O Homem da Cicatriz
O Matt é um pouco diferente do que eu imaginava.
O teto de madeira e a luz baixa trazem um apelo bastante intimista. Do lado direito, há um enorme sofá para doze mesas, enquanto o esquerdo tem uma bela vista da baía.
Max e eu estamos sentados, lado a lado, em uma dessas mesas com vista. Seu cliente, um homem chamado Harrison Baker, trouxe a esposa, uma loura com seios turbinados pelo menos trinta anos mais jovem do que ele. Fico grata, porque faz a diferença de idade entre Max e eu parecer irrelevante.
Conforme os minutos vão se passando, a conversa entre o meu marido e o Sr. Baker parece se esticar de um jeito interminável. Eles usam diversos jargões da indústria automotiva, falam sobre feiras e palestras, discutem novas tecnologias em estudo, e eu tento me desligar, pensando em como vou fazer para conseguir um encontro para Mia.
Caroline, a esposa do Sr. Baker, tenta puxar assunto algumas vezes, perguntando se eu estive em alguns dos eventos que aconteceram nos últimos meses. Em especial, um baile de caridade onde compareceu a esposa do senador. Eu tento ser gentil e educada, mas a conversa é toda tão entediante que, quando percebo, estou trocando mensagens com Mia pelo celular.
“Vocês estão tendo um encontro romântico?”, ela pergunta, quando digo que estou jantando no Matt.
"Não. Estou sendo a Sra. Lancaster. Outra vez"
"Melhor do que ser a babá do Jeremy. Ele fica pedindo cervejas, o tempo todo."
"Meu Deus... Que tipo de criança é essa?"
"Uma de quase vinte anos que assiste pornô demais".
Eu solto uma risada baixa. Começo a digitar de volta, até que sinto o calor da mão de Max na minha coxa e reprimo um grito.
— O que está fazendo? — ele se inclina para mim e sussurra.
— Falando com Mia. Por quê?
— Harrison acaba de perguntar a você se já esteve na Grécia e você nem ouviu.
Eu levanto a cabeça para pedir desculpas e responder ao Sr. Baker, mas tanto ele, quanto a esposa, não estão mais à mesa.
— Eles foram ao banheiro — Max avisa, tentando não demonstrar o aborrecimento que sei que está sentindo. Está nítido nos seus olhos. — Não se preocupe. Eu respondi por você. Está tudo bem?
— Sim, por quê?
— Se você não queria vir, hoje à noite...
— Também vou ao banheiro — anuncio e deixo o guardanapo de linho sobre a mesa antes de me levantar. — Eu volto já.
Cinco minutos depois, quando deixo a cabine, Caroline Baker está retocando o batom em frente ao espelho. Ela não é exatamente bonita, mas impressiona pela sexualidade explícita.
Eu abro a torneira da pia ao seu lado e nossos olhos se encontram, rapidamente, pelo reflexo no espelho.
— Posso fazer uma pergunta, Chloe?
— Claro.
— Como foi que você e o seu marido acabaram juntos?
Eu termino de lavar as mãos e fecho a torneira, me virando de frente para ela também. Caroline está aplicando, cuidadosamente, mais uma camada do seu batom vermelho, quando eu respondo com acidez:
— Nós enfrentamos uma quadrilha de bandidos. Max me salvou e foi como um felizes para sempre.
— Ah, é claro — ela revira os olhos, sorrindo, antes de me estudar mais atentamente pelo espelho — Ouvi dizer que você era a babá das filhas dele, mas não deve ser verdade, não é?
Juro que, se eu olhar com mais atenção, vou notar o veneno escorrendo do canto dos seus lábios.
— Imagina, Caroline.
Ela faz uma pausa. Abre um sorriso maldoso.
— Pessoas são fofoqueiras, não é verdade?
— Conheço algumas que são invejosas também.
Sinto um nó na garganta, um mal-estar quase físico, mas digo a mim mesma que não vou cair no papo dessa víbora. De jeito nenhum. Tive minha cota de barbies interesseiras, desde que Max e eu trocamos alianças, e já me acostumei ao veneno dessas cobras.
Mas quando ela solta suas próximas palavras, cheias de insinuações, eu acabo me equilibrando em corda bamba.
— Deve ser difícil ser a esposa de um cara como o Max Lancaster.
— Não entendi.
— Você sabe... todo sexy e deslumbrante. Ridiculamente bonito — ela emite um pequeno suspiro apaixonado. — Eu ficaria insegura o tempo todo.
— Foi por isso que se casou com alguém com o dobro da sua idade?
Eu acho que isso vai calar a boca de Caroline, mas o sorriso dela se expande ainda mais.
— Ah, sim, com certeza. De olho no futuro, não é, baby? Você me entende — a insinuação clara faz o meu rosto esquentar.
— Na verdade, não entendo.
Ela se vira de frente para mim antes de sair do banheiro com um sorriso malicioso.
— Não, é claro que não.
Quando volto para a mesa, Harrison Baker já está de pé, se despedindo de Max.
— O senhor já vai? — eu me aproximo, estendendo a mão para cumprimentá-lo. — Ainda é tão cedo.
— Eu tenho que ir, Sra. Lancaster. Já está na minha hora. Você encontrou com Caroline no banheiro?
— Sim, ela já deve estar vindo.
— Ótimo — ele balança a cabeça para mim antes de se virar para Max. — Você tem uma esposa adorável, Max. E sobre os negócios, vamos continuar em contato, tudo bem?
— Perfeitamente, Harrison.
Quando Caroline vem até a mesa se despedir, a vontade que eu tenho é de arrancar o sorrisinho do seu rosto a tapas, mas me controlo e sigo com nosso teatro na frente dos rapazes.
Na saída, Max e eu seguimos para o carro em silêncio. Estou me sentindo uma droga por ter sido uma péssima acompanhante essa noite, mas também com um pouquinho de raiva por sempre ter minha vontade ignorada, ainda que não seja de propósito.
Olho de relance para o Dodge preto estacionado logo atrás do Bentley prateado de Max.
A figura por trás do volante me chama a atenção. Os olhos do homem, por trás do volante, encontram os meus e ele abaixa o rosto. Tudo acima do nariz pontiagudo mergulha em sombras. Não antes que eu veja a marca logo abaixo do supercílio esquerdo. Uma cicatriz branca, relativamente pequena que poderia ter sido provocada pela ponta de uma faca bem afiada.
Eu olho para cima, para o céu nublado. A brisa fria da noite envolve a minha pele, me deixando arrepiada.
Max tira o casaco dos meus ombros quando eu escorrego para o interior aconchegante do Bentley, perdida nos meus pensamentos.
***
Na volta para casa, Max e eu pouco nos falamos.
Adeus, noite perfeita.
Entramos na mansão em silêncio e ele segue direto para o escritório em vez de subir comigo. O aperto em meu peito diz que não fui a companhia que deveria, essa noite, e enquanto subo as escadas, começo a me questionar como esposa.
Max é meu marido e, sendo essa uma noite divertida ou não, eu deveria ter cumprido o meu papel ao seu lado com um pouquinho mais de entusiasmo.
Mais tarde, quando eu me deito na cama, ele ainda não está no quarto. O cômodo parece vazio e silencioso. Eu me deito na cama e puxo as cobertas sobre mim com lágrimas nos olhos.
Que merda.
Odeio ficar tão sensível. Tento pensar em tudo o que há para fazer, no dia seguinte. Faço uma lista mental de uma série de tarefas que sei que não vou conseguir cumprir. Com isso, acabado adormecendo.
Acordo, algum tempo depois, com o peso de Max se deitando ao meu lado. Sem pensar duas vezes, eu me viro de frente para ele e seus lindos olhos me atravessam. Nossas respirações se misturam no quarto silencioso.
— Chloe, eu...
— Max... — começamos a falar ao mesmo tempo e eu acabo rindo. — Pode falar.
Ele suspira e a intensidade nos seus olhos aumenta minha frequência cardíaca.
— Eu estava lá embaixo, quebrando a cabeça para entender como consertar as coisas com você.
Suas declaração me faz engasgar.
Como assim?
Achei que ele tivesse se trancado no escritório para digerir a raiva que estava sentindo por eu não conseguir atender suas expectativas.
— Achei que eu tinha estragado tudo — confesso, reprimindo a ansiedade martelando meu peito agora. — Eu sei que não cheguei nem perto de ser a esposa que você precisa essa noite.
— Você nunca estraga nada — ele me olha, incrédulo. — Você não tem mesmo noção de que consertou a porra da minha vida, não é?
Eu gesto rápido, Max se vira e monta em mim. Imprensa o meu corpo entre a cama e o seu, fazendo o colchão ranger. Pega todo o meu ar para ele, enquanto seu cheiro incrível e masculino me atinge com uma força esmagadora.
— Me diga o que eu posso fazer, Chloe. Me diga o que eu tenho que fazer e eu faço.
Eu penso antes de dizer qualquer coisa. Não sei se estou em condições de ter uma conversa tão franca com ele. Não agora, quando o meu coração está tão acelerado que poderia até sair voando pela boca.
Eu tento esticar os braços para tocá-lo, mas Max os prende contra a cama e uma onda de desejo ameaça explodir dentro de mim a qualquer momento.
— Para começar, é difícil se relacionar com alguém que quase nunca está por perto — sussurro. — Eu sinto muito a sua falta, Max.
Ele abaixa o rosto. Encosta o nariz no meu, mas não me beija. Sua boca está a milímetros da minha. Tudo o que eu quero é que encostar meus lábios nos seus e esquecer todo o resto.
— O que mais?
— Às vezes, você é um babaca.
Ele ri, um riso trêmulo e nervoso. Mas logo seu semblante está sério de novo.
— Por favor, não desista de mim ainda — há um calor em seus olhos capaz de derreter meu coração. — Eu quero muito merecer você, Chloe.
Droga. Minha garganta está tão apertada que mal consigo respirar.
Max me solta e eu envolvo seu rosto com as minhas mãos. Olho em seus olhos, profundamente, mostrando a ele toda a emoção que eu sinto.
— Não vou desistir de você. Não vou desistir da gente.
Ele tem uma expressão no rosto que eu não consigo decifrar. Meu sexy e misterioso Max Lancaster! Seus olhos estão pesados. Ansiedade e uma expectativa gigantes.
Eu tenho vontade de puxá-lo pela nuca e beijá-lo até o mundo ao redor deixar de girar, mas ele faz isso primeiro.
Seus lábios quentes e molhados recobrem os meus e eu deixo escapar um gemido de aprovação. O corpo de Max é duro e pesado, mas de alguma forma, ele parece se encaixar ao meu com perfeição. Sua língua entra fundo na minha boca. Eu a chupo suavemente e, depois, com mais força. Sua ereção pressiona entre as minhas coxas.
— Me deixe entrar em você, Chloe.
Hipnotizada pelas suas palavras, eu abro as pernas, o bastante para ele acomodar o quadril entre elas. Os lábios de Max descem pelo meu queixo, se arrastando para o meu pescoço. Ele lambe a minha garganta, devagar. O sangue lateja e eu estremeço, me contorcendo toda embaixo dele, ansiando por mais proximidade.
— Preciso de você agora — ele leva a mão entre minhas pernas. Puxa a calcinha para o lado e desliza o polegar, para cima e para baixo, pelos grandes lábios, gentilmente. Seus olhos se acendem. — Porra, você está toda molhadinha.
Meu corpo parece prestes a entrar em combustão espontânea. Quero Max dentro de mim. Preciso dele me penetrando e acabando com essa agonia infeliz.
— Você me deixa tão duro — sua voz é um sussurro rouco no quarto escuro. Abaixa a calça com uma das mãos, em um movimento ágil, e começa a brincar com o pau na minha entrada de um jeito provocante. — Porra, Chloe. Eu vou comer você. Devagar no começo. E forte e rápido quando não suportar mais.
Então Max empurra, devagar, como prometeu, me deixando aproveitar a sensação de ser preenchida por cada um dos seus centímetros.
E é perfeito. Incrível! Incomparável com qualquer outra sensação que eu já tenha experimentado.
— Ah, doce Chloe — ele continua me provocando com suas palavras, enquanto se move ritmado dentro de mim. — Você é deliciosa... perfeita. Tão apertada e molhada. Eu adoro foder você.
Eu gemo e seus lábios capturam meu seio direito, envolvendo o mamilo que endurece contra a sua língua habilidosa. Sinto que sou nocauteada por todos os lados. O prazer é quase insano.
Max passa a investir mais duramente e eu o enlaço com as pernas, aumentando o contato entre nós. Ele entra mais fundo, com um grunhido raivoso.
Seu corpo me pressiona contra a cama e ele passa a me foder com mais força de um jeito mais agressivo, liberando seu lado selvagem. Seus olhos cintilam e é uma das poucas coisas que eu consigo ver na meia luz do quarto. Max me dá mais uma estocada forte e eu choramingo. O prazer é insuportável. Ele estala a mão na lateral da minha coxa e eu me perco de tudo.
Eu murmuro o seu nome, várias vezes, e meu marido atende minha súplica. Enterra a cabeça entre meu ombro e pescoço, apertando meu quadril com força e tremendo violentamente, enquanto nós dois gozamos.
Não demoro a dormir, mas o sono é inconstante, atormentado por pesadelos horríveis com homens sem rosto.