Capítulo Cinco: Desconhecido.
Lucy se sente tentada, mas uma sombra faz com que seu entusiasmo vai embora. Podem encontra-la e leva-lo de volta. Ela sente o pavor, o pânico, mas não quer deixar Eric preocupado.
— Acho que prefiro ficar aqui... E não preciso de nada. Obrigada.
— Tem certeza? Não vai ficar entediada?
— Tenho, eu ficarei bem.
— Certo. Você gosta de ler? Há bons livros na biblioteca. Se desejar, peça que a levem lá, está bem?
— Pode deixar.
Relutante, Eric deixa Lucy e parte para a cidade. Enquanto isso, Lucy dá alguns passos pela casa depois de algum tempo deitada. Explora alguns cantos da casa, e encontra a biblioteca no andar de baixo, quando uma das ajudantes oferece auxílio para descer os últimos degraus da escada e a leva para encontrar algum livro para ler.
— Como você se chama? — Ela pergunta à moça.
— Eleonor, senhorita.
— Nome bonito.
— Grata.
A garota se curva numa reverência, deixando Lucy um pouco intrigada.
— Não precisa me agradecer. A quanto você tempo trabalha aqui?
— Dois anos.
— Você parece bem jovem para um trabalho assim.
— Eu comecei ajudando minha mãe. Ela é a governanta da casa, mas está ausente por esses dias.
— Ela está bem?
— Está sim, senhorita.
— Espero conhecê-la em breve.
— Precisa de mais alguma coisa?
— Não. Acho que consigo achar o livro sozinha. Pode ajudar as outras, não precisa se preocupar comigo. Qualquer coisa, eu te chamo.
A moça se retira e Lucy se aventura com os olhos sobre os livros. Também havia tempos que ela não via um. Ela costumava devorar uma leitura por horas a fios.
Depois de passear por várias prateleiras, ela finalmente escolhe um livro. Guerra e Paz, de Liev Tolstói. O títulos a convencera a folhear algumas páginas, e a sentar para finalmente mergulhar na leitura, em sua própria odisseia.
Depois de algumas horas, Eric a encontra tão concentrada na leitura que não a interrompe, e nem avisa que está de volta. Ele, então, prepara uma surpresa para Lucy e pede ajuda para as garotas da casa.
Horas mais tarde, Lucy percebe o tempo que se passou e pergunta por Eric para uma das garotas que passam por ela, e é avisada que ele chegou havia algum tempo. Ela resolve ir para o quarto, deita-se um pouco. Reclama de tontura e cansaço. A garota de avental azul florido a ajuda a subir a escada. Os pés de Lucy latejam tanto que ela quase vacila em alguns degraus.
Finalmente chega ao quarto e nota que há flores na janela, e o teto fora coberto de estrelas fluorescentes.
— Estou no quarto certo? — Pergunta, confusa.
— É sim, senhorita.
Lucy olha mais uma vez e vê que é o quarto que usa, mas algumas coisas estão diferentes. Eric surge atrás dela, sorridente.
— Gostou? — Ele insinua.
— Foi você quem fez isso?
— Certamente. Espero que tenha gostado.
— Gostei muito. Obrigada.
Ela se senta e Eric ajuda a colocar seus pés na cama.
— Como estão seus pés?
— Ainda doem.
— Procure não andar. Vou pedir para deixarem a cadeira de rodas ao lado da sua cama.
— Obrigada.
— Eu te vi lendo. Você parecia tão concentrada, eu não quis interromper. Gostou da leitura?
— Gostei bastante. O livro me surpreendeu, apesar de não ser o gênero que eu costumava ler.
— E qual é o gênero que te agrada?
— Romances... literatura clássica, não sei ao certo. Acho que vou muito pela história que é contada.