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Encontro

Os dias foram passando, todos estavam agitados com os preparativos da festa e também impressionados com o progresso da horta e do pomar. A produção dobrou.

As vendas estavam ótimas e o alfa Derick feliz, pelo menos isso melhorava seu humor.

As pessoas vinham ver a horta, eu me escondia, não queria chamar atenção e mestre Túlio me entendia e não cobrava nada, só guiava as pessoas para outro lado.

Comecei a plantar outras sementes, diferentes, dentro da estufa e quando não tinha ninguém perto, passava a mão sobre elas e observei que a magia que fluía, cada vez mais forte, era cor de rosa, parecia a cor  dos pelos da Rose. 

Assim, a magia fazia o seu efeito a partir da semeadura e não era necessário mais nada. Foi um alívio perceber que era magia simples e eficaz e não precisava de grandes movimentos, tudo discreto.

A festa é amanhã a noite, haviam preparado muita comida e bebida. Os homens caçaram e os jovens enfeitaram a vila e a floresta, pendurando fitas e lanternas nas árvores e as mulheres fizeram a comida, os doces e tortas, que foram postos sobre grandes mesas de madeira, para todos se servirem. 

Tudo ficou muito lindo e com grande fartura.

No centro da Alcateia, foi montado um pequeno palco onde o alfa receberia sua confirmação da lua azul, através dos anciões e consequentemente, seus poderes aumentariam e ele reconheceria sua companheira. Já passava da hora dele encontrá-la, pois seu humor estava cada vez pior.

As jovens estavam em polvorosa, fizeram vestes novas, estavam fazendo unha, cabelo e provavelmente estariam bem maquiadas. Minha mãe arrumou outra ajudante, só que agora, ela tem que pagar. Quanto a mim, continuo sem salário, não sei o que dá na cabeça deles, que acham que não precisam me pagar.

Eu não tinha ilusões quanto a encontrar meu companheiro, mesmo porque, não teria coragem de me transformar na frente de todos. Torço pra que ninguém me pergunte nada e que nem notem minha presença.

Não vi minha mãe em nenhum desses dias passados, mas tinha sempre comida pronta e até umas roupas feitas com sobras de retalhos sobre a cama. Isso sim eu chamo de milagre, principalmente porque ela não tem magia, como eu.

Hoje já terminei meu trabalho, estão as semeaduras todas prontas e em breve, teremos variedade de legumes, além das hortaliças que já vendemos. O Alfa continua vindo aqui, mas não fala muito, mas diminuiu suas visitas, pois estranhamente, sempre que vem, leva uma pedrada na cabeça, sem saber de onde vem.

Vou para casa, janto e arrumo tudo. Já escureceu, então vou aproveitar o tempo livre e que todos estão envolvidos nos preparativos da festa e correr pra floresta. 

Não liberei a Rose, pode ser perigoso. Vou andando até o lago, tiro a roupa e mergulho nas águas calmas, refrescando meu corpo cansado e suado do trabalho. Estava uma delícia e não sei quanto tempo fiquei, boiando, admirando a lua, quase totalmente cheia e já parecendo azulada.

Ouvi barulho de folhas amassadas, desci o corpo para me esconder com as águas e olhei para as margens. Lá estava o alfa, não estava transformado, me olhava, mas com certeza não me enxergava com clareza, pois, apesar da lua bem clara no céu, eu estava na sombra das árvores que margeavam o lago.

- Quem está aí? O que faz aqui sozinha? - Perguntou o "intruso", com grosseria.

- Qual o problema? - Respondi da mesma forma. 

- Não tem medo de ficar aqui sozinha? Algum lobo pode aparecer e lhe fazer mal. - Perguntou, esquecendo que ele é  um lobo.

- Quem faria mal a uma esquisita? - Me arrependi depois que perguntei, só queria ser irônica.

Ele riu alto, 

- Então é você! Tem razão, quem desejaria uma mulher feia, maltrapilha, que nem consegue se transformar em sua loba? Tudo bem, fique a vontade, não vou mais te atrapalhar. - Falou e saiu, mas antes levou outra pedrada na cabeça. - Ui! - Se virou olhando para mim, mas me encontrou quieta no mesmo lugar. Passou a mão na cabeça mais uma vez e se foi.

Sem me dar conta, uma lágrima rolou pelo meu rosto. O que ele sabia de mim? Nunca sequer me olhou, me despreza e destrata sempre que me encontra. Nunca sequer reconheceu meu trabalho na horta. Sequer pensou em pagar por meu trabalho, todos têm suas compensações pelo trabalho feito, menos eu. 

-Tomara que sua companheira seja bem feia e irritante. - Roguei uma praga nele.

Percebo que minha loba está furiosa, sentiu a humilhação junto comigo. Saio da água e deixo ela sair. Só percebo uma grande luz cor de rosa, surgindo ao meu redor e logo depois estamos correndo que nem loucas, pela floresta.

Ficamos exaustas, mas foi bom, pois quando cheguei em casa, deitei e dormi, sem pensar em nada do que tinha acontecido. Os próximos dias seriam muito importantes para a Alcatéia Lua Azul e não valia a pena me aborrecer com aquele Alfa estúpido.

Derick

Chegou o dia!

Está tudo preparado. Estou vistoriando tudo, para que não dê nada errado. Estou ansioso e Thomas, mais ainda. Ontem pedi ao meu mordomo para dar uma boa escovada nele, que ficou todo garboso, nem deixei ele correr pela floresta, para não se sujar.

Tô rindo atoa, mas meu riso morre quando lembro de quem atrapalhou meus planos de me banhar a luz do luar. Garota esquisita… O pior é que sempre que a vejo, levo uma pedrada na cabeça, pensei que poderia ser ela, mas quando a olho, está sempre quietinha, parada.

Já é meio da tarde, vou para casa me arrumar, a festa começará às 20 horas, dá tempo de descansar um pouco. 

A noite será longa e estou imaginando tudo que vou fazer com minha companheira. Vou correr com os lobos e ela com as lobas, até eu caça-la e pegá-la, então será só felicidade... Ahhhhhh, meu coração está batendo forte, ela deve ser muito bela, deve ser linda!

As lobas da Lua azul são todas lindas, com seus cabelos longos e escuros e olhos claros, algumas morenas, outras brancas, mas todas lindas. Novamente me vem aquela esquisita na cabeça, a única diferente de todas as fêmeas da Alcateia. Mas com certeza, a minha companheira destinada, deve ser além de linda, muito especial. Minha....

Lizandra

Depois da noite de ontem, dormi bem e acordei mais tarde, pois hoje todos tiveram folga para se preparar para a festa.

Agora estou aqui no alto do morro novamente, sem saber o que vou fazer.

"Lizandra, hoje você tem que soltar o cabelo, não importa a roupa que usar, desde que seja blusa e saia ou vestido."

Porque Rose?

"Hoje você terá uma grande surpresa."

Olha lá, Rose, não quero ter mais problemas do que já tenho.

"Pode confiar na sua Rose, querida, vai dar tudo certo. Todos passarão a nos respeitar."

Vê lá o que você vai aprontar… 

Encerrei a conversa e desci do morro, já estava entardecendo e precisava ver o que usaria.

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