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Amanda Lins narrando
Acordo cedo e no caminho até a casa da Safira Ahmad Al-Sabbah, eu procuro por reportagens sobre o grupo extremista liderado por Amir Ahmad Al-Sabbah e começo a ver várias reportagens.
Eles eram responsáveis por várias mortes, corpos decapitados jogados e pendurados pelas cidades, eles aterrorizavam principalmente cidades pequenas, prendendo as pessoas como seus escravos, sequestrando mulheres, crianças e homens por onde passavam, gravando vídeos matando as pessoas para assustar a todos e nunca ninguém teve coragem de mencionar Amir ou esse grupo em uma reportagem complexa.
Recebo ligação de Mustafá e até mesmo de Zayan, mas não retorno, eu estava trabalhando e atrás de evidências que nenhum dos dois tiveram coragem de ir.
- Olá? – eu falo batendo palma quando paro na frente de uma casa enorme com portões altos. – Alguém em casa? – eu grito e continuo batendo.
Um homem aparece saindo da casa ao lado e me assusta.
- Não tem ninguém aqui a muito tempo – ele fala. – A casa está vazia a alguns anos.
- O senhor tem certeza? – eu pergunto – por que tenho informações que tinha gente morando aqui a alguns meses atrás.
- Eu tenho sim – ele responde – faz muito tempo que não tem ninguém aqui – eu olho para dentro da casa e realmente não tinha movimentação. – Tem como ajudar a senhora em alguma coisa?
- Você sabe para onde foi a moradora que morava aqui? – eu pergunto.
- A senhora sabe o nome dela? – ele pergunta.
- Safira Ahmad Al-Sabbah – eu respondo e ele me encara.
- Não cheguei a conhecer ninguém com esse nome e que morava aqui – ele fala me olhando e encaro em seu braço uma tatuagem e na hora vejo que era a mesma tatuagem que o Omar do desmanche tinha em seu braço.
- Obrigada – eu falo indo em direção ao carro;
- Espera – ele fala vindo atrás de mim e quando eu ia abrir a porta do carro, ele fecha – deixe seu contato se por acaso alguém aparecer, eu entrego
- Não precisa, obrigada – eu falo – está tudo bem – eu olho para ele que me encara estreitando os olhos.
- Tome cuidado na estrada de volta – ele fala.
- Estrada de volta? – eu pergunto.
- É sua placa do carro – ele fala.
- Claro – eu respondo.
- As estradas são perigosas para esse lado – ele responde.
- Obrigada pelas dicas, irei me cuidar – eu falo e ele se afasta e eu abro a porta a porta.
Aquele homem coloca as mãos dentro dos bolsos da calça e fica me encarando, eu tinha ficado nervosa que nem conseguia ligar o carro direito.
Será que realmente valia a pena Amanda Lins entrar nisso tudo? E se realmente tiver alguém de olho em mim? Se aquele Omar tem ligação com o homem que me deu a informação agora? E se realmente tiver alguém me seguindo?
Eu estaciono o carro na frente da revista e novamente eu vejo o carro preto parado no mesmo lugar e de longe vejo os dois homens andando pela rua, os mesmos que eu vi quando eu fui fechar a janela.
Eu pego a pasta e vejo todas as informações que eu tinha ali, eu não tinha nenhuma informação que me levasse até a sua identidade, mas tinha o nome de quem poderia ser sua mãe, tinha o endereço do desmanche e o nome de alguém que trabalhava lá, poderia reconhecer Omar Bazzi em qualquer foto.
Eu olho para o céu e vejo que o sol estava aparecendo, ainda era Sh da manhã e eu tinha acordado cedo demais.
Eu entro dentro da revista e começo a colocar tudo em uma pasta, eu não falava com eles aqui, poucos escutavam a minha voz, mas eles falavam o dia todo, o dia todo jogando piadinha, falando de mulheres, guerra e tudo e mais um pouco, mas trabalhar que era bom, era impossível.
- Amanda – Zayan para na frente da minha mesa – você tem três dias para me entregar um esboço da reportagem sobre Amir.
- Já tenho bastante informação – vejo o olhar de Mustafá em mim.
- Tem? – Mustafá se aproxima.
- Tenho, mas você não vai saber antes de ver a notícia publicada – eu sorrio para ele – agora vocês me dão licença que eu preciso trabalhar.
Eu entro dentro do carro e paro novamente o meu carro no desmanche.
- Você por aqui de novo? – Omar Bazzi fala aparecendo – eu acho que já dei o meu recado para você, mandei você não voltar mais.
- Eu acho que eu perdi o meu colar aqui e queria ver se você achou – eu falo.
- Vai dizer que nele tinha um microfone escondido? – ele pergunta.
- Não, eu não fui tão esperta a esse ponto, mas obrigada pela dica – eu respondo.
- Por aqui não ficou nada, então você pode ir embora – ele diz sério.
- Sua tatuagem é bonita – eu respondo e ele encara o seu braço, eu o encaro de cima a baixo e depois ele me encara também. – Eu quero fazer apenas algumas perguntas.
- Eu já disse que não vou responder nada – ele fala – você não acha que está se metendo com coisa séria de mais? Pode atrair olhares e interesses que vão levar a outro lado.
- Eu estou fazendo apenas o meu trabalho – eu respondo. – E se eu mencionar o seu desmanche na coluna da minha revista? Atrairia bastante olhar para cima dela, não acha? Outros jornalistas querendo investigar sobre esse local.
- Você vai se arrepender se fizer isso – ele fala. – Aliás eu duvido que alguém em nosso país vai dar atenção para uma mulher, ainda mais brasileira – eu estreito os olhos para ele.
- Como sabe que sou brasileira? – eu pergunto.
- Com toda essa ousadia daqui você não é – ele fala – mas fique a vontade para mencionar o meu desmanche em sua coluna, publicidade de graça é muito bom.
- E será que você quer essa publicidade de graça? Talvez queira porque acredito que vai dar tempo de você tirar todas as suas caixas daqui – eu sorrio – É uma pena que você não queira me dar a entrevista e nem achou meu colar, achei que a gente poderia criar uma amizade – eu sorrio fraco e ando para o carro, antes de entrar eu o encaro e ele estava com os braços cruzados.
- A amizade que eu quero ter com você, acho que você não vai gostar – ele fala.
- Será? – eu pergunto e entro no carro e ligo ele.