06- Um castigo que é uma benção

Aurora estava pensando em como iria remover os espinhos restantes quando ouviu alguém bater na

porta, era o médico.

– Fui enviado para atendê-la.

Aurora ficou surpresa, não esperava que alguém a ajudasse, muito menos um médico.

Ele a atendeu sem fazer perguntas, removeu os espinhos restantes, limpou as feridas e lhe disse:

– Tente não molhar as feridas, seus pés estão em pior estado, tente não sair da cama até que estejam melhores.

– Obrigado doutor, vou manter isso em mente.

– Direi às servas que troquem o curativo e verifiquem as feridas regularmente para não infeccionar.

Aurora sabia que, mesmo que ele dissesse a elas para trocar o curativo e verificar seus ferimentos, elas não o fariam.

– Doutor, você poderia me deixar as bandagens? Eu mesma troco, não gosto que outras pessoas me toquem.

– Ainda acho que seria melhor se uma das servas

fizesse isso.

– Por favor.

Vendo os olhos suplicantes da Princesa, o médico concordou com seu pedido, deu- lhes várias bandagens e algumas pomadas para as feridas.

– Tente verificar as feridas que você pode ver, se estiver tudo bem para você, eu voltarei em alguns dias para ver como você está e ter certeza que as feridas não infeccionaram.

– Muito obrigado, ficarei eternamente grata se você fizer isso.

Aquele médico era velho e gentil, ele sabia que havia algo escondido em tudo isso, era impossível para a princesa se incomodar que outros tocassem seu corpo por que ela não se encolheu quando ele a tocou, havia uma história por trás de tudo isso, mas ele não queria insistir que ela lhe contasse.

Depois que o médico foi embora, o Rei mandou chamá-lo, ele não perguntou como estava a princesa,

apenas o fez ficar de pé por um bom tempo, o médico começou a falar sem ser perguntado.

– Felizmente as feridas da Princesa não são tão graves a ponto de deixar cicatrizes, porém ela deve ter um cuidado especial com as feridas dos pés, os espinhos perfuraram mais fundo porque ela andou enquanto os espinhos estavam nos pés.

Alessandro ouviu tudo sem fazer perguntas, então o médico foi embora.

Alguns dias depois o médico voltou para visitar Aurora, suas feridas estavam quase curadas, apenas as mais profundas ainda não estava curada por completo.

Durante uma reunião, o pai de Victoria, o Duque Alfonso Vampel, furioso com o suposto ataque a sua filha pela Princesa, exigiu que a princesa fosse punida.

Depois de tanta insistência Alessandro decidiu punir Aurora, a reunião terminou pouco depois.

Alessandro estava cansado, não queria continuar discutindo com os nobres, quase todo o reino odiava o Rei Venobich. Ele sabia que aquele incidente era apenas uma desculpa para dar trabalho à Princesa.

Alessandro achava que ela se machucou por seus crimes era punição mais do que suficiente, mas os nobres não pensavam assim.

Alessandro recostou na cadeira, suspirou pesadamente e pensou em dar à Princesa um castigo que não fosse muito duro, nem muito leve, para que os nobres não continuassem a incomodá-lo.

Depois de alguns dias, quando o médico disse que a Princesa estava completamente curada ele foi visitá-la em seu quarto. Ela estava parada na janela olhando o jardim com os pés descalços, Alessandro a considerava uma princesa extravagante que gostava de ficar sem sapatos e com roupas leves, já que o vestido era cortado e mostrava mais do que deveria, ele pigarreou e disse a ela.

– Princesa...

Aurora se virou quando ouviu uma voz masculina atrás dela, vendo o Rei ela se perguntou o que ele estava fazendo naquele lugar, já que ele sempre demonstrava seu ódio quando a via.

Com cara de aborrecido, o Rei continuou dizendo:

– Vejo que está se sentindo melhor, devido seu mau comportamento receberá uma punição adequada, se mudará para uma parte remota do castelo por alguns dias, não terá servas ao seu serviço e terá que administrar como pode, talvez assim você valorize o trabalho dos servis e medite sobre seu comportamento.

Aurora suspirou, o Rei estava fazendo o mesmo que seu pai, deixando-a no esquecimento em um canto do palácio, ela só esperava que aquele lugar não estivesse em ruínas .

– Terei direito a pelo menos duas refeições?

Essa pergunta deixou Alessandro irritado, ele a estava punindo, não a deixando faminta.

– Claro.

Se ela ia fazer suas três refeições, Aurora não se importava com o resto e obedientemente aceitava uma punição que ela não merecia.

Naquela mesma tarde ela foi levada à parte mais distante do castelo, eles a deixaram em uma casinha que deveria ter sido usada pelo jardineiro em algum momento.

Era uma casinha bonita e aconchegante, embora fosse para ser um castigo Aurora sentiu que era uma recompensa para ela, não teria que viver trancada em um quarto, teria uma casinha com pátio.

Aurora tentou fazer uma expressão triste , já que as servas a vissem feliz, iriam querer incomodar ela novamente.

As servas entregaram uma uma cesta com frutas e legumes e lhe disseram:

– Esse lugar é muito longe, a Princesa terá que preparar suas próprias refeições, já que não podemos vir aqui para entregá-la, estamos muito ocupadas para isso, além disso Sua Majestade disse que esse era seu castigo.

Aurora sabia que elas estavam mentindo, elas só não queriam mais cuidar dela e achavam que essa era uma boa oportunidade para isso.

Pelo menos havia lhes dado os ingredientes para fazer sua comida, isso foi um alívio para Aurora. Ela pegou a cesta com os legumes e entrou na casa, as servas saíram imediatamente.

Aquela casa era pequena mas estava muito bem conservada, tinha também uma lareira, então quando o inverno viesse, ela não morreria de frio. Aurora deu um sorriso, o que era para ser um castigo, ela viu como uma benção.

Não havia ninguém para a vigiar ou para a impedir de sair do seu quarto. Aurora deu um suspiro de alívio pela primeira vez, em muito tempo, parecia que a sorte finalmente estava sorrindo para ela.

– No final sai por cima de tudo isso, aquela mulher queria a ver sofrer, porém ela não sabe que acabou me fazendo um favor, espero que ela se mantenha saudável e tenha uma boa vida.