Você nunca veio aqui... você é muito bonita e eu teria notado.
Vejo Ryan de perfil, ele está sentado em uma mesa de canto, observando tudo. Está acompanhado com um senhor de cinquenta anos.
Pergunto para o rapaz, ignorando sua pergunta:
—Você conhece Ryan Miller?
—Não, pessoalmente. Mas sei que ele é bem conhecido no ramo imobiliário.
"Ele está envolvido na lavagem de dinheiro? Seu negócio é para ajudar nos negócios escusos do irmão? Isso eu também estou para descobrir."
A música que começa a tocar é agitada e mal dá para conversar.
Ele me convida:
—Vamos dançar?
Eu preciso chamar atenção de Ryan de alguma forma, encontrar o momento certo. Agora preciso passar por uma convidada comum. E dançar não é uma má ideia.
—Tudo bem.
Fecho os olhos e entro na dança. De vez em quando procuro Ryan com o olhar. Ele está sorrindo, conversando com o senhor que o acompanha.
Suspiro e continuo dançando. O rapaz me olha com um sorriso agora. Eu sorrio para ele e vejo Ricardo dançando com uma jovem. Nossos olhos se encontraram por um momento. Eu dou as costas para ele. Ricardo consegue me deixar mais nervosa.
Dou mais uma olhadinha em Miller, ele se levantou e saiu do seu lugar. O procuro meio desesperada com os olhos, requebrando ainda mais meu corpo no embalo da música. Então o observo indo em direção à toalete.
—Vou parar um pouco. — Digo sem esperar respostas do jovem.
Esbarrando nas pessoas que dançavam agitadas, abro caminho e vou em direção a Ryan. Eu preciso me aproximar dele. De repente um homem se vira e dá um encontrão comigo. Quase caio. Ele me segura.
Eu o encaro, segurando minha língua para não blasfemar e encontro os olhos mais lindos que eu já vi na face da terra. De um verde esmeralda límpido. Fora que o homem é um monstro, fenomenal.
—Veja por ande anda, bonequinha.
Por uns minutos atordoados, eu fico ali, piscando confusamente. Ele parece um urso, com aquela barba ruiva, os cabelos da mesma cor grossos. Tatuagem por todos os lugares em seus braços. Sinto-me como uma adolescente perto dele.
Dou um sorriso sem graça e tento me afastar dessa perdição.
—Hein, onde vai com tanta pressa, bonequinha?
Ele me segura pelo braço de um jeito bem possessivo.
—Estou acompanhada, com sua licença.
Ele gargalha, exalando virilidade e força.
—Eu vi, com aquele pivete?
Fico vermelha.
—Não. Aquele apenas fui gentil e dancei com ele.
—Hum, uma garota de bom coração. Você poderia usar esse seu bom coração comigo também. Como vê, estou sozinho. Que tal uma dança? —Ele diz com um sorriso perverso.
Duvido!
—Eu...
Ele pega a minha cintura bem na hora que passa uma música que amo. Metálica.
Foco Sophia!
—Vem, bonequinha. Só uma dança, e não quero arranjar briga com seu namorado, que aliás é um babaca por te deixar livre assim. Se estivesse comigo, não estaria solta desse jeito.
Olho para a toalete e nada de Ryan. Olho para o urso à minha frente. Apenas uma dança!
Eu o encaro séria.
—Tudo bem. E pare de me chamar de bonequinha. A impressão que dá é que sou manipulável e não sou.
—Gosto disso! — Ele diz me puxando para os seus braços e começa a dançar de um jeito envolvente.
Estremeço. Estou à flor da pele com esse homem. Nada se compara com as minhas experiências anteriores. Posso sentir o puro magnetismo que sinto por esse homem das cavernas.
Rio nos ombros dele, achando incrível isso.
—Está rindo de mim ou para mim?
Ele me afasta e passa aqueles olhos verdes lindos pelo meu rosto.
—Estou rindo de mim, dançando com um desconhecido desse jeito.
Ele ri, mas dá com meu rosto sério.
—Você é diferente mesmo. Senti isso.
Estremeço quando ele me puxa para os seus braços de um jeito possessivo.
—Hum, gosto de seu cheiro. —Ele diz cheirando meus cabelos. —Maçã verde, azedinha como a dona.
Ele me chamou de azeda? Ele então completa:
—Mas acho ótimo isso, o doce é muito enjoativo.
Homens surgem ao nosso lado.
—Tom, precisamos ir.
Tom?
Eu me arrepio inteirinha, fico pálida. O urso me afasta e me olha com um sorriso, mas que morre em seus lábios.
—Você me parece um pouco pálida. Está passando bem?
Limpo a garganta.
—Eu... estou bem. Acho que caiu minha pressão.
—Vamos Tom.
Ele assente para aqueles homens com cara de bad boys.
—Bem, tenho alguns negócios para resolver. E seu namorado é um tremendo idiota.
Eu engulo em seco. Vou até o bar e me sento em um banquinho.
Deus! Eu estava dançando com Tom Miller em pessoa.
Será que Ricardo o reconheceu?
Acho que não. As fotos que eu vi, o urso estava com a cabeça raspada e sem barba. Viro meu rosto e dou com Ryan Miller se sentando ao meu lado. Ele me olha e desvia os olhos de mim. O barman se aproximou de nós.
—O que irão beber? —Ele perguntou para nós.
—Uísque. —Ryan diz.
—Um refrigerante.
Ouço uma risada profunda do meu lado. Eu viro minha cabeça e dou com Ryan sorrindo para mim. Bonito como Tom, mas do tipo mais comportado. Os olhos de um azul céu, cabelos negros.
As mulheres com certeza devem ser obcecadas por eles. Desconhecedoras do perigo de se envolver com os irmãos.
— Eu ouvi bem? Um refrigerante? Uma mulher que acabou de dançar com meu irmão, tomar refrigerante.
Deus! Ele me viu dançando com Tom?
Faço uma cara de paisagem e forço a surpresa.
— Não preciso de bebida para me sentir feliz ou relaxada e aquele era seu irmão? Eu nem o conheço, apenas dançamos e ele não faz o meu tipo. —Digo, mas meus hormônios dizem ao contrário.
Ryan sorri e se vira mais para mim. Apoia seu corpo de um metro e oitenta no balcão.
—Você é uma mulher sábia, pois homens como meu irmão são como um veneno.
Até que ponto Ryan sabe dos negócios sujos de Tom? Eu estremeço quando penso nisso. Mas o perigo sempre me fascinou, não é agora que eu vou dar para trás.
Eu sorrio de leve.
—Ele parecia mesmo.
Ele se inclina e seus lábios se curvaram em um sorriso sedutor, tão lindo, que a cada minuto eu fico mais impressionada.
—As mulheres geralmente não resistem a ele.
—É, então ele conheceu uma.
Eu desvio meus olhos dos dele, pego meu copo com o refrigerante e bebo no canudinho, o ignoro completamente. É um risco que eu estou correndo, ele pode se desinteressar de mim e sair, ou a minha atitude terá o efeito ao contrário. Eu estou apostando no efeito contrário, homens como ele, não estão acostumados a serem ignorados.
Posso sentir os olhos dele correndo pelos meus cabelos.
— Você nunca veio aqui... você é muito bonita e eu teria notado.
Eu o encaro e lhe dou um sorriso mais receptivo.
— Verdade, é a primeira vez.