Passo 1: Seja Romântico. - Parte II
Sentei-me ao lado do Zac no jantar. Meu sorrisinho era um misto de felicidade por ter andado de mãos dadas com o crush e desafio por ver que o capitão Papai estava "cuspindo fogo pelas narinas". Apesar disso, o jantar foi bastante normal.
Estávamos comendo um delicioso (muito mesmo) pudim de chocolate. Não que essa fosse a única opção. Mas quando temos chocolate na mesa, eu não olho pra nenhum outro lugar.
Então, eu estava totalmente focada em não desperdiçar nada daquele pudim, quando notei os olhares da Bella em mim.
Tentei ignorar e limpar o que quer que tivesse chamando atenção pro meu rosto.
Mas a menina continuava com o olhar fixo em mim. Levantei as sobrancelhas num gesto silencioso que significava: " qual o problema?" E a menina só sorriu, porém não desviou o olhar. Então entrei nessa batalha com ela.
— Matheus disse que você é uma guru do amor. - Ela finalmente diz, chamando atenção do Zac.
— Guru não é bem a palavra. - Conserto.
— Ela é tipo uma cupido. - Matheus explica.
— E o que um garoto tem que fazer pra conquistar uma garota? - Ela pergunta.
— Depende de tanta coisa. Você vai ter que ser mais específica. - Ela olha discretamente pro meu irmão. Tão discretamente que eu quase não percebi. — Ah, bom... meu primeiro conselho é sempre: seja romântico.
— Toda garota ama garotos românticos. - Ela fala piscando seus cílios rápido demais. Ai meu Deus.
— Tem garotos que não sabem ser românticos. - Matheus se defende.
— Simples. Manda um buquê de rosas. Toda mulher ama rosas. - Bella diz e eu me recosto na cadeira pra assistir.
— Não. A Mad gosta de Lírios. Amarelos, de preferência. - Matheus finge imitar minha voz.
— Mas a maioria das mulheres gosta de rosas. - Ela diz como se fosse óbvio.
— Mulheres. Você ainda é uma menina de 9 anos. - Meu irmão dá uma bola fora.
A menina cerra os olhos pra ele, se levanta de supetão e sai andando com determinação.
— O que eu fiz? - Matheus parece realmente não entender. Tenho tanto o que ensinar.
— Carinha, acho que você feriu os sentimentos dela. - Zac explica de forma doce.
— E como foi que eu fiz isso?
Deixei os dois conversando e fui ver como a Bella estava.
Não foi difícil convencê-la de que os meninos demoram um pouco mais pra amadurecer, e, principalmente, entender as garotas.
Alguns não conseguem isso nunca.
Enfim ela voltou comigo a mesa de jantar e ignorou a existência do meu irmão, o conquistador nato, até o final da noite.
Voltamos pra casa. Eu em uma pequena nuvem flutuante, já que Zac deu um beijo daqueles de tirar o fôlego no meu rosto.
Pra alguém que foi seu vizinho a vida inteira e sempre te achou uma criança por causa de uma diferença ínfima de 6 anos de idade, andar de mãos dadas e ganhar um beijo no rosto são três passos em direção ao altar.
Posso sonhar, não posso?
(...)
— Madson Pollack Ruggiero, tem alguma coisa pra me contar? - Mamãe pergunta assim que adentro a cozinha.
— Não antes do meu leite com Nescau.
— E o que é esse buquê que você acabou de receber?
Meus olhos se arregalaram ao ver um lindo buquê de lírios amarelos. Procuro pelo cartão.
"Me ensina a te conquistar."
E. Mais. Nada.
Nenhum nomezinho. Nada.
— Que porra é essa, Madson? - Papai entra com mais um buquê, dessa vez com dezenas de rosas de todas cores.
Ignoro seu olhar indignado e busco por um cartão.
"Passo 1: Seja Romântico."
Ai. Meu. Deus.
— Estou esperando, Madson. O que significa tudo isso? - Papai ainda está lá, segurando um buquê enorme, enquanto mamãe segura outro.
Encaro os dois sem entender. Até porque são 7 da manhã e eu não tomei leite com Nescau.
— Eu definitivamente não sei. - Respondo.
— O que dizem os cartões? - Mamãe está animada, o que muito me admira, já que ela só funciona depois das 11h da manhã.
— Não tem identificação. - Dou de ombros, mantendo uma postura neutra por fora. Mas, por dentro, estou dando triplos saltos mortais.
Peguei os buquês (com certa dificuldade, confesso) e os levei para o meu quarto.
Voltei a cozinha para tomar meu café e ignorei o olhar furioso do capitão Papai.
Fui pra escola na minha bolha de felicidade.
(...)
— Madson Square. - Miguel aparece enquanto estou vendo meus horários em frente ao meu armário.
— Fala, encosto. - Digo sem olhar pra ele.
— Acho que suas dicas não funcionam. - Fecho o armário com força e o encaro.
— IM-POS-SI-VEL. - Falo pausadamente.
— Eu fui... romântico. - Ele sussurra. — Mas não funcionou. Ela é difícil pra cacete.
Respiro fundo e tento encontrar minha paz interior antes de respondê-lo.
— Conhecendo você como eu conheço, você entregou uma barra de chocolate pra ela e disse: "bora ficar, gata?" - Ele me olha com um sorriso de lado, diante da imitação que acabo de fazer. - Estou certa ou foi pior que isso?
— Você sempre me subestimando. - Ele cerra os olhos. - Hm, pensando bem. Talvez, talvez ela nem tenha se dado conta, né?!
— Como assim?
— Nada! Vou continuar seguindo seus passos, quem sabe você é boa no que faz mesmo.
— Eu sou a melhor.
— Claro que é. - Ele dá um beijo rápido na minha bochecha e sai.
Reviro os olhos e volto a abrir meu armário.
Os cartões dos buquês estão lá, chamando minha atenção e despertando curiosidade.
— Eu vim o mais rápido que eu pude. O que houve? - Cecília aparece correndo. E, ao parar, apoia suas mãos nos joelhos pra respirar.
Entrego os dois cartões pra ela.
— São da mesma pessoa? - Ela pergunta.
— Como eu vou saber?
— Garoto número 1 é, claramente, alguém que sabe sobre a nova cartilha. Garoto número 2 é alguém que sabe que suas flores favoritas são lírios amarelos. Escreva as opções.
— Quatro garotos e uma garota têm a nova cartilha.
— Não olhe pra mim. Não enviei nada. - Ela se defende.
— Foco, Cecília. - Respiro fundo. — Os quatro caras são: Miguel, Peter, Josh e Zac.
— O vizinho que é seu crush? - Anuo. — Josh, seu primo safado? - Anuo de novo. — E o garoto número 2?
— Contei pro Josh e pro Zac ontem sobre os lírios. Pode ser só pegadinha do meu "primo".
— Todo mundo nessa vida sabe sobre sua preferência por lírios amarelos, não podemos descartar as opções.
— Não sabem não.
— Você fez uma cartilha sobre "que flores dar para sua amada" há uns 3 anos e exaltou o quanto os lírios amarelos não são clichês e são maravilhosos e blá-blá-blá.
— Foi uma ótima cartilha.
— A questão não é essa. Os lírios podem ser de qualquer um.
— Pode ser só uma pegadinha dos meninos também. Do Miguel ou do Josh, certeza. Vou matar aqueles dois.
— Não vamos definir nada agora. Se ele ou eles estiverem seguindo a cartilha, podemos ir excluindo as opções.
— Só que eu tenho uma coisa chamada curiosidade obsessiva. Como eu faço?
— Toma seu calmante, amiga. Porque você tem um admirador secreto.
— Ou dois!
??????????
Oi gente,
Vim colocar mais interrogações na cabecinha de vocês.
Marquem uns amigos aqui pra descobrirem esse mistério com vocês!!!
Estou adorando as suposições.
A estrelinha de sempre já deixa aqui.
Amo vocês.
Beijos, S. ?