Você consegue fazer isso?
Capítulo 3
Victoria
Fiquei maravilhada com os portões da mansão que estava diante de mim. Ela era enorme.
— Uau — Meus globos oculares estavam saltando para fora das órbitas. Aquilo era o paraíso.
Me recompus e apertei a campainha.
Grace havia me ajudado a conseguir um possível emprego como babá de um homem rico. Ela disse que o salário seria alto. Então, aqui estava eu.
— Senhorita, quem está procurando?
Olhei para a minha esquerda e vi alguém que parecia ser um homem de portão, a julgar por sua roupa.
— Olá, sou Victoria Abbot, vim para uma vaga de babá — Estranhamente me senti tímida de repente, então olhei para o chão.
— Ok, senhorita, por aqui, por favor — Ele me conduziu pelo portão.
Minha boca se abriu em choque. Será que alguém mora aqui? Era o paraíso.
Os pisos de pedra pareciam ter sido lavados todos os dias. A fonte de água no meio era tão grande e tão bonita. Parecia tão boa que eu queria beber dela.
Balancei a cabeça para expulsar esses pensamentos estranhos que poderiam me fazer ser demitida antes mesmo de começar o trabalho.
Segurei minha pequena bolsa com as duas mãos na alça e a coloquei à minha frente. Eu me sentia deslocada neste palácio. Sim, palácio era uma palavra adequada para esse lugar.
Subimos as escadas de azulejos até a porta principal. Eu me afastei enquanto ele abria as grandes portas para mim, me conduzindo para dentro.
— Obrigada — Eu lhe mostrei um sorriso.
— De nada, senhorita — Ele disse com uma ponta de seu chapéu.
Eu corei, que senhor idoso encantador. Uma parte de mim rezava para que seu chefe fosse pelo menos como ele.
— É aqui que minha jornada termina — Sua voz me tirou dos pensamentos. Eu me virei para encará-lo completamente.
— Desculpe?
— Vou embora agora, senhorita, alguém assumirá o controle em breve, por favor, fique à vontade — O homem do portão anunciou antes de sair.
— Obrigada.
Ele piscou para mim e saiu. Que gentileza.
Eu estava assustada e com vergonha de me sentir confortável. Eu parecia e me sentia fora de lugar. Olhei para minha bolsa barata, minha saia preta desgastada e minha camiseta rosa quase desbotada. Eu parecia miserável.
Na verdade, eu estava duvidando que uma pessoa rica me deixaria chegar perto de seu precioso bebê, mas Grace foi rápida em me dissuadir, dizendo que eu era muito boa com bebês e que eles teriam sorte em me ter cuidando de seu bebê.
Eu me senti melhor depois de ouvi-la, mas agora a dúvida voltou dez vezes mais.
O interior parecia rico e estranhamente italiano. Talvez o proprietário fosse italiano, quem sabe? Eu estava tão assustado que fiquei parado naquele lugar com medo de estragar o sofá caro.
— Quem é você e como entrou aqui?
Fiquei paralisada quando ouvi aquela voz autoritária e rude.
Virei-me lentamente para olhar o dono da voz. Ele era bonito, uau.
Cabelos castanhos escuros, pele bronzeada e bonita e lábios carnudos. Ele era lindo, seria ele o proprietário?
— Eu perguntei quem era a senhorita?
Lembrei-me de que ele havia feito uma pergunta e quase me dei um tapa.
— Desculpe, sou Victoria Abbot, vim para o cargo de babá — disse eu, me desculpando, enquanto estendia minha mão para um aperto de mão.
O homem bonito olhou atentamente para minha mão estendida antes de apertá-la.
— Eu sou Sebastian.
Belo nome.
— Obrigado — Ele respondeu secamente.
Merda, devo ter dito isso em voz alta.
— Me siga, senhorita Abbot — Ele se virou e eu o segui de perto.
— Pode me chamar de Victoria — Dei uma risadinha tentando aliviar a atmosfera, que estava tão tensa e estranha.
Ele parou, olhou para mim por um segundo e continuou andando como se ninguém tivesse falado nada. Ai.
Chegamos a uma porta e ele parou em frente a ela. Bateu em um ritmo que percebi e aguardou a resposta do lado de dentro.
— Entre — Uma voz grave e irritada pôde ser ouvida do lado de dentro.
— Capo — Sebastian disse enquanto entrávamos no que parecia ser um escritório.
A cadeira estava virada de costas para nós, de frente para a janela, enquanto a fumaça do cigarro dançava sobre o assento.
Fumar faz mal à saúde, pensei, me certificando de que dessa vez não diria isso em voz alta.
— Śi Sebastian — O homem parecia italiano. Eu podia detectar o sotaque.
— Capo, questa è la ragazza che è qui per il posto di tata.
Eu me virei para olhar para Sebastian enquanto ele falava italiano fluentemente.
(Chefe, esta é a garota que está aqui para o cargo de babá)
A cadeira se virou quase que instantaneamente para nos encarar e minha respiração ficou presa na garganta. Não pode ser.
Sentado ali estava o belo CEO bilionário, Alessandro Rossi.
— Va bene Sebastian, puoi andartene adesso — Sua voz soava tão sexy falando italiano.
(Tudo bem, Sebastian, você pode sair agora).
Sebastian fez uma reverência antes de sair, sem sequer me dar uma olhada.
Fiquei ali perdida e sem jeito, não conseguia entender o que eles estavam dizendo.
Ele esmagou o cigarro no cinzeiro da escrivaninha, o apagando.
— Sente-se, senhorita...?
— Senhorita Abbot, Victoria Abbott — Respondi rapidamente.
— Quantos anos você tem, senhorita Abbot?
— Tenho 23 anos, senhor.
Ele me deu uma olhada. Quem sabia o que se passava em sua cabeça.
— Então, Srta. Abbot, a senhora tem alguma experiência como babá? — Ele parecia tão sério que quase corei ao me lembrar de como ele havia indiretamente salvado minha vida.
— Não, senhor, nunca trabalhei como babá antes. Antes eu era assistente de vendas em um shopping — Abaixei a cabeça e fiquei mexendo os dedos.
Ele arqueou uma sobrancelha perfeitamente bem cuidada para mim. Tenho certeza de que ele deve ter achado que eu não estava falando sério.
— Então por que está aqui, Srta. Abbot? — Parecia que ele já estava perdendo a paciência.
— Posso não ter sido uma babá profissional, mas isso não significa que eu não saiba nada sobre como cuidar de bebês. Quando eu estava no ensino médio, costumava ser babá de nossa vizinha em meio período, para ganhar um dinheiro extra. Enquanto trabalhava no shopping, alguns clientes deixavam seus filhos comigo por algum tempo e confiavam em mim para cuidar de seus filhos.
Fiz o possível para parecer corajosa e forte. Não podia parecer fraca diante desse homem.
Olhando para ele, ele ainda não parecia convencido com minha resposta. Olhando bem para o seu rosto, ele parecia cansado e desgastado, possivelmente por causa do bebê, mas ainda assim muito elegante.
— Então, Srta. Abbot, digamos que um bebê esteja chorando sem parar e não consiga segurar nada. O que isso significa e o que você faria?
Vi algo passar em seus olhos por um segundo, talvez fosse medo.
— Que idade estamos vendo aqui — Perguntei com cuidado.
— 2 meses — Ele disse, se levantando da cadeira, indo até a janela de vidro e olhando através dela para o que parecia ser um jardim. Era lindo.
— Ohh, acho que ele só quer leite materno, senhor, ele é muito carinhoso, sabe.
Ele se virou para me olhar, seus olhos se desviaram um pouco para o meu peito antes de voltar a olhar para o meu rosto.
— Você consegue fazer isso, Srta. Abbot?
— Fazer o quê, senhor? Eu estava confusa.
— Pode amamentar meu filho, Srta. Abbot? — Ele estava me olhando nos olhos, de costas para o belo jardim.
Eu queria rir alto até que olhei para seu rosto e não vi nenhum traço de sorriso, ele estava sério.
— Oh não, senhor, isso não é possível. Sinto muito, mas não posso fazer isso, senhor, não sou uma ama de leite — Eu disse respeitosamente.
— Quanto custa para você fazer isso, senhorita Abbot, não tenho tempo para esses truques.
Que grosseria
— Não se trata de dinheiro, senhor, eu realmente não posso fazer isso. Não tenho filhos, portanto não estou amamentando — Minhas bochechas ficaram vermelhas.
Ele olhou para meu peito novamente antes de se virar para o jardim mais uma vez.
— Então não me deixa escolha, Srta. Abbot. Não posso contratar você para cuidar do meu filho.
O quê?!
— Não, senhor, eu posso cuidar do seu bebê, posso introduzir a fórmula gradualmente — Eu estava desesperada, se não conseguisse esse emprego, logo ficaria sem teto.
— Deixe a Srta. Abbot! — Ele disse com um tom de finalização.
Segurei uma lágrima enquanto me levantava lentamente para sair e me dirigia à porta. Quando minha mão tocou a maçaneta, a porta se abriu do lado de fora e Sebastian entrou com um bebê chorando nos braços.
— Capo — Ele parecia nervoso.
— Merda, non di nuovo — disse o Sr. Rossi, jogando a cabeça para trás. Ele realmente parecia nervoso.
(Merda! De novo não).
Sebastian entregou o bebê chorão para o pai, que parecia não saber o que fazer com o bebê.
— Posso? — Perguntei a ele com cautela.
Ele me olhou como um criminoso antes de entregá-lo a mim.
— Attento al mio erede, altrimenti ti faccio saltare il cervello — Ele disse. Embora eu não entendesse italiano, aquilo de fato soou como uma ameaça.
(Cuidado com meu herdeiro, senão vou estourar seus miolos).
Com cuidado, carreguei o bebê chorão nos braços, acariciando gentilmente suas costas enquanto me dirigia à janela de vidro que dava para o jardim. Virei o bebê para que ele pudesse olhar para a janela enquanto o balançava de um lado para o outro e depositava um beijo em sua cabeça.
Seu choro havia se reduzido a pequenos soluços enquanto ele prestava atenção nas coisas que eu apontava para ele.
A sala estava tão silenciosa que era possível ouvir um alfinete cair. A essa altura, o jovem herdeiro havia parado completamente de chorar, pois estava tão concentrado no jardim.
Eu o embalei pelo que pareceram horas até que ele adormeceu.
— Onde é o quarto dele? — Perguntei ao pai dele.
— Venha comigo.
Ele me levou pelo corredor até um quarto à direita.
Deitei o bebê em seu berço enquanto ele dormia profundamente. Me virei para encontrar o Sr. Rossi bem na minha frente. Dei um passo para trás.
— Vou me despedir agora — Eu disse, indo em direção à porta do berçário.
— Fique, por favor — Ele cuspiu a última parte como se fosse algo estranho e desconhecido para ele.
— Eu não posso amamentar seu filho, Sr. Rossi — Eu o lembrei.
— Você não precisa, se não quiser. Eu só preciso que você cuide dele como fez hoje. Ele parece confortável perto de você — Ele disse com uma expressão estoica.
— Se é assim, então sim. Eu adoraria ser a babá do seu bebê — Eu dei um pequeno sorriso que ele não retribuiu.
— Matteo, o nome dele é Matteo.
— Esse é um nome adorável — Eu disse, olhando de volta para o bebê adormecido. Seu nome combina com ele, tão fofo.
— Quando você pode começar a trabalhar?
— A qualquer hora, senhor.
— Você pode começar amanhã?
— Claro, senhor, já estou indo — Eu me preparei para deixar o berçário.
— Preciso de mais um favor seu — Sua voz interrompeu meus passos.
Eu me virei para olhar para ele.
— Preciso que você seja a babá do meu filho. Você vai morar aqui.