento e volto com carro pago para perto do desmanche, eu tiro várias fotos do entre e sai e tento procurar no banco de dados com fotos os nomes dos homens que estão entrando e saindo, mas não encontrei nada.
Eu volto para a revista e passo a noite ali trabalhando, até que me vem na cabeça em procurar a família do homem que morreu perto da casa de Safira, acho sua identidade e logo depois eu consigo encontrar o endereço onde ele morreu a alguns anos atrás. Espero amanhecer e na primeira hora eu vou até o endereço.
Era uma casa simples e no outro lado da rua tinha um cemitério, tinha uma mulher que pelo rosto parecia ser um pouco mais velha que eu, tinha dois meninos brincando na frente. Eu desço do meu carro e ando até ela.
- Olá – eu falo e ela me encara.
-Oi – ela diz.
- Meu nome é Amanda Lins e eu sou jornalista da revista Ecos, eu procurei sobre a morte de Habibis Ibrahim e apareceu esse endereço, a senhora conhecia ele?
- É papai – um dos meninos fala – ele está viajando, não está mamãe?
- Sim, filho – ela diz dando um leve sorriso – vai brincar – o menino sai correndo – Eu não tenho nada a dizer sobre a morte dele.
- Você não sabe nada? Não tem ideia de quem pode ter o matado? - eu pergunto.
- Não e eu não quero dar entrevista para ninguém – ela fala.
- Seu marido foi visto deixando o carro que explodiu na frente de uma mesquita matando mais de 150 mulçumanos – eu olho para ela – um ataque terrorista liderado pelo extremista Amir Ahmad Al-Sabbah que quando a impressa mundialmente expos o rosto do seu marido, ele foi encontrado morto como um aviso para os outros soldados de Amir Ahmad Al-Sabbah. Me diz, você quer proteger esse terrorista?
- É melhor você ir embora, eu vivo com medo aqui todos os dias, esse lugar ele é vigiado e se você não for embora, eu vou pagar por isso eu e os meus filhos – ela fala.
- Eu só preciso de uma informação – eu pego meu celular rápido e mostro as fotos do desmanche – você reconhece um desses homens? Só me diz isso e eu prometo fazer justiça pelos seus filhos.
- Esse – ela aponta para Omar Bazzi – é ele que recrutou meu marido prometendo que ele daria uma vida melhor para mim e para os meus filhos, no começo acreditei que era um emprego normal e depois descobri qual era o emprego. Habib nunca foi um homem ruim, a gente passa necessidade, não tinha o que dar de comer para os nossos filhos e nem vestir. Por favor não fale mal dele em sua reportagem.
- Obrigada pela informação – eu falo.
- Agora por favor vá, existe olhos para todos os lados – ela fala pegando seus filhos e entrando para dentro da sua casa;
Eu caminho olhando para todos os lados e realmente vejo que tinha alguns olhares curiosos de alguns homens em cima de mim.
Eu preciso fazer a notícia sobre Omar Bazzi e o desmanche o mais rápido possível.
Eu desço do carro e literalmente corro até o andar da revista, entrando e dando de cara com Mustafá e Zayan mexendo nas minhas coisas.
- O que vocês estão fazendo? – eu pergunto e eles me encaram.
- Por que não atendeu as nossas ligações? – Zayan fala nervoso.
- Recebemos ameaças na revista – Mustafá fala – era isso que você queria fazer quando disse que pegava a reportagem? – ele me mostra um recado em um papel.
- Isso foi jogado pela janela quebrando aquele vidro – ele aponta para a janela – Eles estão ameaçando colocar fogo na revista.
- Eu estou indo atrás da notícia que vocês deram a pauta – eu falo – vocês tinham a consciência que era perigoso.
- Você está fazendo tudo errado! – Mustafá fala gritando – o que a gente queria quando deixamos isso nas suas mãos.
- Nas minhas mãos? – eu falo rindo – eu descobri muita coisa, eu tive coragem de colocar a minha cara a tapa e ir atrás do endereço que estava na pasta, falei com um homem que estava lá, descobri o endereço da mãe dele e você fez o que? Colecionou várias provas de outros repórter em uma pasta e deu para eu pesquisar, mas não achou que eu chegaria tão perto.
- Você foi até o endereço que você diz ser da mãe dele? – Zayan pergunta.
- Eu fui e encontrei um homem cujo tinha a mesma tatuagem no braço que o homem que eu encontrei no desmanche tinha – eu respondo. – Eu descobri um desmanche, o endereço do terrorista que foi morto, quem o recrutou – Mustafá me encara com raiva.
- Largar hoje mesmo nas bancas? – Zayan pergunta.
- Zayan isso não é certo – Mustafá fala – ela está blefando, isso pode ser perigoso olha essa ameaça.
- Sim, posso escrever um artigo e a gente postar, traria olhares curiosos e dúvidas para sua revista, mas preciso de tempo para escrever, eu vou para casa escrevo a reportagem, trago para vocês amanhã e aí você publica para o final da noite a hora em que todos vão parar para ler – eu falo para ele.
- Chega, vai embora Amanda – Mustafá fala.
- Quem manda aqui sou eu – Zayan fala – Senta e escreva Amanda, pode usar a mesa e a sala de Mustafá se você quiser – eu olho para Mustafá e ele me encara com raiva.
- Obrigada Zayan, mas vou fazer isso em casa onde não vou ter olhares querendo em derrubar – eu falo.
- Isso que você está querendo fazer pode ser a ruína para todos – Mustafá fala – e perigoso para você.
- Está preocupado com o perigo que posso correr? – eu pergunto para ele – Agradeço por você ser tão preocupado comigo, mas eu acho que você está mais preocupado porque a reportagem será assinada por mim e não por você.
- Eu não acho que Zayan vai deixar você assinar algo, aliás você é mulher – ele fala debochado.
- Uma mulher da porra, uma jornalista dedicada e eficiente coisa que você não é – eu olho para ele e dou um sorriso, pegando as minhas coisas e indo para o carro.
Eu entro dentro da pensão e vou direto para o meu quarto, eu pego meu notebook e fico horas escrevendo a reportagem e envio para Zayan, eu olho para o relógio e era 18h da tarde, eu entro dentro do banheiro para tomar um banho.