O Bicho Papão
— Uma hora de folga para o segurança? Sabe o que poderia ter acontecido, Chloe?
Max está me encarando daquele seu jeito furioso, com direito a olhos apertados e narinas infladas. Isso tudo aliado às mãos pousadas no quadril me fazem lembrar do apelido que Mia disse. Como era mesmo?
Ah sim, Deus da Morte.
Mas que apropriado.
Ele acabou de voltar da aula de tênis e ainda nem tirou o uniforme, camisa de algodão branca e um calção da mesma cor. As pernas musculosas são uma tentação a parte, a propósito.
Deus, não sei como eu resisto!
"Não sei como alguém resiste", penso, enciumada.
Só de pensar nas oferecidas do clube de tênis, meu sangue entra em ebulição.
— Provavelmente nada — eu rebato, cruzando os braços. — Abigail, as crianças e eu ficamos trancadas, sãs e salvas, até o Jason voltar. Sinceramente, eu não sei por que ele foi dizer a você. Se ele não contasse, você nem saberia.
— Me contar foi o que salvou o emprego dele — Max resmunga, esfregando o rosto. — Por que você é assim tão imprudente? É como se gostasse de enfrentar o perigo.
Merda...
Obviamente, por mais que eu negue — e eu sempre nego —, Max não está tão longe assim. da verdade.
Não é que eu queira arriscar a vida das pessoas que eu amo. Mas odeio me sentir uma refém dentro da minha própria casa. Além disso, tem mais... sinto falta da emoção e do perigo. Falta de ouvir meu coração martelar enlouquecido, de correr riscos.
Sinto falta da adrenalina.
E como dizer isso ao meu célebre marido?
Max nunca entenderia! É um homem de negócios sério e metódico. Ele tem toda a sua vida organizada e planejada, e não dá um único passo sem consultar o blackberry.
Somos de mundos opostos. Eu sempre achei que o amor bastaria, mas, agora, a sensação inquietante sobre as nossas diferenças começa a me deixar em dúvida.
Um passarinho preso em uma gaiola dourada ainda é um passarinho feliz?
— Não achei que seria tão ruim se Jason e Mia se conhecessem.
— O que?
— Se eles saíssem. Juntos.
Max inclina a cabeça para o lado e me considera por um longo tempo. Eu quase posso ouvir as engrenagens do seu cérebro funcionando, tentando chegar a uma conclusão diferente de: "a minha nem tão sã esposa acabou de enlouquecer de vez".
— Sua amiga pediu isso como um favor a você?
— Não. Eu meio que... ofereci?
Ele choraminga alto.
— De onde você tira essas coisas, Chloe? Francamente!
O meu rosto esquenta. Max não vai me dar nenhum daqueles sermões, agora.
Ou será que vai?
A diferença de idade entre nós — diferença esta que eu adoraria poder esquecer para sempre — fica gritante cada vez que ele assume esse maldito papel paternal em relação a mim. Max é super protetor. E eu sei que isso deveria soar sexy e apaixonante em alguns livros românticos, não é? Mas não é nenhum pouco assim que eu me sinto.
Eu me sinto sufocada às vezes.
E controlada.
— Eu me preocupo que você não meça as consequências de nada que faz — ele faz uma pausa, cravando seus olhos abrasadores em mim. — Dixxie ainda está solto, será que você já esqueceu?
Suas palavras tem o efeito de um tsunami sobre mim.
Faz muito tempo que não dizemos o nome de Dixxie nessa casa. Pelo menos não em voz alta. E se a ideia inicial era não dar nenhum poder a ele, então nos enganamos.
Porque não falar sobre Dixxie só serviu para transformá-lo em uma criatura mítica, um tipo de pesadelo lendário.
Agora, ele é a própria encarnação do bicho papão.
— Eu sei disso — murmuro em um fio de voz.
— Então?
Eu sustento o seu olhar bravo, o tanto que consigo, mas logo meus ombros arriam e eu suspiro, sabendo que não tenho outra opção além de ceder.
— Vou tomar mais cuidado, daqui por diante, Max. Eu prometo.
O cenho dele vai se desfranzindo. Ele solta uma parte do ar preso nos pulmões, mas ainda está sério.
— Ótimo — ele grunhe. — Porque se aquele maldito desgraçado tentar encostar um dedo em você, eu vou acabar com a raça dele, Chloe. Juro por Deus que eu vou torcer o pescoço do filho da puta com as minhas mãos.
— Isso não vai acontecer. Ele desapareceu, Max — eu o tranquilizo, esfregando a correntinha em meu pescoço com a imagem de Nossa Senhora. Um presente de Abigail. — Dixxie nunca vai aparecer outra vez, ele não se atreveria.
Meu marido caminha até mim, abandonando de vez o seu olhar malvado. Ele encosta a testa, suavemente, na minha, e minha respiração quase para.
Sua urgência me desespera.
Mais do que isso, ela me envolve e me transforma em uma massa quente e sôfrega. Tão desesperada e ardente quanto ele.
— É bom que tenha desaparecido mesmo. Você e as crianças são tudo para mim — Max confessa, torturado. — São tudo o que importa de verdade na minha vida, Chloe.
Ele espalma uma das mãos na minha coluna, na linha da cintura. Acaricia em círculos lentos e ficamos assim, por alguns segundos, em silêncio, enquanto minhas preocupações se dissolvem. O calor do seu corpo me envolve naquele conhecido estado de tranquilidade. Uma preguiça quentinha e gostosa.
Só ele consegue me desacelerar. Só com Max, eu consigo experimentar a paz dentro do caos que vem me acompanhando há anos.
Mesmo que por algum tempo, é um alívio.
— E como foi o jogo? — pergunto, desviando o assunto de propósito e ele responde com um meio sorriso.
— Foi bom. Eu melhorei o meu saque.
— Seu saque é perfeito, Max — reviro os olhos.
— Você é perfeita.
Aquelas palavras enchem meu coração de uma emoção indescritível. O calor do seu corpo aquece o meu, enquanto o único ponto em que nos tocamos é com nossas testas coladas, os olhos abertos.
— Acabou de dizer que eu sou imprudente.
— Faz parte do seu charme. E se faz parte de quem você, também é parte do que eu amo em você.
Minha nossa.
Minhas ressalvas se desintegram.
Sou louca por esse homem!
— Também amo você — admito, com sinceridade, me agarrando no tecido da sua blusa e estreitando o contato entre nós. — Meu Deus, eu amo muito você...
— Hoje mais do que ontem?
— Com certeza.
Max segura o meu queixo e empurra o meu rosto para cima, forçando nossos olhares a se encontrarem de frente. Sua beleza arrebatadora rouba meu ar. Nossas respirações se cruzam. Meus olhos vão se fechando, lentamente, ao passo em que meus lábios se abrem para receber sua língua dentro deles.
Delicioso.
Nosso beijo é lento e cadenciado. Provocante. Sensual ao extremo. Eu ouço seus gemidos cada vez que enfio a língua devagarinho dentro da sua boca. Quando termina, estou ficando molhada.
— O que acha de hambúrgueres para o almoço? — ele muda de assunto de forma perversa. Seu olhar é nebuloso e sexy para cacete. Eu quero devorar esse homem. — Eu estou morrendo de fome. E você?
— Estou de dieta — admito e ele me olha, surpreso. — Eu engordei.
— Não engordou, não — Max nega, pousando a mão em minha cintura e subindo pela lateral do meu corpo, até parar ao lado do meu seio esquerdo. Meu coração começa a bater mais
rápido. Meus mamilos endurecem com a súbita proximidade. — Não existe nada no seu corpo que precise ser mudado, Chloe. Posso garantir isso com palavras e, também, com ações. Qual dos dois você prefere?
Minha garganta fica seca, quando Max se ajoelha a minha frente. Seus olhos encontram os meus naquela pose de total submissão.
Puta merda.
Ele segura a barra da blusa que estou usando e começa a subir, delicadamente. Depois, se aproxima e beija minha barriga exposta. Primeiro o umbigo, depois subindo em direção ao estômago.
Santo Deus... Eu respiro depressa e com dificuldade. Seus olhos não abandonam os meus, em nenhum momento. Estou morrendo de tesão e ele, também.
Msx levanta ainda mais a blusa. Não estou usando sutiã e meus seios
se revelam, os bicos rosados e bem rígidos.
— Você é linda e tão gostosa, minha esposa. Quer ver o que eu posso fazer com você? Todas as coisas incríveis e sensuais para caralho que eu posso fazer com o seu corpo?
Sua boca continua a explorar minha pele, com beijos suaves que me deixam arrepiada. Minha pulsação acelera. Ele desliza os lábios pela lateral do meu seio. Minha carne leva um choque ao ser tocada pela língua molhada de Max.
— Eu quero muito chupar você. Mamar esse peitinho lindo. Você deixa?
Ah Deus... Eu faço que sim com a cabeça, perdida nas sensações inebriantes em que suas palavras me atiram.
Os olhos de Max estão pesados. As pálpebras quase se fecham. Sinto sua respiração atingir minha pele, morna e úmida, um segundo antes de ele envolver o mamilo com a boca macia.
Eu jogo a cabeça para trás e enterro os dedos em seus cabelos. Tê-lo de joelhos, me chupando tão docemente, me faz esquecer que, minutos antes, estava questionando minha felicidade ao lado desse homem.
Eu gemo baixinho, sentindo sua língua brincar com o mamilo duro, empurrando ele de um lado para o outro. Uma corrente elétrica me atropela. Ele suga mais forte, mamando de verdade. Mordisca o mamilo, me fazendo soltar um longo gemido. Gostoso e estimulante.
Seus dedos se engancham no cós do meu short, puxando ele para baixo, junto com a calcinha. Eles se embolam primeiro nos meus tornozelos. Eu me livro deles, quase ao mesmo tempo em que Max levanta minha perna, apoiando meu pé direito sobre o seu ombro esquerdo. Então o seu rosto mergulha entre minhas pernas e eu me perco de todo o resto.
A primeira coisa que sinto é a sua língua. Quente e palpitante. Max me invade com ela, explorando minha intimidade, enquanto eu gemo aturdida pelas sensações que ela proporciona. Eu me agarro em seus cabelos. Quando minha perna esquerda, a que está apoiada no chão, ameaça ceder, ele me segura por baixo da bunda, me mantendo firme. Isso faz sua língua entrar ainda mais fundo.
— Ah, Max... isso... por favor, não para.
— Eu não vou parar... nunca — a vibração da sua voz rouca atinge o meu ponto de prazer e eu gemo de novo. Ele passa a língua pela minha entrada até chegar ao meu clitóris. Então, o circula algumas vezes antes de cobri-lo com os lábios e chupar, delicadamente. — Você é tão doce e gostosa. Minha esposa deliciosa. Minha doce... Chloe.
Eu me abro toda, afasto as pernas para sentir com mais intensidade. Exposta e sensível, deixo que ele explore minha vulnerabilidade. Meus joelhos dobram. Cravo as unhas na sua nuca com força suficiente para Max ficar ainda mais excitado e selvagem. Um grunhido vibra contra o meu clitóris, agora. Os movimentos da sua língua ficam mais determinados até que eu gozo na sua boca, murmurando o seu nome entre ofegos.
Max me lambe com delicadeza, tomando cada gota que eu ofereço a ele. Depois se levanta, limpando a boca com as costas da mão e um sorriso lascivo. Seu cabelo está todo bagunçado e os olhos turvos de desejo.
Ele estende o braço e eu me seguro nele porque, absolutamente de jeito nenhum, posso confiar nas minhas pernas nesse momento. Max enlaça minha cintura e me puxa para ele. Seus lábios reivindicam os meus e eu sinto meu gosto na sua boca. Ele chupa meu lábio superior, gentilmente, e depois o inferior, com mais força.
— Eu adoro como você é depravada — me encara, cheio de lascívia. — Adoro o jeito que você se abre para mim, pedindo mais. É uma delícia. Quero comer você, agora.
Mas, então, o celular dele toca. E pluft. Simples assim, a magia do amor se desfaz.
Max enfia a mão no bolso do calção e confere o visor.
— É da empresa. Merda — a expressão no seu rosto é um misto de irritação com um pedido de desculpas. Ele atende e fala apenas o essencial, desligando rapidamente. — O que acha de jantar no Matt comigo, hoje, meu amor?
Um sorriso se espalha pelo meu rosto.
— Um encontro romântico, Sr Lancaster?
— Na verdade, tem um cliente que eu preciso ver. Mas eu adoraria que viesse comigo. Tudo bem?
Ah.
Outro banho de água fria.
Estou ficando especialista neles.
Eu penso no desfile de clientes chatos e suas esposas muito glamurosas, que eu venho conhecendo desde que me casei com Max, com muito mais frequência do que eu gostaria.
— É claro...
Ele me olha, em dúvida. Parece culpado, o que faz eu me sentir culpada também.
— Não precisa vir se não quiser.
— Não, eu quero. Vai ser bom.
— Obrigado — ele abre um sorriso de lado. — Agora, eu vou tomar um banho. Estou todo suado.
Max segura a barra da camisa e levanta, mostrando cada centímetro firme do abdômen esculpido. Seu olhar para mim é provocante. É um perfeito cafajeste esse meu marido.
— Por que você não vem comigo? Temos algumas horas até anoitecer ainda. E eu posso dar um banho em você.
Eu estou prestes a aceitar, mas agora é o meu telefone que vibra sobre o criado mudo.
Maldita tecnologia!
Eu olho para o visor, de relance. Mia. Uma luz acende dentro da minha cabeça.
— Max, por acaso, o seu cliente é solteiro?
— O que? — Max dá uma gargalhada. Esfrega o rosto e coça a barba por fazer, o que me faz lembrar da sensação dela arranhando minhas coxas, há pouco. — Meu cliente tem sessenta anos e é casado, Chloe. Pare de tentar conseguir encontros para a sua amiga.
De repente, o grito de Evie, do outro lado da porta, faz meu corpo congelar e o meu coração disparar.
— Chloe, abre, por favor!
Tento reorganizar minhas roupas, enquanto brigo com minha falta de coordenação motora. Ela não costuma ser tão ineficiente, mas quando fico nervosa, isso muda.
Assim que estou vestida, outra vez, Max escancara a porta com o semblante angustiado, e nos deparamos com Evie e Maisy com expressões igualmente inconformadas. Estão usando maiôs parecidos com estampas floridas e se atiram para dentro do quarto sem nenhuma cerimônia.
— Chloe, você disse que iria nadar com a gente, hoje — Evie resmunga, os braços caídos ao lado do corpo. — E aí?
— Sim. Estamos esperando, há horas — Maisy argumenta.
Eu levanto as sobrancelhas, cética.
— Quantas horas?
— Quase quinze minutos — Evie assume, revirando os olhos. Depois se vira para Max, torcendo as mãos com expectativa. — Papai, você pode vir também? Por favor?
Max e eu nos entreolhamos. Ele fica em silêncio por um instante, então o sorriso no seu rosto derrete meu coração por inteiro.
— Parece que o banho vai ter que ficar para mais tarde, não é?
— Parece que sim.
Max se aproxima de mim, ignorando a farra e a gritaria das meninas. Elas estão eufóricas, agora. Como amam o pai! Ele me envolve pela cintura e me aperta com força. Pressiona o peito largo contra o meu e a minha pulsação dispara. Max aproxima a boca da minha orelha e minha nuca arrepia.
— Chloe?
— O que foi?
— Eu te amo.
Meu coração afunda no peito.
Se isso não é felicidade, não sei mais o que é.
— Eu também, Max. Também amo você.
— Nunca duvide disso, ouviu bem? Nunca — ele exige, chupando, discretamente, a lateral do meu pescoço. — Outra coisa, Chloe.
— O que?
— Use uma lingerie bem provocante essa noite. Quando chegar em casa, eu vou rasgar a sua calcinha e comer você de quatro, onde eu quiser, até cansar.