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Omar Bazzi narrando
Após aquela garota sair de dentro do pátio do desmanche, eu olho para trás vendo meu tio Mohammed.
- Omar, quem era ela? – ele pergunta – Jornalista? – ele se aproxima de mim – era sobre seu pai que ela queria saber?
- Sim é uma jornalista, mas pode deixar que ela não vai ir atrás de nada – eu falo. – Eu já a expulsei daqui.
- Em todos os anos, essa foi a primeira vez que um jornalista chega tão próximo da agente – ele fala – ousadia ela vir até aqui, não acha?
- De qual revista ela é? – Meu outro tio Said pergunta.
- Ecos – eu respondo.
- Vamos mandar alguém para ficar de olho nela – Said fala.
- Eu posso fazer isso – eu falo.
- Tem certeza? – ele pergunta
- Eu tenho, eu vou atrás dela e fico de olho ela – eu falo e ele assente.
Essa garota está com os dias contados e ela parecia ser uma ótima profissional.
- Mas não podemos ter uma jornalista aqui – Mohammed fala.
- Alguém está querendo publicar algo, deve ser o dono da revista Ecos. – eu falo.
- Eu vou descobrir quem é e dar um recadinho para essa revista – Said fala .
- A identidade do meu pai é o que alimenta esse grande mistério, o local que expor ele e conseguir revelar a identidade dele, tem o caminho direto para o sucesso – eu falo.
- E para morte também – Said fala e e sorrio.
- Olha isso – Mohammed pega a caixa e tira as armas.
- Fez o trabalho direito Omar – Mohammed fala – vai deixar seu pai orgulhoso – ele bate nas minhas costas.
Meu celular toca e era meu pai.
- Oi Pai – eu falo assim que atendo.
- O carregamento como está? – ele fala sem ao menos me dar oi.
- Já estão subindo para o caminhão – eu falo.
- Segura o carregamento.
- Por quê?
- Estou indo para o Afeganistão e quando eu voltar você vem comigo.
- Eu vou com você? – eu pergunto.
- Está na hora de você começar a ficar aqui, você é o meu herdeiro – ele fala. – me espera que vou ao seu encontro.
- Ok pai – eu falo para ele. – Irei fazer isso agora mesmo. – Eu falo largando a ferramenta que tinha na mão.
- As armas estão impecáveis? – ele pergunta.
- Estão, sem nenhum dano. – Eu falo – eu disse para você que faria o meu trabalho com êxito, peguei a carga que iria para o exército britânico e trouxe para cá com total segurança.
- Quantas mortes teve? – ele pergunta.
- Quatro soldados britânicos morto e nenhum soldado nosso morto – ele fala e eu espero que ele falasse algo sobre o êxito da operação.
- Eu me preocupo com essa jornalista indo até aí porque a carga ainda está aí – ele fala – resolva isso o quanto antes.
- Pode deixar – eu falo e ele desliga o telefone.
Eu encaro a chamada se desligando e coloco o celular no meu bolso. Eu fazia tudo para ter o reconhecimento dele e muito pouco tinha.
Eu pego o endereço da jornalista e entro dentro do meu carro, eu olho para a pensão que ela morava e nesse momento eu já sabia até a onde era o seu quarto. Eu entro no prédio da frente e fico em um local estratégico que eu conseguia ver seu quarto, pegou os meus binóculos quando vejo ela entrar e falar com uma senhora que gritava para ela entrar logo na pensão. Não demorou muito para entrar no quarto, ela começa a tirar a sua roupa, ficando apenas com a camiseta longa que tampava suas pernas, ela entra dentro de uma porta e vejo que a luz da janela do banheiro se acende, fico ali esperando ela voltar para ver o que ela ia fazer, ela demora.
- Não acredito que estou de baba dessa jornalista – eu falo para meu tio Said no telefone assim que ele me atende.
- Nada? – ele pergunta.
- Ainda nada, está no banho – eu pergunto – ela não irá trazer problemas.
- Fica de olho, ela tem informações na mão dela, ela entrou no banco de dados não sabemos que informações ela conseguiu – ele fala.
- Isso aqui está um saco – eu falo e a porta do banheiro se abre e ela estava nua.
- Você precisa ficar de olho nela – ele fala enquanto eu a encarava nua andando pelo quarto, ela começa a passar o creme corporal pelo seu corpo e começa dançar alguma música que ela coloca. – Você está me entendendo Omar? – eu não tinha escutado nada que ele tinha falado antes, apenas encarava ela. – Omar você está aí?
- Relaxa, as coisas aqui estão bem interessante – eu falo para ele – qualquer coisa eu te ligo – eu desligo o celular e deixo ele em cima do recuo da janela.
Seguro com as duas mãos os binóculos para não perder nada. Eu fico ali observando ela, até que ela se vira para a janela e vejo em seu rosto o espanto que ela tomou quando me viu a observando, eu não me movo, não faço nada, continuo da mesma forma porque assim ela não vai ver o meu rosto. Ela anda até a janela lentamente e fecha as cortinas, eu me viro baixando os binóculos e saindo do prédio.
(..)
Eu entro dentro do desmanche e encontro os meus tios sentados. Eles eram o braço direito do meu pai, mas não eram chef de nada e muito menos mandavam em nada, a não ser em mim e isso era um saco de ter que aguentar, mas eu não tinha escolhas.
- E aí? – meu tio pergunta – O que você descobriu?
- Nada – eu falo para eles – a garota está dormindo. Achem alguém para acompanhar ela de dia, eu só vou ficar lá na parte da noite, de dia tenho muita coisa para fazer para o meu pai. – Eu subo as escadas e não escuto a resposta deles.
Eu entro dentro do banheiro e fico pensando naquela garota, com 1,60, cabelo castanho e longo, sua pele branca, seus traços delicados, corpo definido, fico pensando em cada parte dela.
Era uma pena que ela tinha se metido onde não deveria e que agora nem eu e nem ninguém poderia evitar o seu destino.
Eu acordo de manhã cedo e vejo um dos nossos funcionários do desmanche mexendo nas caixas.
- O que você está fazendo? – eu falo pegando a arma da minha cintura.
- Estava organizando as coisas e acabei achando essa caixa aberta – ele fala.
- Você não viu nada – eu falo para ele – agora sai se você tem amor a sua vida.
Ele sai correndo.
Meu telefone toca e era meu pai.
- Fala – eu falo.
- A jornalista foi vista na frente da casa da sua vó - ele fala.
- Você está falando sério? – eu falo.
- Eu a quero viva, eu não quero ela morta – ele fala.
- Por que você a quer viva? – eu pergunto.
- Eu tenho planos para ela, ela vai gostar dos planos que eu tenho. – Ele diz com um ar misterioso.
- Você quer que eu a leve para ai? – eu pergunto.
- Ainda não – ele fala. – Espera, vamos ver até a aonde ela pode chegar. Vamos dar corda para ela se enforcar.
Eu fico sem entender os motivos do meu pai , mas respeito e apenas concordo. Eu iria ficar de olho nela.