Capítulo 2
- Onde estamos? - murmurou ela, aproximando-se da câmera do rapaz.
- Parece que o bom e velho Lars finalmente percebeu que sua esposa sentiu o cheiro de alguma coisa. - explicou ele, bebendo ruidosamente do canudo.
A Marwin Investigation parecia ser uma ótima oportunidade de trabalho quando ele se mudou para lá, apenas para perceber que ele não aprenderia absolutamente nada naquele escritório de merda no décimo segundo andar de um prédio nos subúrbios de Atlanta.
Ah, e sem elevador.
Além disso, seu chefe era a pessoa mais vil e nojenta que ele já havia conhecido. Barrett Marwin, uma criatura viscosa que parecia não ter outro objetivo em sua vida inútil a não ser assediar Rosmery.
E Alex, o filho dela, não era diferente. Era inacreditável que, alguns anos antes, ele tivesse até concordado em sair com ela. A simples ideia de continuar trabalhando ali o fez perceber, pela primeira vez, que precisava voltar para casa.
Dean
Fumar é fácil, algo que todo mundo faz, mas fumar bem é uma escolha e, para Dean Langdon, essa sempre foi uma das máximas mais importantes. Pessoalmente, ele sempre gostou de charutos. Para ele, era uma verdade inescapável que um verdadeiro conhecedor de tabaco só fumava charutos.
De Mark Twain a Winston Churchill, todos aqueles que mais apreciavam a fumaça lenta e a doçura de um bom charuto. Um companheiro fiel que ele nunca traiu. Ele geralmente preferia os toscanos, mas aquele cubano com seu aroma pungente despertou seu interesse.
- Você se superou desta vez, Igor. - disse ele depois de degustá-lo, uma nuvem de fumaça clara, densa e aveludada que agradavelmente turvou a visão do amigo, sentado a alguns passos de distância em uma poltrona verde-garrafa em frente à lareira crepitante.
- Eu sabia que você iria gostar, meu amigo. - respondeu aquele que, depois de tirar outro daqueles charutos celestiais da caixa de cedro finamente polida, inseriu a ponta no cortador de charutos afiado e, com um clique da lâmina, retirou a primeira parte.
- E como você parece inclinado a coisas novas hoje, quero que experimente um uísque irlandês realmente interessante. - Ele abriu a rolha e despejou o líquido âmbar em dois copos de cristal. Você tinha que admitir que ele sabia como deixar um homem à vontade. - Gelo? -
- Você me estraga, Igor. - Ele sorriu, balançando a cabeça e aceitando de bom grado o copo que ela lhe ofereceu. - Se eu não soubesse, diria que você estava me acariciando antes de me dar más notícias. - Muitas coisas poderiam ser ditas sobre Dean, mas não que ele era um tolo. E, honestamente, ele conhecia Igor Jankovic há tempo demais para ser enganado por uma oferta de um bom charuto e um copo de uísque. Especialmente quando ele não falava de negócios.
Igor sorriu e acariciou sua mandíbula recém-barbeada. Ele sabia que tinha um assunto importante em suas mãos e prometeu a si mesmo tratá-lo com a maior delicadeza.
- Eu vi Rosmery. - admitiu ele, de uma só vez.
- Oh. - Dean não pareceu ter nenhuma reação significativa, então levantou seu copo e o esvaziou em um só gole. Ele nunca gostou de surpresas.
- Garota brilhante, parece muito com ela. - o outro continuou, imperturbável.
- Eu sempre esperei que ela se parecesse com a Beth. - disse ele, após alguns segundos de silêncio interminável. Ele se permitiu dar mais uma tragada no cigarro e se recostou como se precisasse de apoio. - Embora Rosmery sempre dissesse que ela herdou minha exaltação. - Ele estava sorrindo, embora não houvesse nenhum traço de felicidade em seus olhos.
- Devo confessar que pedi especificamente por ela para a entrevista. - Era verdade, eu queria dar um rosto a essa garota tão comentada. E, de fato, ele havia encontrado uma jovem que não era apenas muito bonita, mas absolutamente única.
Ele conhecia muito bem essa história, é claro. De como o Chanceler havia manchado sua linhagem real com aquela mulher humana e do descontentamento que surgiu entre as pessoas mais conservadoras. E como ele foi forçado a renunciar para manter sua família em segurança.
- Mas eu ainda não entendo por que você está interessado, Igor. -
- O Rei está morrendo, Dean. Estive em Nova Iorque ontem. Dizem que ele provavelmente não chegará ao fim do mandato de William. - Sim, rapaz abençoado. Na época, parecia uma ótima ideia propor seu protegido como chanceler de Seattle. Mal sabia ele que logo se tornaria um peão de alguém maior do que ele.
- Eu sei", admitiu, dando uma risadinha. - admitiu ele, murmurando.
- Alister nunca permitirá que ninguém tome o trono dele. - continuou.
- E imagino que você também saiba que os conservadores certamente não gostariam de deixar o único herdeiro de sangue do rei solto e livre em plena luz do dia. - Por mais que essas palavras o tenham magoado profundamente, Dean não pôde deixar de admitir o quanto elas eram verdadeiras.
- Bem, o que você sugere que façamos? -
Calvin:
Calvin nunca foi conhecido por ser do tipo paciente. Com toda honestidade, não eram suas qualidades que o tornavam conhecido, muito pelo contrário.
Ele se esticou no balcão, ignorando os protestos do barman, e encheu sua caneca de cerveja até a borda, deixando a espuma pingar na grade sob a torneira. O álcool era uma alternativa válida para os gritos confusos que flutuavam ao seu redor, ele estava começando a sentir dor de cabeça e, nesse ritmo, precisaria de algo mais forte do que uma Guinness. Desde que voltara para casa, parecia que todos estavam ansiosos para falar com ele.
Alister, a figura mais próxima de um pai que ele já tivera, parecia de repente querer se aliar ao irmão, o chanceler de Seattle, apoiando aquela decisão tola de colocá-lo ao lado daquele mestiço. Não adiantou muito dizer que alguém como ele era a pessoa errada para fazer isso: seus protestos não ajudaram em nada. Ele tinha certeza de que se tratava de uma punição ou algo assim, simplesmente porque ele havia ultrapassado o tempo de permanência em sua última missão em Nova Orleans. Era verdade que ele havia deixado cair o celular no Mississippi, mas isso não significava que ele não planejava voltar. Com certeza.
Ele tinha um bilhão de motivos para querer ir embora.
Entre os muitos motivos estava também Samantha, lobisomem e única amiga que ele já tivera e colega de equipe, que estava começando a ficar um pouco pegajosa demais para o seu gosto.
Ao lado dele, uma garota estava conversando com Rose com uma expressão animada.
- Só estou dizendo que seria bom ter uma contribuição, não podemos fazer isso sozinhos. - Blá, blá, blá... Como é que ela fala? Calvin se consolou com outro gole da bela ruiva que lhe fez companhia naquela noite. A única que ele podia tolerar, silenciosa e borbulhante.
Ele olhou para cima e deu uma piscadela para algumas garotas na pista de dança que o encaravam. Nada que o surpreendesse realmente, você poderia dizer qualquer coisa sobre ele, mas não é como se ele não tivesse uma grande influência sobre o belo sexo. Com seu físico esculpido que ultrapassava 1,80 m e um rosto que causaria inveja a um anjo, ele raramente encontrava uma mulher que não o desejasse.
Bem, a julgar pelas risadas das duas garotas, era hora de agir. Ele pensou, passando a mão em seu cabelo cor de azeviche. Era muito mais fácil com as mulheres humanas, ele não precisava tentar esconder o fato de que estava na frente de uma baleeira, como acontecia com as de sua própria espécie.