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3

Amanda Lins narrando

Eu entro dentro da revista ainda mais curiosa com o que eu tinha visto, eu queria mais e mais informação, eu ia até o final nessa reportagem, eu ia escancarar para o mundo cada detalhe e ter meu nome sendo requisitado por grandes revistas, jornais e noticiários.

Eu começo a pesquisar sobre Omar Bazzi em meu computador e não encontro nada sobre ele, como jornalista da revista Ecos eu tinha acesso a alguns bancos de dados e não existia nada sobre ele, aquele não era o nome verdadeiro. Eu também procuro sobre o sobrenome Bazzi e encontro algumas pessoas mas todas fora do Afeganistão, mas resolvo pesquisar sobre o sobrenome Ahmad Al-Sabbah e encontro uma senhora que tem 70 anos Safira Ahmad Al-Sabbah que morava a uns 40 minutos do Afeganistão, no mesmo local a onde foi visto pela última vez um dos terroristas não identificado que deixou o carro na frente da mesquita, após ele ser reconhecido , ele apareceu morto como se fosse um aviso para quem pensasse trair ou deixasse alguém encontrar.

Eu começo a pesquisar mais sobre essa mulher e é quando eu escuto um barulho estranho, olho para trás e vejo a porta batendo.

- Zayan? – eu chamo e me levanto da cadeira andando lentamente até a porta – Mustafá? – eu pergunto novamente – quem está aí?

Escuto um barulho novamente atrás de mim e me viro para trás, mas agora só tinha a cortina voando sobre a janela, eu olho para todo o canto na revista, eu vou até a porta que está batendo e olho para fora e não vejo ninguém sobre as escadas ou perto do elevador, fecho a porta e passo a chave nela. Vou até a janela que estava aberta e olho para baixo vendo dois homens estranhos entrando em um carro falando no celular, eu fico encarando aqueles homens mas logo eles entram e sai com o carro.

Eu vou até o meu computador e término de anotar as informações que eu tinha conseguido, assim como o endereço, olho para o relógio e era 16 horas da tarde. Eu pego as minhas coisas e desço indo até o meu carro. Eu olho pelo retrovisor e vejo um carro preto estranho parado atrás do meu, eu devo estar ficando nevosa por causa de mais cedo naquele desmanche. Resolvo ir para casa ao invés de ir até o endereço de Safira.

Eu estaciono o meu carro na frente da pensão, olho para todos os lados, mas não tinha ninguém na rua e nenhum outro carro, parece que estou sendo vigiada, eu me sentia assim desde que cheguei na revista.

- Anda anda entre, já vai anoitecer e você não tem que ficar na rua – Zayra a dona da pensão fala.

- Olá dona Zayra – eu falo para ela. – Parece que essa noite será bem escura.

- Entre de uma vez menina, acabei de ver na televisão que foi visto movimentações estranha nas ruas e estão achando que aquele grupo de terroristas comandado por aquele lá que ninguém sabe o rosto – ela fala e eu a encaro – já deu o alerta, todas as mulheres dentro de casa.

Eu entro para dentro e vou para o meu quarto, coloco as minhas coisas sobre uma cômoda onde ficava as minhas roupas e entro no banheiro para tomar um banho, o banheiro era composto por uma banheira, um vaso e a pia que ficava na banheira mesmo. Era bem pequeno, não era quase nada confortável esse quarto, mas era o suficiente para mim, eu não me criei no meio de luxo, eu me criei dividindo um quarto com 14 meninas, a onde a gente só conseguia andar no meio das camas porque não tinha espaço, as minhas roupas ficavam dentro de um baú que era acoplado na cama e ali era tudo o que eu tinha. Isso aqui era luxo para mim, saio nua do banheiro e fico no quarto secando os meus cabelos. Me olho no espelho e fico admirando o meu corpo. Ainda nua andando pelo quarto, eu pego meu creme corporal e começo a passar por todo meu corpo lentamente. Eu ligo uma música baixa na minha caixa de som já que a pensão não poderia ter barulho, começo a dançar passando o creme pelo meu corpo, eu sentia falta do Brasil por causa da dança, adoro balé clássico, hip hop, qualquer tipo de dança eu sempre gostei muito.

Eu termino de passar o creme pelo meu corpo e quando me viro de frente para a janela, eu vejo uma sombra do outro lado da rua me encarando com um binoculus na mão, eu fico encarando aquele homem com capuz na cabeça que eu não conseguia identificar o rosto por causa do escuro.

Ainda nua eu caminho até a janela e o encaro, ele continua com os binóculos sobre o rosto porque se baixasse era capaz de eu identificar o seu rosto.

Eu não me importava em está nua na sua frente ou se ele estava ali me vendo apenas por ser um tarado, mas o que me preocupava é se era alguém que estava no desmanche.

Eu fecho as cortinas lentamente tirando a visão dele para dentro do quarto, espero alguns minutos e volto a espiar e já não tinha mais ninguém ali.

Eu deito a minha cabeça no travesseiro e fico pensando na vida, eu não iria desistir dessa reportagem, eu não estudei que nem uma louca, passei fome na faculdade, andava apé para ir até ela, não vim para o Afeganistão e vivi a pior fase da minha vida nos primeiros anos, trabalho e aguento homens machistas, durmo em um quarto minúsculo de uma pensão, tomo café todos os dias em uma cafeteria com desconhecido e meu único amigo é o garçom brasileiro que as nossas conversas são durante o tempo que vou onde ele trabalha, eu não iria desistir agora, eu não iria, eu vou até o fim!

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