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8

“Você faz parecer um fardo, como se você não tivesse escolha?” Eu quase dou uma risada quando digo isso, sentindo-me tudo menos alegre, apenas fragilizada. Ele olha para mim, os olhos se movem lentamente pelo meu rosto, sua expressão cautelosa. Ele não diz nada, apenas franze o cenho, de maneira irritante, sem revelar nada.

Alguém bate na porta, fazendo com que ele pule. Do meu canto, posso ver que ele perdeu seu olhar zangado, seu temperamento se dissipando completamente, fazendo seu corpo se curvar um pouco. Exausto de ser a bolo de fogo gigante que entrou aqui, ele parece ter perdido toda sua luta e percebe que ele não agindo como o Jake Carrero que achei que conhecia.

“Abra a porta, Jake, antes que os interinos do escritório comecem um boato que estamos dando uns amassos na sala da copiadora.” Eu suspiro, me sentindo pesada e cansada. Acho que provavelmente estou prestes a desmaiar. Internamente incomodada, mas principalmente apenas cansada de ser um desastre emocional. Preciso de uma bebida. Tudo isso, hoje, com Jake, foi demais para mim. De contato nenhum a infiltrar-se no meu dia inteiro. Jake é como um buraco negro arrebatador.

“Talvez devêssemos dar a eles algo para fofocar?” Ele sorri para mim e vejo uma insinuação do meu Jake … Meu Sr. Carrero atrevido. Ele não mudou nem um pouco sob a atitude de ‘urso com uma cabeça dolorida’ e isso me deixa triste. Apesar disso, sinto um sorriso puxar meus lábios e balanço a cabeça para ele.

“Ainda poderia processá-lo por assédio sexual, sabe… já que ainda trabalho na mesma empresa.” Eu desvio o olhar, de maneira tímida, enquanto ele destranca a porta, deixando uma recepcionista irada entrar. Ela olha dele para mim e vice-versa antes de ficar vermelha e dando desculpas para desaparecer. Jake a observa ir, mas deixa a porta entreaberta. Parece que nenhum de nós tem mais energia para isso e ele coloca as mãos nos bolsos, os ombros curvando com se ele tivesse murchado. Em vez de fazê-lo parecer mais vulnerável, tudo que faz é fazê-lo parecer muito mais viril e forte. Sinto uma pontada em meu peito, batendo forte, quase me deixando sem fôlego.

“Provavelmente eu mereço isso.” Ele dá de ombros, olhando para mim de cima a baixo. Não posso ler nada em seu rosto, só que ele não está mais zangado. “Não vá, Emma … Por favor.” Ele parece tão sincero. É tão inesperado que causa um nó na minha garganta.

“Ainda não decidi nada, Jake … Preciso de espaço para pensar … Não você, entrando correndo aqui, gritando comigo e me dando ordens. Preciso de tempo para resolver as coisas.” Eu respondo com firmeza, observando-o.

Ele suspira, de maneira pesada, me examinado devagar, de maneira mais deliberada.

“Não quero que você vá … Preciso que você entenda isso.” Vejo uma insinuação daquele Jake jovem que amo tanto e isso dilacera meu peito. Ele tira as mãos e caminha na minha direção, fechando o espaço entre nós, forçando o ar ao redor de mim se dissipar de modo que mal consigo inalar.

“Você me queria fora da sua vida há um mês. Nada mudou entre nós. Nova York é minha casa, Jake, mas talvez não seja onde encontrarei meu felizes para sempre. Se você ainda é meu amigo, então deixe-me fazer minhas próprias escolhas.” Dou um passo lento na direção dele, impulsivo, ansiosa para estender a mão e tocá-lo, mas paro a um metro do seu corpo alto e poderoso quando percebo o que estou fazendo, estamos cara a cara.

“Quero que você seja feliz, eu quero. Só não quero que seja em um lugar que nunca irei vê-la novamente.” Ele franze o cenho para mim, seus olhos verdes escurecendo quase para um castanho e a intensidade da sua careta franze sua testa perfeita.

“A última coisa que você me disse era que nunca mais nos veríamos de novo. Agora você parece que não quis dizer isso.” A dor de cair em seu corpo e sentir seus braços ao redor de mim, me obriga a me afastar um passo. Não sou idiota o suficiente para acreditar que algum dia poderíamos voltar.

“Talvez apenas não saiba o que é bom para mim quando se trata de você. Não sei quando deixar para lá.” Sua mão veio afastar uma mecha de cabelo do meu rosto, algo que ele tinha feito milhares de vezes antes, mas que nunca pareceu tão insuportável quanto agora. Viro meu rosto para que sua mão se afaste.

“Você precisa deixar isso para lá. Deixe-me em paz para continuar com minha vida.” Eu engulo as lágrimas, tão perto de desmoronar.

“Eu sei.” É mal audível, mais uma concordância ofegante. Seus olhos perdem um pouco daquele brilho Carrero. Nós dois inalamos, devagar, reconhecendo o que sabemos que é o melhor. Por mais doloroso que seja para mim, pelo menos.

“Caminhe comigo, Emma … pelo menos até o elevador?” É um pedido tão estranho, um que o deixa parecendo tão jovem e inseguro. Há uma vibração no ar entre nós, um peso cheio de tensão. Eu hesito, em seguida aceno com a cabeça e avanço. Ele toma meu movimento como aceitação e abre a porta para mim, seguindo de longe.

“Isso significa que você lamenta agir como um acossador?” Lancei um sorriso tímido para ele, sem saber como navegar nessa situação, esperando que o humor, como sempre, quebrasse a tensão.

“Não.” Ele sorri, mas não alcança seus olhos. Pelo menos, não estamos mais gritando. Agora estamos apenas quietos e pensativos.

“É bom ver que você não perdeu o toque, ainda autoritário e arrogante.” Dou um sorriso suave para ele mais uma vez, caminhando lado a lado, tentando agir de maneira normal. A mudança entre como costumávamos agir perto um do outro está ainda mais realçada. Estamos apenas fingindo agora, o constrangimento dessa caminhada, estalando no ar.

“Você nem começou a ver a profundidade das minhas habilidades de acossador autoritário.” Ele sorri, o humor habitual em sua voz está desaparecido. Estávamos apenas observando as formalidades de como costumávamos brincar e rir. É tudo muito educado, escondendo um mar de emoções sob a superfície.

“Falando nisso…” Eu hesito e olho ao redor. Ray surge na minha mente, mas eu paro

Não aqui … As pessoas irão ouvir.

Ele franze o cenho para mim, sentindo que eu tenho algo sério para perguntar a ele.

“O que é?”

“Preciso conversar com você sobre algo … Bem, na verdade, perguntar algo … Apenas não aqui, ok?” Olho ao redor mais uma vez quando alcançamos o elevador. Muitos olhos curiosos estão olhando na nossa direção, se perguntando por que Jake Carrero está caminhando comigo até o elevador. Muitas mulheres com olhar de cobiça apreciando a visão que é Jake Carrero. Ouço o elevador soar quando as portas se abrem e me viro para me despedir

De repente, Jake me arrasta para dentro do elevador com ele e eu tropeço em seus braços, irremediavelmente, enquanto ofego em choque, ciente que a maior parte do salão acabou de ver o que ele fez. Afasto-o com força e raiva.

Por que diabos ele faz coisas assim? Sempre me tocando a qualquer hora que ele quiser, como uma maldita criança. Mesmo depois de tudo, ele ainda acha que tem direito!

“O que você está fazendo?” Eu digo de maneira ríspida, irritada que minhas frustrações são recebidas com um sorriso e um encolher de ombros. O desejo de dar um soco na garganta dele é avassalador. Tento me endireitar, minhas roupas estão subindo até minhas axilas agora.

“Você queria conversar, o que é mais privado do que aqui?” As portas se fecham, trancando-nos

“Você é tão … Aargh! Sempre com a agarração!” Eu grito, me afastando dele agitada, ignorando a expressão satisfeita em seu rosto presunçoso e idiota.

Mas ele está certo, embora haja câmeras aqui observando tudo, elas não têm som. Meu temperamento ferve até uma irritação pequena quando percebo que ele me fez um favor.

Quantas vezes ele agiu assim no passado? Muitas para contar.

A criança eterna nele é frustrante.

“O que você quer me perguntar, Emma?” Ele se apoia na parede do elevador e de maneira casual se estica, cruzando um pé na altura do tornozelo por cima do outro e empoleirando o bumbum no corrimão. Suas mãos estão nos bolsos e ele está olhando para o chão. Esta é a pose do Príncipe Carrero que tinha visto tantas vezes antes, relaxado, em seu domínio. Olho para ele com cautela e suspiro minhas rejeições à sua agarração.

“Ray Vanquis,” eu digo baixinho. Ele olha para cima, mas não consigo encontrar seus olhos. Quando não digo mais nada, ele se endireita e caminha na minha direção.

“Ele entrou em contato com você?” Sua raiva evidente com cada palavra. “O que ele fez? Ele te machucou?” Sua mão agarra meu pulso, me puxando para ele, de maneira brusca. Havia fogo em seus olhos, uma raiva instantânea quase fervendo. Seu corpo está debruçado sobre mim, como uma espécie de escudo protetor e seu rosto é aterrorizante

“Não, Jake, não … Eu prometo.” Resisto ao desejo de recuar. Ele nunca me machucaria. Ele relaxa um pouco, soltando-me para que eu possa recuar, agitação em seu rosto.

“Irei matá-lo desta vez, eu juro.” Ele cerra os dentes e depois passa a mão pelo cabelo curto, tentando trazer um pouco de calma ao seu comportamento, mas apenas bagunçando seu esmero. Sinto falta do Jake protetor. Vê-lo assim me deixa ansiosa e causa simpatia enquanto o observo. O desejo de arrumar aquele cabelo bagunçado quase me domina.

“Jake …” Eu suspiro, “Preciso saber o que aconteceu depois de Chicago?” Eu olho para ele, implorando. Seus olhos encontram os meus, franzindo o cenho

“Por quê?”

“Então algo aconteceu?” Sua pergunta confirma mais do que ele teria me dito se eu não tivesse mencionado o assunto.

“O que faz você achar isso?” Ele está tentando sua rotina suave, Posso me convencer de qualquer coisa, recuando para a parede, apoiando-se nela, desta vez de maneira rígida. Conheço esse lado dele. Sei quando ele está disfarçando.

“Porque homens como Ray não se levantam e fogem da maneira que ele fez … Ele terminou com minha mãe e desapareceu.” Mantenho meu tom gentil. Não quero brigar. Apenas quero a verdade e enfrentar Jake com raiva nunca funciona.

“Você realmente achou que eu iria simplesmente esquecer, Emma? Vir para casa e não fazer nada?” Seus olhos brilham com raiva. Sinto o calor aumentar no meu rosto.

“O que você fez?” Minha voz é calma e insegura. Nunca conheci esse lado de Jake e embora esteja feliz, também estou assustada com o que ele potencialmente fez.

“Você quer detalhes, Emma ou confirmação?” Ele avança e se aproxima de mim, expelindo o ar dos meus pulmões. Não consigo pensar quando ele está tão perto e movendo-se para quase me tocar.

“Não sei.” Minha voz está falhando e ele suspira, passando um dedo pelo meu rosto de maneira lenta. Seu toque está incendiando um milhão de sensações pelo meu corpo, fazendo meus joelhos enfraquecerem. O desejo de fechar os olhos e saborear isso é avassalador, mas eu resisto.

Lute. Não deixe que ele a afete. Seja forte.

“Tudo que você precisa saber é que ficou claro para ele que você e sua mãe estão fora dos limites, que caso algum dia ele reaparecesse haveria consequências, Emma … Pior do que eu fiz com ele em Chicago … Só isso.” Sua voz está baixa, nossos rostos tão próximos que posso inspirá-lo. O desejo de beijá-lo me domina muito. Ele para tão perto da minha boca, seus olhos parando nos meus lábios de maneira tão breve. Um momento de pausa estranha entre nós e então ele recua e se afasta.

“Acabamos aqui?” Ele suspira. O elevador toca quase a pedido dele e se abre, dois homens entram e eu aceno com a cabeça para ele, saindo para o corredor. Ele me segue por um segundo, segurando a porta aberta.

“Se algum dia você tiver notícias dele, você vem até mim … Não importa o quê.” Seu olhar sombrio envia um arrepio pela minha coluna. Eu concordo com a cabeça, de maneira obediente, observando-o, sabendo que ele está falando sério. Ele olha para mim com um sorriso satisfeito e volta para o elevador, os olhos grudados em mim enquanto a porta se fecha entre nós, bloqueando-o de vista. Fico em pé, paralisada, olhando para as portas do elevador, sentindo como se tivesse sido devastada. Odeio que ele faça isso comigo sempre que está perto de mim.

Empurrando a turbulência louca para dentro, vou para outro elevador e espero até que uma porta se abra para retornar ao meu andar. Preciso voltar para minha mesa onde posso me recuperar de tudo que é Jake e processar o que ele acabou de me dizer.

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