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Capítulo 7

- Olha, por que você não fala conosco? -

- Porque eu... - ela gaguejou e, não, não era culpa do álcool o fato de sua boca soar grossa. - Eu fui um pouco duro com ela na última vez que conversamos. -

- Alister disse que você não bebeu o sangue dela. - Sam andou ao redor dele, estudando-o cuidadosamente. - Ou talvez eu tenha bebido? -

- Aconteceu por força das circunstâncias, circunstâncias adversas. -

- Posso imaginar. - Sam revirou os olhos e se virou para a multidão enquanto bebia seu Firestorm Walker em pequenos goles. Ela estava procurando por alguém, mas não havia dito quem. Obviamente, era Alister, ela nunca fazia nada que ele não mandasse. Ultimamente, porém, Calvin vinha se tornando cada vez mais relutante em fazer o que ela pedia, talvez porque, com o passar dos anos, os pedidos fossem cada vez maiores e também porque ele detestava receber ordens. A estadia em Nova Orleans foi provavelmente a melhor viagem de férias que ele já havia feito, apesar de ter viajado o mundo com seu mentor. Ele havia experimentado a paz, o silêncio, meu Deus, o silêncio: ele nunca havia percebido o quanto era agradável em sua sacralidade até depois de tê-lo experimentado.

Mas, então, Alister voltou para reivindicar o que era dele, e Calvin não conseguiu recuar.

E agora aqui está ele, cuidando de um mestiço com ideias confusas. Essa certamente não foi a razão pela qual ele se tornou um baleeiro.

- Eu verifiquei a parte de trás, como você me disse, está tudo bem. - Disse Daniel, emergindo da multidão com um grande bocejo, inclinando-se sobre o balcão para pegar algo para beber. Eu literalmente tive que arrastá-lo para fora da cama para lhe fazer companhia, embora, com toda a honestidade, ultimamente Daniel parecia estar escondendo algo dele, ele estava se comportando de forma estranha. Ele desaparecia durante o dia e, à noite, ficava muito cansado.

- Não entendo por que tivemos que vir para cá, normalmente é terra de caçadores. - ele reclamou, novamente.

- Porque eu disse isso. - Calvin respondeu severamente. - Além disso, eu não confio em caçadores, para eles qualquer desculpa é boa para estourar algumas cabeças. - E, para ser justo, isso era bem verdade. Ultimamente, ele tinha uma sensação estranha de que algo estava acontecendo e ele tinha que descobrir o que era.

Ele se virou uma última vez para o objeto de seu desejo e só então percebeu que ela também estava olhando para ele.

Merda.

Lily:

- Então, o que a traz a Seattle? - perguntou Rosmery, cruzando as pernas. Ela notou que o olhar dele se deteve em suas pernas nuas e depois começou a brincar com o guarda-chuva sobre seu copo.

- Um cliente do meu pai. - Alex respondeu, provando sua bebida, depois sorriu para ela, - Mas digamos que eu também tive outro incentivo que me levou a vir. - ele arqueou as sobrancelhas de forma eloquente. Rosmery sabia onde isso ia dar, não era nenhum mistério. - Senti sua falta. - Ela tocou o braço dele, que havia deixado sobre a mesa, com a ponta dos dedos, desenhando pequenos círculos.

- Alex... - suspirou Rosmery, tentada a mover o antebraço. Mas, por algum motivo, ela não o fez.

- Qual é o problema? É a verdade. - disse ela suavemente, ainda acariciando o braço dele. Rosmery estava começando a se sentir um pouco desconfortável. Então, de repente, ele parou de acariciá-la, como um autômato, em um gesto quase mecânico que a deixou um pouco perplexa. - Diga-me o que você realmente não gostou em mim? - perguntou ela, então, com um meio sorriso.

- Talvez seja o fato de você ser um narcisista patológico - ele respondeu com sinceridade - ou talvez seja porque você dormiu com a Melissa. -

- Ah, Melissa. -

- Sim, Melissa. - Bem, sim. Ela tinha achado difícil lidar com uma traição antes, especialmente se a mulher em questão fosse uma modelo com cabelos ruivos e um rosto de boneca, mas agora ela tinha superado isso, não doía mais, mas Alex era para ela um capítulo definitivamente encerrado desse ponto de vista, embora ela tivesse tentado ao máximo voltar com ela.

- O que você pode me dizer sobre o que conversamos? - perguntou Rosmery, do nada. Se ela estava lá naquela noite, certamente não era para se lembrar de um dos piores períodos de sua vida, mas ela tinha um objetivo bem definido.

- Ah, bem. - disse Alex, como se tivesse acabado de se lembrar, e tirou o celular do bolso de trás, começando a procurar um arquivo. Ele sempre foi um ás com a tecnologia. - Não foi fácil decifrar esse código, tenho que lhe dizer, você me colocou em um desafio e tanto. - ele murmurou enquanto arrastava o dedo pela tela. - Mas, no final, consegui chegar ao fundo da questão. Seu cliente misterioso deve ser um figurão. Este lugar é exclusivo. - ele deu uma piscadela.

- Ele não é um cliente. É apenas um favor para um amigo. - Rosmery fez um esboço, tomando um gole de sua bebida. Afinal, era uma meia verdade.

- Seja o que for, não diga bobagens. - disse Alex de repente, cutucando o gelo em seu copo com o canudo longo.

- Por que está me contando isso? - perguntou Rosmery.

Ele deu de ombros em resposta. - Porque fiz algumas pesquisas e dizem que esse lugar, apesar de sua fachada, tem algumas histórias de fundo não muito agradáveis. - Sim, ele podia imaginar quais seriam.

- O que você quer dizer com isso? - perguntou ele, escondendo sua agitação.

- É um clube para poucos membros, querida. Tudo o que acontece lá fica lá. - Mas algo nos olhos dela parecia fazê-lo pensar.

- E o que sua intuição diz? - perguntou ele, deliberadamente tocando a mão sobre a mesa, com indiferença. - Você deve ter tomado sua própria decisão. - Se eu tivesse que piscar um pouco para obter a informação que estava procurando, eu o faria.

- Bem, o que eu acho é que alguma pessoa rica e arrogante pode ter feito alguma besteira. Festas, orgias, drogas, esse tipo de coisa. - ele respondeu com um encolher de ombros e Rosmery se acalmou um pouco, ele estava completamente fora do caminho, felizmente para ele e para ela. A última coisa de que ela precisava era que Alex começasse a investigar essa história.

- Mmm, sim. - murmurou ele.

- De qualquer forma, eu lhe enviarei por e-mail todas as informações que encontrei. -

- Você me fez um grande favor, eu realmente não sei como lhe agradecer. -

- Bem, você poderia aceitar meu convite para jantar na quinta-feira. - ele aproveitou a oportunidade e deu uma piscadela para ela.

Rosmery, no entanto, enrijeceu quando viu Daniel passar por Alex, com uma cerveja na mão e parecendo entediado. Ele estava olhando em volta como se estivesse procurando alguém. Se ele estava lá, isso significava que Calvin também estava lá. Não, não podia ser, ela ainda não estava pronta para vê-lo novamente. Ela se forçou a não olhar em volta para evitar encontrá-lo, pois era realmente a última coisa de que precisava para encarar sua expressão de desdém novamente. Instintivamente, como um autômato, ela se levantou para se aproximar de Daniel e pedir explicações.

- O que está acontecendo? - perguntou Alex, olhando imediatamente por cima do ombro na direção de Daniel, que, no entanto, não parecia tê-los notado.

- Nada, só preciso ir ao banheiro por um momento. - Rosmery mentiu e se levantou na direção do belo vampiro loiro, que parecia estar com a cabeça em um lugar completamente diferente. Rosmery o agarrou sem rodeios pela manga e o puxou até sua altura máxima. - Que diabos está fazendo aqui? -

- Olá, Lily. - murmurou ele, em um tom incolor, sem perder a compostura. Ele não parecia muito bem, mas, a princípio, ela não pensou muito nisso. Daniel levou sua cerveja aos lábios, parecendo apático, apenas para perceber que ela havia acabado. - Estamos apenas começando. - respondeu ele, sacudindo os ombros grandes, envoltos em sua jaqueta de couro habitual.

- Estamos? - ele tinha medo até de perguntar.

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